Capítulo 5
Pai, Eu Não Quero Me Casar
Segui até aqui pensando que seria um simples passeio, mas meu pai estava andando por essa rua chique comprando tudo o que via pela frente.
“Que coisa mais cansativa.”
Claro, fazer compras fazia parte dos meus planos de “Nova Vida”, mas comprar coisas assim sem pensar não estava nos meus planos. Afinal, eu tinha planejado comprar coisas que combinassem com meu gosto.
“Será que ele está testando minha paciência para ver como reajo?”
Se pudesse, eu simplesmente largaria tudo e iria para casa. Mas, na realidade, eu era apenas a filha de um Duque que não podia se sustentar sozinha. Não havia razão para desobedecer a vontade do meu pai.
“Sim, é culpa minha por ser incapaz.”
Quando soltei um suspiro, algo foi empurrado na minha frente. Ah, era o coelho de porcelana estranho que eu tinha olhado na loja antes.
“Se eu disser que foi um engano… provavelmente vou me meter em problemas, né?”
Sem opção, aceitei a figura enquanto ouvia meu pai falar.
— Vamos.
Por alguma razão, meu pai parecia um pouco mais relaxado do que o normal, ao ponto de parecer que algo bom tinha acontecido.
“Bom, definitivamente não é por me irritar assim, deve ser outra coisa.”
Suspirei enquanto olhava as vitrines, parecia que meu pai era do tipo que alivia o estresse comprando. Tomando cuidado para não estragar o clima, caminhei cautelosamente atrás dele.
Nesse momento, alguém apareceu.
“Uma mulher… mas ela está carregando uma espada?”
No nosso Império, onde a discriminação de gênero era real, era difícil não notar uma mulher andando com uma espada, já que era algo raro.
“Eu pensei que o número de mulheres espadachins tinha diminuído desde que a capitã dos guardas reais da Imperatriz, Yulia, desapareceu.”
Talvez porque fazia muito tempo desde que eu tinha visto uma espadachim na capital, achei interessante.
As pessoas estavam comentando sobre isso, e pensei que seria bom se algum dia voltasse a haver muitas mulheres espadachins ativas.
— Espere aqui um momento.
Vi meu pai se aproximar da mulher.
“Será que eles se conhecem?”
Assim que eles desapareceram de vista, senti as atenções ao redor se voltarem para mim.
— Agora há pouco, não era o Duque de Floyen?
Comecei a ouvir sussurros e percebi que estavam me olhando. Era desagradável.
“Ah, quero ir para algum lugar tranquilo e sossegado…”
Quando comecei a me mover, Gerald, meu primo e guarda, me chamou.
— Juvelian. Aonde você pensa que vai?
Ao encontrar os olhos de Gerald, franzi o cenho ao perceber que ele parecia pensar que eu ia causar algum problema.
— Tem muitos olhos aqui, Sir Gerald, você não deveria falar comigo tão casualmente.
Ele pareceu surpreso com minha repreensão, mas com uma cara embaraçada, rapidamente se corrigiu.
— Aonde você pretende ir, minha Senhorita?
— Tem algo que quero comprar ali.
Seguindo meu dedo que apontava para uma loja na esquina pouco movimentada, o rosto de Gerald se endureceu.
— Você realmente quer ir lá?
Ao ver sua expressão estranha, me virei e congelei imediatamente.
[Loja de Armaduras do Urso Lamentador]
“De todas as coisas… por que escolhi esse tipo de lugar?”
Enquanto lamentava minha escolha, Gerald falou com uma voz sarcástica,
— Vou respeitar os gostos da Minha Senhorita.
Não podia dizer que não era meu gosto naquele momento, então simplesmente assenti com a cabeça.
— Obrigada.
Ao entrar na loja com Gerald, fomos recebidos por um homem que parecia um urso.
— Bem-vindo… oh? Por que um anjo está adornando minha loja com sua presença?
