Pai, Eu Não Quero Me Casar

Capítulo 164

Pai, Eu Não Quero Me Casar

A notícia da queda de Juvelian foi dada primeiro ao seu noivo, Max.

“Besteira. Ontem ela estava definitivamente bem…”

Max pensava nisso enquanto tentava sair do Palácio Imperial sem pensar. Mas alguém segurou seu braço. Max, que inicialmente resistiu por reflexo, relaxou os músculos ao ver quem era.

— Achei que vocês dois não se davam bem. Mas agora, estou aliviado.

— Vamos, me leva com você também. Por favor.

Max assentiu sem forças ao ver sua irmã olhando para ele com os olhos cheios de lágrimas. Com a permissão de Max, Beatrice o seguiu, cheia de esperança.

— Espero que você nos receba bem quando partirmos, Juvelian.

“Com certeza, comer doces me faz sentir bem.”

Eu estava sentada no colo do meu pai, comendo doces, quando a senhora Pérez falou com um semblante sério, inclinando a cabeça para ele.

— Senhor, sua esposa esteve hoje de novo com a jovem.

Ao ouvir isso, o rosto do meu pai endureceu.

— Volte.

Enquanto a senhora Pérez se retirava, meu pai me olhou com um olhar pesado. Ele suspirou, claramente incomodado.

— Fuha.

Eu imitei seu suspiro e, ao fazer isso, meu pai sorriu e deu uma leve batidinha na minha cabeça com sua mão grande.

Enquanto eu sorria com o carinho, ele falou com um tom amargo.

— Juvel, sua mãe está doente. Então, você precisa dar um tempo a ela.

— Onde está doendo?

— No coração.

— Por que dói o coração dela?

Meu pai respondeu à minha pergunta com um semblante sombrio.

— Porque seu pai foi uma pessoa ruim e fez muitas coisas erradas com sua mãe.

Eu tinha apenas seis anos e não conseguia entender direito. Mas, olhando para o meu pai por tanto tempo, agora consigo perceber que ele tinha o mesmo olhar que usava quando evitava me encarar.

“O que aconteceu com a minha mãe?”

Então, acariciei a cabeça do meu pai. Sorri suavemente e disse:

— Não, papai está bem.

Ele arregalou os olhos, surpreso. E eu também me surpreendi com a ousadia que tive quando era pequena.

“Acariciar a cabeça do meu pai? O que eu estava fazendo? Será que eu realmente fiz isso?”

Mas as palavras que saíram da minha boca foram diferentes do que eu queria dizer.

— Então, ela também vai te perdoar. Eu a escuto rindo muito ultimamente.

Meu pai me olhou com os olhos tremendo e respondeu com amargura.

— Só quero que sua mãe volte a ser saudável.

Ao ouvir isso, eu o encarei fixamente.

— Você parece tão triste.

E então cometi outro ato impulsivo.

— Quer isso?

“Não acredito que ofereci o doce que já estava na minha boca!”

Eu me senti envergonhada por aquele gesto, mas depois me lembrei do que estava pensando.

“É uma pena, mas não vai ser desperdiçado, já que é para o meu pai.”

Eu estava tentando animá-lo, oferecendo o melhor que eu tinha naquele momento.

“Mas dar algo que já estou comendo não é muito educado.”

Me senti ainda mais constrangida pelo que fiz, tão fora do comum.

Depois de um tempo, papai recusou o doce, balançando a cabeça.

— Obrigado, papai não gosta muito de doces. Pode comer a minha parte.

Foi uma recusa gentil, e a menina sorriu, feliz por não precisar entregar o doce. Então, voltei a morder e mastigar o caramelo. Meu pai me olhou surpreso e falou baixinho.

— Deve estar… realmente delicioso.

Eu o abracei e sussurrei em seu ouvido, como se estivesse confiando nele.

— Você confia em mim, papai?

Ele lentamente afastou a cabeça e eu o abracei novamente, dizendo:

— Minha mãe vai ficar saudável, tenho certeza! Então, não fique triste, tá?

Eu, uma garotinha que não entendia nada das complicações dos adultos, tentava dar o meu melhor. Quando dei um tapinha nas costas do meu pai com minha mãozinha, ele respondeu com uma voz pesada.

— Sim, ela vai ficar bem.

Embora não recebesse visitas, a história era diferente para Max, o noivo de Juvelian.

— Juvelian.

Ela parecia estar dormindo, mas não abria os olhos, por mais que ele a chamasse. Max segurou a mão de Juvelian, com um olhar profundo, e silenciosamente encostou sua cabeça em sua mão.

“Por que você acabou assim?”

Beatrice, que observava a cena, sentiu um aperto no peito. Quando estava prestes a enxugar as lágrimas, algo chamou sua atenção.

“O que é isso?”

Beatrice, vendo uma esfera de luz flutuando ao redor de Juvelian, tocou-a sem pensar. Nesse instante, a imagem encantadora da garota veio à sua mente, e Beatrice arregalou os olhos.

[Arre, arre!]

Parecia uma criança, mas ela não conseguiu reconhecê-la.

— Juvelian?

Acho que não era mentira dizer que eu estava brincando de cavalinho, porque naquele momento eu estava sentada nos ombros do meu pai.

— Hahahaha!

Normalmente, eu ficaria envergonhada com isso, mas, como uma criança, eu ria sem parar, achando tudo muito divertido.

— Senhor, os refrescos estão prontos.

Logo, quando meu pai me colocou em frente à mesa, eu, comendo um pedaço de bolo com um garfo, perguntei enquanto o olhava fixamente.

— Papai, o príncipe mora mesmo no Palácio Imperial?

— Sim.

