The Beginning After The End

Volume 11 - Capítulo 1

The Beginning After The End

A/N: Neste capítulo extra, Arthur explora propositalmente uma possível linha do tempo alternativa na qual encontra Cecilia pouco depois de ela ter reencarnado. A intenção desta sequência era mostrar Arthur sendo mais determinado em seu uso e navegação da pedra-chave antes de ganhar a capacidade de manipulá-la livremente, bem como ajudar a estabelecer as experiências que levaram às decisões finais de Arthur com o Destino. Embora os eventos não tenham se encaixado na narrativa do Volume 11, acho que os leitores do Patreon ainda gostarão de ver as motivações de Arthur e Cecilia, pois se conectam diretamente com a conclusão final da trama.



POV ARTHUR LEYWIN

Das sombras das árvores, observei Tessia caminhar de um lado para o outro na clareira iluminada pelo sol. Exceto que ela não era mais Tessia. Não realmente. Não agora. Tess estava lá, enterrada sob uma Cecília recém-reencarnada e ainda confusa, mas era Cecília quem controlava o corpo de Tessia enquanto vagava de cabeça baixa, os lábios se movendo constantemente como se estivesse ensaiando algo.

O canto isolado da vila de Eidelholm parecia vazio, exceto por Cecília, mas ela não estava sozinha nesse momento crucial. Quando cheguei, encontrei vários magos alacryanos com emblemas de guarda na linha das árvores. Um dos corpos deles estava ficando frio a menos de três metros de mim, e os outros todos foram eliminados da mesma forma. O maior problema era a assinatura de mana vitriólica que conseguia sentir não muito longe dali. Apesar da minha passagem apressada pelas Relictombs para chegar aqui antes do ataque iminente de Aldir, eu estava confiante de que poderia derrotar Nico se necessário, mas isso consumiria um tempo valioso e potencialmente me custaria a chance de falar com Cecília.

Foram necessárias várias tentativas para atravessar as Relictombs de uma forma que me permitisse escapar de volta para Dicathen com tempo suficiente para romper a névoa mística da floresta de Elshire e a influência alacryana que se espalhava. Devido ao efeito de vórtice que capturava o impulso de minha passagem pela linha do tempo na pedra-chave, cada vida precisava ser vivida pelo menos um pouco dentro de cada momento; não me agradava a ideia de ser forçado a tentar tudo de novo se essa conversa não desse certo.

Se ao menos houvesse um jeito melhor de navegar por esse desafio, pensei por um momento antes de redirecionar meu foco de volta para Cecília. Com o quanto eu já havia mudado para chegar a este ponto, não podia me dar ao luxo de perder o foco ou poderia me esquecer de novo qual era meu objetivo e me perder nessa nova vida sem atingir minha meta.

Respirando fundo, saí das sombras da floresta e caminhei para o campo aberto. Cecilia estava de costas para mim enquanto caminhava em direção à parte de trás de uma extensa propriedade élfica. Chegando ao final de sua rota tortuosa, ela se virou, deu dois passos, e parou abruptamente ao me ver, seu olhar distante se focando em mim.

Esta não era a Cecília que enfrentei dentro das ruínas vazias do palácio de Exeges. No presente desta linha do tempo manifestada por uma pedra-chave, ela estava recém-reencarnada, confusa e mal conseguia controlar o novo poder que havia recebido. E ainda assim, em algumas horas, enfrentará um asura ao lado de Nico. Não era ódio ou aceitação que vi refletido de volta em seu olhar desta vez. Em vez disso, vi confusão e medo. E talvez até uma pequena centelha de esperança.

— Cecília — falei seu nome calmamente, como se falasse com um animal assustado. — Meu nome é Arthur. Eu gostaria de conversar.

Seus olhos estreitaram levemente e suas mãos se ergueram até a altura da cintura. Mana se agitava ao redor delas.

— Arthur Leywin. Eu… sei quem você é. Mas… — Ela fechou os olhos e virou a cabeça, uma expressão de dor em suas feições.

Dei alguns passos cautelosos para me aproximar.

— Você está experimentando as memórias da mulher cujo corpo você está habitando. Tessia Eralith.

