Capítulo 114
Pai, Eu Não Quero Me Casar
Mikhail sorriu diante do espelho.
“Está tudo indo de vento em popa.”
Para ele, o favor da Princesa não tinha muita importância.
“Agora o Imperador começa a confiar em mim.”
Seu objetivo era o Imperador, não a Princesa. Ele não sabia exatamente que método havia sido usado, mas o Imperador parecia ter algum jeito de controlar o Duque de Floyen.
“Agora, posso usar bem aquele idiota e planejar como acabar com o Duque de Floyen.”
Se aquele obstáculo poderoso simplesmente desaparecesse, seria bom focar no que fazer depois.
“Não seria má ideia me casar com a Princesa e depois enfrentar o Príncipe Herdeiro para me livrar dos dois.”
Enquanto pensava em sua perigosa ambição, ouviu batidas na porta.
(Toc-toc.)
— Jovem mestre, chegou uma carta do Palácio Imperial.
Com a voz do servo, Mikhail deu um sorriso torto e respondeu:
— Pode entrar.
Mikhail pegou a carta que estava em uma bandeja de prata e franziu o cenho.
— Maldito… como ousa tocar em alguém…!
Tomado pela raiva, Mikhail esqueceu que a carta vinha do Imperador e amassou o papel.
Enquanto isso, o Imperador refletia sobre algo que Mikhail havia dito no outro dia.
— Talvez a competição de caça seja uma boa oportunidade para mostrar que a Família Imperial e a minha têm uma relação próxima.
“Hmm, mas além disso…”
Enquanto o Imperador estava sentado à mesa, acariciando o queixo, um anúncio chegou.
— Sua Majestade Imperial, Mikhail, o filho mais velho do Marquês de Hessen, pede uma audiência.
O Imperador sorriu ao ouvir o nome.
— Vou ouvi-lo.
Ele esboçou um sorriso contente ao ver o belo rosto de seu futuro genro.
— Bem-vindo. Seu rosto parece brilhar mais a cada dia.
Mikhail fez uma reverência diante do elogio do Imperador.
— Sou um mero ninguém comparado ao senhor.
O Imperador sorriu ainda mais.
— Então, qual o motivo de sua visita hoje?
Mikhail apertou o punho com força.
“Como ousa esse ganancioso tocar no que é meu?”
Apesar da raiva que queimava por dentro, Mikhail manteve a calma e respondeu, escondendo seus verdadeiros pensamentos, embora desejasse esfaquear o Imperador ali mesmo.
— Li a carta atentamente. Mas não entendo o motivo de juntar Sua Alteza Imperial, o Príncipe Herdeiro, e a Princesa Floyen na caçada.
O Imperador levantou levemente a boca.
— Agora Maximillian deve estar ansioso pela Princesa Floyen. Mas, no baile, a Princesa declarou que não estava interessada no Príncipe Herdeiro.
— Então vamos deixar as coisas como estão, para que seu coração não se inflame demais.
Quando Mikhail tentou responder, o Imperador continuou:
— Mas o afeto é como uma chama, e se não houver oportunidade, ele desaparece. Estou apenas colocando lenha para que a chama não se apague.
O Imperador olhou para Mikhail, que permaneceu sem resposta.
— Ainda que essa oportunidade possa ser um pouco arriscada.
Foi nesse momento que Mikhail apertou ainda mais o punho, pois a carta do Imperador trazia um plano desajeitado para fazer o Príncipe Herdeiro salvar Juvelian ao colocá-la em perigo.
“Por mais que seja o Imperador, se tocar no que é meu, não te deixarei em paz.”
Apesar da fúria que crescia dentro dele, Mikhail respondeu tranquilamente.
— O senhor tem razão.
A reunião de degustação, que fazia tempo que não ocorria, estava animada.
— Oh, Verônica, esse colar é lindo.
Verônica ergueu o queixo com o elogio. Embora não fosse um design elegante, era um colar belíssimo com um corte em formato de flor.
