Knight of Chaos (BR)

Capítulo 5

Knight of Chaos (BR)

Após caminhar por um tempo, logo chegaram ao seu destino. 

Um gigantesco edifício, semelhante a um castelo, estava à frente. Fernando estava maravilhado com a visão majestosa e a garota ruiva também parecia impressionada.

O Guarda passou diretamente pela enorme entrada. Havia outros dois Guardas na frente, porém, o que os guiou entrou sem dizer qualquer coisa. Os homens estacionados também não pareciam interessados em pará-los. 

Fernando e a pequena ruiva seguiram logo atrás e avistaram algumas pessoas saindo, carregando grandes livros de capa dura. Suas roupas eram mais normais em relação aos Guardas, vestindo algo que pareciam ser camisas de algodão com algumas partes de couro e algum outro material confortável.

Ao entrar no grande salão, o jovem pálido observou o entorno e notou diversas pessoas com roupas dos mais diferentes estilos, caminhando e conversando, para lá e para cá. Algumas usavam vestimentas leves e possuíam livros nas mãos, outras vestiam armaduras e tinham armas embainhadas na cintura ou nas costas.

O grande salão, com centenas de metros, parecia ter vários corredores no fundo, e nas laterais, que levavam a locais diferentes. Do lado esquerdo, tinha um espaço com várias mesas e cadeiras, com pessoas lendo e conversando. Do lado direito, havia um grande balcão com funcionários atendendo as pessoas.

“Bem-vindos ao Salão da Recepção.”

De repente, uma voz foi ouvida. Fernando procurou a fonte e logo encontrou. Vinha de um homem de meia-idade, que vestia uma espécie de terno vinho sem gravata e usava óculos. A única semelhança de sua vestimenta com os Guardas e Soldados, era o brasão com o formato de um leão dourado bordado em seu peito direito.

“Eu imagino que estes sejam os recrutas.” O homem de meia-idade disse, enquanto avaliava Fernando e a garota ruiva.

“Administrador Claud, bom dia! Sim, estes são eles.”

“Que admirável, não imaginava que haveria pessoas chegando tão cedo. Estava ocupado com alguns assuntos, mas recebi uma mensagem do portão informando a chegada de recrutas.”

“Sim, eles acabaram de chegar e eu os trouxe imediatamente. Agora que o senhor Claud está presente, meus deveres estão cumpridos, retornarei ao meu posto.”

“Claro, pode ir, irei levá-los para preparar a papelada antes da cerimônia. Venham comigo, jovens.” Logo após se despedir, o Guarda foi embora e o homem chamado ‘Administrador Claud’ os levou ao balcão. 

Ele abriu diretamente uma pequena porta do balcão de madeira e os levou para a parte de trás, em direção a uma sala lateral. Adentrando, o local parecia ser um pequeno escritório. 

Sentando à sua mesa, o homem pegou alguns papéis, e logo após, olhou em direção aos dois jovens.

“Sentem-se. Agora farei uma série de perguntas, peço que respondam com sinceridade, pois isso pode afetar seu futuro.”

Fernando e a pequena ruiva pareciam estar em dúvida. Eles não vieram aqui para receber respostas? Por que agora tinham que passar por um interrogatório?

Apesar de incerto, Fernando decidiu cooperar, não havia nenhum benefício em resistir ou mentir nessa situação. Ele se sentou e aguardou. Seguindo seu exemplo, a moça fez o mesmo.

“Bem, primeiramente me digam seus nomes, idades e nacionalidade.”

A garota foi a primeira a tomar a iniciativa de responder.

“Meu nome é Emily Woods, tenho 18 anos e sou de Winchester, Inglaterra.” disse sucintamente.

Ela é estrangeira? Fernando indagou-se, surpreso. 

