Capítulo 118
Pai, Eu Não Quero Me Casar
Quando a senhora Pérez saiu, me joguei no sofá.
“Que bom que ela não ficou chateada.”
Eu estava preocupado que ela se sentisse mal, mas fiquei aliviado que ela aceitou bem.
“Estamos juntas há tanto tempo, espero que você continue saudável ao meu lado.”
Olhei para o papel à minha frente por um momento.
“Agora que já decidi o conceito, metade do trabalho está feito.”
Depois de um cochilo, me levantei.
“Certo, ouvi dizer que uma costureira vem hoje, então preciso pensar no vestido.”
Enquanto isso, o Príncipe Herdeiro e seus assistentes estavam reunidos no Salão Oval para uma reunião.
— Alteza Imperial, sobre a arma que apertou nossa base…
Denise fez uma pausa e suspirou ao perceber que Max não estava prestando atenção ao que ele dizia.
“O que está acontecendo com esse homem, que sempre foi tão sério em questões importantes? Ele mudou desde que encontrou o imperador ontem.”
Era um sinal preocupante ver Max, que sempre estava tranquilo depois de encontrar o imperador, tão inquieto. Denise, que estava tentando entender o semblante de Max, olhou para Victor, sentado à sua frente, mas Victor estava apenas sorrindo com a mão no queixo, aparentemente pensando em outra coisa.
“Esse idiota…”
Denise esticou o pé e deu um chute em Victor.
— Ai!
Mesmo com o tumulto, Max parecia incapaz de se concentrar, com uma expressão séria. A causa de sua preocupação era o que o imperador havia dito no dia anterior.
— Vamos lá, me diga a verdade. Se você gosta dela, eu deixo você agir.
“Só pode ser que aquele velho maldito tenha mencionado a Juvelian.”
Max queria ir até Juvelian naquele momento para ter certeza de que ela estava bem. Mas ele não podia simplesmente sair correndo da reunião. Nesse momento, ouviu a voz de Denise.
— Alteza Imperial, o senhor tem alguma preocupação?
Com a pergunta de Denise, Max levantou a cabeça. Denise o observou atentamente e falou:
— Não sei o que o imperador disse ontem, mas parece que isso o deixou incomodado.
Max tocou os lábios, hesitando.
“Será que devo contar?”
Eles já haviam estado juntos no campo de batalha, mas era verdade que Max não podia confiar plenamente em seus homens. Para ele, eles estavam lá para serem protegidos, não para dividir suas fraquezas… mas…
— Depois de conversar um pouco, você se sente melhor, certo?
Assim como Juvelian, que ele pensava em proteger, sempre o animava, ele achou que talvez pudesse compartilhar isso com seus subordinados.
— Ontem, o imperador me chamou e mencionou minha fraqueza.
Ao ouvir a palavra “fraqueza”, Denise ficou sério, franzindo a testa.
“Ele está falando da Princesa Floyen.”
Certamente, a Princesa Floyen era uma boa carta para atrair o Duque Floyen, mas seria difícil o imperador não perceber isso.
— E o que você fez?
Perguntou Denise, e Max respondeu sinceramente:
— Neguei minha fraqueza ao imperador.
Denise assentiu.
— Sim, seria mais seguro esconder isso do imperador por enquanto. Pode ser difícil ser alvo de uma investigação antes de conseguir a cooperação do Duque Floyen.
— Exato. Acho que é melhor manter isso em segredo.
Enquanto Denise conversava com o Príncipe, a voz de Victor interrompeu.
— Bem, se vão acabar descobrindo de qualquer forma, não seria melhor mostrar que, se tentarem, você não vai deixar barato?
Com a resposta simplista de Victor, Denise tocou a têmpora, irritado.
— Se fizer isso e depois a tocar…
— Melhor você calar a boca.
Disse Denise, voltando sua atenção para o Príncipe Herdeiro.
— De qualquer forma, parece que isso o incomodou.
Então, ele cutucou Victor com o pé. Victor se contraiu, suspirou e falou.
— Aqui é onde Victor toma o seu lugar.
— É isso. Vamos cuidar da maioria das coisas por aqui, então, por favor, não se preocupe.
Ao ouvir isso de seus subordinados, Max se sentiu estranho. Logo, um comentário desconfortável escapou de seus lábios.
— Obrigado.
A inesperada gratidão do Príncipe aqueceu o coração de seus homens.
“Você realmente mudou, e de uma maneira boa.”
Eles estavam juntos desde a guerra, mas o Príncipe Herdeiro sempre parecia inatingível, quase como um monstro sem fraquezas. Agora, no entanto, ele tinha algo a proteger, e confiou suas fraquezas aos seus subordinados, pedindo seus conselhos. Denise se sentiu profundamente comovido com essa transformação, por mais que fosse uma mudança positiva.
“Um rei que ouve seus servos não é fraco. Ele pode não ser um sacerdote, mas tenho certeza de que será um bom governante.”
Enquanto Denise estava imerso em seus pensamentos, Victor interrompeu.
