Pai, Eu Não Quero Me Casar

Capítulo 173

Pai, Eu Não Quero Me Casar

A sensação de calor no revestimento de prata era estranhamente similar à daquele homem que Paphnil havia perdido não fazia muito tempo. Ele olhava fixamente para Juvelian, com uma leve esperança.

— Senhor Kirke?

Mesmo com as expectativas de que Kirke pudesse ter tomado o corpo de um sacerdote, Juvelian era tão diferente de seu mestre. Logo, a decepção tomou conta de seu rosto.

— Você… quem é você?

“Se fosse ela, não me olharia com olhos de inimigo.”

Após um momento de sorriso amargo, Paphnil foi astuto.

[Adivinhe. Se acertar, eu te dou um prêmio. Que tal?]

As palavras de Paphnil fizeram Juvelian franzir levemente a testa.

— Não brinque comigo!

Paphnil sorriu ao perceber o tom ameaçador na atmosfera.

— Isso é muito poder, de fato.

Se continuasse assim, os sacerdotes de Kirke seriam os melhores da história. Ele pensou que talvez isso fosse útil para seu plano.

“Sim, mostre-me sua força. Vou avaliar o quanto posso tirar proveito disso.”

Quanto tempo havia passado? Paphnil, que aguardava o ataque de Juvelian, franziu o cenho, incomodado.

“O que está acontecendo? Por que ela não ataca?”

Era evidente que o poder mágico em torno de Juvelian oscilava, então a hostilidade dela era certa. Mas, por mais que esperasse, Juvelian não atacava.

“Por quê?”

Logo, Paphnil adivinhou o motivo e perguntou.

[Você não sabe como atacar?]

De fato, Juvelian, corada, respondeu:

— Ah, não? Se eu fizer uma besteira, tudo vai desmoronar!

Estranhamente, ao vê-la assim, as especulações furiosas de Paphnil foram esfriando.

De repente, Paphnil sentiu pena de seus descendentes.

“Ter que lidar com alguém tão lenta assim. Eu achava que era ruim. Será por causa dela?”

Paphnil murmurou baixinho.

[Minha identidade é como uma rocha, até se você perguntar ao seu pai.]

Sem mais disposição para lutar, Paphnil recuou silenciosamente para o “Proibido”.

Eu fiquei séria ao ouvir o nome Paphnil.

“Paphnil é um demônio, não é?”

Conhecido como o dragão maligno que ameaçava destruir o Império, mas havia lido algo sobre ele na história original.

— Beatrice, eu entendo como você se sente. Eu também fui traída pela minha família.

“Quando Trice havia acabado de despertar, ele se aproximou dela.”

Na história original, Paphnil constantemente incitava Trice a culpar seus pais e a odiar essa sociedade que a oprimia. Com o tempo, ela começou a concordar com ele e traçou planos para destruir o Império.

“Dessa vez, seu objetivo não deve ser diferente, certo?”

Por um momento, fechei os punhos e olhei para meu pai, sorrindo inutilmente.

“Mesmo que eu tenha usado magia, ele não demonstra nenhuma vergonha. Isso significa que…”

Havia uma grande chance de que meu pai já soubesse que eu era uma maga. Minha memória, que foi apagada e depois retornou, talvez estivesse ligada à magia.

“Como ele conheceu Paphnil?”

Parei de pensar nisso quando percebi que não fazia sentido tirar conclusões sem perguntar diretamente.

— Pai, eu só…

Eu estava prestes a perguntar sobre Paphnil quando ele disse:

— Meu quarto está uma bagunça. Que tal irmos a outro lugar?

Só então eu percebi o estado caótico do quarto dele e concordei.

De volta ao seu corpo original, Paphnil suspirou.

“Esperava que ela ajudasse meu plano, mas sua habilidade, que nem sequer permite um ataque mágico…”

Embora fosse decepcionante, Juvelian ainda servia ao seu plano, como a única maga de Kirke.

“É melhor esperar e observar. Por outro lado…”

Paphnil logo lançou um olhar fixo para Beatrice, que aparecia em sua visão.

[Ancestral, está ouvindo?]

Seus olhos se tornaram frios rapidamente.

“Não acho que haja esperança para a Princesa.”

Paphnil, observando Beatrice com um olhar indiferente, fechou lentamente os olhos.

“Devo aproveitar a filha de Regis e meus outros descendentes? Se não forem eles, encontrarei outra pessoa.”

Paphnil usou magia para examinar a Imperatriz dessa vez.

— Prepare o veneno. Um veneno incolor e inodoro que não reage com prata e que não possui sabor.

