The Irregular at Magic High School

Volume 1 - Capítulo 4

The Irregular at Magic High School

Os CADs eram o símbolo da superioridade da magia moderna, tornando possível magias mais rápidas, mais delicadas, mais complexas e de maior escala em comparação com as ferramentas tradicionais de suporte, como varinhas, grimórios e amuletos.

No entanto, eles não eram superiores às ferramentas tradicionais em todos os aspectos.

Eram instrumentos precisos e exigiam manutenção mais frequente do que as ferramentas tradicionais. Ajustar os sistemas de transmissão e recepção alinhados com as propriedades das ondas psiónicas do usuário era especialmente importante.

Os CADs utilizavam os psions enviados pelo mago como o ingrediente principal (ou talvez tinta, ou até tinta de pintura fosse uma analogia mais adequada) para emitir programas de ativação, que eram corpos de informação psiónica. A pele era um bom condutor de psions, então o mago absorvia os programas de ativação por meio dela e os utilizava como um plano para construir um programa mágico. Dizia-se que os feitiços usando um CAD podiam variar de 5 a 10 por cento em velocidade de ativação, dependendo de quão bem o CAD estava ajustado.

Psions eram considerados partículas que incorporavam pensamentos e intenções. Cada pessoa tinha seu próprio tipo de pensamento. Se houvesse cem pessoas, haveria cem tipos; se houvesse mil, mil tipos. As ondas psiónicas possuíam características que variavam levemente de pessoa para pessoa, e os CADs que não fossem ajustados para isso não seriam capazes de conduzir a troca de psions com o mago de maneira eficiente.

Havia muitos outros aspectos que tornavam o CAD mais fácil de usar também.

A afinação de CADs era o trabalho dos engenheiros de magia, e essa era a razão pela qual os engenheiros habilidosos eram tão valorizados.

Por sinal, as propriedades das ondas psiónicas mudavam com o crescimento ou decadência do corpo, e elas podiam até ser influenciadas pela condição física atual de uma pessoa. Rigorosamente falando, essas propriedades mudavam diariamente.

Portanto, por natureza, o ideal seria realizar ajustes de acordo com o estado físico do usuário todos os dias, mas ajustar os CADs exigia equipamentos dedicados e caros.

Se você fosse do exército, da polícia, de uma agência governamental central, de uma instituição de pesquisa de ponta, de uma escola renomada ou de uma grande corporação com vastos recursos, poderia obter o equipamento e o pessoal necessários para ajustar o CAD por conta própria, mas no nível de pequenas a médias empresas ou no nível pessoal, dificilmente se poderia configurar um local para afinar os CADs em casa. Para magos pertencentes a essas classes, levar seus CADs para uma inspeção de rotina em uma loja especializada em dispositivos mágicos ou na estação de serviço do fabricante uma ou duas vezes por mês era o máximo que conseguiam fazer.

A Primeira Escola era uma escola de elite de primeira classe, mesmo dentro deste país, então, como se poderia esperar, contava com instalações de ajuste de CADs para uso escolar. Normalmente, os alunos traziam seus professores e afinavam seus CADs na escola.

Mas, devido a circunstâncias especiais, havia equipamentos de ajuste de CADs novinhos em folha instalados diretamente na casa de Tatsuya.

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Depois do jantar, Tatsuya foi até o porão, que havia sido remodelado como uma oficina, para ajustar seus próprios CADs, quando ouviu a voz da única outra pessoa que essencialmente morava ali.

— Não seja tímida. Entre. Eu estava justamente em um bom ponto para fazer uma pausa.

Ele não estava mentindo. Na verdade, Miyuki tinha falado com ele precisamente porque estimou quando ele estaria alcançando aquele ponto de descanso.

— Com licença. Tatsuya, você poderia ajustar meu CAD para mim…?

Em suas mãos estava seu CAD em formato de terminal portátil.

