Pai, Eu Não Quero Me Casar

Capítulo 116

Pai, Eu Não Quero Me Casar

Deixei escapar um suspiro.

“Será que fiz a coisa certa hoje?”

Não ia me arrepender do que já fiz. Pelo menos era o que eu achava, mas era a primeira vez que tomava uma decisão tão importante em nome do meu pai, então não conseguia parar de pensar nisso. Quando voltei para o quarto, Max ainda estava sentado no sofá, me esperando.

“Fiquei surpresa de você ter vindo para a sala, mas não esperava que estivesse tão tranquilo.”

Foi quando tentei me aproximar dele com um sorriso.

“Ué?”

De repente, ele se levantou num piscar de olhos.

— Por que demorou tanto?

Havia uma leve frustração na sua voz, enquanto me olhava e fazia a pergunta. Respondi com um suspiro.

— Ele estava pedindo ajuda com os prisioneiros fugitivos de Ellios. Por isso demorei um pouco.

Com a minha resposta, Max me olhou desconfiado e abriu a boca.

— Isso é realmente tudo o que ele pediu?

Algo veio à minha mente naquele momento.

— Tem uma competição de caça chegando. Ele quer o nosso apoio.

“Como será que Max vai reagir se eu disser a verdade?”

Enquanto esse pensamento passava pela minha cabeça, segurei a vontade de rir.

“Não, melhor não falar nada e acabar causando algum mal-entendido bobo. Isso só me traria mais dor de cabeça.”

Já tinha lidado com o Príncipe de Ellios, então não havia com o que me preocupar. Assenti com a cabeça para Max.

— Sim, é só isso.

Ele me olhou com olhos intensos e disse:

— Eu esperei pacientemente, como você pediu.

Nesse momento pensei: “Muito bem! Se tivesse um carimbo, eu carimbaria sua mão como uma recompensa.”

— Bom trabalho.

Antes que eu pudesse terminar de falar, Max me puxou para um abraço apertado. Sua voz calma veio logo em seguida.

— Então, posso te pedir um favor?

— Que tipo de favor? — perguntei, nervosa.

Engoli em seco e assenti.

— Que favor é esse?

Ele sussurrou suavemente no meu ouvido.

— Quero um lenço bordado por você mesma.

Fiquei chocada com o pedido e me afastei, olhando para ele surpresa. Lembrei da conversa que tive com o Príncipe de Ellios pouco antes.

“Será que ele ouviu a nossa conversa sobre o lenço?”

Não pude evitar de desconfiar de Max, afinal ele já tinha aprontado antes. Mesmo assim, fiquei parada o encarando com desconfiança por um momento.

— Você não gostou? — perguntou ele, com uma expressão um pouco triste.

Sacudi a cabeça rapidamente, quase por reflexo.

— Não, não é isso. Só fiquei curiosa… por que você quer um lenço bordado por mim, de repente?

Em resposta à minha pergunta, ele tirou algo do bolso e me mostrou. Meus olhos se arregalaram de surpresa.

— Você ainda guarda isso?

Max tirou do bolso o lenço que eu tinha dado para ele uma vez. Estava limpo, mas com sinais de uso, especialmente nas bordas, que estavam um pouco desgastadas.

— Graças a isso, consegui suportar a guerra, mesmo sentindo sua falta.

Suas palavras me fizeram sentir uma mistura de emoções.

“Eu dei esse lenço sem nem saber que ele iria para a guerra…”

Olhei para ele, sentindo uma leve agitação e vergonha, mas também um calor no peito.

— Claro, não vou te forçar a nada. Sei que você está ocupada com os preparativos para a cerimônia de maioridade.

Balancei a cabeça com força ao ouvir isso.

— Não, eu não posso fazer isso! Ainda falta muito tempo para a cerimônia!

Ele sorriu, com os olhos brilhando.

— Então, você vai fazer?

Foi só nesse momento que percebi o que eu havia acabado de dizer e forcei um sorriso.

“Eu não sou nada boa com bordado…”

Eu nunca tive que fazer esse tipo de trabalho manual antes, e sinceramente, não achava que fosse capaz de fazer algo bonito. Mas…

— … parece que vai ser difícil. Mas está tudo bem, ainda tenho esse lenço.

Eu não conseguia dizer “não” com ele me olhando daquele jeito, me fazendo sentir pena.

— Não se preocupe! Eu vou tentar o meu melhor.

Já que eu aceitei, acrescentei que faria o possível, mesmo que eu não tivesse muita habilidade com costura. Logo em seguida, ele me abraçou de novo e disse:

— Eu te amo.

Eu fiquei emocionada, mas por outro lado, me preocupei em não conseguir atender às suas expectativas. Suspirei internamente enquanto envolvia seus braços em volta da cintura dele.

“Meu Deus, o que eu vou fazer?”

Enquanto isso, Max sorria, pensando em Juvelian.

“Mal posso esperar para ver como vai ficar esse bordado.”

Foi quando Max abriu a janela, satisfeito, e entrou no quarto. Nesse momento, Victor arregalou os olhos e disse:

— Sua Alteza Imperial, você está aqui!

Max ficou surpreso ao ver os dois homens que pareciam estar diante de um salvador.

— Vá logo se trocar.

Max estranhou até Denise, que sempre era calma, agora parecia inquieta.

— O que está acontecendo?

Ele perguntou, e Denise suspirou antes de responder.

— O Imperador tem algumas coisas a dizer sobre a competição de caça. Ele mandou um recado, pedindo para você aparecer e conversar com ele depois de tanto tempo.

