Capítulo 142
Pai, Eu Não Quero Me Casar
Para minha vergonha, subi para o quarto nos braços de Max. Papai estava ao nosso lado, e os cavaleiros da nossa família nos seguiam de perto. Normalmente, eu teria ficado morta de vergonha, mas dessa vez foi suportável, talvez porque eu já havia passado por situações piores na frente de outras pessoas. Mas o verdadeiro problema veio a seguir.
— Juvelian, tranque a porta e não confie em ninguém, entendeu?
Suspirei com os pedidos repetitivos de Max, como se ele estivesse tentando me convencer à força.
“Mesmo que o imperador saiba sobre nós, eu já não sou uma criança, isso é exagero.”
Então, Max apontou para um dos cavaleiros.
— Você aí, proteja Juvelian com a sua vida.
Gerald, o cavaleiro escolhido, respondeu com o rosto sério.
— Sim, sim! Claro, Sua Alteza Imperial, o Príncipe Herdeiro!
Max sorriu, satisfeito com a resposta. Mas logo meu pai interrompeu.
— Príncipe Herdeiro, é melhor você ir agora.
Com essas palavras, Max se virou para mim com um sorriso.
— Vou deixar você por agora. Se cuide, ok?
— Ok.
Diante da minha resposta, ele me olhou com carinho antes de se virar e sair. Assim que ele partiu, soltei um suspiro.
“Será que eles brigaram? Por que não disseram uma palavra sequer?”
Essa era a pergunta que não saía da minha cabeça.
— Juvel, você vai descansar agora, né?
Os olhos azuis do meu pai, ao me olhar, transmitiam o mesmo calor de sempre. Isso me confortava, mas ao mesmo tempo me deixava nervosa.
— Está tudo bem com você?
Eu estava com medo de que ele ficasse estranho de novo. Engoli em seco antes de responder.
— Pai, sabe, eu queria te dizer uma coisa…
Eu queria conversar com ele a sós e perguntar calmamente sobre o que tinha acontecido. Mas ele balançou a cabeça e me interrompeu.
— Está tarde, Juvelian. Falamos disso outra hora.
Assenti com a cabeça.
— Tá bom, boa noite então.
Quando ele se levantou, eu segurei sua mão, meio nervosa.
— Juvel?
Ao ouvir meu nome, eu hesitei por um momento, mas depois soltei sua mão, com medo de decepcioná-lo.
“Não faz mal, eu posso falar com ele outra hora.”
Sorri e tentei parecer despreocupada.
— Até amanhã, papai.
Ele sorriu abertamente e assentiu.
— Durma bem, querida.
“Essas palavras me trazem paz.”
Enquanto observava meu pai se afastar, rezei silenciosamente.
“Espero que você seja sempre feliz ao meu lado.”
Após sair do quarto da filha, Regis soltou um suspiro. Era óbvio que seu discípulo e sua filha o olhavam com sentimentos confusos.
“Tenho certeza de que eles estão magoados comigo.”
Ele não pôde estar ao lado da filha nem quando ela estava em perigo, devido às suas malditas obrigações, e isso o corroía por dentro. Cerrando os punhos, Regis escondeu seus sentimentos miseráveis atrás de um rosto inexpressivo.
“Por favor, não me perdoe.”
Era um pedido egoísta. Não perdoar era uma coisa, mas pedir para que ela não esquecesse… Regis olhou de volta para o quarto da filha com uma expressão amarga. Apenas observando a porta, ele sentiu um calor invadir seu coração.
“Você sabe? Eu sou grato por cada momento que posso passar com você.”
Regis ficou parado um tempo, encarando o quarto da filha, antes de se virar e murmurar:
“Espero estar com você até o último instante que me for permitido.”
Pouco depois, ele deu passos pesados para longe.
Naquela noite, Fressia suspirou enquanto recebia os relatos sobre o que havia acontecido na caçada.
“O mestre provavelmente foi ver o Duque de Floyen hoje.”
Do ponto de vista de Fressia, os problemas só tinham aumentado. Agora, ela precisaria lidar com os assuntos pessoais da princesa Floyen.
“Bem, o Duque vai dar conta sozinho, mas ignorar a proteção da princesa por causa do jeito do nosso mestre vai nos custar caro por meses.”
