Volume 3 - Capítulo 154

Capítulo 154: Adoradores de Demônios (1)

O fim da Grande Guerra, que começou décadas atrás com uma invasão demoníaca, também alterou a hierarquia e a estrutura do reino demoníaco.

O caos e a desordem se seguiram devido à ausência do Rei Demônio, que era o foco de todos os demônios.

Apenas um demônio se encarregou de restaurar a ordem e estabelecer uma nova hierarquia em Altelore.

Classificado em primeiro lugar entre os demônios: Azekel.

Azekel, o confidente mais próximo do Rei Demônio, aproveitou a oportunidade para semear o caos e esmagar quaisquer demônios rebeldes.

Ele criou uma nova hierarquia e uniu os demônios mais uma vez com o objetivo de reviver o Rei Demônio.

Claro, nem todos os demônios seguiram Azekel.

Entre os demônios sobreviventes da guerra, também havia indivíduos poderosos que não eram inferiores aos arquidiabos atuais.

A maioria daqueles que se opuseram a Azekel pereceu no final, mas também houve sobreviventes.

Alguns deles ainda vagam pelas desoladas periferias ou se aventuraram além de Altelore, para o mundo exterior.

“Hehehe. Hahaha. É isso?”

A Fortaleza Abandonada, um importante reduto no domínio do Terceiro Lorde, localizado ao norte.

O chão estava tingido de vermelho com os corpos estilhaçados e dilacerados, enquanto o demônio, rindo, vestido com uma formidável carapaça semelhante a uma armadura, se deleitava na carnificina que causara.

“Nada além de insetos por toda parte. Está ficando chato. Quantos mais terei que matar até o grandão aparecer?”

O demônio fora uma força a ser considerada na guerra passada, quando não havia mais de uma dúzia mais fortes que ele na facção demoníaca.

Mesmo tendo sido um combatente derrotado que fugira de Altelore com a vida salva após a guerra contra Azekel.

Foram anos de penosa resistência. Esquivando-se de um lugar para outro como um rato em uma terra estrangeira.

Agora que recuperara parte de sua força anterior, ele estava lentamente saindo de seu longo esconderijo para agir.

Ele não tinha intenção de retornar a Altelore tão cedo.

Azekel, embora tivesse recuperado sua força para superar aquele monstro, era uma tarefa impossível para o momento.

Portanto, ele mudou seu objetivo.

O mundo estava muito pacífico agora. Já havia esquecido os horrores do passado, esquecido de sua existência.

Escória estúpida e fraca que teria sido exterminada há muito tempo se não fosse pelo abominável herói.

Caçando insetos moderadamente fortes, ele poderia acumular mais poder e se tornar mais forte do que agora.

*Graaaaah…*

Os lamentos de almas terríveis. O demônio sorriu ao olhar para a gema vermelho-sangue em sua mão.

“Espere por isso, o dia em que eu voltarei a Altelore…”

Ele murmurou e depois voltou seu olhar. Alguém se aproximava naquela direção.

Um homem se aproximou com um passo casual, como se estivesse em um passeio, e olhou ao redor antes de abrir a boca.

“Você realmente fez um trabalho terrível, demônio.”

“Só isso? Eles não eram nada além de lixo sem habilidade ou gosto por rasgar e dilacerar.”

O demônio sentiu a energia emanando dele e sorriu maliciosamente.

“Agora, o que eu esperava finalmente chegou. Você é o Terceiro Lorde de Calderic?”

O Terceiro Lorde, o Arqueiro Celestial, fixou seu olhar em um cadáver e falou. (**N.T.:** Antes eu o chamei de ‘Palácio Celestial’, pois essa é a tradução direta do título em inglês. Mas este título pareceu mais adequado a ele, então eu o mudei. >_>)

“Você deve ter tido muito medo do Soberano para causar estrago no meio de Calderic, então está fazendo algo desprezível aqui.”

“Hehehe, fale o quanto quiser antes de morrer.”

O demônio limpou o sangue em sua mão e se levantou.

“Eles te chamam de Arqueiro Celestial, certo? Ouvi dizer que sua especialidade é atirar flechas à distância como um rato. Agora que você se revelou bem na minha frente, o que você vai fazer?”

