Pai, Eu Não Quero Me Casar

Capítulo 141

Pai, Eu Não Quero Me Casar

Beatrice estava desesperada diante da tentativa da besta de matar Juvelian.

“Não. Por favor, arrisque a minha vida, mas proteja-a.”

E assim que ela gritou seu desejo com toda a força, o mundo pareceu parar temporariamente.

“O que está acontecendo?”

Enquanto observava a besta imóvel, Beatrice ouviu uma risada.

[Oh, não esperava que aparecesse um mago nesse momento.]

“Quem é você? O que acabou de acontecer?”

Beatrice estava prestes a perguntar quando a voz continuou.

[É impressionante como a magia do tempo funciona. Mas você ainda não despertou completamente, então ‘O Anel’ não vai escolhê-la.]

Beatrice tentou perguntar várias vezes o que isso significava, mas não obteve resposta, e o tempo começou a passar lentamente.

“Não, é inútil parar o tempo assim!”

Ela tentou correr até Juvelian, mas seu corpo não se mexia, como se estivesse paralisado.

“Vai acabar assim?”

Foi quando um milagre aconteceu.

— Como você conseguiu…?

Maximillian avançava rapidamente em direção à besta, desafiando o fluxo lento do tempo. No momento em que Beatrice sentiu alívio, uma dor cortante a atingiu. Foi então que a voz ecoou novamente.

[O mana se esgotou. Sinais de que a magia não pode ser mantida por mais tempo.]

De repente, o tempo começou a fluir normalmente outra vez.

(Kuannng!)

A besta foi surpreendida por Max, que apareceu diante dela, e, com um movimento brusco da cauda, escombros do prédio destruído voaram para todos os lados. Beatrice observava as pedras voarem em sua direção.

“Eu preciso desviar…”

Mas a dor no coração a impediu de se mover. No momento em que Beatrice fechou os olhos, esperando pelo impacto, alguém a segurou com força. Quando abriu os olhos, viu que o sangue escorria da cabeça do homem que a tinha protegido.

— Você está bem?


Beatrice ficou corada ao se lembrar dos olhos escarlates que a encaravam.

— Sua Alteza Imperial, ainda não está se sentindo bem?

Victor, com uma faixa na cabeça, olhava para ela com seus olhos vermelhos. Beatrice, surpresa, quase perdeu o equilíbrio.

— Você está bem?

Com as mesmas palavras de antes, ela sentiu o calor em seu ombro.

Beatrice rapidamente afastou sua mão e respondeu nervosa.

— O-o que? Você me assustou falando de repente.

Victor suspirou ao vê-la tão nervosa, mesmo que estivesse preocupado.

— Sim, sinto muito por ter assustado alguém tão delicada. Eu já te chamei três vezes. Agora, vou te levar até a carruagem. Você pode responder, Sua Alteza Imperial?

Ela não queria se envolver mais nessa situação desconfortável.

— Eu estou bem.

— Sua Alteza Imperial, está mesmo bem?

Foi então que ela viu Juvelian e seu meio-irmão se aproximando.

— Eu estou bem. E você?

Juvelian balançou a cabeça.

— Acabei de ver o médico, ele ficou surpreso com o meu tornozelo, mas disse que vai ficar tudo bem depois de alguns dias de descanso.

O sorriso de Juvelian era tão encantador que Beatrice sentiu seu coração se aquecer. Nesse momento, Maximillian falou.

— Victor, leve Beatrice de volta ao Palácio Imperial.

— O que? Eu estou bem…!

“Voltar com ele nessa situação é demais!”

Beatrice fez uma careta, tentando recusar, mas…

— Claro, já era minha intenção. Oh, meu peito está cheio de responsabilidade!

Com esse comentário, Beatrice olhou para Victor e desviou o olhar rapidamente.

“Responsabilidade…”

Ela refletiu profundamente por um momento.

“Sim, eu preciso descobrir mais sobre a magia que usei antes.”

XI. Presentes para você 

Quando o Imperador voltou, as pessoas começaram a deixar o local uma a uma em suas carruagens. Eu me despedi de Trice junto com Max.

— Adeus, Sua Alteza Imperial.

Ao ouvir minhas palavras, Trice sorriu e assentiu.

— Sim, nos vemos quando você chegar.

Então Max se dirigiu a Trice.

— Não se perca e vá direto para o Palácio.

Trice fez uma careta e começou a falar.

— Meu irmão é…

Mas suas palavras foram interrompidas quando Sir Victor interveio.

— Príncipe Herdeiro, não se preocupe! Eu protegeria Sua Alteza Imperial com a minha vida.

Eu sorri com suas palavras, confiando nele, mas a expressão de Trice não era boa, talvez porque ele tivesse sido interrompido.

“A expressão de Trice está estranha há um tempo…”

Ela falou friamente, olhando para Max em vez de se irritar com Victor.

