Pai, Eu Não Quero Me Casar

Capítulo 172

Pai, Eu Não Quero Me Casar

— O quê? Vai aumentar os guardas?

Quando Beatrice perguntou, surpresa, Max assentiu.

— Sim, o Victor sozinho não é suficiente.

Victor, com uma expressão de reprovação, respondeu a Max.

— Isso é demais! Sou um homem talentoso, que vale por 10 soldados!

Max franziu a testa ligeiramente, mas logo suavizou a expressão e disse:

— É, você tem talento.

— Como assim? Eu pelo menos sou mais talentoso que o Mikhail!

Ao ouvir o nome de Mikhail, Max torceu a boca.

“Sim, ele. Ele tem agido estranho ultimamente.”

Desde que se tornou capitão da Força de Autodefesa, Max sentiu uma energia meio sombria em torno de Mikhail, além das habilidades dele, que também pareciam mais fortes.

— Você acha que o que viu no torneio de caça é o máximo das habilidades dele?

Victor ficou em silêncio, encarando Max, que continuou.

— É por isso que estou tentando conseguir outro guarda. Não posso confiar apenas em você, Victor.

Essas palavras fizeram o rosto de Victor endurecer antes de ele sair da sala.

— Se precisar de mim no futuro, é só chamar.

“Pois é, você sempre disse que estaria lá para mim quando eu precisasse.”

Beatrice ficou observando Max, sentindo-se desconcertada com o que havia acabado de ver.

— Quem vai ser esse novo guarda? Eu já estou bem protegida com o Sir Victor.

Max olhou para Beatrice, suspirou e disse:

— Eu soube de tudo.

Diante disso, Beatrice percebeu que Juvelian devia ter contado a Max sobre o que aconteceu. Sentiu-se um pouco traída, mas logo afastou esses sentimentos.

“Ele está preocupado comigo, né?”

Enquanto suspirava, Max colocou a mão levemente em seu ombro.

— Não sei do que você tem medo. Mas fica tranquila, vou escolher o melhor dos meus homens.

Beatrice olhou para Max e disse:

— Medo? Eu só…

Ela olhou nos olhos dele, incapaz de continuar a frase, e Max então abriu a boca:

— Vou deixá-la sozinha.

Assim que Max saiu da sala, Beatrice se jogou na cama. Talvez sem forças, seu corpo todo parecia pesado.

— É, Max tem razão. Sem um guarda, eu não conseguiria me proteger.

Ela suspirou e olhou para as próprias mãos.

“Se eu soubesse usar magia…”

Logo em seguida, apertou os punhos.

“Qual é o problema comigo que eu não consigo usar magia?”

Na primeira vez que ouviu aquela voz desconhecida, ficou horrorizada, mas a informação que ouviu era sobre a magia que ela tanto desejava.

— Magia é a manifestação da força mental. Em resumo, o motivo pelo qual você não consegue usá-la é um bloqueio mental.

Um bloqueio que nem ela mesma conseguia identificar, mas algo lhe veio à mente de repente.

“Talvez seja por causa dos meus pais.”

Sempre que pensava em seu pai, que não se importava com ela, e em sua mãe, que tentava manipulá-la, Beatrice sentia vontade de sumir.

Mas…

— Você passou por muita coisa, não é? Mas não precisa buscar a aprovação de ninguém.

Desde que Juvelian apareceu em sua vida, Beatrice já não se sentia tão incomodada, encontrando um conforto e uma sensação de companhia que antes não tinha.

“Juvelian está bem confortável por ser uma maga, mas ainda gosto dela.”

Mas logo, Beatrice baixou o olhar, escondendo o rosto entre os joelhos.

— Por que eu digo para você evitá-la? É porque a maior parte da magia se desfaz quando está nas mãos dela!

Ao contrário de Juvelian, que anulava magia inconscientemente, Beatrice não conseguia usá-la de jeito nenhum.

— Por que eu não posso usar magia?

Beatrice tentou invocar seu ancestral, esperando por algum conselho.

— Ancestral, está me ouvindo?

Mas não houve resposta.

— No fim, quer dizer que preciso descobrir sozinha?

Imersa em melancolia, uma lembrança amarga da infância voltou à sua mente, uma voz dura dizendo:

— Você não percebe que, se cometer um erro, isso pode atrapalhar o futuro da sua mãe?

Ela tentou. Não queria ser uma criança inútil, mas no fim, continuava se sentindo tão insignificante quanto antes.

“Isso é deprimente.”

Foi então que…

— Alteza Imperial, está aí?

Quando ouviu a voz de Victor do lado de fora da porta, Beatrice se levantou e se olhou no espelho. Logo forçou um sorriso.

— Bem, então, vamos fazer as pazes.

Sentindo-se um pouco melhor, abriu a porta, mas ao ver o rosto sério de Victor, ficou preocupada. Ele entrou, e Beatrice perguntou com um toque de preocupação.

— Aconteceu alguma coisa?

— Ah, bem…

— Fala, pode me contar.

Com o tom calmo dela, Victor abaixou a cabeça.

— Me desculpe, mas eu perdi a paciência enquanto a escoltava e acabei saindo.

Beatrice riu.

— Ora, sabia que estava se achando um pouco demais? A cara do meu irmão quando você saiu foi impagável.

Victor corou, suspirando.

— Não zombe de mim. Estou com medo de ser demitido.

Beatrice respondeu casualmente:

— Se meu irmão o demitir, você pode ser o meu cavaleiro, não é?