Seus olhos ficaram sombrios ao dar a ordem ao cavaleiro da guarda.

“Sinto que algo interessante está prestes a acontecer.”

Paphnil riu de canto, mas logo seu olhar ficou frio.

“Claro que isso é inútil para o meu plano.”

Ao mover o dedo, Paphnil lembrou-se do Imperador.

— Sir Mikhail, o que está acontecendo?

Com a pergunta do Imperador, um jovem ajoelhado à sua frente começou a falar.

— Vossa Majestade Imperial, o senhor realmente quer que o Príncipe Herdeiro e Floyen unam forças?

— Não já disse antes? O Duque de Floyen não deve se tornar um aliado do Príncipe Herdeiro.

— Não estou duvidando de sua decisão, é claro. Mas temo que o poder do Duque de Floyen possa acabar fortalecendo o Príncipe.

Paphnil riu ao ouvir essa conversa.

[Aquele que tem a bênção do deus da guerra, dono de uma espada insana, é mesmo interessante.]

Apesar de desprezar quem não tinha fé, ele reconhecia a força do seu escolhido.

[Talvez seja tão forte quanto Regis. E, quem sabe, até sirva ao meu plano.]

Por isso, Paphnil decidiu manter Mikhail em mente.

XXV. A lenta revelação da verdade

Assim que voltei para o meu quarto, respirei fundo antes de começar.

— Pai, o senhor disse que eu poderia te perguntar qualquer coisa, certo?

Meu pai me olhou por um momento e depois assentiu.

— Eu disse isso, sim.

— Então, quando recuperei minha memória, e até quando usei magia, o senhor permaneceu calmo.

Ouvindo-o suspirar, engoli seco e continuei.

— Eu gostaria que me explicasse o porquê.

Logo meu pai respondeu, com um tom tranquilo.

— A razão pela qual você perdeu a memória foi porque eu a selei com magia.

Meus olhos se arregalaram de surpresa ao ouvir a palavra “selada”, e meu pai completou com um tom amargurado.

— Sinto muito por ter selado suas memórias sem permissão. Sempre que me via, você desmaiava e sofria…

Ele parecia estar à beira das lágrimas, então mordi os lábios e suspirei.

“… porque naquela época eu pensava que ele tinha matado minha mãe.”

Embora a explicação sobre o selo nas minhas memórias esclarecesse algumas dúvidas, deixou um gosto amargo.

“Talvez por isso ele tenha me evitado.”

Observei meu pai, que agora parecia triste.

“Quero que saiba que está tudo bem agora. Mas como eu…”

De repente, recordei lembranças antigas.

— Hahahaha, papai!

Quando chegava em casa, ele geralmente parecia sombrio, mas se iluminava se eu o abraçasse sem pensar duas vezes.

“Mas agora, com essa idade, como faço isso?”

Pensei nisso por um momento e, vendo o rosto sombrio de meu pai, me aproximei, sentei ao seu lado e segurei sua mão.

— Pai, sinto muito pelo mal-entendido.

Ele balançou a cabeça e apertou minha mão com força.

— Sinto por não ter explicado direito e por ter me expressado mal.

Mas, com as coisas esclarecidas, nossa relação parecia estar voltando ao normal. Olhei para ele e me apoiei em seu ombro, como fazia de forma travessa.

“Sim, podemos recomeçar, um passo de cada vez.”

Como ele conseguia ficar tão em silêncio? Senti uma curiosidade sobre o que ainda estava por resolver. Quando o encarei, ele assentiu e começou a falar.

— Imagino que ainda tenha mais perguntas.

Ri de sua observação. Era reconfortante perceber que ele parecia entender meus pensamentos só pelo olhar, como antes.

— Mas, como conseguiu selar minha memória? Eu mesma usei magia para isso?

Logo meu pai negou com a cabeça e respondeu:

— Não, eu sabia que você tinha uma inclinação para a magia, mas essa foi a primeira vez que a usou.

Embora houvesse lembranças que ainda pareciam incompletas, aquelas palavras me deram uma sensação de alívio. No entanto, algumas perguntas ainda não tinham sido respondidas.

— Então, quem selou minha memória?

Meu pai suspirou e me olhou.

— Foi Paphnil. O primeiro Imperador…

— Já sei de quem se trata, mas quero entender como ele conseguiu selar minhas lembranças.

Perguntei de forma indireta, e ele começou a falar com um tom amargurado.

— Essa é uma história longa.

— Sim, mas tudo bem. Meu pai terá muito tempo para passar comigo de agora em diante.

Ao ouvir isso, ele sorriu suavemente e assentiu.

— Está bem.

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