Capítulo 163
Pai, Eu Não Quero Me Casar
Fressia aguardava o momento em que um subordinado informou que Max havia entrado no quarto de Juvelian.
— Será que a proposta vai acontecer agora?
Nesse instante, um casal surgiu na varanda. Ao ver a silhueta escura, mas iluminada pela luz, Fressia deduziu que o homem era o príncipe herdeiro.
Finalmente chegaram!
Fressia então deu ordens para que soltassem os fogos de artifício, como havia planejado.
— Por que você se importa se eu bebo ou não? Você é um galinha!
— Quem você tá chamando de galinha? Ridículo!
A conversa distante era bem diferente do que Fressia esperava. Foi então que ela percebeu que o cabelo da mulher era diferente do de Juvelian.
— Espera…
Mas já era tarde demais.
(Peong! Peong!)
Fressia observou, desolada, enquanto as luzes dos fogos subiam, iluminando o céu. Como se não bastasse, as pessoas no telhado começaram a jogar pétalas de flores.
Quanto dinheiro foi gasto nisso…
Pensando em como Max ficaria furioso, Fressia sentiu uma dor de cabeça se formar e suspirou, massageando as têmporas.
Enquanto isso, Beatrice e Victor, que haviam sido confundidos com Max e Juvelian, olhavam para o céu, perplexos.
O que é tudo isso?
Era uma cena bastante romântica, mas Beatrice suspirou, percebendo que não se encaixava em sua situação. Foi quando Victor falou, com sua voz grave.
— Eu fiquei preocupado e vim atrás de você. Beber demais faz mal à saúde, e a ressaca pode ser dolorosa no dia seguinte.
Apesar de estar irritada antes, Beatrice se acalmou com as palavras de preocupação. Ela olhou para Victor com os olhos cheios de emoção e respondeu, suavemente.
— Está bem.
— E, se eu fosse um galinha, teria pecado ao tentar me aproximar da Alteza Imperial para ganhar status. Mas eu não fiz isso…
Victor a olhou fixamente antes de voltar seu olhar para o céu, com uma expressão calma.
— Porque eu não sou um galinha.
Logo, seu rosto corou sob a luz dos fogos.
XXIII. Agora estou bem
Paphnil, sentado sozinho numa caverna escura conhecida como “Proibido”, iluminou seus olhos vermelhos.
Será que os humanos não entendem? Isso faz parte da cerimônia de maioridade do dragão. Claro, é sujo e barato.
Mesmo assim, ele gostava da atmosfera do salão de banquetes brilhando, como um dragão que adora tesouros de ouro e prata.
É seu 19º aniversário, já passou?
Regis e sua filha pareciam muito felizes enquanto ele os observava através da magia.
É tão diferente de antes.
Bom, naquela época era bem mais sério, pensou Paphnil enquanto olhava para Juvelian. Sua aparência era linda, embora muito diferente de “ela”, mas seu mana ainda era instável.
Como a magia está fortemente ligada ao estado mental, aqueles com problemas psicológicos não conseguem usá-la. Então, a menos que ela supere aqueles dias, nunca será capaz de usar magia em sua vida. Mesmo sendo favorecida.
Com um sorriso levemente amargo, Paphnil desviou o olhar de Juvelian, achando que havia perdido o interesse. No entanto, suas pupilas se estreitaram.
— Minha filha nunca deve se lembrar dos “eventos daquele dia”. A menos que ela mesma deseje desesperadamente.
Lembrando-se das palavras de Regis, Paphnil suspirou.
Parece que sua filha quer desesperadamente recuperar suas memórias, Regis.
Logo, a pedra mágica que selava as lembranças de Juvelian se quebrou e brilhou.
O banquete dos sonhos havia terminado. Depois de tirar o vestido de festa e colocar meu pijama, me deitei na cama macia e comecei a recordar o banquete.
Acho que vou usar o presente que a Rose me deu por um tempo.
Recebi muitos presentes, mas o que mais gostei foi o jogo de chá que ela me deu. Como ela era uma amiga que se aproximou de mim por carta, achei que conhecia bem meus gostos.
Isso me lembra de um presente. A pulseira que Trice e Max compraram juntos não deve ter sido nada barata.
Foi meio constrangedor, mas eu sabia que se eu recusasse, eles ficariam muito chateados.
É óbvio que ficariam deprimidos, como um gato rejeitado pelo dono.
Pensando nisso, guardei a pulseira na minha gaveta de acessórios.
Vou usá-la com frequência no futuro.
Eu suspirei com esse pensamento e, de repente, um sorriso surgiu em meu rosto.
Por falar nisso, foi difícil dançar com Max no final.
Será que é porque agora estamos oficialmente noivos? Parecia que eu estava sempre verificando os arredores enquanto dançava, ou dizendo a Max para me encontrar no meio da pista em vez de dançar.
E meu pai…
Quando voltei ao salão, a primeira coisa que fiz foi contar ao meu pai que Max havia me pedido em casamento antes de fazer o anúncio público.
— Muito bem. Isso é maravilhoso.
Meu pai sorriu e me parabenizou, mas evitou meu olhar rapidamente.
— Por que você está agindo assim?
No passado, me senti magoada, achando que ele estava se afastando de mim.
Mas, pensando bem, em vez de se afastar…
Sim, a expressão ansiosa dele era mais como alguém que havia cometido um erro comigo.
Não sei quando meu pai começou a fazer isso ou por quê. Nem consigo lembrar antes de ter sido rejeitada.
Baseando-me nas histórias que ouvi do meu pai, parece que eu era bem mimada quando era pequena, mas não me lembro de ter sido tratada assim por ele. Pensava que era por ser muito jovem, mas ainda era estranho não ter essas lembranças.