À medida que ela se aproximava, um cheiro agradável e suave de sabonete acariciava levemente suas narinas.

Ela usava uma veste simples, como aquelas que um paciente em um hospital usaria para um exame.

— As configurações estão erradas?

Era o vestuário padrão para fazer ajustes.

— Ah, de jeito nenhum! Seus ajustes são sempre perfeitos.

O elogio exagerado dela era comum, então ele nem se deu ao trabalho de corrigir. Tatsuya já tinha experiência suficiente para perceber que discutir sobre isso seria improdutivo.

No entanto, ele havia feito uma manutenção completa há três dias. Normalmente, ele fazia isso uma vez por semana, então ela devia ter alguma razão repentina para o pedido.

— É que, bem...

— Você não precisa hesitar. Sempre digo isso, não?

— Me desculpe. Na verdade, estava pensando se você poderia trocar meus programas de ativação...

— O quê, era só isso? Você realmente não precisava fazer rodeios. Isso só me deixa preocupado.

Ele bagunçou um pouco o cabelo da irmã e pegou o CAD das mãos dela.

Miyuki abaixou a cabeça, um pouco envergonhada.

— Que família de magias você quer adicionar?

Noventa e nove programas de ativação podiam ser registrados em um CAD multipropósito de uma vez. Esse era um limite que não mudava, mesmo para o CAD de Miyuki, que havia sido ajustado além da mais recente tecnologia.

Por outro lado, as variações desses programas de ativação eram praticamente infinitas, dependendo de quanto do programa você queria codificar diretamente e quanto deixava para a sua própria região de cálculo mágico processar.

Em geral, as pessoas adotavam um padrão em que as coordenadas, a intensidade e as condições finais eram variáveis para o processamento adicional da região de cálculo mágico, enquanto outros fatores eram incorporados no programa de ativação. No entanto, muitas pessoas preferiam codificar a intensidade diretamente no programa para reduzir os cálculos necessários e aumentar a velocidade de execução. Havia muitos programas de magia defensiva que usavam as coordenadas relativas do próprio usuário como um valor fixo, e as aulas práticas introduziam técnicas de magia de contato que fixavam todos os valores.

Em contraste com esses exemplos, Miyuki gostava de registrar programas de ativação que eram mais flexíveis, eliminando o máximo possível de valores fixos.

Miyuki era capaz de dominar muito mais tipos de magia variados do que o mago médio poderia aprender, e ela tinha apenas quinze anos. Para ela, o limite de noventa e nove feitiços era muito pequeno.

— Programas de ativação do tipo restrição... Quero aumentar o número de variações para combate pessoal.

— Hm? Eu pensaria que, com sua magia de desaceleração, você não precisaria de mais em termos de magia de restrição.

Mesmo entre seus diversos trunfos, ela se destacava particularmente na magia de desaceleração. Com a magia de resfriamento, uma variação do tipo desaceleração, ela conseguia até mesmo se aproximar de um estado de zero absoluto.

— Como você bem sabe, a maior parte da magia de desaceleração consiste em técnicas que se aplicam a uma pessoa inteira, e é difícil aplicá-las a partes individuais. Desacelerar ou resfriar partes individuais não é impossível, mas leva muito tempo para lançar. Tive uma ideia enquanto observava o duelo de hoje. Acredito que me falta feitiços que deem ênfase à velocidade para incapacitar um oponente causando o mínimo de dano possível.

— Hmm... Não acho que você seja esse tipo, no entanto. Surpreender e confundir o oponente com sua velocidade é uma tática, mas seu poder mágico é absoluto e avassalador. Não seria melhor uma estratégia mais ortodoxa — anulando a magia do oponente interferindo na área ao redor dele e depois atingindo-o com uma magia que supere o alcance e a força das capacidades defensivas dele?

A interferência de área era uma técnica para anular a magia de um oponente ao colocar o espaço ao redor de si sob os efeitos de seu próprio poder mágico. Ao cobrir uma região fixa com magia que dizia "os eventos aqui não podem ser alterados", você podia obstruir a alteração de eventos induzida pela magia do oponente.

