Capítulo 6
Knight of Chaos (BR)
Após cerca de mais de uma hora aguardando no enorme anfiteatro, Fernando começou a se sentir faminto. Assim, resolveu ir à sala ao fundo comer alguma coisa.
Olhando em volta, percebeu que a ruiva chamada Emily não estava à vista, provavelmente também estava se alimentando.
Ao chegar à sala dos fundos, como ele havia imaginado, a garota estava sentada em uma cadeira, comendo alguma espécie de sanduíche, acompanhado de uma bebida.
Logo ela percebeu o jovem pálido se aproximando e pensou em falar algo, porém, ao se lembrar da frieza do rapaz em relação a si mesma, apenas lançou um olhar para ele e voltou a comer seu sanduíche, ignorando-o completamente. Após terminar, rapidamente saiu.
Fernando também não se incomodou em falar algo e focou em uma das mesas. Havia dezenas de alimentos diferentes, muitas coisas que ele jamais havia visto estavam diante de si, a visão era realmente apetitosa.
Após pensar um pouco, pegou algo que parecia um bolinho de bacalhau e mordeu. Para sua surpresa, o gosto era totalmente diferente do que imaginou. Tinha um gosto levemente azedo, mas era extremamente delicioso, o recheio era alguma espécie de creme vermelho.
Após provar algo tão bom, resolveu comer outras coisas. Esses alimentos, apesar de semelhantes a algumas coisas que já viu e comeu, tinham gostos bem diferentes, mas não deixavam de ser deliciosos.
Para alguém como Fernando, de baixa renda, isso foi realmente um grande banquete. Geralmente, suas refeições do dia-a-dia se resumiam a arroz, feijão e ovos, a típica comida da população brasileira mais pobre, então poder comer coisas tão diferentes e deliciosas era algo raro por si só.
Após provar algumas bebidas doces e se certificar de que estava satisfeito, voltou ao anfiteatro e sentou-se na cadeira.
O Administrador Claud disse que as pessoas iriam chegar em breve e nossas perguntas seriam respondidas. Espero que seja verdade, estou ansioso de estar nesse lugar sem saber o que está acontecendo. pensou.
Enquanto o rapaz pálido ponderava sobre a situação, um grupo de Guardas adentrou no local, havia em torno de trinta deles. Sem dizer qualquer coisa, se dividiram em pequenos grupos e se posicionaram nos cantos do anfiteatro.
Logo após os Guardas se posicionarem, um grande grupo de cinquenta pessoas entrou, à frente deles estava a mulher que trouxe Fernando e Emily ao local. Assim como ela, havia outras quatro pessoas de manto branco liderando. Ao entrar, ela, junto aos outros de manto, disseram coisas semelhantes ao que foi dito a eles, quando foram trazidos.
Fernando imediatamente entendeu, essas pessoas deveriam ser como ele, pessoas que acordaram nesse lugar estranho. Olhando para os rostos cheios de dúvidas deles, sua suposição foi confirmada.
O jovem então olhou para os Guardas nos cantos.
Parece que eles estão aqui para nos impedir de causarmos um tumulto, ou talvez para nos impedir de fugir… Parando para pensar, a primeira vez que vi Raul, pensei que se tratava de cosplay, no entanto, a sensação de ameaça que me dão é muito grande. Mas por que usam armas brancas, como espadas, machados e lanças, e não armas de fogo?
Essa dúvida já estava na mente de Fernando há muito tempo. Por que essas pessoas eram tão estranhas?
Inicialmente, imaginou que se tratava de algum grupo de bandidos ou terroristas, mas ao pensar com cuidado, descartou a ideia. Que tipo de terroristas teriam instalações tão grandes e visíveis? Além disso, a questão da magia que Claud mencionou estava enraizada em sua mente.
As pessoas logo começaram a se espalhar em pequenos grupos e se sentaram. Fernando percebeu que alguns se aproximaram de Emily, que estava do outro lado, e iniciaram uma conversa com ela.
Ele imaginou que ao perceberem que havia outros antes deles aqui, imediatamente iriam querer reunir informações, mas era inútil, já que ambos sabiam tanto quanto eles.
De fato, as pessoas realmente perceberam os dois que chegaram antes deles e foram em busca de informações. Uma linda jovem ruiva que parecia simpática, e um rapaz esquisito extremamente pálido, com um cabelo meio bagunçado e um jeito estranho. Entre os dois, as pessoas obviamente escolheram conversar com a jovem ruiva.
“Senhorita, você sabe algo sobre esse lugar? O que essas pessoas querem de nós?”