Mesmo tendo acabado de entrar em uma loja suja, fiquei envergonhada com elogios tão exagerados.
— Ah, bem…
— Veio comprar algo?
“Não posso dizer que não vim comprar nada…”
Olhei para Gerald, mas vi que algo mais o distraía.
—Oh, esta luva! Gostei.
Olhei para Gerald, que já estava distraído, quando alguém se aproximou de mim.
— Quanto custa?
Embora ele só tivesse dito duas palavras, a voz sombria era fria o suficiente para me fazer tremer. Olhando para os lados, vi um homem vestido com um manto com capuz cobrindo seu rosto.
“Ele parece um pouco suspeito.”
— Serão 10 pratas, senhor!
O dono da loja falou animado enquanto o homem procurava em seu bolso.
“Ele é bem alto. Olhando de lado, também parece ser um homem bem bonito…”
Então, avistei olhos carmesim me observando. Rapidamente baixei o olhar, mas nossos olhos já tinham se encontrado.
“Ah, que embaraçoso. Deveria me desculpar, certo?”
Nesse momento, ouvi uma voz desagradável falar na minha direção.
— O que está olhando?
Olha só ele falando comigo tão casualmente. Embora eu tenha sido a primeira a ser rude, não queria me desculpar docilmente com alguém que falava tão desrespeitosamente.
— Bem, na verdade… o que você está tentando comprar é o que eu estava procurando.
Ao ouvir minha resposta, o rosto dele ficou tenso.
— Você deseja comprar… isso?
Só então olhei o objeto e fiquei em silêncio.
“Ah… por que tinha que ser um polidor de armaduras?”
Geralmente, um cavaleiro de armadura é a imagem que se tem quando se imagina um cavaleiro, mas isso é só em batalhas. Não há necessidade de um cavaleiro usar armadura se não houver guerra. Em resumo, o polidor era um item inútil.
— Sim! Vou comprar!
Gritei corajosamente, sem querer admitir que estava olhando furtivamente para o homem.
— A armadura decorativa da minha casa perdeu o brilho, então preciso comprar esse polidor.
O dono da loja assentiu com minha resposta.
— Se deseja polir todas as armaduras da sua casa, um não será suficiente.
— Eh? Não, só preciso de um…
No entanto, o proprietário não ouviu minhas palavras e continuou.
— Espere um momento, vou buscar mais no fundo!
Não foi até o dono da loja desaparecer que percebi que tinha feito uma compra impulsiva.
“Pensar que eu compraria um polidor de armaduras inútil… agora não tenho mais o direito de criticar meu pai.”
Enquanto lamentava por cavar minha própria cova, o homem ao meu lado colocou uma moeda de ouro no balcão, pegando o polidor antes de se virar.
Se fosse uma pequena quantia, eu teria ignorado, mas uma única moeda de ouro era mais que suficiente para sustentar um plebeu e sua família por duas semanas.
— Você não vai pegar seu troco?
Tinha certeza de que falei claramente, mas o homem não respondeu, como se não tivesse ouvido.
— O troco!
Disse de novo enquanto o seguia, mas ele continuou fingindo que não me ouviu.
“De jeito nenhum, ele é surdo? Talvez por isso não tenha entendido quanto custava.”
Pensando que era o caso, comecei a sentir pena dele.
Chamei mais uma vez só para conferir.
— Ei, você não pode me ouvir?
Nesse momento, ele virou a cabeça para me olhar.
“Bem, não parece que ele seja surdo.”
Apesar de estar envergonhada, disse o que tinha que dizer.
— Estou dizendo isso porque acho que você não ouviu bem o valor, mas eram 10 pratas.
Parece que o barulho chamou a atenção de Gerald porque ele escolheu aquele momento para me chamar.
— Minha Senhorita, qual é o problema?
— Ah, veja…
Tentei explicar a situação, mas o homem já tinha saído da loja.
“Caramba, será que o dinheiro vai apodrecer?”