Por que será?
No passado, parei de me questionar, mas agora não consigo ignorar.
Há, claramente, uma sensação de distância entre mim e meu pai por causa de um passado que eu desconheço.
Deitada na cama, tentei me lembrar, mas isso apenas fez minha cabeça doer.
Devo perguntar para minha tia?
Enquanto pensava nisso, a porta fez um som “crec” e se abriu de repente.
O quê? Acho que deixei a porta aberta.
Me aproximei da porta, confusa.
Espera… o que é isso?
De repente, uma luz parecida com estrelas começou a brilhar ao meu redor.
Observando aquela luz misteriosa, murmurei, admirada.
— Nossa, é tão bonita.
E naquele momento, a luz me envolveu suavemente.
Marilyn parou em frente ao quarto de Juvelian e bateu na porta.
— Minha senhora, você está aí?
Já era meio-dia, mas o silêncio era estranho.
“Será que está muito cansada?”
Pensando nisso, Marilyn empurrou a porta levemente. Ontem, a porta estava aberta, como se Juvelian tivesse dormido sem fechá-la.
“Por que alguém que sempre tranca a porta direitinho…”
Marilyn interrompeu seus pensamentos e arregalou os olhos. Logo, um grito escapou de sua boca.
— Ahhhhh! A senhora…!
Juvelian estava caída no chão, com o rosto pálido e exausto.
—
De algum jeito, ouvi uma música familiar. Me forcei a abrir os olhos, lutando contra o torpor.
— Acorde.
Uma mulher me encarava com uma expressão estranha. Naquele momento, senti um arrepio.
“Como ela pode estar aqui?”
Me belisquei, tentando descobrir se estava sonhando, mas ela me lançou um olhar irritado.
— Vai ignorar de novo?
— Mãe?
Ao ouvir meu chamado, suas sobrancelhas franziram, ela me olhou e então falou:
— Agora volte para o seu quarto.
Olhei ao redor, confusa, e fiquei chocada.
“Esta é minha casa? Como vim parar aqui?”
Enquanto eu olhava ao redor, ainda surpresa, alguém conhecido entrou no quarto. Feliz, tentei chamá-lo.
— Ah, e…
Mas minha boca foi fechada rapidamente, e eu não consegui emitir som algum.
— Não diga nada. Ainda não, entendeu?
Assenti com cuidado. Então ela levantou a mão e acariciou minha cabeça suavemente.
— Boa menina.
Sorri, meio sem jeito, com o elogio. Logo depois, quando não vi mais papai, ela se levantou, me pegou pela mão e disse:
— Vou te levar para o seu quarto.
Eu assenti novamente, devagar. E, então, ela falou baixinho:
— Lembre-se, o homem que corre à noite não é seu pai. Não me ignore e fique ao meu lado.
“Não, definitivamente era meu pai.”
Enquanto eu me questionava sobre isso, ela apertou minha mão.
— Vamos.
“Mamãe é tão alta… Ou será que eu fiquei menor?”
A sensação era a de que minhas mãos e voz haviam encolhido, como se eu fosse uma criança novamente.
— Duquesa, você penteou o cabelo?
A jovem senhora Pérez apareceu, e então percebi que tinha voltado no tempo.
—
Regis olhava para sua filha com o rosto contorcido e então chamou alguém com uma voz áspera.
— Paphnil!
Porém, não houve resposta de Paphnil, e Regis, irritado, murmurou com amargura:
— Quer ver o Império ser destruído pelas minhas mãos?
Pouco depois, Paphnil apareceu, claramente aborrecido.
— Você está fazendo ameaças tolas, garoto. E, agora, não me importo mais em ser o dragão guardião.
O ar pareceu congelar quando Paphnil revelou sua presença, mas Regis, sem se abalar, respondeu:
— Fiz um juramento com você. Mas por que minha filha está assim?
— Isso é porque sua preciosa filha quer recuperar suas próprias memórias.
— O quê? Como assim?
Paphnil então se aproximou de Juvelian, e logo depois, deu um sorriso suave.
— Acho que sua filha está bem satisfeita com as memórias que está revivendo agora.
Ao ouvir isso, Regis olhou para a filha, sem saber o que fazer. Os lábios de Juvelian se curvaram levemente em um sorriso.
—
— Juvel.
Virei para encarar meu pai ao ouvir meu nome. Um homem incrivelmente bonito, de cabelos prateados e olhos azuis. Era uma beleza tão perfeita que era difícil imaginar alguém parecido com ele.
Mas algo na reação da minha mãe me deixou intrigada, então continuei observando meu pai. Ele suspirou e tirou a mão do bolso. Fiquei nervosa ao ver seus punhos cerrados.
“O que será que ele vai fazer?”
Olhei ansiosa para sua mão, mas logo ele abriu a palma, e meus olhos brilharam.
“É um pirulito!”
Era uma pirulita que eu não via há tempos, mas, ao olhar para ela, minha boca começou a salivar, mesmo eu sendo uma criança agora. Papai, me observando, retirou o plástico e me entregou o doce.
— Aqui, se quiser, pode pegar.
Peguei o pirulito e rapidamente coloquei na boca. O sabor doce, que eu tanto esperava, me deixou feliz.
“Ah, é tão gostoso.”
Papai, naturalmente, me pegou no colo e sorriu suavemente. Em seguida, limpou minha boca com a manga da camisa e falou:
— Minha princesa, gostou tanto assim do pirulito?
Inclinei a cabeça, olhando para ele.
“É, acho que soa meio estranho para o papai.”