Reformation of the Deadbeat Noble

Capítulo 406

Reformation of the Deadbeat Noble

História Paralela – 4 O Caminho da Independência

Ralph, o vice-líder, franziu o cenho diante da comoção incessante e saiu da câmara de tortura. Mas, ao ver a cena diante de si, ela estava completamente além de sua compreensão.

“O quê? O que está acontecendo?”

Alguém havia destruído a porta em pedaços, cujos restos estavam espalhados pelo chão. Ao lado, seus subordinados gemiam, com os membros quebrados. Em meio ao caos, uma garota de cabelos prateados erguia com facilidade a espada larga que pertencia ao líder de assalto.

Ele soube instintivamente que aquela garota era quem o chefe queria que encontrassem. A pirralha ousada havia dominado dois homens adultos e escapado, apesar de sua pouca idade. No entanto…

“Ela veio até nossa sede e causou essa confusão toda? Isso faz algum sentido? Uma mera criança que não deve ter mais de doze anos?”

Seu raciocínio foi interrompido por uma aura cortante e um olhar ainda mais afiado fixado nele. A garota de cabelos prateados avançou, veloz como uma flecha disparada.

Urgh! — Os olhos de Ralph se arregalaram quando ela o lançou de volta para dentro da câmara de tortura.

Seu poder era espantoso, não apenas para sua idade. Ralph não conseguia entender como um chute tão forte pôde vir de um corpo tão pequeno. Confusão, perplexidade e um turbilhão de outras emoções tomaram sua mente, mas não havia tempo para pensar.

A garota, Elena, já havia se aproximado novamente, girando a espada larga na horizontal com uma força capaz de partir rochas. Ralph mal conseguiu bloquear o golpe com sua espada. E não era exagero dizer ‘mal’, Elena havia colocado uma força imensa no ataque.

A força dela inflamou o orgulho do segundo em comando da gangue Pendal. Ela já não era apenas uma garota. Era uma inimiga, e das fortes.

— Não vou mais pegar leve com você, pirralha louca.

Ralph se livrou da complacência que havia se instalado dentro dele sem perceber e saltou no ar, rangendo os dentes. Usando a espada cravada no chão como impulso, desferiu um chute com os dois pés, lançando a garota para trás. Elena ergueu a espada rapidamente, mas a diferença de peso corporal era grande demais para ela suportar.

Ugh — ela gemeu pela primeira vez quando suas costas bateram contra a parede.

Mas aquilo não era o fim. Ralph recuperou a espada e se aproximou de Elena em três passos. Concentrando todo o impulso e peso, desceu a espada larga como uma avalanche.

Ele atacou.

E atacou.

E atacou de novo, e de novo, e de novo.

Os outros capangas engoliram seco ao testemunharem a investida brutal, voltando tardiamente a si.

“Esse é o Massacre Fantasmagórico do vice-líder…”

“Só de assistir minhas pernas tremem.”

“Isso não é uma espada. É praticamente uma marreta. É como se…”

“Não parece que ele está cortando uma pessoa. Parece que está moendo e esmagando carne.”

Ralph usava pura força bruta! Uma vez pego em sua ofensiva, não havia escapatória. Enquanto o vice-líder liberava sua técnica suprema, os subordinados só conseguiam se afastar da batalha, os rostos pálidos de medo.

Mas algo surpreendente aconteceu: a garota não caiu. Ela resistia ao bombardeio implacável de golpes verticais poderosos, firme e determinada.

A atmosfera começou a mudar. Claramente, o vice-líder tinha a vantagem. Elena lutava contra a ofensiva incansável e sufocante. Cada vez que bloqueava um ataque, seu corpo balançava como um dente-de-leão ao vento, facilmente arrancado por qualquer um. Ela parecia incrivelmente frágil, mas não cedia. Não caía.

Ela resistia, resistia, e por fim, quando a respiração de Ralph ficou ofegante, os olhos de Elena brilharam com intensidade quando ele inspirou.

“Agora.”

A postura da garota mudou. Ela abaixou ainda mais o centro de gravidade. Canalizando toda a energia acumulada, impulsionou-se para cima como se empurrasse a terra com os pés e liberou tudo de uma vez. Desferiu um golpe ascendente poderoso, e os olhos de Ralph se arregalaram de terror. Não havia como bloquear.