Victor assentiu e acrescentou:

— Eu estava preocupado, Sua Alteza Imperial, porque você não voltou até agora!

“O Imperador? O que ele está tramando?”

Max tentou adivinhar as intenções de seu pai, franziu a testa e perguntou:

— Posso ir para o escritório?

— Não, ele te chamou nos aposentos dele para tomar uma bebida juntos, depois de muito tempo.

Ao ouvir a palavra “bebida”, Max fez uma careta, mas acabou concordando.

— Certo.

Depois que Max voltou, me senti tentada.

— Deveria pedir ajuda à Marilyn?

Pensei nisso por um momento, mas logo balancei a cabeça.

“Não, com a personalidade da Marilyn, é óbvio que ela vai acabar fazendo tudo por mim em vez de só me ajudar, tenho 90% de certeza.”

Foi o que me disse, então decidi que queria fazer isso sozinha. Enquanto pensava que não havia outra pessoa mais adequada, ouvi alguém bater na porta.

(Toc-toc)

— Senhorita, é a senhora Pérez.

Ao ouvir o nome dela, despertei.

— Ah, pode entrar!

Com a minha permissão, ela entrou na sala com um caderno em mãos.

— Senhorita, vim falar sobre o conceito para o banquete de hoje…

Apesar de ser minha subordinada, não queria deixá-la em pé, afinal, ela era mais velha que meus próprios pais. Então, ofereci um lugar para ela se sentar primeiro.

— Por favor, sente-se.

Ela olhou para baixo, agradecida, diante da minha sugestão.

— Sim, muito obrigada.

Sorri e comecei a falar.

— Você veio para discutir o conceito, certo?

— Sim, pensei que teríamos que contratar um profissional se não definíssemos o tema do banquete até o final desta semana.

Como perfeccionista, ela devia estar um pouco incrédula comigo.

“Se não decidirmos um conceito, isso vai ter um grande impacto no banquete.”

Sem querer, soltei um pequeno suspiro e respondi:

— Eu já tenho algo em mente, mas ainda está meio confuso. Vou te passar os detalhes amanhã.

Ela assentiu e depois disse:

— Certo, me fale amanhã então.

Quando vi que ela estava se levantando para sair, lembrei de algo que havia esquecido.

— Ah, senhora Pérez, você que gerencia todas as funcionárias da mansão… Por acaso, há alguma funcionária que seja boa em bordado?

Ela voltou a se sentar e me olhou fixamente.

— Por que o interesse em bordado?

— Ah, eu queria aprender.

— O quê?

Me senti um pouco envergonhada pela surpresa no rosto dela, algo que não era comum, mas continuei falando com calma.

— Quero bordar algo para o meu amado. E também para meu pai.

Ela me olhou fixamente e respondeu:

— Estamos preparando sua cerimônia de maioridade, mas ao ouvir isso, parece que está realmente próxima de se tornar adulta.

O sorriso caloroso que vi em seu rosto me fez sentir algo estranho.

“Eu era bem diferente antes disso.”

Embora minhas ações tivessem sido para evitar os perigos que me cercavam, pareciam estar causando uma mudança positiva para os outros.

— E Derek me disse que você fez um ótimo trabalho hoje com o Príncipe Ellios.

— Ah, não… Ainda estou preocupada por ter cometido algum erro.

Ela balançou a cabeça e sorriu, como se não fosse nada.

— De jeito nenhum, tenho certeza de que o Duque vai te elogiar quando voltar.

Quando foi a última vez que recebi um elogio assim? Esse reconhecimento inesperado me fez sentir um frio na barriga.

— Obrigada por me dizer isso.

Ao me despedir, ela olhou o relógio e disse:

— Já está na hora de dormir, mas passei um bom tempo aqui. Tem uma moça muito talentosa na lavanderia, ela é ótima no bordado. Vou enviá-la para te ajudar amanhã.

— Sim, tenha uma boa noite.

— Tenha uma boa noite, senhorita.

Ela se curvou levemente ao sair da sala. Quando ela se foi, corri para a cama. Assim que me joguei no colchão aconchegante, senti uma sensação suave e calorosa me envolver.

“Agora eu preciso dormir…”

Mas, estranhamente, eu estava animada demais para pegar no sono.

Enquanto isso, o Imperador, bebendo sozinho em seu quarto, começava a se irritar.

“Por que esse desgraçado ainda não chegou?”

Quando estava prestes a chamar o mordomo, ouviu uma voz familiar.

— Ouvi que me chamou, pai.

Ao escutar a voz de Max, o Imperador levantou a cabeça satisfeito. Ele pôde ver que Max não se cobriu como havia sido ordenado. Sem perceber, o Imperador deixou escapar um leve sorriso.

“Fico feliz que ele esteja obedecendo. Assim posso ver melhor sua reação.”

Com esse pensamento, o Imperador acenou para a cadeira à sua frente.

— Maximillian, venha se sentar.

Quando o filho se acomodou, o Imperador encheu uma taça de ouro com vinho.

— Espere.

Mas, em vez de tomar o vinho, Max apenas começou a comer os petiscos que estavam à mesa.

— Não vou beber.

— O quê? Por quê?

Max sorriu e respondeu:

— Não estou me sentindo muito bem ultimamente.

Era uma desculpa ridícula, mas o Imperador não podia simplesmente mandar o filho parar de falar besteiras. Ele o observou fixamente.

“Se ele não quer beber, talvez seja difícil conversar sobre isso.”

O Imperador franziu a testa, percebendo que a conversa não seria tão simples quanto imaginava.

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