Tirando alguns poucos japoneses e chineses, que eram comerciantes na Liberdade e vendedores de pastéis de flango, ele não havia visto muitos estrangeiros, muito menos falado com um. Então achou estranho, pois ela não tinha nenhum sotaque aparente.

“E você?” Ao notar a demora do jovem para respondê-lo, Claud indagou.

“Fernando Nóbrega, 18 anos, Brasil.” respondeu, de forma breve e reservada.

Apesar de ter tomado a decisão de mudar sua atitude, o processo de superar seus medos e modos de agir não poderia ser completamente alterado de uma hora para outra, é preciso tempo e esforço.

Após isso, o Administrador fez uma série de perguntas, como experiência profissional, nível de escolaridade e diversas outras perguntas aleatórias.

Isso parece uma entrevista de emprego… O rapaz pensou consigo mesmo. 

Ele se lembrou da sua primeira entrevista após chegar a grande São Paulo, a maior cidade da América Latina. Gaguejou tanto que foi mandado embora antes mesmo da entrevista acabar. Nem se deram ao trabalho de mentir, dizendo que ligariam de volta, como algumas agências de emprego e empresas geralmente fazem.

“Muito bem. Já tenho suas informações, bem como o horário de sua chegada no Salão. Tudo isso já foi arquivado em seus dados pessoais.”

Após dizer isso, Claud pegou duas pulseiras de cor prata, uma em cada mão, e fechou os olhos. Ele parecia bem focado, ocasionalmente murmurando algo. Esse processo continuou por um minuto. 

Fernando perguntou-se o que ele poderia estar fazendo, pois o homem à sua frente não era tão velho para ter alzheimer.

Nesse momento, luzes cintilantes iluminaram as pulseiras, elas pareciam resplandecentes. Fernando, bem como a garota ruiva chamada Emily, se assustaram com a visão repentina.

“O que é isso? É uma mágica?” Emily questionou, surpreendida.

Após dez segundos, as luzes finalmente diminuíram, até desaparecer.

“Isso não é mágica, é magia.” O Administrador Claud de repente abriu os olhos e respondeu com um sorriso no rosto.

“Magia? Esse tipo de coisa não existe, eu não acredito nisso.” Emily respondeu com uma entonação de descrença.

“Independente de você acreditar ou não, ela existe, garotinha, mahahaa!” Claud disse de forma brincalhona.

Ao contrário da atitude desacreditada de Emily, Fernando tinha um rosto sério. Ao se lembrar das luzes místicas que o trouxeram a esse lugar, ele estava muito propenso a acreditar que a afirmação do homem chamado Claud era verdade.

“Se isso é magia, como você fez isso? Como você a controla?” perguntou, ele estava muito interessado a respeito.

Claud estava levemente surpreso, a atitude normal geralmente era como da moça chamada Emily, de ser cético a isso. Por que esse jovem realmente acreditou sem questionar? Ele achou que isso era estranho.

“Você realmente acha que é magia? Que idiota. Você por acaso é uma criança de 5 anos?” A ruiva debochou.

Fernando ignorou completamente a atitude de Emily em relação a si.

“Garoto, por que você acredita que realmente é magia e não um truque aleatório?” Claud perguntou com alguma curiosidade.

O rapaz ponderou por um momento e resolveu contar a verdade.

“Bem… eu me recordo que antes de ser trazido a esse lugar, algumas luzes estranhas me atacaram e cobriram meu corpo, me deixando imóvel, e quando acordei estava aqui. Se você diz que magia realmente existe… isso explicaria em parte o que aconteceu comigo.”

“Você realmente percebeu a ativação da Matriz do Mundo?!” Claud se levantou e bateu as mãos na mesa enquanto dizia isso, demonstrando-se entusiasmado.

Fernando ficou surpreso com a reação exagerada do homem. Talvez ele tenha falado algo que não deveria?

Depois de algum momento, o Administrador finalmente se acalmou e uma expressão solene estava em seu rosto. Enquanto observava o jovem a sua frente, voltou a se sentar.

