Capítulo 123
Pai, Eu Não Quero Me Casar
Apesar de balançar sua espada constantemente, o mestre, que a desviava e contra-atacava com naturalidade, nem parecia estar cansado.
“Será que eu vou ser assim quando me tornar transcendente?”
Foi o que Max pensou enquanto observava seu mestre. A espada do mestre, que se movia com força, parou bem na frente do seu pescoço.
— Isso é tudo por hoje.
Logo o mestre baixou a espada e disse:
— Vá ver a Juvelian.
Por um momento, surpreso com essa permissão inesperada, Max ficou com um ar desconfiado e respondeu:
— Por que está dizendo isso?
O mestre franziu um pouco as sobrancelhas e respondeu:
— Não me entenda mal. Não é porque eu gosto de você, mas porque minha filha gosta.
Essas palavras fizeram o coração de Max bater mais rápido.
— Está dizendo que a Juvelian quer me ver tanto assim, a ponto de você permitir?
Max abriu um sorriso discreto ao ouvir isso.
(Pá!)
De repente, uma dor na nuca fez Max franzir a testa e encarar o mestre.
— Pode parar com essa cara.
O mestre falou baixinho, tentando evitar que Max continuasse sorrindo.
— Se ficou ofendido, fique mais forte.
Foi nesse momento que Max pensou que teria que ficar ainda mais forte que o mestre, por mais injusto e difícil que fosse.
— Se hoje você fizer algo de errado com a minha filha, não vou deixar barato.
Quando o mestre terminou de falar e desapareceu, Max teve uma sensação estranha.
— Isso quer dizer que ela não está na mansão hoje?
Antes ele estava irritado, mas agora um sentimento de excitação começou a tomar conta. Max trocou de roupa e foi direto para a residência do Duque de Floyen. Ao se aproximar da casa, algo chamou sua atenção e o fez franzir a testa.
— Uma carruagem?
Ao ver o brasão do Duque de Elios, cercado por espinhos, simbolizando a lealdade ao império, Max ficou desconfortável.
“Esse maldito trapaceiro… por que ele veio ver a Juvelian de novo?”
Por um momento, pensamentos sombrios invadiram sua mente, mas Max se controlou.
“Ele deve estar na sala de recepção.”
Max rapidamente contornou o lado de fora da mansão e espiou pela janela. Lá estavam Juvelian e Frederick, tomando chá juntos.
— Já que você está tão irritada, acho que não tenho escolha a não ser dedicar a você as ‘Flores da Deusa Subterrânea.’
Max ficou furioso ao ver Frederick insinuando que faria uma declaração pública.
“Você realmente acha que vai conquistar minha Juvelian, seu astuto malandro?”
Foi quando Max, irritado, começou a planejar sua próxima ação.
— Olha, nos vimos só algumas vezes. E, de repente, você diz algo que eu só diria a alguém que amo… Pra ser sincera, isso é ridículo.
Max assentiu ao ouvir as palavras de Juvelian.
“Sim, eu sou o amante dela, e você tem a ousadia de falar essas bobagens…”
Enquanto Max pensava em como confrontar Frederick, ouviu algo que o fez se sentir melhor.
— Sinto muito. Eu não gosto de você.
O firme rejeição de Juvelian acalmou Max.
“É, quando você é assim, é realmente incrível.”
Nesse momento, Max olhou para Juvelian, escondendo um sorriso.
— Eu sei, por isso estou tentando te conquistar.
— Não precisa fazer isso.
— É inútil você resistir. Já tomei minha decisão.
Juvelian franziu a testa diante daquela insistência. Mesmo assim, ela continuava encantadora aos olhos de Max, mas não era só ele que estava admirando.
— Nos vemos na competição de caça, meu amor.
Ao ouvir “meu amor,” Max sentiu sua paciência se romper.
“Como ele ousa chamar minha Juvelian de ‘meu amor’?”
Enquanto observava Frederick sair da sala, Max respirou fundo e olhou para Juvelian, percebendo sua expressão angustiada, como se algo a incomodasse profundamente.
“Por que essa cara tão preocupada? Foi por causa dele?”
Max tomou uma decisão ali.
“Frederick, você não vai conseguir se declarar, porque eu vou vencer a competição de caça.”
Com o rosto cheio de determinação, Max observou Frederick ir embora e caminhou lentamente em direção à mansão Floyen.
— Oi? Você está aqui?
Talvez por causa da visita de Frederick, a criada olhou para Max com uma expressão ligeiramente confusa. Mesmo aquilo o irritava, mas ele não queria descontar sua raiva nela para não chatear Juvelian.
— Leve-me até Juvelian.
Assim que chegou à porta do salão, Max respirou fundo, sentindo a tensão crescer. Ele a tinha visto há pouco tempo, mas parecia que fazia uma eternidade, e ele esperava ansiosamente por uma resposta.
“Diferente daquele trapaceiro, será que ela vai me receber?”
