Volume 3 - Capítulo 11
O Príncipe Problemático
“A Rainha também lia as folhas de chá”, disse Erna, mudando de assunto bruscamente.
Os lábios de Bjorn se curvaram em um sorriso enquanto ele acariciava suavemente seus cabelos castanhos macios. Erna apreciava esses momentos de tranquilidade, que a tranquilizavam de que ele estava a escutando. Ela o observava, sem fôlego, enquanto ele sorria para ela.
“Depois de tomar o chá, sem coar as folhas, você vira a xícara de cabeça para baixo sobre o pires. Depois que a água secar, você pode examinar a forma das folhas restantes e prever o futuro.” Erna terminou de explicar, animada.
Apoiando a cabeça em um braço, Bjorn olhou para sua esposa enquanto ela contava orgulhosa seu tempo com a Rainha. Erna não parecia em nada com a mulher que se contorcia embaixo dele há apenas um minuto. Se não fossem as marcas em sua pele pálida, ele teria achado a lembrança uma mera invenção da sua imaginação.
“Eu encontrei uma estrela na minha xícara, que simboliza felicidade e, como minha estrela era grande, uma alegria imensa chegará mais cedo ou mais tarde.” O sorriso de Erna aumentou. Sua expressão radiante trouxe uma sensação de paz a Bjorn.
Bjorn assentiu e sorriu enquanto Erna terminava sua história e ele moveu a mão gradualmente para longe de seus cabelos.
“Tendo aprendido isso, posso ler suas folhas de chá?” perguntou Erna, brincando com a ponta do cabelo.
“Não”, disse Bjorn secamente, deslizando a mão mais para baixo até descansar em seu peito.
Ele sorriu, ela se encolheu com a recusa e ele agarrou seu peito com suas grandes mãos. Ele amassou suavemente os seios macios, satisfeito no brilho residual da sua paixão. Só então Erna deixou a tensão ir e soltou uma risada lânguida.
“É mesmo? Mesmo que você se recuse, acho que já conheço sua fortuna. Seria um círculo, um círculo muito grande.”
“O que isso significa?”
“Dinheiro”, respondeu Erna, rindo inocentemente. Bjorn não pôde deixar de se juntar à risada dela ao ouvir sua resposta brincalhona. Tanto dinheiro… bem, parece que seu destino não é tão sombrio assim.
Bjorn beijou ternamente o peito de Erna antes de se levantar e servir um copo de conhaque para satisfazer sua sede. Erna deitou-se calmamente em um monte de travesseiros no canto da cama, observando-o. Ela podia sentir o aroma tentador do vinho que umedecido os lábios de Bjorn. Sentindo-se envergonhada, Erna apanhou rapidamente o xale caído e o enrolou em seu corpo, aproximando-se dele.
Bjorn colocou Erna em seu colo enquanto se encostava na cama. O xale delicado que ela usava não conseguia esconder totalmente seu corpo nu, mas Bjorn apreciou sua aparência e permaneceu em silêncio.
Erna tomou um gole de conhaque cautelosamente. A bebida forte fez suas sobrancelhas se franzirem, seguida de uma tosse. Bjorn imediatamente colocou a bebida de lado e pegou a bandeja de frutas em uma mesa próxima. Gentilmente, ele ofereceu um tâmargo seco à boca dela e Erna instintivamente o devorou, como um filhote sendo alimentado em seu ninho — uma visão realmente adorável.
Amêndoas com mel, chocolate decadente e laranjas perfumadas. Não importava a oferta, Erna obedientemente abriria os lábios e aceitaria o que quer que Bjorn lhe oferecesse. Ela provavelmente aceitaria veneno se fosse oferecido.
Bjorn se deleitava nos olhos de tamanha confiança inabalável, ele começou a entender por que Lisa defendia sua amante com tanta ferocidade. Como uma mulher dessa natureza, Erna havia suportado o cogumelo venenoso da família real.
Quando pensou nisso, Bjorn jurou nunca quebrar a confiança de sua esposa enquanto vivesse e sabia que ninguém mais ousaria enganá-la. Foi então que seus pensamentos se voltaram para Walter Hardy.
Um vigarista que havia usado a própria filha em seu golpe, ele também era a razão pela qual Bjorn tinha essa mulher em seus braços.
Bjorn abraçou ternamente Erna enquanto ela saboreava os sucos ácidos da laranja. Ele desejava que ela vivesse bem. Seu rosto requintado, a beleza incomparável, iluminada pelo crepúsculo que se desvanecia. Ela viveria bem, gastando seu dinheiro; o desejo era auto-realizador, ele percebeu isso e soltou uma risada.
Walter Hardy teve sorte de evitar a prisão. Agora ele levava uma vida modesta na mais remota vila do país, muito ao norte. Eles ainda eram a família de Erna, laços rompidos ou não, e por isso ele sentia a obrigação de garantir que eles pelo menos vivessem uma vida confortável. Walter Hardy não era tolo e sabia que não deveria desprezar sua última chance. Em um mundo perfeito, Bjorn teria conseguido eliminar um indivíduo tão irritante.
Por enquanto, Bjorn tinha que se contentar em manter Walter Hardy na coleira curta, fornecendo ajuda financeira. Olhando para trás, isso sempre foi o caso com Erna.