Eles estavam a poucos passos um do outro, perto o suficiente para alcançar e tocar.

Com uma expressão calma em seu rosto, o Arqueiro Celestial estendeu a mão para o ar vazio.

“Não precisa se preocupar.”

Sua pulseira balançou e instantaneamente se transformou na forma de um arco.

“A partir de agora, até que seu corpo seja espalhado em pedaços no chão, você não será capaz de diminuir essa distância nem um pouco.”

***

A temporada de férias da Academia havia começado, e a maioria dos alunos se preparava para retornar às suas cidades natais e famílias.

Lea estava sentada na beira da cama, lendo a carta que havia chegado diante dela.

[*Como está a vida na academia? Se você não fez um único amigo até agora, este irmão ficará muito desapontado.*

*Yuz estará lá em breve, então volte para casa rapidamente. Traga tantos amigos quanto puder.* ]

Lendo o conteúdo brincalhão da carta, Lea franziu a testa e a dobrou novamente.

“E quanto aos amigos…”

Ela permaneceu deitada na cama, olhando sem rumo para o teto.

Era porque ela não conseguia deixar de pensar em alguém assim que terminou de ler a carta.

Mesmo depois que os exames terminaram, Lea teve interações ocasionais, ou melhor, bastante frequentes, com Rigon.

Poderia-se dizer que aconteceu naturalmente.

Agora, encontrar-se lado a lado e ter conversas casuais não era mais algo estranho.

Na verdade, ela se viu sutilmente procurando lugares onde Rigon poderia estar durante seu tempo livre.

No início, ela ficou confusa e negou sua própria mudança, mas agora simplesmente a aceitou.

Ela queria se aproximar de Rigon.

Assim que admitiu, seu orgulho ficou levemente ferido, mas ela se convenceu de que não era estranho.

Rigon era um gênio comparável a ela. Ele era um talento excepcional.

Talvez a razão pela qual ela não tentou se aproximar de ninguém antes fosse que não havia ninguém adequado ao seu nível.

Então, não houve mudança em sua atitude. Não havia razão para não se aproximar se uma pessoa assim aparecesse.

*Verdade. É assim mesmo.*

Além disso, não é fácil construir um relacionamento próximo com um indivíduo promissor de Calderic, certo? É um excelente networking.

Lea, que nunca se importou com conexões em sua vida, racionalizou dessa maneira.

*De qualquer forma, ele estará na academia mesmo durante as férias.*

Rigon dissera que não voltaria para sua cidade natal.

Não era apenas uma longa distância, mas também não era viável viajar livremente entre Calderic e Santea.

“Você quer que eu vá para sua casa nas férias?”

Quando Lea encontrou Rigon na hora do jantar, ela aproveitou a oportunidade e casualmente abordou o assunto.

Em resposta à reação de olhos arregalados de Rigon, ela desviou o olhar e apressadamente falou as palavras preparadas.

“Os nobres de Santea são sensíveis a favores, sabe? Então, estou apenas tentando pagar minhas dívidas no teste por causa da minha honra. Você me ajudou, e eu perdi por causa das minhas próprias deficiências.”

“Não, isso foi inesperado de Ran, e foi mais minha culpa…”

“De qualquer forma, você vai ou não? Vou garantir que você seja tratado como um convidado. Você não tem para onde ir durante as férias, não é?”

Rigon coçou a cabeça. Lea cruzou os braços e olhou casualmente para ele.

“Bem, se você me convidar, claro, ficaria feliz em ir. Mas os outros também não podem vir? Ran e Kaen também estão ficando na academia como eu. Vaion e Esca disseram que estão indo para casa.”

“Huh?”

…Aqueles caras também estavam ficando na academia?

Honestamente, ela não queria convidá-los, mas se eu recusasse, Rigon definitivamente não iria.

Adicionar mais algumas pessoas estava dentro da faixa aceitável. Afinal, o importante era que Rigon estava indo.

Lea assentiu, escondendo sua excitação.

“Não há razão para recusar. Faça como quiser.”

***

Eu estava deitada na cama, descansando ociosamente, quando Rigon voltou e disse algo estranho.

“Lea nos convidou para a casa dela? A família Herwyn?”

“Sim.”

Eu me perguntei do que se tratava e rapidamente adivinhei a situação. Rigon e Lea tinham se aproximado ultimamente.

