Capítulo 159
Pai, Eu Não Quero Me Casar
— É bem antiga e deu muito trabalho para consertar.
O favor do deus da guerra fugitivo era uma espada poderosa para qualquer um, mas, devido à idade, a lâmina estava desgastada e sem vida. Seria fácil conseguir outra espada, mas o problema era que espadachins comuns não conseguiam conter a energia dessa arma.
— Já terminei o conserto, pode levar.
— Certo, quanto custa?
Mikhail tentou pagar o artesão, mas ele recusou com um sorriso.
— É uma honra receber um pedido do capitão da guarda imperial de Sua Majestade, o Imperador.
Em outras palavras, era uma tentativa de agradar.
Antes, Mikhail teria rido e dito que via através dessas intenções, mas agora, com poder e status, ele se sentia de alguma forma superior.
— Vou lembrar deste lugar.
Mikhail saiu da loja satisfeito.
“Agora preciso voltar ao Palácio.”
Ele estava prestes a seguir caminho quando algo familiar chamou sua atenção, e ele arregalou os olhos.
— Ah, sinceramente, eu não sabia. Eu odeio isso.
Juvelian estava andando com a princesa e o cavaleiro da guarda do Príncipe Herdeiro, o mercenário plebeu.
“Ainda mais bonita do que antes.”
Mikhail achava que ela estaria pior do que da última vez que a viu. Pensava que seu desejo por ela era apenas uma desculpa para ganhar mais poder. Mas, ao vê-la com seus próprios olhos, Juvelian era ainda mais deslumbrante do que em suas memórias. E ele percebeu algo.
“Está tudo calmo.”
Era uma rua normalmente movimentada, especialmente por lojas de armas, mas naquele momento estava vazia. E, ao contrário de antes, agora ele tinha poder.
“Isso pode ser uma oportunidade.”
Se ele sequestrar Juvelian e escondê-la em algum lugar, o Príncipe Herdeiro não poderá se casar com ela.
“E então ela só terá olhos para mim.”
Por um momento, um sorriso sombrio apareceu no rosto de Mikhail enquanto ele olhava fixamente para Juvelian.
“Mas agora mudei de ideia, Juvelian.”
Seus olhos logo ficaram vermelhos de ódio.
— Vou rasgar e matar seu pai e o homem que você ama na sua frente. E farei de você minha escrava.
Logo, Mikhail se virou e seguiu em direção ao Palácio Imperial.
—
Max aguardava a reação de Fressia. Em pouco tempo, Fressia falou com uma expressão séria.
— Pelo que eu vejo, esta varanda é melhor que aquela. Dá para ver bem o jardim, e o luar é incrível.
Max assentiu.
— Está tudo preparado?
Fressia sorriu ao responder.
— Claro.
— Ótimo.
Foi então que Max segurou sua cabeça.
— E amanhã você vai dançar com a Princesa pela primeira vez, certo? Pelo que ouvi, a Princesa Floyen ainda não revelou quem será seu par. Isso foi proposital, não?
Max franziu o cenho.
“Agora que penso nisso, acho que não ouvi nada sobre isso…”
Era óbvio que ela brilharia mais que todos sob as luzes.
“Obviamente, muitos idiotas vão ficar se roendo de inveja.”
Por um momento, sua expressão ficou sombria, mas ele logo riu.
“Ela não precisa dizer nada. Talvez tenha feito isso para me surpreender. Que encantador.”
Max se imaginou abraçando Juvelian e dançando com ela na frente de todos os invejosos. Ele mal podia esperar para ver suas bochechas coradas e seus cílios tremendo de emoção.
“Espero que amanhã chegue logo.”
—
Ao amanhecer, o canto agitado dos pássaros me desperta. Finalmente chegou o dia da tão esperada cerimônia de maioridade. Resolvi dar uma olhada no salão de banquetes antes de me vestir.
— As cortinas, a toalha de mesa, está tudo perfeito. As flores estão lindas também.
Mas alguém já estava verificando tudo.
— Tia?
— Ah, minha querida, você acordou cedo.
Quando perguntei quando ela havia chegado, ela disse que viria mais tarde porque tinha muito trabalho.
“Talvez tenha sido por causa do que pedi durante a inspeção.”
Pensei que devia me dedicar ao máximo para que o banquete ficasse impecável, mas não sabia que ela chegaria tão cedo!
— Como chegou tão cedo? São quatro horas de viagem do Floyen até o Império.
Ela sorriu diante da minha surpresa e respondeu:
— Passei a noite em claro com medo de me arrepender.
— O quê?
— Deveria ter vindo há alguns dias para ajudar, mas, se não viesse, me arrependeria para sempre.
Fiquei boquiaberta com essa resposta. Ela sorriu e acrescentou:
— E você é a estrela da festa de hoje, não vai fazer nada além de aproveitar. Não se preocupe, apenas curta o momento.
Eu estava nervosa, afinal, era meu primeiro grande evento, mas ao perceber que minha tia estava ali me apoiando, me senti muito mais tranquila. Sorri alegremente e assenti.