— Ele é alto? Anda a cavalo branco?

— Não, mas por que está perguntando sobre o príncipe?

Com uma cara de incômodo, respondi sem hesitar:

— Eu vou me casar com ele.

Eu até deixei o garfo cair, só para ver se meu pai ficaria envergonhado com as minhas palavras repentinas.

— Papai, você deixou cair.

Apontei o garfo do meu pai e disse. Ele suspirou e fez um gesto com a mão.

Entendi o recado e subi no colo dele.

— Por que você resolveu casar com um garoto tão mimado, ou melhor, com o Príncipe?

Respondi como se fosse a coisa mais natural do mundo:

— Porque eu sou uma princesa!

Todo mundo tem seus momentos embaraçosos, mas eu sou a única que consegue vê-los de perto. Enquanto sentia aquela vergonha, ouvi a voz do meu pai, um pouco desapontado:

— Você disse que ia casar comigo…

Naquela situação, a “eu” de antes teria ficado com os olhos arregalados, mas a “eu” jovem riu, beijou a bochecha do meu pai e sussurrou em seu ouvido:

— Então eu vou casar com o papai também!

Prometendo algo que eu nem poderia cumprir… A jovem eu era mesmo imprevisível.

Nesse momento, Derek entrou na sala.

— Senhor, chegou um mensageiro do Palácio Imperial.

Ao ouvir isso, meu pai me colocou no chão e, com uma expressão séria, deu uma ordem a Derek:

— Eu vou em breve, mas cuide da Juvelian.

Eu queria segurar a mão do meu pai e pedir que ele não fosse, mas só consegui olhar suas costas enquanto ele saía da sala, me segurando em seus braços.

Dois dias se passaram desde que Juvelian desmaiou. Muita gente ficou chocada com a notícia da jovem Duquesa, que desabou logo após a cerimônia de sua maioridade. Mas algumas pessoas não pareciam tão surpresas. Três dias atrás, o Imperador estava de cara fechada, mas agora seu rosto estava radiante.

“Maximillian, assim que ouviu a notícia, ficou pálido e saiu correndo, não foi?”

Ele estava tentando imaginar uma bronca para dar no filho, mas mal podia acreditar no que estava acontecendo. Naquele momento, pensou que Deus estava ao seu lado.

“Agora você não pode fazer nada até que aquela garota acorde, certo?”

Com toda essa sequência de eventos, a popularidade do Príncipe Herdeiro estava tão alta que poderia romper qualquer limite. Talvez por isso, a nobreza insistia que ele começasse a receber uma educação formal como herdeiro do trono. No entanto, o fato de que o filho problemático estava calado naquele momento deixava o Imperador satisfeito. Por um instante, ele teve uma sensação estranha de déjà vu.

“Essa tempestade… parece que já vivi algo assim antes…”

Logo o Imperador se lembrou.

“Ah, foi quando a esposa de Regis morreu.”

Naquela época, Regis passou um bom tempo chorando a perda da esposa. E um mês depois, quando voltou ao Palácio, Regis estava muito mais submisso, exatamente como o Imperador queria.

“Como devo agir agora? Acho que é hora de tentar o que fiz naquela época.”

O Imperador sorriu enquanto encarava Kirke, e o anel, que só mudava quando era hora de ativar seu poder, brilhou de repente com uma luz vermelha.

— O quê? O que está acontecendo?

Normalmente, ele precisava esperar um mês para usar o anel novamente.

Ainda não havia passado esse tempo, mas o Imperador, confuso, esfregou o anel, tentando entender por que ele havia se ativado tão repentinamente. Logo, a luz do anel começou a se apagar lentamente. O Imperador suspirou, aliviado.

— Será que está velho?

Foi quando alguém entrou no escritório. Só Mikhail podia entrar sem ser anunciado, então o Imperador se preparou para recebê-lo. Mas não era Mikhail. Em vez disso, a visita inesperada era a Imperatriz.

— Sua Majestade Imperial, por que está me evitando?

O Imperador franziu o cenho ao ver a Imperatriz entrando sem aviso.

— O que você quer?

— O filho que carrego em meu ventre está ansioso para ver o pai.

Com aquele comentário desagradável, o Imperador torceu os lábios.

— Então você veio ao lugar errado, não?

A Imperatriz, com os olhos trêmulos, encarou o Imperador, esboçando um sorriso malicioso.

— O que você está dizendo?

— O filho no seu ventre não é meu, não é?

As palavras do Imperador fizeram o rosto da Imperatriz empalidecer. Ele riu dela e continuou:

— Eu já sabia que você andava se divertindo com aquele rapaz de olhos vermelho-escuros à noite.

— Isso é um absurdo! Ele era apenas um músico que cantava para me entreter.

O Imperador não perdeu a chance de ser mordaz.

— Ah, então me diz, quem é o pai do seu filho? Porque, obviamente, eu tomei uma pílula antes de estar com você.

— Uma pílula?

Surpresa com as palavras inesperadas do Imperador, a Imperatriz foi tomada por uma sensação de traição. O Imperador a ignorou, focando nos documentos em sua mesa como se ela não valesse mais sua atenção.

Cheia de desprezo e fúria, a Imperatriz olhou para ele com os olhos semicerrados.

— Você…!

Mas o Imperador, que já conhecia bem esse olhar, sabia exatamente o que fazer.

— Como sempre, se você mantiver Maximillian sob controle e cuidar dele no momento certo, eu vou aceitá-lo como meu filho, Imperatriz.

Ao plantar uma frágil esperança que poderia brotar mesmo em solo infértil, a Imperatriz sorriu, venenosa.

— Muito bem, vamos fazer isso.

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