Como Tatsuya disse, a interferência de área de Miyuki era incrivelmente poderosa. Mesmo se ela perdesse a iniciativa em uma luta mágica, havia quase nenhuma chance de ela sofrer danos. A tática básica em um combate mágico de ser o primeiro a acertar o oponente não era realmente uma prioridade alta para Miyuki.

— ...Você não vai fazer isso? — perguntou Miyuki, timidamente.

Mas Tatsuya não disse não à sua irmã, que o questionava de forma tão hesitante.

— Não, não há nada que eu não faria. Vamos ver... No conselho estudantil, em termos de estratégia contra oponentes estudantes da mesma escola, talvez você realmente precise disso. Tudo bem. Vou tentar ajustar seus programas de ativação dentro da mesma família para não precisar eliminar nenhuma das magias que você já tem.

Quando Miyuki o persuadia, Tatsuya nunca recusava. Mas ele não esquecia de dar um conselho.

— Você deveria realmente considerar carregar outro CAD com você.

— Você é o único que consegue usar dois CADs ao mesmo tempo, Tatsuya.

— Estou dizendo que você também conseguiria se tentasse.

Miyuki virou o rosto, irritada, e ele acariciou o cabelo dela algumas vezes, sorrindo de maneira seca. Bagunçar o cabelo ou a cabeça dela era a solução básica de Tatsuya para melhorar o humor de sua irmã.

Os efeitos eram imediatos.

Miyuki estreitou os olhos de prazer com a sensação suave da mão de seu irmão em sua pequena cabeça.

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— Então, vamos tirar suas medições primeiro — disse ele com a expressão de um técnico, assim que viu que o humor de sua irmã havia melhorado.

Miyuki deu um passo para trás, relutante em se afastar da sensação da palma de sua mão, e tirou a veste com movimentos suaves.

O que surgiu foi sua figura imodesta, semi-nua.

A única coisa cobrindo seu corpo enquanto se deitava na mesa de medição era sua roupa íntima branca.

A cor pura e branca como a neve — a situação assumiu um tom extraordinariamente lascivo.

Mesmo sendo sua irmã — ou talvez, justamente porque Miyuki era uma beleza incomparável — ele não deveria ser capaz de permanecer calmo nessa situação. As abundantes curvas de seu corpo poderiam enlouquecer qualquer homem.

No entanto, quando os olhos de Tatsuya encontraram o olhar de Miyuki, carregado de uma vergonha não disfarçada, os dele não demonstraram um único traço de emoção.

Ele havia se tornado uma máquina viva, construída para observar, analisar e registrar.

Sem entreter qualquer emoção, reconhecendo a situação pelo que era, Tatsuya havia se tornado a realização do estado ideal que os magos almejavam alcançar.

====================

— Pronto, tudo feito. — Ao sinal de Tatsuya, Miyuki se sentou na mesa.

Esse tipo de medição não era algo feito em qualquer lugar.

Na verdade, ajustes que envolviam medições tão precisas eram raros.

Nas instalações da escola, você usaria um fone de ouvido e colocaria as mãos em um painel para que as medições fossem feitas.

Tatsuya entregou a veste de volta para Miyuki sem olhar para ela.

Enquanto ela a vestia, lançou um olhar irritado para as costas de Tatsuya, com uma expressão abatida.

Seu irmão estava sentado em uma cadeira sem encosto, voltado para seu terminal como se nada tivesse acontecido.

Não, não havia "como se".

Na verdade, nada havia acontecido, e ele fazia isso toda semana.

Se ele prestasse atenção a isso, não haveria fim para suas preocupações.

Não faria seu constrangimento desaparecer, e ele também não queria eliminá-lo completamente — mas, acima de tudo, ele simplesmente não pensava em nada.

