Pai, Eu Não Quero Me Casar

Capítulo 115

Pai, Eu Não Quero Me Casar

— Derek, mais uma xícara de chá, por favor.

Suspirei enquanto observava o homem sentado elegantemente, tomando seu chá.

“Eu me perguntava por que Derek não subia, mas faz sentido. Se for essa pessoa, vai ter que resolver diretamente.”

Nesse momento, o homem me viu e ficou um pouco corado.

— Princesa Floyen!

Eu ainda pensava em Max lá no meu quarto, mas, por enquanto, cumprimentei educadamente, já que ele era meu visitante.

— Bem-vindo. Veio por algum motivo urgente?

O homem, com uma aparência impecável e um sorriso caloroso, respondeu à minha pergunta.

— Faz tempo, como você tem estado?

Suspirei ao ouvir sua saudação.

— Príncipe Ellios.

Quando chamei seu nome, ele sorriu de maneira refrescante e respondeu:

— Acho que já te disse antes para me chamar de Fred.

Franzi ligeiramente as sobrancelhas e respondi:

— Não acho que você veio aqui só para me corrigir sobre como te chamar e perguntar como estou, não é?

Ele assentiu, rindo, e continuou:

— Ah, na verdade, os criminosos que cometeram delitos sob nosso governo recentemente fugiram para Aden, uma cidade sob o domínio da família Floyen.

Fiquei surpresa ao ouvir falar de criminosos e perguntei:

— Que tipo de crimes eles cometeram?

Ele, por outro lado, parecia bem tranquilo, até demais para o que estávamos discutindo.

— É um grupo de bandidos que cometeu assassinatos e roubos. A maioria já foi presa, mas os líderes e executivos conseguiram fugir.

— Quantos?

— Uns dez.

Aden é uma cidade pequena, com menos de 50 habitantes até o ano passado. E, considerando que só há cerca de 15 adultos capazes de lutar, mesmo um criminoso já seria motivo de preocupação, mas um grupo inteiro poderia ser uma ameaça séria à cidade.

“Com meu pai fora, eu vou ter que lidar com isso sozinha…”

Enquanto eu ponderava, ele insistiu por uma resposta.

— Já organizamos uma força punitiva, mas não podemos entrar no território por conta do pacto de não agressão. Precisamos da ajuda da Casa Floyen.

Apertei os punhos.

“Será que estou tomando a decisão certa?”

Mesmo com a dúvida momentânea, lembrei do que Marilyn me dissera certa vez.

— Se o duque não estiver, você terá que liderar a família.

Olhei para Derek, que me observava em silêncio, esperando minha decisão. Senti o peso da responsabilidade.

“Sim, o que eu tenho é graças às pessoas que confiam na nossa família.”

Todos os direitos vêm acompanhados de deveres. Com isso em mente, resolvi tomar a melhor decisão possível naquela situação para cumprir minha responsabilidade.

— Certo, autorizo a incursão.

Respondi rapidamente, e quando ele estava prestes a sorrir e falar, continuei:

— Mas com a condição de garantir a segurança dos nossos habitantes.

O rosto dele endureceu com minhas palavras. Era de se esperar. A intenção original dele era ter minha permissão para atacar não apenas os bandidos, mas qualquer aldeão que pudesse ter colaborado com o inimigo.

— Eu compenso qualquer perda que tiver.

— Não. Eu disse que é sobre a segurança do nosso povo, não sobre dinheiro.

Minha resposta firme o fez franzir o cenho.

— Não entendo. Por que tanta preocupação com a segurança de um vilarejo que nem contribui financeiramente?

Engoli minha raiva diante do tom irritante dele e respondi com calma:

— Mesmo sendo um vilarejo pequeno, ainda é um lugar onde as pessoas pagam impostos. O dever dos nobres não vem do direito de protegê-las?

— Mas perder tempo garantindo o conforto delas enquanto caçamos ladrões…

Eu o interrompi:

— Ouvi dizer que o príncipe é mestre tanto nas artes da guerra quanto nas acadêmicas e que está destinado a ser o próximo tesoureiro. Então, não pode ser que dez bandidos, aldeões que mal conhecem outra coisa além de ferramentas agrícolas, possam ser um problema para um corpo de cavaleiros e soldados, não?

Ele me encarou por um momento, claramente provocado, antes de responder com um sorriso frio:

— Você é divertida.

A voz dele, normalmente calorosa, agora era gélida, mas eu não me intimidaria.

“Já passei por isso com meu pai quando ele estava furioso. Isso aqui não é nada.”

De repente, ele sorriu novamente.

— Muito bem, aceito o desafio.

Assenti.

— Derek, eu te envio como representante do meu pai. Preciso escrever uma carta de cooperação, então me traga papel, pena e o selo da nossa família.

Quando Derek saiu, o Príncipe Ellios soltou uma risada repentina.

— Do que está rindo?

Perguntei irritada, e ele se desculpou, interrompendo o riso.

— Ah, me desculpe. É só que… eu gosto de você mais do que imaginei.

— O quê?

Fiquei confusa, e ele me encarou antes de perguntar diretamente:

— O que você me daria se eu conseguisse acabar com esses bandidos sem que ninguém morresse, como você quer?

— Se for um presente, sinto muito, mas não sou de oferecer grandes recompensas por favores.

Ele riu ao ver minha expressão um pouco aborrecida e disse:

— Não quero nada grandioso. Só algo bem simples.

— O que seria?

Ele me olhou por alguns segundos antes de responder:

— Um lenço.

— Como é?

Perguntei novamente, e ele sorriu.

— Em breve haverá uma competição de caça. Quero que me apoie.

Foi então que entendi o que ele queria dizer.