— Mas, Alteza Imperial, pode me dizer qual é sua fraqueza? Prometo pelo meu braço esquerdo que manterei segredo.
Denise franziu ainda mais a testa ao ouvir isso.
— Da próxima vez.
Disse Max, saindo da sala, sem saber que seus homens o observavam com olhares surpresos.
“É uma cerimônia importante, então seria melhor que o vestido fosse bem chamativo…”
Eu estava pensando em como escolher o design do vestido.
(Toc, toc)
O som da porta me surpreendeu e eu olhei para o relógio.
“Você chegou mais cedo do que o combinado.”
Por mais eficiente que fosse, não esperava que chegasse quatro horas antes do previsto.
“Estou me arrumando para ver a senhora Pérez, mas teria sido vergonhoso se eu estivesse de pijama.”
Com esse pensamento, abri a porta.
— Hã? Papai?
Meus olhos se arregalaram de surpresa ao ver meu pai parado ali.
— Dormiu bem?
— Ah, sim!
Meu pai olhou ao redor do quarto antes de falar.
— Gostaria de entrar e conversar um pouco.
— Claro, entre.
Sempre nos encontrávamos em lugares diferentes, como o jardim ou as salas, então era a primeira vez que meu pai vinha ao meu quarto para conversarmos. Sentei-me na cadeira, tentando conter o coração acelerado. Ele me observou por um tempo e começou a falar.
— Ouvi dizer que você resolveu a disputa com o herdeiro dos Ellios ontem.
Fiquei encarando meu pai. Apesar do tom firme, eu não sentia mais medo.
— Sim, lembra da primeira pergunta que você me fez sobre a teoria da administração?
Ele assentiu.
— Claro. Não te perguntei sobre os três pilares da nossa mansão?
Sorri levemente ao ver que ele se lembrava.
— Sim. Como eu disse naquela vez, o que mais valorizo é o nosso povo.
— Muito bem.
Meu pai me olhou com aprovação, e meu peito se encheu de um calor inesperado.
“Isso é felicidade.”
Antes, eu achava que seria feliz se tivesse dinheiro e ninguém por perto, mas percebi que isso era pura arrogância.
“Gosto do meu povo, e agora quero ser feliz com eles.”
Fiquei sorrindo por um tempo, mas quando pensei em Trice, minha expressão mudou.
“Faltam só alguns meses para minha cerimônia de maioridade, e Trice vai ser envenenado.”
Eu costumava pensar apenas em sobreviver, mas agora, em vez de fugir, queria me proteger e proteger quem está ao meu redor.
“Não sei quem está por trás disso, mas vou descobrir e revelar a verdade.”
Enquanto tomava essa decisão, fui interrompida.
— Juvel.
Sorri para meu pai, que agora me chamava pelo apelido com naturalidade.
— Sim, papai?
— Se quiser comprar algo para a cerimônia de maioridade, pode comprar o que quiser.
Aquele comentário exagerado me fez responder com uma certa malícia.
— Como vou comprar tudo? Vai acabar arruinando a nossa casa.
Ele, no entanto, respondeu sério, balançando a cabeça.
— Temos tantas riquezas que não daríamos conta de gastar tudo em uma vida. Não tem problema em comprar o que quiser.
Fiquei de olhos arregalados.
“Eu sabia que minha casa era rica, mas não tanto assim!”
Era como se eu tivesse virado herdeira de um império da noite para o dia. Sempre tive liberdade para gastar bastante, mas agora percebi que posso usar essa riqueza imensa como quiser.
“Bom, dinheiro eu tenho de sobra…”
Não sou gananciosa, e já ganho dinheiro por conta própria. Com os lucros constantes das joias, já estou satisfeita. Mas, para não decepcionar meu pai, resolvi responder de forma mais entusiasmada.
— Obrigada, papai!
— A partir de agora…
Ele estava prestes a dizer algo, mas foi interrompido por batidas bruscas na porta.
(Toc, toc)
Franzi a testa com o som.
— Quem é?
Estava prestes a me levantar quando ele falou:
— Eu abro.
Assenti e agradeci.
— Obrigada.
Logo, meu pai abriu a porta, e ouvi uma voz familiar.
— Mestre?
Virei a cabeça, surpresa, e vi Max se levantando.
— Max? O que está fazendo aqui…?
Eu estava prestes a me aproximar dele quando meu pai estendeu o braço, me bloqueando, e balançou a cabeça. Ele então encarou Max e falou, sério:
— Acho que já te disse que deve assumir total responsabilidade por suas ações passadas.
— Eu sei. Mas tenho um motivo…
Enquanto ouvia os dois conversando, comecei a sentir algo estranho e franzi o cenho. Então, meu pai, com um tom frio, disse:
— Se quer ver minha filha, primeiro deve se responsabilizar pela sua posição…
Interrompi meu pai, erguendo a voz.
— Ei, espera aí!
Olhei para os dois homens, que agora me encaravam ao mesmo tempo.
— O que vocês dois andaram falando de mim pelas costas?
Assim que terminei de falar, tanto meu pai quanto Max me olhavam com expressões confusas.