Ele fazia questão de não pensar em mais nada.

Seu irmão permanecer calmo era algo pelo qual Miyuki era grata.

Pelo menos, na maioria das vezes.

— Você é malvado, Tatsuya…

— Miyuki? — A voz de Tatsuya foi interrompida pelo sussurro provocante de Miyuki.

A voz agitada e confusa de seu irmão, algo que ela ouvia muito raramente.

Ele se deu conta daquele tom, do coração descompassado, da temperatura corporal aumentando e de uma misteriosa satisfação.

Miyuki, agora com a veste colocada, mas sem fechá-la na frente, se aninhou nas costas dele como se quisesse que ele a carregasse. Enquanto esfregava a bochecha na dele, pressionando seus suaves seios gêmeos contra suas costas, continuou a sussurrar no ouvido do irmão.

— Sua irmã fica tão envergonhada, mas você sempre parece tão calmo...

— Hã, Miyuki, o que—?

— Ou você não me vê como alguém do sexo oposto?

— Seria ruim se eu visse! —

Era um argumento lógico. No entanto, no momento em que as palavras se manifestaram, elas se tornaram correntes de ferro, trazendo à tona aquilo que ele preferia não pensar.

— Eu não sou do seu gosto? Você prefere pessoas como Saegusa? Ou talvez Mari? Vocês estavam conversando tão intimamente hoje... —

— Você estava escutando? —

Ela não poderia ter escutado.

Miyuki estava o tempo todo aprendendo a usar os sistemas de informação na sala do conselho estudantil com Azusa.

Além disso, se ela tivesse tentado escutar, ele certamente teria percebido.

Mas ele não tinha tempo para construir uma argumentação contra isso.

— Bem, eu sabia! Acho que elas são bonitas, não são? —

— Olá? Miyuki? Você está entendendo algo errado aqui? —

— Olhando para todas essas veteranas bonitas ao seu redor... —

Em algum momento, a mão de Miyuki havia pegado seu CAD.

— ...Tatsuya precisa ser punido!

— Gwah! —

Pego completamente de surpresa e sem saber o que fazer, o corpo de Tatsuya se contraiu com a onda de vibração disparada por Miyuki, e ele escorregou da cadeira para o chão.

Técnica de autorreparo iniciada automaticamente.

Carregando os dados principais de *eidos* a partir do backup.

Carregando programas mágicos... completo. Autorreparo... completo.

O tempo em que ele ficou inconsciente foi inferior a um segundo.

Ele não permitiu que sua consciência se perdesse por mais de um momento.

Ele não permitia a si mesmo cair por mais de um momento.

Essa era sua magia original — e também uma espécie de maldição.

Quando abriu os olhos naturalmente, havia um rosto sorridente olhando para ele de cima.

— Bom dia, Tatsuya.

— ...Fiz algo para te irritar?

— Peço desculpas. Minha brincadeira foi longe demais.

Embora seus lábios pedissem desculpas, seu rosto exibia um sorriso. Era um sorriso fofo, apropriado para sua idade. Sua irmã raramente relaxava sua atitude madura fora de casa.

A única coisa que veio à mente quando confrontado com tal sorriso foi que, bem, isso realmente não importava.

Era apenas uma brincadeira infantil entre irmãos.

Por mais extremas que fossem suas ações, ela era incapaz de machucá-lo de verdade.

— Me dá um tempo... —

Ele agarrou a mão estendida dela e, enquanto sua boca resmungava, seu rosto também sorria.

====================

Ela acordou no horário de sempre.

Mas parecia que teve mais dificuldade naquela manhã do que de costume.

Estava um pouco atordoada.

Não conseguia sentir a presença de seu irmão na casa.

Provavelmente ele já tinha saído para seu treinamento matinal.

Isso também era normal.

Seu irmão ficava acordado até mais tarde que ela todas as noites e acordava mais cedo que ela todas as manhãs.

