Pai, Eu Não Quero Me Casar

Capítulo 113

Pai, Eu Não Quero Me Casar

Foi por isso que eu disse: “Vamos ser amigos”, mas não esperava ouvir um pedido de desculpas. Fiquei olhando para o meu pai com olhos trêmulos.

“Por que você está dizendo isso? Eu achava que finalmente estávamos nos aproximando…”

Pude ouvir a voz do meu pai quando estava prestes a abaixar a cabeça, desapontada.

— Porque deixei você trazer o assunto…

Levantei a cabeça e olhei fixamente para o meu pai. Seus olhos azuis, que geralmente pareciam frios como gelo, estavam tão calorosos quanto o céu primaveril de hoje.

— Meu querido pai… Sinto muito.

As palavras trouxeram uma onda de emoção e calor.

— Sou uma filha pobre, e sempre me preocupei em envergonhar meu pai, mas…

Vi a mão do meu pai me segurando. A mão grande e de aparência forte segurava a minha mão, sem soltá-la.

“Meu pai não soltou a minha mão.”

Quando derramei lágrimas sem perceber, minha mão ficou ligeiramente tensa. Sua outra mão se levantou levemente e limpou minhas lágrimas. Embora sua expressão fosse inexpressiva, seus tranquilos olhos azuis balançavam sem vacilar.

“Acho que agora entendo. Papai é uma pessoa com dificuldade para expressar sentimentos. Sei que ele se preocupa comigo à sua maneira.”

Quando parei de chorar, ele baixou os olhos e uma voz firme surgiu.

— Vou te deixar em paz.

Eu disse, apertando a mão do meu pai.

— Papai.

Ao ouvir meu chamado, ele me olhou fixamente. Eu o encarei e abri a boca.

— Eu soube por Max. Meu pai falou sobre mim para ele.

Então, papai pareceu envergonhado, evitando meus olhos e abrindo a boca.

— É verdade. Pensei que você fosse falar…

Assenti com a cabeça.

— No início, peguei você tentando fazer isso.

Meu pai me olhou com uma expressão surpreendentemente surpresa.

— Você percebeu? O que aconteceu?

— Por mais que eu seja sem tato, você não precisa me olhar assim.

Por um momento, abri a boca pensando no que havia acontecido antes.

— Bem, Max parecia cansado antes, então o coloquei para dormir na minha cama. Então ele começou a falar dormindo…

— O quê?

Parei de falar e engoli em seco, ele me olhou fixamente. A voz grave emanava um tom sombrio.

— Você está dizendo que aquele maldito bastardo dormiu na sua cama?

Estremeci ao ouvir aquela referência dura “maldito bastardo” vinda do meu pai feroz, no entanto, ele só estava dormindo. Quer dizer…

“Ainda sou menor de idade. É um grande mal-entendido dizer que você leva seu namorado para a cama.”

Quando estava numa situação em que não seria estranho ser repreendida, respondi com um olhar.

— Sim, é… Ele está sem dormir há três dias.

A expressão do meu pai ficou fria.

— Se for o corpo dele, não tem problema ficar sem dormir por três dias.

Acrescentei uma palavra rapidamente para consertar.

— Mas não aconteceu nada! Estou dizendo a verdade!

Papai suspirou diante da minha resposta e disse calmamente.

— Deveria. Se tivesse acontecido algo, eu não teria poupado aquele maldito bastardo.

Engoli em seco e depois ri.

“Mas você se preocupou comigo.”

Apertei a mão do meu pai com força e disse…

— Fiquei surpresa ao ouvir a verdade. Quando eu era criança, brincava nos ombros do meu pai como um cavalinho de madeira…

Não sabia por que, mas meu pai tinha um sorriso amargo.

— Você fazia. Era uma criança tão vivaz.

Ao ouvir sua voz suave, mas carinhosa, decidi me armar de coragem.

— Papai, quero ouvir por mim mesma o que Max não pôde me contar. Então… não me lembro da minha infância.

Meu pai soltou um suspiro profundo, e depois disse com um sorriso encorajador.

— Pode levar muito tempo, está bem?

— Sim!

Não me importo de ficar acordada a noite toda e não terminar de falar hoje, para poder continuar amanhã ou depois de amanhã. Estou disposta a ouvir o que você tem a dizer.

Max levantou os cantos dos lábios, lembrando-se da sensação de ter adormecido com Juvelian entre seus braços.

“Eu gostaria que nos casássemos logo e vivêssemos juntos.”

Agora mesmo, a cerimônia de casamento não pode ser realizada por conta do grande acontecimento, mas ele deseja tê-la como sua esposa, mesmo que se comprometam em segredo.

“Sei que aquele homem não permitirá isso, mas Juvelian me ama. Ela concordará comigo.”

Quando Max voltou ao quarto, Victor e Denise o cumprimentaram.

— Sua Majestade! Você voltou!

— Achei que ia morrer!

Diante das vozes de seus subordinados, que pareciam um tanto urgentes, Max perguntou com o cenho levemente franzido.

— O que aconteceu?

Diante disso, Denise assentiu e entregou os papéis a Max.

— Veja isso.

Max abriu os papéis.

“É um anúncio do Imperador.”

Logo seus olhos se estreitaram.

— Para comemorar o festival da colheita, realizaremos um concurso de caça dentro de 3 semanas… Além disso, não apenas a Família Real, mas também os nobres e suas famílias acima do título de Conde são obrigados a participar…

Pelo que Max sabe, o Imperador odiava a caça. Não era pelo desconforto de matar, mas porque era uma atividade na qual ele não se destacava.