“Ela só perguntou se você queria ir com ela. Ela não disse que deveríamos ir todos juntos, não é?”

“Haha, peguei.”

Rigon riu sem jeito.

“Ela também não é uma pessoa má. Será bom se você e Kaen também se derem bem durante esta oportunidade.”

“Bem, eu realmente não me importo, mas…”

Até agora, eu estava lembrando da conversa que tive com a Espada Sagrada ontem.

Embora eu não entendesse o que eles queriam dizer com “mudança do destino” e tudo mais, a Espada Sagrada me garantiu que, pelo menos, eu não precisava duvidar se estava indo na direção certa.

O que exatamente isso significava?

Era realmente certo continuar assim? Sem se preocupar com a sucessão da Espada Sagrada?

*Isso é um pensamento muito complacente…*

De qualquer forma, seria melhor sair durante as férias do que ficar presa na academia. Além disso, quem sabe se algo aconteceria?

Nesse sentido, a sugestão de Rigon de ir para a família Herwyn não era uma má ideia.

“Sim, vamos. Pergunte para Kaen também.”

“Eu já perguntei a ela quando nos encontramos a caminho, e ela disse que sim e estava animada.”

No dia seguinte no almoço, nós arrumamos nossas coisas e nos preparamos para partir.

O destino era a cidade de Barontor, onde ficava a casa ancestral da família Herwyn. Ouvi dizer que é uma longa viagem.

Enquanto nos reuníamos no portão principal da academia e saíamos, já havia uma carruagem esperando.

“Faz tempo, Senhorita Lea. Como você tem estado?”

Um homem idoso com a roupa de um mordomo cumprimentou Lea. Além dele, apenas dois ou três cavaleiros eram visíveis.

Achei que era uma saudação bastante frugal para alguém do status de Lea, mas o mordomo era certamente fora do comum.

Eu olhei para o topo de sua cabeça.

【Nível 71】

Um nível que poderia ser considerado longe de um servo comum.

Eu não conseguia entender por que alguém que poderia ser o comandante de uma ordem de cavaleiros ou ocupar uma posição semelhante estaria trabalhando como mordomo, mas eu não tinha interesse nos assuntos domésticos dos outros.

O olhar do mordomo se voltou para nós, parados atrás de Lea.

“E quem são essas pessoas…?”

“Eles são meus amigos. Eu os convidei como convidados durante as férias. Tudo bem?”

Naquelas palavras, ele arregalou os olhos surpreso e então rapidamente formou um sorriso brilhante, acenando com a cabeça.

“Claro, Senhorita. Eu acomodarei seus amigos sem nenhum inconveniente.”

“Não exagere. Só carregue a bagagem rapidamente.”

“Sim, hehehe. Há muito espaço na carruagem. Estou tão feliz por ter trazido esta grande, hehehehe.”

Lea, com o rosto levemente corado, entrou no assento interno da carruagem primeiro.

O mordomo respeitosamente inclinou a cabeça para nós e disse:

“Eu sou Yuz, o mordomo da família Herwyn. Muito obrigado por serem gentis com nossa jovem dama.”

“Ah, sim.”

“Então, por favor, cuide bem dela na longa jornada.”

Nós carregamos a bagagem e entramos na carruagem um por um.

A carruagem, que partiu imediatamente, acelerou rapidamente pela estrada depois de passar pelo portão da cidade.

“Ah, é tão confortável.”

Kaen exclamou com entusiasmo. Lea falou imediatamente.

“Calma e fique quieta.”

“Tudo bem, mas é realmente surpreendente.”

“O que é?”

“Você disse que não precisa de amigos, que não combinamos com seus padrões, e ainda assim você nos convidou para sua casa e tudo mais.”

Lea olhou para Kaen com uma expressão desorientada e embaraçada.

Embora soasse rude, eu sabia que ela não quis dizer nada com isso. Era apenas a personalidade dela.

“Não me entenda mal. Eu queria convidar Rigon, não vocês.”

“Qual a diferença?”

“R-Rigon não tem falta de compatibilidade comigo. Ao contrário de vocês!”

Rigon balançou a cabeça ao lado delas.

Kaen suspirou e se encostou no assento, fazendo um barulho descontent