Cecilia cerrou os dentes em uma careta azeda, com os olhos ainda fechados.

— Vocês estavam… prometidos um ao outro. Pare. Pare com isso! — Estas últimas palavras foram afiadas, quase dolorosas, parecendo ser dirigidas para dentro.

— Ela está lutando contra você.

— Ela pensou… que você estava morto… — Os olhos de Cecília se abriram de repente, e ela me encarou. — Você é nosso inimigo! Você lutou contra Nico.

— Tem mais do que isso — respondi, mantendo minha voz suave e não ameaçadora. — Você foi reencarnada de outro mundo, um lugar chamado Terra. Nico também. E eu também.

Ela congelou, ficando em branco.

— O quê?

Fiquei aliviado com sua óbvia surpresa. Eu sabia que Agrona tinha usado — ou melhor, estava usando — a recém-reencarnada Cecília para enviar uma mensagem aos elfos como Tessia, e imaginei que não teriam tido tempo para começar a manipular suas memórias ou envenená-la com o ódio de Nico por mim.

— Não sei o quão claras são suas memórias da vida anterior, mas espero que você se lembre de mim. — Estendi as mãos para os lados, as palmas voltadas para ela para mostrar claramente que estavam vazias. — Neste mundo, sou Arthur Leywin. Mas na última vida, fui chamado de Grey.

Cecília deu um suspiro, suas próprias mãos caindo enquanto a magia concentrada ao redor delas se dissipava.

— G-Grey? Mas… como?

— Agrona — falei simplesmente. — Nico e eu fomos os âncoras para a sua reencarnação. Nosso relacionamento com Tessia a moldou em seu receptáculo.

A boca de Cecilia se abriu e suas sobrancelhas franziram, mas não encontrou as palavras que procurava. Depois de um momento, sua boca se fechou novamente. Ela se virou e lançou um olhar sobre o ombro na direção da assinatura de mana de Nico.

— Não guardo rancor pelo que aconteceu na Terra — declarei com firmeza, tentando trazer seu foco de volta para mim. — Você escolheu o único caminho que via. Lamento tudo o que aconteceu, mas ambos fomos usados por forças maiores que nós. E Cecília, é por isso que estou aqui agora. Porque isso está acontecendo de novo.

Seu olhar lentamente voltou para mim, a suspeita se infiltrando em suas feições.

— Tessia. Sua mente está confusa e distante, seus pensamentos incoerentes. Ela estava quieta até a sua chegada. Ela está… confusa. Com dor. Você mentiu para ela.

Eu estremeci por dentro, embora tenha tentado evitar que o tique transparecesse em meu rosto. Meu propósito aqui não envolvia tentar resolver as coisas com Tessia. Isso teria que esperar até que eu resolvesse o quebra-cabeça da pedra-chave e encontrasse uma maneira de remover Cecilia do corpo de Tessia sem matá-la. Contudo, eu não havia previsto que Tessia poderia interromper essa conversa ou a desviar do curso.

— Sinto muito, Tessia, tanto pela mentira quanto por você ter descoberto dessa forma — disse, falando através de Cecilia para a mente meio desperta abaixo dela. — Mas se você já teve algum amor por mim, eu preciso que você me deixe falar com Cecilia sem interferir.

O olhar de Cecilia se voltou para baixo, quase como se ela estivesse olhando para dentro de si mesma.

— Ela ficou quieta. Ela… confia em você. — Seu foco voltou para mim. — O que você quer, Grey? O que você quer dizer com “está acontecendo de novo”?

Deixando escapar um suspiro profundo, sentei-me em uma grande pedra à beira da clareira.

— Quanto você sabe sobre Agrona e por que você foi reencarnada?

Ela hesitou.

— Nico me disse apenas que Agrona é nosso benfeitor. Ele nos deu outra chance de vida em troca de nossa ajuda. Nico viveu quase duas décadas neste mundo.

— Por que ele quer você, especificamente? — perguntei, embora já soubesse a resposta.

As feições de Cecilia se contorceram de angústia.

— Porque eu sou o Legado.

Concordei com a cabeça, soltando um suspiro superficial.