— Por que diabos ele está organizando uma competição de caça do nada?

Victor respondeu quando Max expressou sua suspeita.

— E hoje o Imperador disse que se encontrou com o herdeiro da família Hessen.

Diante dessas palavras, Max endureceu o rosto e rangeu os dentes.

— Mikhail, não é estranho vê-lo com frequência.

Quando Max mostrou sua emoção sem escondê-la, Denise falou, engolindo em seco.

— Parece que o Imperador está tentando relacionar a Princesa com o herdeiro do Marquês Hessen na competição de caça.

Só então as perguntas começaram a se esclarecer uma a uma.

— Sim, para um Imperador cuja base de apoio não é sólida, o Marquês Hessen deve ser um aliado tentador.

Havia muitas damas que resistiam à ideia de que as competições de caça eram selvagens. No entanto, era verdade que ainda havia mais damas que esperavam fazer uma boa presa com os cavaleiros que apoiavam nas competições de caça. Max, lembrando-se do rosto da Princesa Beatrice, franziu o cenho.

“Aquele tipo, ele é tão fraco, que certamente superará facilmente os truques que estão fazendo.”

Não sabe por que Mikhail mudou de repente seu objetivo para Beatrice, e não para Juvelian, mas em vez de pensar que era uma sorte seu rival ter desaparecido, uma estranha ansiedade continuava aumentando.

“Fui complacente.”

A obsessão cansada de Mikhail por Juvelian naquele momento ainda é evidente. É difícil acreditar que um homem assim desistiria de Juvelian facilmente, e a razão pela qual ele se aproximou do Imperador continua obscura.

— Vigie o herdeiro do Marquês Hessen.

Quando terminou de falar, Max saiu do quarto.

Beatrice conferiu sua aparência no espelho três vezes antes da prova de vinhos.

— Ultimamente meu cabelo está ressecado.

Aparentemente, o problema era o uso de calor para deixá-lo ondulado. Beatrice franziu a testa e disse à criada principal que estava por perto:

— Sera, traga alguém para arrumar meu cabelo amanhã.

Beatrice sorriu enquanto se olhava no espelho.

“Vou poder sentar ao lado de Juvelian.”

Seu coração bateu mais forte e ela já se emocionava só de pensar nisso. Beatrice se encolheu de alegria.

“Se eu colocar um monte de biscoitos na boquinha fofa dela, ela vai comer toda sujinha, né?”

Foi então que Beatrice se perdeu nesses pensamentos felizes.

(Toc-Toc!)

Beatrice virou a cabeça, surpresa pelo som vindo da janela da varanda.

“Não, que diabos esse homem está fazendo a essa hora…”

Logo, ela percebeu que era assustador e estremeceu.

“Será que ele viu o que acabei de fazer?”

Ela ficou olhando para Max daquele jeito.

— Abra a porta, antes que eu quebre a janela.

Beatrice franziu a testa com as palavras radicais de Max.

“Ele é um ignorante que não tem senso comum.”

Foi quando Beatrice abriu a porta pensando nisso.

— Por que demorou tanto para abrir?

Beatrice respondeu friamente, levantando um canto da boca.

— Porque estou abrindo a porta para um cara sem escrúpulos que está espionando um quarto alheio, então seja um fã do bom senso.

Diante disso, Max inclinou levemente a cabeça e franziu a testa.

— Para essas coisas, Juvelian abria rapidamente.

Ao ouvir isso, Beatrice endureceu a expressão.

— Esse cara sem escrúpulos, você já espionou minha Juvelian?

Trice, irritada, abriu a boca.

— É pouco escrupuloso espiar e seguir alguém sem permissão. Se você se importa com a outra pessoa, não faça isso de novo.

Foi um momento em que seu rosto se desfez diante daquela voz firme. Max suspirou, lembrando da situação até agora.

“Por que ela me pediu para usar a porta da frente… era essa a razão?”

Olhando para trás, ele se preocupava com o que Juvelian pensava dele.

Enquanto estava arrependido, Beatrice se dirigiu a Max.

— O que aconteceu hoje?

Diante da pergunta de Beatrice, Max lembrou de seu propósito e abriu a boca.

— Quando se trata de competições de caça, é melhor ter cuidado.

— Por quê?

Em resposta, Max suspirou.

— Ainda não tenho certeza, então não vou dizer nada, mas acho que o Imperador organizou um concurso de caça para inventar alguma coisa.

Ao mencionar o Imperador, Beatrice endureceu o rosto.

— Sim, se o Imperador realmente tiver realizado um concurso de caça para obter alguma vantagem…

Beatrice, pensando no que poderia ser o benefício, rapidamente chegou à resposta certa.

“Aquele Mikhail disse que vê o Imperador com frequência… Será que ele quer se casar comigo?”

Por um momento, ela riu dele, e Beatrice ficou olhando para Max.

“Ele veio me informar dos meus perigos de novo, como da última vez?”

Pensando bem, não foi uma nem duas vezes que Max a salvou e protegeu esses dias. Logo, ela abriu a boca.

— Obrigada por me informar, irmão.

Uma suave corrente de ar fluiu entre os irmãos, que sempre foram tão frios quanto o inverno.

“Talvez eu possa me reconciliar com Maximillian…”

Mas isso foi só por um momento.

— Ah, e foi desconfortável para mim você fazer um alvoroço.

Diante das palavras de Max, Beatrice tremeu e lançou uma almofada.

— Seu bastardo, saia daqui agora mesmo!

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