— Mandei fazer sob encomenda há algum tempo.
— Em qual ateliê?
Com a pergunta inocente de Catherine, Verônica deu um gole no chá e respondeu com certa ironia.
— Que importa o ateliê?
— Isso é algo ruim?
Catherine perguntou, franzindo as sobrancelhas, enquanto Verônica colocou a xícara bruscamente no pires.
— Quem te deu permissão para jogar cartas sem mim? Eu também faço parte da nossa família, os Nairga.
— Ah, eu já pedi desculpas por isso muitas vezes!
Por um momento, observei Trice à minha frente. Ela olhava para sua xícara de chá, em silêncio.
“Hoje ela não parece bem.”
Rose, sentada ao lado, sentiu o mesmo e perguntou:
— Sua Alteza Imperial, Princesa, está se sentindo desconfortável?
Ela me olhou fixamente e balançou a cabeça.
— Não, não.
Foi quando eu também me dirigi a ela.
— E, nesse momento, a irmã da Juvelian concordou claramente, mas por que você ainda está fazendo isso com a gente?
De repente, Catherine se inclinou sobre mim, e eu suspirei.
“Porque todo mundo sabe que a Verônica é particularmente fraca quando se trata de mim. Deve ser por isso que ela está agindo assim.”
Verônica, claro, falou com a expressão fechada.
— Ah, sim, porque sei que a irmã da Juvelian não fez por mal, foi só a pressão do momento!
“Não, foi intencional, sim.”
Na verdade, era mais para evitar o Max do que para ceder à situação, mas eu não tinha o que dizer, já que tinha planejado jogar cartas com o Príncipe Ellios. Foi então que alguém resolveu falar.
— Exato, a Juvelian só foi arrastada pela situação. Pode ficar tranquilo.
— Não, por que você está me dizendo isso?
Eu senti a necessidade de mudar o clima ao ver todos os participantes da degustação com caras tensas. Além disso, era algo que eu queria perguntar fazia tempo.
— Bom, me digam, alguém aqui já organizou ou participou de um grande banquete?
— Ah, eu já!
— Eu também!
Assim que joguei a isca, vi Rose e Marien levantarem as mãos, parecendo até que estavam esperando por isso. Então, me virei para Verônica e Catherine, que continuavam se achando superiores.
— Bom, minha cerimônia de maioridade está chegando, menos de dois meses. Estou tentando organizar tudo, mas confesso que está sendo complicado.
Verônica e Catherine também levantaram as mãos em minha direção. Agora só faltava uma pessoa. Eu olhei diretamente para Trice, que estava imóvel.
— Será que Vossa Alteza, a Princesa, pode me ajudar?
Depois de um momento, ela me encarou e deu um leve sorriso de canto.
— Se for sobre banquetes, não tem muita gente que entenda mais do que eu.
Sorri com a confiança na voz de Trice.
— Eu prefiro cores claras para as cortinas.
— Concordo com a Verônica. Se forem escuras, o ambiente fica pesado.
Beatrice olhou surpresa para a conversa entre Catherine e Verônica.
— Não acredito que estavam brigando há pouco e agora já estão falando assim.
Beatrice então olhou para Juvelian, quase sem perceber. Mesmo depois de criar um clima tão pacífico, Juvelian só bebia seu chá, como se observasse tudo de longe.
Logo ela quebrou o silêncio.
— Obrigada pela opinião sobre a decoração, e agradeço também a Rose e Marien por ajudarem na organização da festa.
As integrantes da degustação sorriram ao serem reconhecidas, mas como Beatrice não havia sido mencionada, ela se sentiu um pouco abatida. Foi então que…
— E à Vossa Alteza, a Princesa, que foi quem mais me ajudou hoje, muito obrigada.
A sensação de tristeza desapareceu na hora.
“Você é incrível.”
Mesmo sendo discreta, Juvelian sabia se expressar sem deixar ninguém de fora.