“Seu caso é muito peculiar. Fernando, certo? Você é um possível talento latente.” falou animado, enquanto começou a anotar algo em algumas folhas de papel.

Emily não fazia ideia do que estava acontecendo, ela não se lembrava de luz alguma antes de ser trazida para esse lugar.

“Enfim, não vamos enrolar mais. Aqui, essas pulseiras são para vocês dois e, absolutamente, não as percam. Nelas estão informações sobre vocês e com elas vocês poderão se mover livremente em Vento Amarelo. Elas também possuem algumas outras funções especiais, mas isso será explicado na cerimônia de hoje a noite.”

Ambos pegaram as pulseiras e começaram a avaliá-las.

Fernando achou que pareciam ser pulseiras de metal comum, não havia nenhum adorno, apenas uma superfície lisa, contudo, de repente, começaram a brilhar levemente. Uma palavra começou a se formar na parte de cima. 

O rapaz observou a situação espantado, era seu próprio nome, Fernando Nóbrega. Olhando para a garota ruiva, Emily, percebeu que a dela também continha seu nome inscrito.

“Coloquem as pulseiras. Enviarei alguém para levá-los até o lugar da cerimônia, vocês terão que aguardar o restante das pessoas lá. Provavelmente pela tarde todos estarão reunidos no local.” Quando estava prestes a sair, o homem olhou para os pés de ambos, que estavam descalços. “Também vou precisar do número de seus calçados, vou providenciar para que alguém traga algo para que possam usar provisoriamente.”

Fernando ficou agradavelmente surpreso, afinal apesar de ter alguma tolerância a dor, por já trabalhar muito desde jovem, seus pés estavam começando a doer por andar todo o caminho de fora da cidade até ali descalço.

Após um minuto, uma mulher, vestindo uma espécie de manto branco, entrou, trazendo um par de calçados para cada um deles.

“O Administrador Claud me mandou para levá-los, por favor, venham comigo.”

Apesar de estarem chateados por não receberem nenhum resposta contundente, ambos a seguiram. Eles saíram do escritório e se dirigiram por um dos majestosos corredores. Logo chegaram em um ambiente espaçoso com centenas de cadeiras e um palco, parecia um enorme anfiteatro.

“Podem escolher um local e aguardarem aqui. Se estiverem com fome ou sede, na parte de trás tem uma sala com algumas refeições e bebidas organizadas em mesas, basta se servirem à vontade. Se precisarem ir ao banheiro, eles ficam à direita.” 

Após explicar tudo de forma educada, a mulher foi embora, deixando Emily e Fernando no enorme anfiteatro.

“O que você acha, pervertido? Quem são essas pessoas e o que elas querem?” Emily perguntou em direção a Fernando.

O jovem pálido, por outro lado, não gostou nada de ser chamado de pervertido. Seu rosto estava ‘frio’ enquanto a olhava com um semblante desagradável.

“Evite falar comigo o máximo possível, não tenho interesse em ter contato com você.” respondeu friamente.

“Humph!” Emily fez beicinho e se sentou em uma das cadeiras. “Tudo bem, eu provavelmente exagerei um pouco e entendi mal a situação. Sou mulher o suficiente para admitir meus erros. Me desculpe.” disse, sem o olhar diretamente.

O pedido súbito de desculpas pegou Fernando de surpresa. Apesar de ainda estar bravo, também não poderia ignorar isso.

“Tudo bem, eu aceito suas desculpas, mas ainda prefiro que você fique longe de mim.” falou calmamente.

“E quem disse que quero ter contato com você? Eu só estava me desculpando, cara esquisito.” saiu resmungando, aparentemente brava ao ser repetidamente afastada.

O rapaz não se importou muito, na verdade, ele preferia assim. Após se livrar dela, finalmente pôde relaxar em paz e analisar tudo que aconteceu nesse dia estranho.

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