De repente, outro homem surgiu. Com uma expressão fria, ele lançou Kron entre Ralph e Elena.

— Hup!

Assustada, Elena mudou rapidamente a trajetória da espada para salvar Kron. Ignorando o atordoado Ralph, ela o pegou e tentou recuar, mas não conseguiu. O homem misterioso interveio rapidamente e brandiu sua espada.

Os olhos de Elena se arregalaram. Os movimentos do homem eram rápidos, afiados e precisos. Com apenas uma troca de golpes, a garota percebeu que ele era extremamente habilidoso e se distanciou. Infelizmente, Kron já estava novamente nas mãos do homem.

— Ralph, seu idiota.

— D-d-desculpe — Ralph respondeu, a voz trêmula de medo.

E ele não era o único com medo. O que estava com o braço quebrado, o do nariz esmagado e até o que estava com as duas pernas quebradas, todos se esforçaram para se levantar e demonstrar respeito ao líder.

Elena assentiu. Sabia quem era.

— Pendal.

Ao ser chamado, Pendal virou levemente a cabeça, mas foi só isso. Sem dizer mais nada, voltou-se para o vice-líder e disse:

— Ralph, sabe por que te chamei de idiota?

— P-p-porque… eu estava perdendo para uma pirralha como ela…

— Não. Ela não era uma oponente que você poderia derrotar num confronto direto. Não sou tão insano a ponto de te repreender por falhar em algo que nem eu conseguiria fazer. Estou te repreendendo porque… — disse Pendal, sacudindo Kron em suas mãos. — Por que você não usou isto?

Crack!

— Argh! Ahhhhhh!

— Assim, e assim, e assim.

Crack! Crack! Crack!

— Argh! Ah! Ah… Ahhhhhh!

— Mesmo que você comece apenas quebrando alguns dedos do nosso refém aqui, já é o suficiente para pressionar a oponente. Se for alguém de coração mole, já era. Se não for, ainda assim vai ficar abalado mentalmente.

Elena rangia os dentes ao ver Pendal sorrir para ela. Era revoltante, principalmente porque ele estava certo. A garota não fazia ideia do que fazer, e só conseguia bater o pé de frustração, completamente impotente.

Deveria ficar parada? Mas será que soltariam Kron se ela o fizesse? E se tentasse um ataque surpresa? Mas isso não seria perigoso demais? Ele claramente não era um líder de gangue qualquer. Parecia alguém que havia alcançado o nível de especialista…

Ela conseguiria derrotar alguém assim enquanto salvava Kron?

A voz de Pendal ecoou de novo nos ouvidos confusos da garota:

— Isso não é tudo.

Os olhos de Elena se fixaram no líder.

— O orfanato de onde você veio.

— O quê… O que você está…

— Você sabe o que vou dizer, não sabe? Acabei de mandar gente pra lá. Eles vão reunir todos e fazê-los pagar por você ter ousado me desafiar, Pendal.

— Como… Como você pôde…

Pendal não se importava se Elena estava em agonia ou não.

— E então, Ralph? Entendeu o que eu quis dizer agora?

O olhar de Ralph se demorou um instante na garota antes de baixar. Não havia nada que pudesse fazer. Ele precisava sobreviver.

Um breve sentimento de pena a invadiu.

Ralph assentiu e respondeu:

— Peço desculpas. Vou levar isso em consideração daqui pra frente.

— Ótimo. O que importa numa luta é vencer. Use tudo o que puder a seu favor… Ah, não preciso mais disso.

Pendal largou Kron no chão. Lágrimas escorriam pelo rosto do garoto. Sempre foi pisoteado pelos outros, e tentou tanto escapar daquela vida; no entanto, o fato de continuar impotente alimentava uma fúria ardente dentro dele.

Elena sentia o mesmo.

“O que eu faço?”

Queria ajudar. Queria derrotar Ralph, derrotar Pendal, derrotar todos que ameaçavam o orfanato. Queria retribuir o imenso carinho que recebeu deles, mesmo que tivesse sido por apenas alguns dias. Mas não podia. Não conseguia.

Diante de um inimigo intransponível, Elena percebeu mais uma vez que era apenas uma criança.

— …net.

No entanto, havia uma diferença essencial entre agora e quando choramingou diante de Jenny mais cedo. Naquele momento, Elena ainda podia se entregar à tristeza de sua imaturidade.