“Então ele está me pedindo para dar a ele meu lenço bordado como sinal de apoio na competição de caça? Dar um lenço a alguém antes de uma caçada é como desejar que ele retorne são e salvo, como um herói de guerra.”

Normalmente, esse tipo de pedido é feito a familiares, conhecidos ou a alguém com quem se quer criar laços, mas, no caso dele, não parecia tão genuíno.

“Não faz sentido que alguém que sempre se opôs aos meus pedidos agora esteja a meu favor.”

Percebi o que ele estava planejando e sorri antes de falar.

— Esse é um pedido ridículo.

— Por que você acha isso?

Ao invés de dar uma resposta vaga como “porque você não gosta de mim”, fui direto ao ponto com algo que ele não poderia negar.

— Os bandidos vieram para o nosso território por culpa dos Ellios. É claro que eu vou exigir uma compensação pela sua responsabilidade.

Ele arregalou os olhos com minha resposta, mas logo fechou a boca e começou a rir.

— O que é tão engraçado?

Me senti incomodada, mas sua risada era tão alta que fiquei sem palavras. Quando ele finalmente parou de rir, pediu desculpas ao notar minha expressão de irritação.

— Desculpe se foi desagradável. Eu sabia que negociar não seria fácil, mas é interessante ver a Princesa sendo tão firme assim.

Eu estava prestes a responder que não havia nada de engraçado, mas ele continuou.

— Mas, faz tanto tempo que não dou uma boa risada assim. Estou até me sentindo bem.

Com a voz leve e alegre, balancei a cabeça e respondi:

— Eu estou de péssimo humor.

Ele riu ainda mais com minha sinceridade.

— Pfft!

Soltou um som que parecia um balão murchando. Fiquei olhando para ele com frieza, sem reagir, e ele, sem mostrar qualquer arrependimento, disse:

— Oh, sinto muito de verdade.

Franzi as sobrancelhas ao encará-lo.

“Se está arrependido, então pare de rir.”

Enquanto isso, Max estava na outra sala, desconfortável com o fato de alguém ter vindo visitar Juvelian tão tarde.

“Quem diabos está aqui a essa hora?”

Quando Max estava perdendo a paciência, se lembrou das palavras de Juvelian:

— Max, você tem que esperar aqui quietinho, tá?

Ele respirou fundo para tentar se acalmar. Quanto tempo já tinha se passado? Seus pensamentos começaram a se embaralhar.

“Princesa Floyen, por que você é tão encantadora? Case-se comigo!”

O relógio provavelmente já tinha dado uma volta completa, e Max se levantou.

“Não é que eu desconfie de Juvelian, é que não confio nesses caras irritantes!”

Então, ele se aproximou da janela, de onde dava para ver Juvelian e seu visitante inesperado.

— Hahaha!

Quando chegou mais perto da sala, o som de risadas fez o rosto de Max endurecer.

“O que tem de tão engraçado para ele estar rindo assim?”

Ele deu uma olhada rápida, e uma expressão de desagrado tomou conta do seu rosto.

— Sua Alteza, o Príncipe Herdeiro… no mundo social, quem convida primeiro tem prioridade para a dança.

“Aquele lobo em pele de cordeiro se arrastando até aqui…”

Enquanto Max debatia se deveria invadir o lugar de uma vez, uma voz fria interrompeu seus pensamentos.

— Por que você está rindo?

Juvelian estava irritada, sem sua habitual expressão suave, e parecia bastante fria. A atitude dela fez Max se sentir um pouco melhor.

“Ela está sendo fria, mas não comigo. E…”

— Max, me dá um travesseiro pro braço.

— Ah, come isso aqui!

“Você foi tão fofa comigo antes.”

Max ficou imerso no pensamento da imagem encantadora de Juvelian. Enquanto isso, Frederick permaneceu em silêncio, mesmo diante da frieza de Juvelian.

— Oh, sinto muito. Bem… acho que gosto de você mais do que pensava.

E então ele lançou outra besteira:

— Logo vai ter uma competição de caça. Quero o seu apoio.

Quando Max ouviu isso, seus olhos se encheram de raiva e ele lançou um olhar mortal para Frederick.

“Eu adoraria caçar esse lobo traiçoeiro.”

Enquanto Max se enfurecia mais e mais, uma voz clara ecoou no ambiente.

— Esse é um pedido ridículo.

— Por que você acha isso?

— Os bandidos vieram para o nosso território por culpa dos Ellios. É claro que vou exigir compensação pela responsabilidade deles.

Com a resposta certeira de Juvelian, Max sentiu um alívio e até esboçou um sorriso discreto.

“Que bom. Eu pensei que você fosse um pouco lenta, mas, pelo menos nesse tipo de coisa, você percebe rápido.”

Mas Max logo voltou a ficar sério. Ele viu o sorriso malicioso nos lábios de Frederick.

“Aquele lobo maldito, como se atreve a olhar para ela assim?”

Com os olhos semicerrados e cheios de segundas intenções, Max cerrou os punhos sem perceber. Ele queria cortar Frederick com palavras afiadas e avisá-lo para não se aproximar mais de Juvelian, mas sabia que, se fizesse isso, Juvelian acabaria descobrindo sobre o que estava rolando.

“E ela poderia ficar brava.”

Só de imaginar Juvelian irritada, Max ficava com medo, mas também não suportava a ideia de mais pessoas se aproximando dela no futuro. Max deu meia-volta, lançando um último olhar mortal para Frederick.

“Vou ter que fazer algo a respeito dessa competição de caça.”

Logo, um sorrisinho se formou no canto dos seus lábios.

“Eu não tinha pensado nisso, mas graças a ele, agora eu tenho uma ideia.”

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