Ele manteria a aposta deles, inabalável. Ele havia pago as dívidas de sua família, restaurado sua casa na Rua Baden e se casado com ela. Ele nunca fez concessões quando se tratava de cuidar de Erna. Normalmente, Bjorn evitava gastar qualquer quantia de seu dinheiro, não importa o quão pequena fosse.
Se ele tivesse considerado a quantia de dinheiro que gastou com Erna, ele poderia ter percebido seu amor por ela muito mais cedo.
Com uma mistura de divertimento e arrependimento nostálgico, Bjorn virou a cabeça. Erna olhou para ele e inclinou a cabeça levemente, sua expressão tingida de nervosismo.
“O que você está pensando?”
Bjorn olhou para ela, captando as sombras de seus longos cílios dançando em torno de seus olhos enquanto ela piscava para ele. Ele não pôde deixar de lembrar a memória daqueles olhos inchados, vermelhos e cheios de lágrimas. Ele parecia ter o hábito de fazer mulheres chorarem.
Tendo acabado de deitar Erna na cama, Bjorn removeu o véu que acompanhava o vestido, querendo olhar para o rosto dela direito. Erna tentou impedi-lo, mas sem sucesso. Os sons suaves de suas joias tilintando enquanto ela se movia ecoavam na luz que diminuía.
Bjorn então se posicionou em cima de Erna, aconchegando-se entre suas pernas. Ele se inclinou para ela, perto o suficiente para que a ponta de seus narizes se tocassem levemente. Ele podia sentir o aroma de laranja em sua respiração quente.
“Só uma ideia romântica”, disse Bjorn com um sorriso malicioso.
Era sua confissão muito sincera.
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A Grã-Duquesa completou seu conjunto com uma tiara. Ela representaria Lechen em um evento em um país anfitrião e ela parecia mais bonita do que nunca. Com o rosto corado, ela saiu do quarto e encontrou Bjorn, elegantemente vestido, que a esperava sob um arco dourado.
Pegando sua mão estendida, Erna desceu as escadas que levavam ao hall central. Ela sabia quem cumprimentar e como fazê-lo. Ela acreditava que poderia se destacar e provou que estava certa. Então ela viu o fotógrafo.
“Você quer tirar uma foto?” ela disse animada. “Eu sei que já temos fotos comemorativas da viagem, mas qual o problema de mais uma?”
Erna pensou na foto oficial que havia sido tirada com o rei de Lorca, quando chegaram. No dia seguinte, aquela foto estava em todos os jornais e na capa de todas as revistas.
Bjorn sorriu enquanto escoltava Erna e foi então que Erna percebeu que Bjorn já havia planejado e providenciado o fotógrafo, que agora acenava para eles.
“Por favor, venham, fiquem aqui, eu escolhi o lugar perfeito.” O fotógrafo da delegação os chamou.
“Espere, Bjorn”, disse Erna, parando. A ideia de apenas os dois tirarem uma foto aqueceu seu coração, mas também despertou um desejo por algo mais, mas ele concordaria?
Erna estudou Bjorn, como se estivesse medindo os limites da situação. Ele encontrou seu olhar com a mesma expressão séria, sublinhada por um sorriso malicioso.
“Podemos tirar a foto em outro lugar?” Erna perguntou, sentindo a coragem forçar suas palavras. “Naquela árvore ali”, disse Erna, apontando. “Ela tem flores e frutos, eu adoraria tirar a foto embaixo daquela laranjeira, seria um tema muito mais apropriado para nossa viagem.”
“A foto é em preto e branco, ninguém vai saber se é uma macieira ou uma laranjeira”, disse Bjorn, embora seu humor permanecesse alegre.
“Nós sabemos e isso é tudo que importa, certo?” Erna sentiu que poderia insistir um pouco mais, enquanto segurava sua mão com ambas as mãos, apertando suavemente.
Uma brisa fresca soprou na direção da laranjeira, dando ao ar um toque cítrico. Depois de examinar a árvore e sua esposa, cheirando a laranja, ele acenou com a cabeça. Ele acenou para o cinegrafista, que entendeu o gesto e reposicionou a câmera para a árvore.
Erna não pôde deixar de sorrir, parecia que seu mundo estava completo.
De mãos dadas, o Grão-Duque e sua esposa se posicionaram sob a laranjeira. Pequenas laranjas cresciam como lanternas apagadas, cercadas por flores brancas radiantes. O casal ficou parado, ainda de mãos dadas, esperando o fotógrafo, que parecia um pouco envergonhado por seu comportamento infantil.
“Tudo bem, estamos prontos”, Bjorn fez parecer um comando. Surpreso, o homem abaixou a cabeça e se preparou.
“Um.”
O fotógrafo ajustou a câmera por baixo do pano preto.
“Dois.”
Erna rapidamente endireitou sua postura, movendo-se como uma corça assustada. Ela olhou para Bjorn enquanto ele olhava para ela, eles sorriram em uníssono, a luz do sol pegando os cantos de suas bocas.
“Três.”
Assim que o fotógrafo terminou sua contagem, Erna se ergueu na ponta dos pés.