Foi então que Fressia pensou consigo mesma.
— Fressia.
Seu nome foi chamado de repente, e ela, que estava absorta em seus pensamentos, soltou um suspiro.
“Por que o mestre parece perder o controle a cada dia que passa?”
Ela ficou tão surpresa que seu coração quase saltou pela boca, mas Fressia fez um esforço para manter a calma e se curvou.
— Ah, você está aqui, mestre. Ouvi dizer que derrotou a fera hoje. Impressionante.
Max respondeu com a testa levemente franzida.
— Não quero falar sobre isso.
Fressia ficou intrigada com a atitude arrogante e irritada de sempre de Max.
“Por que ele age assim?”
Foi nesse momento que Max mudou de assunto.
— Você já cuidou do que eu pedi?
— Ah, o presente para a princesa Floyen?
Max assentiu, e Fressia sorriu enquanto entregava alguns documentos. Logo, a expressão de Max mudou ao abrir os papéis.
— Isso é…
— Sim, essa é a informação sobre as gemas preciosas que estarão disponíveis no leilão clandestino.
A Flor da Deusa Subterrânea, que Max originalmente pretendia dar a Juvelian, já era um tesouro raro, mas essas gemas pareciam ainda mais impressionantes. Talvez…
— Como são acessórios mágicos, a concorrência será acirrada.
Max sorriu, satisfeito, ao ver o poder mágico contido na joia.
“Com isso, posso ficar mais tranquilo.”
Nesse momento, Fressia falou.
— Traga todo o dinheiro que conseguir. Esse item provavelmente será muito disputado, então prepare-se para pagar o valor de um castelo.
Ela assentiu como se isso fosse óbvio.
— Já tinha imaginado.
Antigamente, gastar o valor de um castelo em uma joia parecia um absurdo, mas agora, não parecia nada demais.
“Uma joia azul, ficaria perfeita nela.”
Na cabeça de Max, surgia a imagem de Juvelian, radiante ao receber o presente.
Na manhã seguinte, acordei cedo e me preparei.
“Beleza, mais tarde vou falar com meu pai sobre o que aconteceu ontem.”
Depois de me arrumar, tentei ir até o escritório do meu pai, mas…
— Aqui estão as cartas, senhorita.
Marilyn entrou com uma pilha enorme de cartas.
— Ah, que tipo de cartas são?
Na verdade, eu já imaginava. Provavelmente estão tentando me bajular por ser a noiva do Príncipe Herdeiro.
Suspirei por um instante e disse a Marilyn:
— Deixe-as na mesa. Eu leio depois.
Foi quando disse isso e me levantei que Marilyn me chamou com uma expressão confusa.
— Receio que você tenha uma visita e vai precisar sair.
Estremeci e suspirei com o comentário.
“Receber uma visita tão cedo assim? Quem será?”
Ao descer, vi um rosto familiar.
— Princesa Floyen.
Não era uma visita que eu desejava, mas ali estava uma pessoa séria e difícil, com uma expressão firme.
— Príncipe Elios.
Assim que o chamei, ele se levantou e me olhou fixamente.
— Como está seu tornozelo?
— Está bem.
Depois de uma boa noite de sono, a dor tinha sumido, e hoje eu conseguia andar sem problema. Logo em seguida, ele abriu um sorriso suave e disse:
— A recuperação foi mais rápida do que eu imaginava.
Eu ainda estava chateada pela última caçada.
— Eu tinha desistido, mas é difícil simplesmente largar tudo quando alguém te olha daquele jeito.
Eu não entendia muito bem o que ele queria dizer com “desistir”, então fiquei parada, e ele suspirou.
— Fiz uma confissão séria, mas parece que não abalou a princesa.
Só então entendi o que ele estava tentando dizer.
— Ah, sobre aquilo… na verdade…
Eu estava prestes a dizer a verdade e me recusar, mas ele me interrompeu:
— Já disse que desisti.
Enquanto eu o olhava, surpresa, ele sorriu.
— Desculpe por incomodar a princesa.
Mesmo sendo um homem que muitas vezes falava sem pensar, a desculpa pareceu sincera. Ele sorriu levemente e inclinou um pouco seus olhos turquesa, perguntando:
— Aceita minhas desculpas?
Em vez de responder, assenti com a cabeça, e ele sorriu, estendendo a mão.