“Se fosse eu, já teria usado minha posição para impor minhas vontades.”
A forma como Juvelian interagia de maneira suave e harmoniosa com todos era tão brilhante que Beatrice mal podia acreditar.
“Por isso sou tão fascinada por você.”
Beatrice estava olhando fixamente para Juvelian, com um leve sorriso, quando Rose a interrompeu.
— Então, um mês antes da cerimônia de maioridade da irmã da Juvelian, vai ter uma competição de caça, certo?
Beatrice suspirou ao ser lembrada do evento que tinha esquecido.
“Esse dia vai ser um pesadelo, Mikhail vai me enlouquecer tentando me conquistar, talvez até me peça para ser sua dama durante a caça.”
Se isso acontecesse, todos os nobres pensariam que havia um romance entre a princesa e Mikhail, e ele adoraria dar esse show para a mãe.
“Para minha mãe, eu sou apenas uma ferramenta para ela continuar influente.”
Ela sentiu um aperto no estômago. Queria largar tudo e fugir do Palácio. Mas os membros da degustação de chá, que não tinham a menor ideia do que estava acontecendo, falavam de forma despreocupada.
— Eu estou ansiosa para ver o Príncipe Ellios nesse dia.
Marien concordou com Catherine.
— Eu também!
Rose suspirou e comentou…
— Eu continuo torcendo pelo meu irmão. E quanto a você, Juvelian?
— Ah, eu… não tenho ninguém por quem torcer.
Ao ouvir isso, as participantes do chá começaram a imaginar que o amante da Princesa era um plebeu, e Beatrice lembrou do irmão.
“Maximillian, por que você ainda não assumiu seu romance com a Juvelian?”
Ela tinha certeza de que ele amava Juvelian, já que havia visto Max se comportando como um cordeirinho na frente dela. No entanto, por mais que pensasse, não conseguia entender por que Max, sendo tão possessivo e obcecado, ainda não havia anunciado que Juvelian era sua.
“Tem algo de estranho acontecendo.”
Foi então que Beatrice começou a questionar o comportamento de Max.
— Vossa Alteza, no que está pensando?
Com a pergunta inocente de Juvelian, Beatrice sorriu e respondeu:
— Ah, estava pensando em qual presente de boas-vindas te dar.
Logo depois, Beatrice disse com entusiasmo:
— Sim, vamos pular a competição de caça e focar em como tornar a sua cerimônia de maioridade inesquecível.
Quando voltei para casa depois da degustação, ainda era antes do pôr do sol. Eu ia procurar meu pai para conversar.
— O senhor saiu por um tempo, Senhorita. Ele pediu que jantasse antes, pois voltará tarde.
Infelizmente, ele não estava em casa. Eu queria falar sobre o conceito do banquete, baseado na degustação.
“Estou exausta. Vou deixar para conversar com a senhora Pérez amanhã.”
Quando eu estava prestes a me jogar na cama, ouvi a voz de Marilyn do outro lado da porta.
— Senhorita, tem uma visita.
Abri a porta por algum motivo. Como esperado, Max estava me encarando. Deixei que ele entrasse no quarto e perguntei:
— Por que veio pela porta principal hoje?
Ele me olhou e me puxou para um abraço. E com uma voz suave, sussurrou:
— Você odeia quando entro pela janela.
Eu ri dessas palavras inesperadas.
— Não é você que adora fazer tudo o que eu detesto?
Ele me olhou seriamente e disse com sinceridade:
— Se houver algo que você não goste no futuro, não hesite em me falar.
— Tudo bem.
Max então tocou meus lábios com delicadeza e disse:
— Senti sua falta hoje de novo.
Antes que eu percebesse, seu outro braço já me envolvia pela cintura. Naquele momento, comecei a me perguntar o que fazer com aquela evidente tentação.
— Acho que eu deveria sair, Senhorita!
Me assustei com a voz repentina e aflita de Marilyn.