Mas agora, tinha algo muito mais importante para proteger do que suas preocupações triviais e orgulho ferido, mesmo que isso significasse pedir ajuda. Ela tomou sua decisão.

De repente, Elena chamou em voz firme:

— Ignet… Senhorita Ignet Crecensia… Pode me ouvir? — Ela puxou o ar com esforço. — Se por acaso puder me ouvir, se por acaso estiver escondida em algum lugar e me observando… Por favor, atenda ao pedido desta criança arrogante, incompetente e autoconfiante demais… Kron, Jenny, o orfanato… Por favor, salve todos eles.

Pendal inclinou a cabeça.

— O que essa pirralha tá resmungando?

Era compreensível que ela estivesse em desespero. Apesar de possuir habilidades acima da média para sua idade, era impossível manter a calma numa situação daquelas, até um cavaleiro experiente ficaria abalado. Mas pedir ajuda do nada? Será que a situação extrema a enlouqueceu?

— Que tédio. — Pendal estalou a língua.

Olhou para Elena e depois para Kron se contorcendo no chão. Achou que a diversão de verdade estava prestes a começar, mas aquela pirralha estragou o clima. Bem, criança era criança. Não dava pra esperar muito delas.

Pendal puxou a espada na cintura. A lâmina, reluzente sob a luz do sol, exalava uma aura sinistra. Parecia que ele cortaria a garganta de Kron a qualquer instante.

Mas é claro que isso não aconteceu. Uma espadachim de cabelos negros, vestindo o uniforme do Reino Sagrado, apareceu brandindo sua espada antes que Pendal ou qualquer outro notasse.

Era a pessoa por quem Elena ansiava tão desesperadamente.

— Hã? — foi o som idiota que Pendal soltou ao olhar para sua mão, mais precisamente, para o próprio pulso.

Fwip!

Sangue jorrou com atraso da seção cortada com precisão em seu pulso.

— Q-quem?! — ele gritou, com a voz misturando dor e confusão.

A espadachim de cabelos negros não respondeu. Apenas balançou a espada mais uma vez. De novo, Pendal não conseguiu reagir.

Com ambas as mãos decepadas, ele gritou de dor:

Argh, ahhhhhh! F-Filha da… Sabe com quem tá mexendo?! Sabe quem tá por trás de mim?! Quem é essa pessoa que fez isso comigo…?!

Os capangas ficaram atônitos ao ver seu chefe assim. Conheciam Pendal como alguém que esmagava seus inimigos com força e carisma absolutos, não como alguém que se debatia de forma tão patética.

Ao mesmo tempo, surgia a dúvida. Seu chefe não mentia nem falava bobagem. Quem era essa pessoa que ele mencionou? Que tipo de existência poderosa lançava sua sombra sobre Eratria?

A espadachim de cabelos negros não disse nada aos capangas. Apenas balançou sua espada de novo.

— Argh, ahhhhh!

Pendal caiu no chão, agora também sem as pernas. Os capangas e até Elena olharam para a espadachim, sem palavras. Pendal, que parecia uma montanha intransponível, havia sido reduzido a um verme.

A espadachim ignorou os olhares e retirou água sagrada, derramando-a sobre os membros de Pendal enquanto usava magia sagrada. Com um som estranho, os membros se reconectaram, e Pendal recuperou as mãos e os pés. Era algo que não deveria ser possível, mas o corte limpo da técnica surpreendente, somado ao tratamento imediato, realizou um milagre.

Claro, era impossível recuperar todos os nervos menores, então Pendal jamais voltaria a ter toda sua antiga destreza marcial. Ainda assim, era melhor do que ficar aleijado, mas ele não demonstrava alegria alguma. Entendeu a intenção dela: causar dor ainda maior. Normalmente, ele não se abalaria com tortura, mas só de pensar no que viria a seguir, tremia.

Levantou os olhos. Mas não por muito tempo. Assim como não se pode olhar diretamente para o sol, a pressão que envolvia a espadachim fazia Pendal se encolher. Ele abaixou a cabeça e esperou em silêncio as próximas palavras dela.

Por fim, sua voz seca ecoou:

— Sou Ignet Crecensia. Se o nome do seu protetor chegar sequer perto da ponta da minha reputação, eu prometo a você uma morte sem dor.