— Agrona é um mestre da manipulação mental. Ele pode até remover e substituir suas memórias. Ele já fez isso com Nico, e vai fazer isso com você também. O que você passou na Terra vai parecer ameno em comparação.

Cecilia deu meio passo para trás, olhando para mim como se eu a tivesse atacado.

— Nico não faria isso comigo. Ele sabe o que eu passei melhor do que qualquer um.

Balancei a cabeça com tristeza.

— Ele não é a mesma pessoa de antes. Em parte, isso se deve à manipulação de Agrona, mas ele continuou vivendo depois que você se matou em minha espada, Cecilia. E todo esse tempo, ele pensou que eu te matei só para ser rei. Esse ódio ferveu dentro dele pelo resto da vida. Depois de ser reencarnado, Agrona alimentou essa raiva, transformando Nico em uma arma.

— Não é verdade… — Cecilia se interrompeu, olhando novamente na direção da assinatura de mana distante de Nico. — Por que você está aqui, Grey? Por que está me contando tudo isso?

Eu sabia que estava indo longe demais, mas se eu fosse conseguir algo útil de Cecilia nesta conversa, precisava que ela estivesse pronta para me contar tudo.

— Se ele ainda não fez, Agrona vai prometer mandar você e Nico de volta para a Terra. Não para suas vidas antigas, mas para qualquer vida que vocês desejarem. — Quando finalmente escapar da pedra-chave, eventualmente terei que enfrentar Cecilia. A verdade era que eu não sabia como derrotá-la sem destruir Tessia. — Essa promessa é uma mentira. Agrona está usando você, e não tem a intenção de recompensar nenhum de vocês.

Suas sobrancelhas franziram e seu olhar se afiou.

— Como você poderia saber de tudo isso, Grey? Você parece muito bem informado para ser um dos inimigos de Agrona.

— Eu sei bastante — admiti, encontrando seu olhar. — Mas preciso saber mais. É por isso que estou aqui. Preciso de sua ajuda. Se puder me contar o que preciso saber, também vou te ajudar.

— Como?

— O que você quer, Cecília? — Eu me levantei, dando alguns passos hesitantes em direção a ela. — Você foi agraciada com uma segunda chance de vida. Eu era um rei na Terra, mas aqui, ganhei o que sempre quis de verdade: uma família. Pode parecer uma troca estranha, mas é uma que faria de novo sem hesitar, não importa quantas vezes reviva esta vida. Mas e quanto a você?

Cecília passou a mão pelo rosto, visivelmente cansada. Ela deu alguns passos desajeitados para trás e se deixou cair em um banco que estava encostado na parede traseira da mansão élfica.

— Eu não sei.

Aproveitando a oportunidade, eu me aproximei cautelosamente e me ajoelhei a alguns passos dela.

— Eu sei que você já está lidando com muita coisa, e estou acrescentando mais ainda. Mas preciso saber, Cecília. Se você pudesse fazer qualquer coisa com essa nova vida, o que seria?

Ela ponderou por um longo tempo e finalmente respondeu:

— Normal, Grey. Eu quero ser… normal.

Permaneci em silêncio, dando espaço para ela continuar falando.

— Eu não sou o Legado. Pode ser uma característica que eu tenha, mas não sou eu. Só queria… bem, queria que alguém, em algum lugar, me visse como qualquer outra coisa. — Seu franzir de sobrancelhas se transformou em um meio sorriso irônico. — Acho que esse alguém é o Nico. — O breve sorriso desapareceu, e ela olhou para cima através dos cabelos de Tessia, que caíam sobre seu rosto, para me perfurar com um olhar furioso. — Vou protegê-lo, Grey. Se você pretende enfrentá-lo, terá que enfrentar a mim também.

Ansioso para me mostrar o menos ameaçador possível, eu me ajoelhei completamente, sentando-me de volta nos calcanhares e dobrando as mãos no colo.

— Eu entendo. E Agrona também entende. Você pode não acreditar nisso agora, mas quero ajudar você, Cecília. Você, Nico e Tessia. Porém… não entendo o suficiente sobre o que ele fez com você. Sabe de algo que possa me ajudar a libertá-la dessa prisão?