Enquanto Max estava nesse turbilhão de pensamentos, a criada anunciou:
— Senhorita, um visitante está aqui para vê-la.
Logo, a porta se abriu, e Max olhou diretamente para Juvelian. No entanto, em vez da reação que ele esperava, o rosto dela parecia abatido, o que fez o coração de Max se apertar.
“O que está acontecendo? Por que…?”
Max imediatamente se lembrou do rosto de Juvelian um momento antes.
“Será que ela está abalada pelo que ele disse?”
Foi nesse momento que Max começou a ter dúvidas.
— Max, você está aqui? Entre.
Com um sorriso encantador e uma voz suave, Max sentiu seu humor melhorar, mas apenas por um instante.
“Não, essa foi a reação que ela acabou de ter… e mesmo assim, ela está tentando continuar.”
Carregado por uma onda de ciúmes, Max falou:
— Você não parece bem. O que aconteceu?
— Ah, não? O que houve?
Max insistiu, mesmo percebendo que ela estava desviando do assunto.
— Me conta. O que aconteceu?
Juvelian hesitou por um momento, antes de responder com uma expressão tímida:
— Isso é porque você não veio antes.
Ele sabia que aquilo era uma desculpa, mas não conseguiu suportar a visão dela assim. Max a puxou para um abraço.
“Agora, mais do que nunca, preciso vencer essa competição de caça.”
Depois de entrar no quarto, ele se sentou no sofá, ainda segurando Juvelian nos braços.
“Estamos muito próximos…”
Sentindo-se envergonhada, ela tentou se afastar, mas Max apenas apertou mais o abraço, e com uma voz suave, sussurrou em seu ouvido:
— Por quê? Não?
— Ah, não, não é isso…
Os dedos de Max deslizaram pela cintura dela, subindo lentamente pelas costas, e ao tocarem levemente seu pescoço, um arrepio percorreu seu corpo.
Era para parar ali, mas o calor das mãos dele começou a fazer o corpo de Juvelian esquentar. Com o rosto vermelho, ela, envergonhada, tentou empurrá-lo.
— Max, isso…
Mas ele segurou a mão dela, interrompendo o movimento.
— Por que está com a mão assim?
A pergunta o fez lembrar de algo importante que havia esquecido.
— Ah, eu terminei de bordar o lenço!
Ao ouvir isso, Max suspirou.
— Não me diga que seus dedos ficaram assim por causa do bordado?
Juvelian olhou para sua mão na dele, percebendo que estava cheia de pequenos machucados das picadas da agulha. Sentiu-se envergonhada por sua falta de habilidade, e ficou em silêncio. Então, Max beijou sua mão.
— Se eu soubesse que você se machucaria assim, nunca teria pedido para bordar.
Ela ficou sem palavras, se sentindo estranha.
— Você… sente muito por isso?
Max olhou para ela seriamente, e ela teve que conter uma risada ao ver como ele estava levando tudo tão a sério.
— Não tem problema. Eu fiz porque quis.
Quando respondi, Max me olhou e me beijou devagar. Retribuí aquele beijo suave por um tempo, mas logo ele intensificou o ritmo, e minha mente ficou confusa. Foi aí que me entreguei, sem pensar, aos seus beijos frenéticos.
Um pouco mais calmo, ele me olhou fixamente, respirando ofegante, e logo começou a beijar meu pescoço.
— Ahhh, o quê?
Fiquei completamente envergonhada com Max beijando um lugar que nunca imaginei que ele tocaria. De repente, ele chupou meu pescoço com força, e uma dor estranhamente prazerosa surgiu enquanto ele mordia a pele. Aquela sensação inesperada me pegou de surpresa.
— Max, espera… haaa…
Por algum motivo, me estremeci de prazer com a sensação de cócegas. Então, ele deslizou a mão pelo meu pescoço lentamente, me fazendo arrepiar. Ele olhou para mim e, sorrindo, disse:
— Lindo.
Fiquei olhando para o rosto bonito dele, meio atordoada, até que me afastei, sem jeito.
— Max, isso foi só…
Estava prestes a reclamar sobre o que ele tinha feito, mas ele me beijou e perguntou:
— O que você bordou no meu lenço?
Franzi o cenho, me sentindo irritada por ele mudar de assunto tão bruscamente. Mas antes que pudesse responder, ele me abraçou e disse:
— Eu te amo, Juvelian…
E então, acabei desistindo de brigar, e só me restou afagar sua cabeça em resposta.
—
Sentindo o toque suave da mão de Juvelian, Max esboçou um leve sorriso.
“Que bom que ela não ficou brava.”
No início, ele só queria se acalmar ao encostar o nariz no pescoço perfumado dela, sem nenhuma intenção além disso. Mas, ao ver a pele branca e delicada, um desejo primitivo tomou conta dele. Queria deixar uma marca ali, uma lembrança para afastar qualquer um que ousasse se aproximar.