Ela então percebeu que o rosto de Victor ficou sério.

“Ah, cometi uma gafe. Ser cavaleiro do Príncipe Herdeiro é muito mais importante do que ser meu guarda; não dá nem para comparar…”

Quando Beatrice abaixou a cabeça melancólica, ela comentou com alegria:

— Bom, é maravilhoso ter o único cavaleiro que protege Sua Alteza Imperial! Haha! É reconfortante ter alguém de confiança!

Beatrice sorriu alegremente para Victor, os olhos brilhando com entusiasmo. Ele, então, a olhou seriamente e respondeu:

— Embora eu não seja o espadachim mais poderoso do mundo, prometo que vou proteger a Princesa.

Beatrice desviou o olhar, corando.

— Claro! Não foi isso que você prometeu?

— Haha, sim, eu prometi!

Mesmo tentando disfarçar, ela soltou uma risada sem jeito. Victor inclinou a cabeça e disse:

— Então, vou me empenhar para acompanhá-la hoje, Sua Alteza Imperial.

Beatrice, tentando controlar o riso, respondeu com calma:

— Sim, claro.


— O que vocês estão tramando? — perguntou Regis.

O alter ego de Paphnil respondeu, curvando os lábios em um sorriso:

— Isso me lembra os velhos tempos. O dia em que você me ajudou a sair daquela prisão maldita, mas só pela metade.

Regis reagiu àquele comentário, olhando para Paphnil com surpresa. Os olhos do dragão, com suas pupilas finas, estavam cheios de uma expressão ameaçadora.

— Se não fosse por você, eu estaria apodrecendo naquela caverna sem ter ideia de como o mundo está agora! Nesse sentido, agradeço que tenha permitido que eu me torne um alter ego independente.

Uma energia vermelho-escura pairava ao redor, criando uma atmosfera carregada.

— Paphnil.

Paphnil soltou uma risada ao ouvir a chamada de Regis.

— Mas, por mais que eu pense, me incomoda que a liberdade que me deu seja pela metade. Vamos, Regis, lute comigo depois de tanto tempo.

O ambiente ficou mais pesado, e Regis agarrou o pingente em seu bolso, dizendo com firmeza:

— Se quer tentar, tente.

A expressão de Paphnil ficou fria.

— Que arrogância, considerando que você é o dono de algo tão insignificante.

A magia de Paphnil se intensificou e atingiu Regis com força.

(Explosão!)

Regis levantou sua espada protetora, bloqueando o ataque de Paphnil. A espada ativou como prometido, e Paphnil, que defendeu o contra-ataque, sorriu, erguendo o canto dos lábios.

— Quer saber meu propósito? Posso te contar se quiser.

Dizendo isso, Paphnil aumentou ainda mais seu poder. Luzes mágicas se formaram ao seu redor.

— Mas só se você conseguir deter todos esses ataques.

Se não bloqueasse, aquele lugar não estaria seguro. Regis concentrou toda sua energia na espada, formando uma lâmina longa.

“Tenho que deter tudo.”

Foi então que a porta, que ele achava que não se abriria, se escancarou. Regis olhou para sua filha, que acabara de entrar, com uma voz aflita:

— Não! Juvelian!


— Boa tarde, minha Senhora.

Assim que cheguei em casa e Derek me cumprimentou, fui logo perguntando pela pessoa que mais queria ver.

— Onde está meu pai?

— Ah, ele deve estar no quarto agora.

Ao ouvir isso, fui direto para o quarto do meu pai.

“Sim! Agora é só entrar e conversar com ele naturalmente.”

Cheia de determinação, parei em frente à porta, mas o nervosismo tomou conta de mim.

“Não é tão fácil quanto eu imaginava!”

Respirei fundo e coloquei a mão na maçaneta.

“Ok, posso entrar e cumprimentar meu pai naturalmente.”

Estava prestes a girar a maçaneta quando ouvi um estrondo de dentro do quarto.

(Explosão!)

Assustada, tentei abrir a porta, mas ela parecia trancada.

“A porta está fechada? Por favor, abra!”

Puxei a maçaneta com força, esperando que se abrisse.

(Estalo!)

Finalmente, a porta se abriu.

“Consegui abrir!”

Meus olhos se arregalaram diante da cena que vi.

“Mas… o que é isso?”

Várias esferas de fogo flutuavam ao redor de uma figura que se parecia com Max, como se fosse uma aparição. E apenas uma palavra me veio à mente para descrever aquela visão.

“Isso é magia?”

Dei um passo em branco, sem pensar, até que ouvi meu pai gritar:

— Não! Juvelian!

Meu pai correu em minha direção e me puxou para um abraço apertado. Só então entendi a situação.

“Aquela coisa estava tentando atacar meu pai, não é?”

Como se minha suspeita estivesse certa, vi as esferas de fogo se aproximando de nós em câmera lenta, e meu pai me abraçando com uma expressão tensa.

“Meu pai está tendo dificuldade para bloquear essas bolas de fogo.”

Apertei os punhos com força. Eu não queria mais ver meu pai se sacrificando por mim.

“Agora, eu quero protegê-lo.”

Naquele momento, de tão desesperado e eterno, uma luz prateada começou a nos envolver. Estendi a mão em direção à luz.

— Por favor, nos proteja.

Ao meu comando, a luz tomou a forma de um escudo e engoliu as esferas de fogo. A aparição parecida com Max me encarou fixamente e murmurou:

— Senhor Kirke?

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