— Obrigada.
Diante do meu agradecimento, ela estreitou os olhos e riu.
— A propósito, com quem você vai dançar hoje? Parece que todo mundo está curioso.
Arregalei os olhos, surpresa com a pergunta.
— Primeiro baile?
Só então me dei conta. Eu não havia pensado com quem faria o meu primeiro baile. Fiquei envergonhada por ter deixado escapar um detalhe tão importante quando estava determinada a organizar um banquete perfeito.
“Meu Deus, o que eu faço agora?”
Claro, eu aceitaria se o Max ou o papai me convidassem, mas a questão era: com qual dos dois eu deveria dançar?
“Alguém vai acabar desapontado…”
Enquanto estava perdida nesses pensamentos, ouvi minha tia rindo.
— Primeiro, vamos subir e vestir seu traje de festa.
— Sim!
—
Desde cedo, Regis foi acordado por um barulho alto.
— Hoje é o dia.
Ele ainda estava cansado, como se não tivesse dormido bem. Não parecia real que sua filha já fosse uma adulta.
“Será que a Juvel já acordou?”
Rapidamente se arrumou e saiu do quarto, pensando que não poderia deixar sua filha lidar com tudo sozinha. Quando entrou na sala de banquetes, encontrou alguém de cara amarrada.
— Você chegou mais tarde que a Senhorita. Desclassificado como pai, vamos logo.
Ao ver a Viscondessa Ronnel, Regis suspirou de alívio.
— Você chegou cedo.
— Isso não é natural? Mesmo que você não pedisse com tanto jeitinho, eu viria de qualquer jeito.
— Sim. Obrigado.
Com a resposta de Regis, a Viscondessa Ronnel olhou ao redor e sorriu ligeiramente. Seus olhos examinaram o ambiente.
— Sabe, é uma época em que flores estão escassas e caras, mas em vez disso usaram flores artificiais, fitas e cristais para decorar.
Foi então que Regis olhou ao redor.
Ele não costumava frequentar banquetes, mas achou que o salão estava muito bem decorado. Queria elogiar, mas ficou sem jeito. A Viscondessa Ronnel continuou.
— Eu já percebi durante a inspeção, mas nosso senhor é bem prático.
Regis concordou em silêncio.
— Sim, essa menina é bem econômica e esperta.
Mas, então, a Viscondessa endureceu a expressão e disse:
— É um tanto inadequado ver você sorrindo assim agora, Vossa Excelência. Me perdoe, mas é uma pena que os outros possam ver isso.
Só então Regis percebeu que estava sorrindo. Tossiu, meio constrangido, e a Viscondessa continuou.
— E, por acaso, a Princesa ainda não escolheu seu par para o baile?
Regis se surpreendeu com a pergunta e respondeu:
— Tradicionalmente, é uma regra implícita que o primeiro baile de uma jovem em sua maioridade seja com um membro da família.
Ela olhou para Regis, que assentiu com seriedade.
— Sim.
—
— Você está deslumbrante hoje!
As empregadas se derretiam em elogios, mas eu não conseguia rir.
Então, Marilyn me olhou com uma expressão preocupada.
— O que foi, minha Senhora? Não gostou?
Me olhei no espelho. Usava um vestido rosa claro de crinolina, enfeitado com cristais cintilantes.
— Não, eu adorei. E os colares e brincos? Vieram do Atelier Fyodor, certo?
Marilyn assentiu e chamou Selah.
— Selah, traga os acessórios.
Depois disso, Marilyn começou a ajeitar meu cabelo.
“O que eu faço agora?”
Alguém vai acabar decepcionado. Enquanto mordia os lábios, Marilyn suspirou.
— Minha Senhora, pare com isso. Vai estragar o batom.
Mas eu não conseguia evitar. Só de pensar no erro que cometi, minha cabeça latejava. Foi então que a porta se abriu e minha tia entrou.
— Princesa, você está quase pronta?
— Sim.
Respondi com a voz fraca, e ela sorriu.
— Como eu imaginava, nossa Princesa está belíssima.
— Obrigada…
— Com quem uma beleza dessas vai dançar primeiro?
Mordi os lábios de novo e abaixei a cabeça.
— Na verdade, eu me esqueci de escolher um par…
Ao ouvir isso, ela arregalou os olhos e sorriu.
— É mesmo? Que situação embaraçosa.
Apesar de parecer estar me provocando, eu só consegui encará-la, perdida.
— O que eu faço?
Minha tia fez uma pausa e então respondeu.
— Bem, é uma tradição que, se uma dama não tem um noivo, ela dance o primeiro baile com um familiar em sua cerimônia de maioridade.
Pensei rapidamente.
“Claro! Eu vou dançar com o meu pai!”
Mas então ela disse:
— Mas, nossa Princesa está envolvida com o Príncipe Herdeiro, então o primeiro baile poderia ser com ele.
Fiquei completamente confusa.
“Ah, e agora, o que eu faço?”