Não era o que ele tinha planejado, e, quando percebeu o que estava fazendo, tentou parar. Porém, as marcas avermelhadas que surgiram na pele dela o fizeram perder o controle. Seus olhos azuis brilhantes e a respiração ofegante dela só aumentaram sua ansiedade.
“E se ela mudar de ideia e me deixar?”
Ele tinha medo de que alguém mais visse o que ele via.
“Será que, se eu me unir a ela de verdade, esse desejo insuportável desapareceria?”
Seu corpo todo estava tomado por um desejo ardente por ela, mas, ao olhar nos olhos límpidos de Juvelian, Max não teve outra escolha senão conter suas vontades.
“Ela ainda não está pronta.”
Jurou Max, frustrado e rígido.
— Eu te amo, Juvelian.
Mesmo que estivesse sofrendo naquele momento, decidiu esperar até que sua amada estivesse preparada. Até lá, ele esconderia aquele desejo intenso e tentaria parecer ingênuo. Foi então que Juvelian resmungou, puxando o cabelo dele:
— Se fizer isso de novo sem me avisar, eu vou te expulsar. Entendido?
A voz dela, encantadora, fez Max sorrir com os olhos brilhando.
“Não tem problema. Eu vou pedir sua mão em casamento logo depois da sua cerimônia de maioridade.”
Ele se preparou para resistir até lá, mesmo que alguém tentasse se aproximar de Juvelian. Max jurou a si mesmo que protegeria o que era dele e acariciou suavemente o rosto dela.
—
Depois que Max foi embora, fiquei em frente ao espelho, olhando para o meu pescoço.
— O que é isso? Está todo marcado.
Franzi os olhos naturalmente. Ele tinha mordido e chupado tanto que as marcas eram visíveis.
“Isso é demais. Vou ter que cobrir o pescoço em casa.”
Suspirei e procurei algo para disfarçar as marcas.
“Isso serve?”
Consegui cobrir o pescoço com um lenço de tecido quando…
— Juvelian, sou eu.
Ao ouvir a voz de Gerald do outro lado da porta, abri.
Assim que a porta se abriu, vi Gerald com uma expressão cansada, me olhando fixamente.
— O que foi?
Embora ele ganhe seu salário sem muito esforço, Gerald adora se exibir. No entanto, ele não conseguiu descobrir a identidade de Max nem outras informações importantes, e as ordens do meu pai o impediram de participar da caçada, então é natural que ele estivesse frustrado.
— Din, preciso te pedir um favor.
Ele respondeu com um suspiro.
— Do que se trata?
— A competição de caça.
Assim que mencionei o evento, ele suspirou de novo.
— Eu sei. Não se preocupe, vou me comportar.
— Não é isso. Você sabe que o Príncipe Elios esteve aqui, certo?
— Sim.
— E ele está confiante de que a família dele vai ganhar a competição, certo?
Na verdade, não era uma declaração de guerra, mas uma proposta para mim. Contudo, distorci a verdade para conseguir o que queria.
— Você não vai deixar isso passar, não é?
Assim que terminei de falar, o rosto de Gerald se transformou.
— Ele realmente disse isso?
— Sim, ele disse que vai ganhar o primeiro lugar, então fique de olho.
— Ele realmente falou isso?
Enquanto Gerald me olhava com uma expressão incrédula, eu assenti, fingindo tristeza.
— Sim.
Então, Gerald franziu o rosto e disse, irritado:
— Quem esse cara pensa que é? Um príncipe que só sabe ler livros? Ele se atreve a desafiar Floyen, o melhor espadachim?
Então, segurei a mão de Gerald e disse:
— Ger, isso me deixa muito indignada. Eles querem me ignorar só porque sou mulher, até minha própria família…
— Do que você está falando? Você é a herdeira direta do Duque! Quem ousa te ignorar?
— Mas eu fico triste ao ver que até os cavaleiros da nossa família são desrespeitados por minha causa…
Deixei minhas palavras no ar de propósito, e Gerald apertou minha mão com força, dizendo:
— Não se preocupe. Mesmo que não ganhe, eu vou dar uma lição em Elios por ter dito essas coisas.
As palavras dele me tranquilizaram e eu sorri.
— Obrigada, irmão Ger.
Gerald me olhou com um sorriso desajeitado, mas logo franziu as sobrancelhas.
— Mas por que você está cobrindo o pescoço em casa? Está doente?
— Ah, não. É só que… estou com a garganta irritada. Acho que vou pegar um resfriado.
Ao ouvir isso, Gerald largou minha mão e se aproximou.
— Por que não me disse isso antes? Quase pegou um resfriado.
Sabia que ele se preocupava mais consigo mesmo do que comigo, mas não esperava que reagisse assim.
— Não se preocupe. Vou procurar Allen.
Vendo Gerald se afastar com pressa, suspirei aliviada.
“Será que posso confiar nele de verdade?”