— Eu já estou indo, então, por favor, vá embora, irmão. E Juvelian, até mais.

— Oh, sim! Adeus.

Assim que a carruagem partiu, fiquei olhando fixamente. Ele parecia perdido em seus pensamentos novamente.

“Será que a besta o assustou?”

Foi então que alguém me chamou.

— Princesa Floyen, estou com ciúmes de você olhar para alguém que não seja eu.

De repente, virei a cabeça, surpresa pela voz respeitosa de Max. Ele estava tão bonito que mal consegui perceber sua expressão irritada.

— O que foi? Por que está sendo tão formal?

Ele respondeu brincando com meus dedos.

— Me lembrei de quando você me pediu para tratá-la com respeito em público, então estou pensando em fazer isso a partir de agora.

Bom, definitivamente foi quando eu achei que ser tratada com respeito não seria tão ruim. De repente, ele inclinou a cabeça e sussurrou perto do meu ouvido.

— Desculpe por não ter te dado as Flores da Deusa Subterrânea. Eu quebrei minha promessa.

Suspirei com suas palavras.

“Ele realmente achou que eu gostava da joia por ganância?”

Falei suavemente para esclarecer o mal-entendido.

— Não. Eu gosto da sua escolha. E qualquer coisa que você me der, eu vou gostar. Você sabe o que eu quero dizer.

Ele me abraçou assim que terminei de falar e sussurrou baixinho.

— Vou trazer algo melhor que as Flores da Deusa Subterrânea.

Na verdade, eu ficaria feliz com qualquer coisa, mas conhecendo sua teimosia, sorri e concordei. Ele acariciou minha bochecha e inclinou-se lentamente. Eu estava prestes a fechar os olhos devagar, certificando-me de que não havia ninguém por perto, mas…

— Juvelian.

De repente, ouvi a voz madura que me chamou, me assustando e empurrando Max para longe.

— Pa-papai?

Por um momento, fiquei constrangida pela aparição repentina dele, e ao me lembrar do estado estranho em que ele estava, olhei para ele.

— Você está bem? Se estiver estranho como antes…

Então, papai franziu a testa e olhou para Max.

— Sua Alteza, o Príncipe Herdeiro, eu gostaria de ir para casa com minha filha.

A maneira como ele tratava Max, sua fala, seus olhos e sua expressão, era o mesmo pai de sempre.

— Papai!

Naquele momento, me senti tão aliviada que tentei abraçá-lo, mas ele me segurou em um abraço de princesa.

— O quê?

Sentindo-me envergonhada, papai olhou para o meu tornozelo enfaixado e perguntou:

— O que aconteceu com o seu tornozelo?

— Ah, isso é…

Eu estava em alvoroço depois de ser atacada por um demônio, mas será que papai não sabia que eu tinha me machucado?

Sinceramente, estava constrangida. Então, ouvi a voz de Max.

— Se não se importar, eu gostaria de ir de carruagem com a Princesa.

Papai assentiu em resposta.

— Sim.

Houve um silêncio desconfortável entre nós três na carruagem por um bom tempo, mas logo fomos forçados a falar.

— Você deve estar muito cansada.

— Estou mesmo.

Max apoiou a cabeça da sonolenta Juvelian em seu ombro e ficou olhando para frente. Nos olhos do Duque de Floyen, ao olhar para sua filha, havia uma mistura de dor e desespero.

— Mestre.

Max o encarou com dureza, enquanto os olhos do Duque se iluminavam ao ouvir seu chamado.

— Qual era a fraqueza que te mantinha próximo ao Imperador, e não à sua filha?

Se o tempo não tivesse desacelerado de repente, se ele não tivesse despertado seu poder, Juvelian certamente teria perdido a vida para a besta. Max tentou entender que poderia ser uma situação delicada, mas ao ver o rosto de seu mestre, ele só conseguia se sentir mais irritado.

Mesmo que ele tivesse uma fraqueza, Max não conseguia entender por que ele não tinha salvado sua própria filha.

“Juvelian poderia ter morrido hoje enquanto você não estava ao lado dela…”

Com os olhos cheios de reprovação, Max esperava a resposta, mas a resposta inesperada do Duque de Floyen o parou.

— Como é ser uma pessoa transcendental?

Inicialmente, Max desejava muito alcançar isso, mas não imaginava que acabaria odiando esse sentimento na situação atual.

— Isso é relevante agora? Sua filha…

— Fale mais baixo.

Max ficou desapontado com a atitude do seu mestre, que continuava evitando responder.

— Se está fugindo da resposta, isso significa que essa fraqueza é mais importante que sua filha?

Max olhou para o mestre com desprezo, mas havia uma fúria latente.

— Não confiarei mais em você, Duque de Floyen.

O Duque respondeu em silêncio, levantando o canto da boca.

— Seu moleque insolente.

— Você, realmente…

Max estava prestes a responder, irritado com as provocações do Duque, quando foi interrompido.