Acordar antes dele, como aconteceu anteontem, era realmente uma ocorrência rara.

No passado, ela se preocupava que ele pudesse se machucar.

Agora sabia que isso era uma ansiedade desnecessária.

Seu irmão, aquela pessoa — ele era especial.

As pessoas ao redor dela a chamavam de gênio.

Elas a elogiavam como especial, alguém diferente delas.

Mas elas não sabiam de nada.

A pessoa realmente incrível, realmente especial, o verdadeiro gênio, era seu irmão.

Ele estava em uma dimensão diferente.

Elas não entendiam.

Aquelas garotas que a elogiavam enquanto escondiam sua inveja nunca entenderiam.

Um talento verdadeiramente isolado vai além da inveja — ele inspira medo.

Não admiração, mas medo.

Ela sabia. Sabia como seu pai, dominado por esse medo, havia tratado sua própria carne e sangue, e como seu comportamento era injusto.

Seu irmão acreditava que ela não sabia disso.

Então, ela fingia não saber.

O pai deles — aquele homem desprezava o talento de seu irmão. Ele havia dado a ele uma falsa sensação de fracasso. Mesmo agora, ele tramava como destruir a mente, o espírito e as asas de seu irmão, que poderiam levá-lo para muito além dos céus. Ela sabia disso.

Era absurdo.

Ele tentou acorrentá-lo e jogá-lo em um canto, mas no final, percebeu o quanto o talento de seu filho superava o dele.

Eventualmente, ele deu a seu irmão recursos para compensar a liberdade que lhe havia negado.

Ele assistiu enquanto seu único talento — o de impor restrições — desmoronava diante de seus olhos.

A única coisa que aquele homem havia feito foi forçar a ele um nome falso e roubar dele a admiração do mundo.

Mesmo sabendo que seu irmão não tinha interesse nessas coisas.

...Ela estava perdendo o controle de seus pensamentos.

Começou a sentir como se fosse outra pessoa.

Tinha a sensação de que ainda não estava totalmente acordada.

Talvez não tivesse dormido o suficiente.

Ela sabia o motivo.

Era por causa do que aconteceu na noite passada.

Na hora, ela estava calma.

Seu irmão, confuso, parecia engraçado pela primeira vez — até fofo.

Seus sentimentos tinham superado os dele.

Mas depois que o deixou e foi sozinha para o quarto e se deitou na cama — então, não conseguiu permanecer calma.

O pulsar no peito dela não a deixava dormir.

Ela havia perdido a compostura e não conseguia pegar no sono.

Ele era tão querido para ela.

Mas...

Esses não são sentimentos de amor.

Não podem ser amor.

Aquele é meu irmão — ela repetia isso para si mesma desde três anos atrás.

Três anos atrás, quando ele me salvou, e quando percebi seu verdadeiro valor... Desde então, fiz o meu melhor para me tornar alguém digna de ser chamada irmã por ele.

Sempre esperei que um dia pudesse ajudar aquela pessoa do mesmo jeito que ele me salvou. Ainda quero nada mais do que me tornar alguém capaz de ajudá-lo.

Não desejo nada dele.

Minha vida já deveria ter se esgotado, e ele me salvou.

Agora, talvez eu seja apenas correntes que o prendem...

Mas um dia, quero ser a chave que o liberta.

Quero ser útil para ele.

Por enquanto, isso significa preparar o café da manhã.

Ele poderia tomar café da manhã lá onde treina...

...mas eu sei que ele vai deixar um espaço e voltar para casa educadamente.

Vou preparar um café da manhã delicioso para ele.

Porque é isso que posso fazer agora.

Miyuki deu um salto animado e se levantou, depois se alongou, fazendo um longo e alto espreguiçar.

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Ela acordou no horário de sempre.

Mas parecia que teve mais dificuldade naquela manhã do que de costume.

Estava um pouco atordoada.

Não conseguia sentir a presença de seu irmão na casa.