Após conversarem um pouco, um homem loiro, que tinha em torno de 30 anos, perguntou educadamente a Emily. Apesar de gentil, sua voz era claramente forte e alta. Como as pessoas espalhadas estavam prestando atenção, todos puderam ouvi-lo.
Emily não parecia se importar em ser o centro das atenções e calmamente respondeu.
“Eu não sei mais do que vocês. Apenas acordei naquele local ao ar livre e em seguida me trouxeram aqui.” Enquanto dizia isso, lançou um olhar para Fernando.
O jovem percebeu o olhar, já que também estava prestando atenção, e de repente, seu coração gelou.
Espero que essa garota louca não esteja brava pelo que eu disse antes e resolva me queimar para essas pessoas…
Sua preocupação parecia infundada, já que após olhá-lo levemente, a ruiva não parecia realmente ter vontade de fazer isso e simplesmente continuou respondendo às perguntas. Após algum tempo, todos cansaram do questionamento, já que a mesma aparentava saber tanto quanto eles.
Momentos depois, mais e mais lotes de pessoas foram chegando ao anfiteatro. Nenhum sabia sobre a situação e sempre perguntavam aos que chegaram antes, mas parecia que todos estavam no mesmo barco, sem entender o que estava acontecendo.
De repente, um homem alto, negro, de jaqueta azul, farto da situação, se levantou e caminhou até um dos Guardas.
“Ei, você! Já estamos cansados de esperar aqui, é melhor vocês começarem a explicar o que raios está acontecendo nesse lugar!!”
O homem parecia nervoso e gritou, enquanto apontava para o Guarda. O rapaz, alvo dos gritos, parecia indiferente à atitude do sujeito.
“Sente-se e pare de falar bobagem!” O Guarda respondeu.
A atitude de indiferença enfureceu o homem negro e ele avançou em direção ao Guarda, segurando em seu ombro.
“Ou vocês explicam a situação, ou a coisa vai ficar feia aqui. Estamos em maior número, então é melhor você desembuchar tudo!” ameaçou, enquanto apontava para as pessoas sentadas. Nesse ponto, já havia em torno de 200 pessoas no local.
Alguns esquentadinhos, percebendo que talvez fosse um jeito de sair desse lugar, rapidamente se levantaram e foram apoiar o sujeito de jaqueta azul.
“É isso mesmo! Queremos respostas agora ou iremos tirá-las de vocês a força!”
Um grupo de quarenta pessoas logo se juntou para pressionar os Guardas mais próximos da porta. Quando eles pensaram que aquilo funcionaria, algo aconteceu.
“Ahhhhrg!”
Um alto grito de dor foi ouvido à frente. As pessoas, que antes estavam frenéticas, se assustaram e tentaram ver o que estava acontecendo.
O homem de jaqueta azul estava deitado no chão segurando seu ombro ensanguentado, enquanto agonizava de dor. O Guarda que ele confrontou estava de pé a sua frente, o olhando com indiferença e uma espada desembainhada, com o fio da lâmina manchada de sangue, estava na sua mão direita.
Vendo essa situação, as pessoas entraram em pânico, alguém havia sido ferido por esses homens estranhos!
“Eu mandei sentar! A partir de agora, qualquer um que ir contra as instruções será tratado dessa forma! Se insistirem, não me importo de cortar alguns idiotas sem cérebro!”
Todos estavam estupefatos, e logo o medo inundou suas mentes. Algumas mulheres e homens gritaram em pânico, alguém foi perfurado por uma espada em frente a seus olhos! Se eles tentassem algo, seriam provavelmente mortos por essas pessoas estranhas de armadura!
Até mesmo Fernando ficou assustado com o que aconteceu. Ele já suspeitava que esses Guardas se tornariam agressivos se fossem provocados, mas não imaginou que fariam algo do tipo.
Rapidamente, o homem ferido foi arrastado para algum lugar desconhecido. Ninguém sabia seu estado de saúde e nem se atreviam a perguntar.
A atmosfera levemente animada de anteriormente devido às conversas, praticamente sumiu, apenas pessoas cochichando eram ouvidas aqui e ali. Um clima pesado tomou conta do lugar.
Com o passar do tempo, mais e mais pessoas foram chegando e souberam o que aconteceu, assim como viram as marcas de sangue no chão. A maioria dos que chegaram acabaram temendo por suas vidas também.
“Droga! Que maldito lugar é esse? Eu estava em casa, com minha esposa e filho, e de repente apareci aqui. É melhor esses desgraçados não terem tocado na minha família ou vou acabar com eles!”