— Hum, vocês estão brigando?

Como se tivesse acabado de acordar, Juvelian murmurou, confusa. Max balançou a cabeça rapidamente.

— É sobre a sua cerimônia de maioridade, que está chegando. Estávamos discutindo isso, mas nossas opiniões divergem.

Com essas palavras, Juvelian riu com o rosto radiante.

— Você sempre fala dessa cerimônia, mal posso esperar. Que presente incrível você vai me dar?

Max forçou um sorriso, mas lançou um olhar frio para seu mestre.

— Estou pensando em te dar algo muito especial no dia da sua maioridade.

De forma irritante, o mestre sorriu ternamente para sua filha.

“É perigoso ter uma personalidade dupla como essa”, pensou Max.

Ele abraçou Juvelian pelo ombro, como se quisesse provar algo ao mestre. Em seguida, olhou para o rosto encantador de Juvelian e tomou uma decisão.

“Agora, não importa se ele disser que não. Vou pedi-la em casamento no dia da sua maioridade.”

Quando Beatrice voltou ao palácio, o clima estava sombrio.

— Obrigada por me acompanhar o dia todo.

Quando ela agradeceu a Victor por escoltá-la até seu quarto, ele sorriu.

— Se você está realmente grata, me procure de vez em quando. Me sinto entediado com tanta gente quieta ao meu redor.

Mesmo sabendo que ele só estava sendo educado, aquilo a fez se sentir melhor. No entanto, logo Beatrice viu o curativo em sua cabeça e murchou.

— Você perdeu muito sangue antes, está bem?

Ela mordeu os lábios, ansiosa.

— Beatrice.

Trice virou a cabeça em direção à voz que a chamava. Sua mãe, a Imperatriz, a observava com atenção.

— Ouvi dizer que você foi atacada por uma besta hoje. Está ferida?

— Não, estou bem.

Beatrice se sentiu sobrecarregada ao ver sua mãe se preocupando com ela depois de tanto tempo.

— E quem é esse homem que está acompanhando minha filha?

Victor fez uma reverência e falou:

— Sou Victor, a quem foi confiada a missão de escoltar Sua Alteza Imperial, a Princesa, por ordem de Sua Alteza, o Príncipe Herdeiro.

Os olhos da Imperatriz se estreitaram. Logo, uma voz fria saiu de sua boca.

— Tenho algo para conversar com a Princesa. Poderia se retirar?

Mesmo com a frieza da Imperatriz, que nem sequer agradeceu pelo trabalho feito, Victor abaixou a cabeça sem reclamar.

— Com licença. Espero que tenham uma conversa agradável.

Beatrice olhou com tristeza para as costas de Victor. A Imperatriz, irritada, falou em tom áspero.

— Maximillian, aquele sem-vergonha, não sei se ele está te ignorando. Como ele ousa colocar alguém tão insignificante ao seu lado?

Ao ouvir isso, Beatrice sentiu toda a frustração que sentia pela mãe evaporar instantaneamente.

“Como pode falar isso de alguém que me protegeu? Nem uma palavra de gratidão…”

A resistência contra sua mãe crescia dentro dela.

— E então, qual é o assunto?

Ela queria ouvir logo o que a mãe tinha a dizer e encerrar aquela conversa, mas a Imperatriz, sem perceber o distanciamento da filha, sorriu e disse:

— Ouvi dizer que em breve haverá ótimos itens em um leilão.

— Itens valiosos? O que exatamente fez minha mãe vir pessoalmente?

À pergunta de Beatrice, a Imperatriz respondeu de maneira doce:

— É um objeto mágico.

Beatrice ficou em silêncio ao ouvir aquelas palavras. Então, a Imperatriz explicou com firmeza:

— Você sabe que o bebê que recebe um presente mágico nasce saudável, não sabe? Esta mãe quer que você prepare um presente para o seu irmão.

Enquanto falava, a Imperatriz tocava sua barriga inchada. Beatrice respondeu com um sorriso forçado.

— Vou pensar sobre isso.

Diante dessa reação ambígua, a Imperatriz a encarou.

O presente era só uma desculpa; na verdade, a Imperatriz queria se reconectar com a filha, com quem estava distante há algum tempo. Beatrice sempre pedia desculpas quando se aproximavam, mas agora…

— Estou cansada, poderia se retirar?

Beatrice agora falava em tom irritado, como se estivesse cansada daquela situação.

— Trice, você…

Beatrice respondeu friamente quando viu a raiva começar a surgir no rosto da Imperatriz.

— É porque estou muito cansada, mãe.

Pouco depois que a Imperatriz foi embora, Beatrice deitou em sua cama.

“Um objeto mágico… Talvez eu encontre uma pista sobre o poder que usei antes.”

Com esse pensamento, Beatrice engoliu em seco e então sorriu.

“E seria bom aproveitar para escolher o presente de maioridade da Juvelian.”

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