Franzi a testa, confusa, quando o dono da loja voltou.
— Hohoho, Senhorita! Por coincidência, tenho exatamente dez no estoque!
— Oh, não, dez é um pouco…
Estava tentando dizer que não precisava, mas o dono da loja continuou falando, me impedindo de terminar minhas palavras.
— Tudo isso custará uma moeda de ouro! Oh, o que é isso? Vejo que já pagou!
Uma moeda de ouro: exatamente a quantia que o homem tinha deixado.
— Além disso, não posso acreditar que aquele homem ladrão tenha saído sem pagar!
Tentei esclarecer o mal-entendido do proprietário,
— Não, não é isso…
— Aquele maldito bastardo!
Tive que aguentar uma longa peroração amaldiçoando o homem antes de poder dizer a verdade.
— Aquele ouro, foi ele quem deixou.
O dono da loja respondeu desajeitadamente.
— Oh, você deveria ter dito antes.
“Ele está me culpando agora? Nem estava tentando me ouvir, só dizia o que queria dizer…”
Prometi nunca mais entrar nessa loja.
Dentro de uma carruagem, que estava em um lugar escondido, uma mulher de cabelo curto esperava nervosa por alguém.
“Por que ele não vem?”
Nesse momento, alguém entrou na carruagem e a mulher soltou um suspiro de alívio.
— Meu senhor, entreguei a data programada de sua visita ao Duque Floyen.
— Está bem.
Embora a voz soasse fria como de costume, também soava um pouco irritada. Ao notar a mudança, a mulher perguntou.
— Aconteceu alguma coisa?
— Ei, você não pode me ouvir?
Uma mulher que parecia não ter medo e um cão que rondava ao seu redor, mostrando os dentes como aviso.
Uma onda de irritação tomou conta do homem, mas estranhamente, a hostilidade se desfez no momento em que ele lembrou dos olhos da mulher. Lembrando do que tinha acabado de acontecer antes, o homem abriu a boca com uma expressão fechada.
— Não, não aconteceu nada.
“Estou muito cansada.”
Depois que saí da loja, estava tentando restaurar minha mente esgotada quando ouvi uma voz.
— Juvelian, onde você estava?
Ao ver o rosto rígido do meu pai, rapidamente respondi.
— Ah, tinha algo que eu precisava comprar.
Então, meu pai se virou para olhar Gerald, que estava segurando a bagagem.
— O que é isso?
— Polidor de Armaduras, Senhor.
Ao ouvir a resposta de Gerald, meu pai se virou para me olhar com uma expressão ligeiramente franzida antes de suspirar.
— Vamos.
Isso mesmo, você está comprando um monte de coisas inúteis, então não pode me criticar por fazer o mesmo, quero dizer, se você tem consciência.
Caminhando com meu pai de novo, apareceu outro obstáculo na minha frente.
“De todas as coisas, por que escadas?”
Pode ser porque eu estava seguindo meu pai por várias horas sem descanso, mas meus pés estavam doendo um pouco. No entanto, me recusei a mostrar isso porque sabia o destino final da Juvelian da novela original que tinha mexido com o temperamento do pai.
“Vamos aguentar só mais um pouco. Pode ser que eu tenha que sofrer agora, mas com certeza dias bons virão.”
Pensando no futuro, onde eu herdaria a riqueza do meu pai, tentei suportar a dor nos meus pés.
“Oh, o que está acontecendo comigo?”
De repente, senti uma dor de cabeça aguda e minha visão ficou preta. Estava subindo as escadas quando perdi a força nas pernas.
— Ai!
Felizmente, consegui evitar a queda agarrando algo sólido.
“Ufa, estou a salvo.”
Assim que minha visão voltou, olhei para cima, apenas para congelar imediatamente ao ver no que eu estava me segurando.
— O que está fazendo?
Não importa a falta de opções, por que tinha que ser o braço do meu pai que minhas mãos escolheram agarrar?