Ocasionalmente algumas vozes dissonantes eram ouvidas, mas ninguém realmente tomou uma atitude contra os Guardas novamente.
Depois de algumas horas, já deveria haver em torno de 470-550 pessoas no local.
Após algum tempo sem ninguém entrar no anfiteatro, mais alguns indivíduos chegaram, chamando a atenção de todos. Entre essas pessoas, algumas estavam portando armaduras e outras roupas normais, a única coisa em comum entre todas é que tinham o emblema de uma figura de um leão dourado em sua vestimenta. Entre elas, estava o Administrador Claud.
Alguns subiram diretamente ao palco e sentaram-se nas cadeiras arranjadas no centro. Um homem de cabelos grisalhos, usando uma armadura prateada, estava na posição central. Parecia ser uma pessoa extremamente importante, que aparentava ter em torno de 60 anos.
Após conversarem por alguns minutos, um deles se levantou e foi para a frente do palco, no qual havia uma espécie de suporte com um ‘microfone’. As pessoas abaixo estavam em meio a um silêncio absoluto.
“Olá a todos! Meu nome é Claud, sou uma das pessoas da alta gerência do Salão da Recepção. Alguns poucos já me conhecem, pois me encarreguei do registro dos primeiros de vocês pessoalmente.”
O homem fez uma breve pausa enquanto passava o olho na multidão, então continuou.
“O objetivo principal deste evento é recebê-los oficialmente e dar-lhes as boas-vindas. Contudo, infelizmente, soube do fato que aconteceu mais cedo, no qual um indivíduo ameaçou um Guarda e foi ferido. Saibam que o mesmo já foi tratado e não corre qualquer risco de vida, mas ficará detido na prisão por incitar uma rebelião. Esse tipo de comportamento é inaceitável no Salão da Recepção! Eu espero que vocês se mantenham atentos para não descumprirem as regras.”
Apesar de extremamente culto, havia um leve indício de ameaça na entonação de Claud. Todas as pessoas imediatamente entenderam. Contanto que não quebrassem as regras, eles estariam bem, mas se quebrassem, as consequências seriam tremendas.
“Enfim, tendo tratado disso, vamos diretamente ao ponto. Sei que vocês estão confusos e não sabem porque foram trazidos para esse local, todas as suas respostas serão dadas agora.”
Após dizer isso, o Administrador se moveu para o lado. Um homem, de cabelos grisalhos e uma armadura prateada, se levantou e foi em direção ao centro do palco. Ao chegar, parou por um momento e observou calmamente a multidão abaixo em seus acentos.
“Eu me chamo Kalfas, sou um General da Legião Leões Dourados. Serei franco e direto, vocês não estão mais no mundo que conhecem e uma vez chamaram de casa, mas em um mundo diferente chamado Avalon.”
O que o sujeito disse surpreendeu a todos. Um mundo diferente? Que piada! Quem vai acreditar nessa abobrinha?
“Por algum motivo, as pessoas são abduzidas para esse mundo e agora fazem parte dele. Assim como vocês, muitos de nós também viemos da Terra. Ninguém sabe ao certo porque as pessoas são forçadamente trazidas, só sabemos que o que nos traz é algo chamado de Matriz do Mundo.”
Enquanto o velho falava, as pessoas ficaram inquietas. Um mundo diferente? Matriz do Mundo? Que monte de baboseira, quem acreditaria nesse tipo de absurdo?!
Não mais aguentando, um homem levantou abruptamente e gritou:
“Vocês acham que somos idiotas? Cortem a encenação e digam exatamente o que vocês querem de nós!”
O General, que foi subitamente interrompido, olhou para o sujeito.
“Tenho certeza que a maioria de vocês é cético sobre minhas palavras, então nada melhor do que uma demonstração para provar a realidade.”
Após falar isso, Kalfas levantou vagarosamente ambos os braços. Quando estavam a uma certa altura, de repente, chamas envolveram ambos, causando uma visão assustadora. Essas estranhas chamas que surgiram do nada, se expandiram em torno dele, o cercando, e depois avançaram para frente, acima do público.
A visão disso chocou as pessoas abaixo. O calor escaldante sobre seus rostos era abrasador, muitos gritaram de terror e medo. As chamas queimaram levemente sua pele e causaram uma sensação de dor. O caos tomou conta, enquanto vários gritos soaram desesperadamente.
“Eu direi isso de novo. Vocês não estão mais no mundo que conheceram, agora vocês estão em Avalon!!!”