— Então, como amigo daqui pra frente, espero que possamos nos dar bem.
A ideia de sermos amigos parecia estranha no começo, mas pensei que poderia ser algo positivo, considerando o círculo social em que vivíamos.
— Também conto com você.
Foi nesse momento que tentei apertar a mão dele.
(Kaboom!)
— Juvelian!
Mesmo tendo começado a namorar ontem, não esperava que ele aparecesse tão cedo.
Quando abri os olhos surpresa, vi Max se aproximando rapidamente.
— Como ousa…?
— Ma-Max! O que você está…?
Gritei seu nome de surpresa na frente do Príncipe Elios, mas agora não era hora de me preocupar com isso.
“Com a personalidade de Max, ele com certeza vai arrumar confusão. O problema é…”
O Duque de Elios, que está na linha de sucessão para o ducado, pertence a uma das famílias que não podemos ter como inimiga. Além disso, seu pai, o Duque de Elios, é uma figura de grande influência na administração do Império.
“Se um dia Max se tornar Imperador, ele terá que negociar com o próximo Duque. Não faz sentido começar uma briga agora.”
Eu estava prestes a tentar acalmar Max, mas o Príncipe Elios falou com um sorriso suave:
— A princesa parece cansada. Seu amado nunca a deixaria assim.
Diante dessas palavras, Max congelou, com a expressão séria.
— Se você está pedindo pra morrer, é só falar, Frederick Lionel Elios.
Todo mundo sabia que Max não hesitava em seguir adiante com suas ameaças.
“Tenho que impedi-lo.”
Eu estava prestes a intervir quando o sorriso do Príncipe Elios desapareceu.
— Não vê que a princesa está desconfortável com suas ações, Alteza Imperial?
Com isso, Max me olhou, seus olhos tremendo.
— Juvelian, eu…
O Príncipe Elios interrompeu friamente, afastando a mão de Max antes que ele pudesse terminar de falar.
— Quando você está em um relacionamento público, precisa ter cuidado com suas atitudes. Suas falhas podem prejudicar sua parceira.
Essas palavras, ainda que direcionadas a Max, também me atingiram.
“Eu deveria ter lidado melhor com isso antes.”
Suspirei, olhando para a expressão irritada de Max.
“Eu preciso resolver isso com Max primeiro.”
Observei o rosto furioso de Max e cruzei os braços. Quando ele me olhou surpreso, encarei-o com firmeza e falei:
— Max, talvez você não confie em mim, mas eu vou melhorar a partir de agora.
Max suspirou e hesitou antes de responder:
— Por que acha que não confio em você?
— Bem…
Eu não conseguia encontrar as palavras, e Max, nervoso, se apressou em falar:
— Você está indo bem até agora.
Eu o olhei novamente e abaixei a cabeça, um pouco desanimada.
— Mas você estava tão bravo comigo… porque eu fiz algo errado, né?
Então, ele acariciou minha bochecha e, suavemente, como quem fala com uma criança, respondeu:
— Nunca. Você é a pessoa em quem mais confio.
Ao ouvir isso, o encarei e abri a boca:
— Então, pode confiar em mim e se sentar?
Ele me olhou por um momento, suspirou e se sentou ao meu lado. O Príncipe Elios, por sua vez, se sentou em frente a nós. Max apertou minha mão com força, ainda desconfiado, mas aos poucos relaxou.
“Ele fica fofo assim.”
Contive uma risada e fui direto ao ponto.
— Agora, vou explicar a situação.
Max assentiu devagar, e eu resumi o que tinha acontecido.
— O Príncipe Elios veio se desculpar por um mal-entendido. Nós nos reconciliamos e decidimos ser amigos.
Max parecia não acreditar totalmente, mas respondeu admiravelmente:
— Entendi.
— Agora que sou amiga do Príncipe Elios, quero que respeite meu amigo.
Max suspirou e finalmente disse:
— Sinto muito pelo que aconteceu antes, Príncipe Elios.
No entanto, Elios não respondeu, apenas nos observava com uma expressão séria. Levantei minhas mãos entrelaçadas e me virei para ele.
— Acho que o Príncipe Herdeiro estava sensível ontem porque fui atacada por uma fera. Como amigo, Fred, espero que possa entender.