Provavelmente ele já tinha saído para seu treinamento matinal.

Isso também era normal.

Seu irmão ficava acordado até mais tarde que ela todas as noites e acordava mais cedo que ela todas as manhãs.

Acordar antes dele, como aconteceu anteontem, era realmente uma ocorrência rara.

No passado, ela se preocupava que ele pudesse se machucar.

Agora sabia que isso era uma ansiedade desnecessária.

Seu irmão, aquela pessoa — ele era especial.

As pessoas ao redor dela a chamavam de gênio.

Elas a elogiavam como especial, alguém diferente delas.

Mas elas não sabiam de nada.

A pessoa realmente incrível, realmente especial, o verdadeiro gênio, era seu irmão.

Ele estava em uma dimensão diferente.

Elas não entendiam.

Aquelas garotas que a elogiavam enquanto escondiam sua inveja nunca entenderiam.

Um talento verdadeiramente isolado vai além da inveja — ele inspira medo.

Não admiração, mas medo.

Ela sabia. Sabia como seu pai, dominado por esse medo, havia tratado sua própria carne e sangue, e como seu comportamento era injusto.

Seu irmão acreditava que ela não sabia disso.

Então, ela fingia não saber.

O pai deles — aquele homem desprezava o talento de seu irmão. Ele havia dado a ele uma falsa sensação de fracasso. Mesmo agora, ele tramava como destruir a mente, o espírito e as asas de seu irmão, que poderiam levá-lo para muito além dos céus. Ela sabia disso.

Era absurdo.

Ele tentou acorrentá-lo e jogá-lo em um canto, mas no final, percebeu o quanto o talento de seu filho superava o dele.

Eventualmente, ele deu a seu irmão recursos para compensar a liberdade que lhe havia negado.

Ele assistiu enquanto seu único talento — o de impor restrições — desmoronava diante de seus olhos.

A única coisa que aquele homem havia feito foi forçar a ele um nome falso e roubar dele a admiração do mundo.

Mesmo sabendo que seu irmão não tinha interesse nessas coisas.

...Ela estava perdendo o controle de seus pensamentos.

Começou a sentir como se fosse outra pessoa.

Tinha a sensação de que ainda não estava totalmente acordada.

Talvez não tivesse dormido o suficiente.

Ela sabia o motivo.

Era por causa do que aconteceu na noite passada.

Na hora, ela estava calma.

Seu irmão, confuso, parecia engraçado pela primeira vez — até fofo.

Seus sentimentos tinham superado os dele.

Mas depois que o deixou e foi sozinha para o quarto e se deitou na cama — então, não conseguiu permanecer calma.

O pulsar no peito dela não a deixava dormir.

Ela havia perdido a compostura e não conseguia pegar no sono.

Ele era tão querido para ela.

Mas...

Esses não são sentimentos de amor.

Não podem ser amor.

Aquele é meu irmão — ela repetia isso para si mesma desde três anos atrás.

Três anos atrás, quando ele me salvou, e quando percebi seu verdadeiro valor... Desde então, fiz o meu melhor para me tornar alguém digna de ser chamada irmã por ele.

Sempre esperei que um dia pudesse ajudar aquela pessoa do mesmo jeito que ele me salvou. Ainda quero nada mais do que me tornar alguém capaz de ajudá-lo.

Não desejo nada dele.

Minha vida já deveria ter se esgotado, e ele me salvou.

Agora, talvez eu seja apenas correntes que o prendem...

Mas um dia, quero ser a chave que o liberta.

Quero ser útil para ele.

Por enquanto, isso significa preparar o café da manhã.

Ele poderia tomar café da manhã lá onde treina...

...mas eu sei que ele vai deixar um espaço e voltar para casa educadamente.

Vou preparar um café da manhã delicioso para ele.

Porque é isso que posso fazer agora.

Miyuki deu um salto animado e se levantou, depois se alongou, fazendo um longo e alto espreguiçar.

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