Cecília parecia se encolher enquanto pressionava o rosto nas mãos.

— Estou tão confusa, Grey. Eu não… o que está acontecendo? Eu estava morta. Ainda lembro da escuridão tranquila, o alívio no fim de tanta dor. Mas mal fechei os olhos e então… luz branca e um coração partido. Deus, ela está sentindo tanta dor.

Meu maxilar se contraiu até que meus dentes rangeram enquanto eu imaginava Tessia presa dentro de seu próprio corpo, amarrada e silenciada pelas tatuagens rúnicas que subiam pelos braços de Cecília até o pescoço. Membro por membro, flexionei meus músculos até doerem, depois liberei a tensão. Finalmente, meus dentes rangentes se separaram, e deixei escapar um suspiro calmo.

— Como posso libertar vocês uma da outra?

Cecília balançou a cabeça, seu cabelo ondulando em torno do rosto.

— Eu não sei. Nico… — Ela engasgou com o nome dele e teve que engolir antes de continuar. — Nico disse que ela… não está realmente aqui. Que ela está morta e estou vivenciando um eco de suas memórias.  E que Agrona pode acalmá-las e até tirá-las, se necessário.

— Isso não é verdade — falei, tomando cuidado para manter minha voz suave. — Nico pode não saber, mas está apenas transmitindo mentiras de Agrona.

— Estou?

Cecilia se levantou, procurando a fonte da voz, mas eu me ergui mais devagar. Nico havia suprimido sua assinatura de mana enquanto se aproximava, e com o Realmheart ainda limitado nesta linha de vida, eu não era sensível o suficiente para perceber sua aproximação. Ele estava parado nas sombras das árvores, uma silhueta negra dentro do cinza.

— Nico, Cecília. — Coloquei um tom de advertência em seus nomes. — Hoje, seu discurso será interrompido por um ataque de Epheotus. Dois asuras. Eles vão destruir toda Elenoir e tudo o que vocês construíram aqui. Vocês vão lutar contra eles, perder e fugir. Eu vou encontrá-los novamente depois. Um mês a partir de hoje na Cidade Vitoriosa.

— Que besteira — disparou Nico, saindo para a luz da clareira. — Você é um assassino, Grey. Eu não acreditaria em você nem se me dissesse que o céu é azul e que a água molha. Você foi um tolo por vir até aqui, e um tolo ainda maior se pensa que vou deixar você…

— Nico, ele não me matou — interrompeu Cecília, passando apressadamente por mim para encontrá-lo.

Seu olhar se voltou para ela, mas algo vacilou em suas palavras.

— Você não sabe o que está dizendo. Você está confusa, Cecilia. Eu estava lá. Eu vi…

— Eu me lembro — ela insistiu, cortando-o novamente. — Eu o provoquei, pressionando-o cada vez mais, e depois baixei minhas defesas no último momento. Pode ter sido a espada dele que desferiu o golpe, mas a escolha foi minha.

Nico deu um passo para trás como se tivesse levado um soco, seu rosto já pálido ficando ainda mais branco como um fantasma.

— Isso não pode ser verdade, isso… — Ele desviou o olhar dela para mim. — Não, você a matou. Eu vi com meus próprios olhos!

— Cidade Vitoriosa — repeti. — Um mês.

Então me virei e fugi para a floresta. Senti Nico começar a vir atrás de mim, mas Cecília o deteve. Quando senti que estava a uma distância segura, usei o tempus warp de curto alcance que havia conseguido para teletransportar de volta para o portão mais próximo das Relictombs, enterrado e quebrado no coração das Grandes Montanhas, mas agora reparado pelo Réquiem de Aroa. Eu já havia pensado em Ellie, mas sabia que ela havia escapado viva e, além disso, nada aqui era real.

Com um último olhar do teto rochoso em direção a Elenoir, que deixaria de existir dentro de uma hora, entrei de volta nas Relictombs para iniciar a próxima fase do meu plano.


A Cidade Vitoriosa surgiu abaixo de mim como um enorme formigueiro que acabara de ser chutado. Não só funcionava como centro militar da costa oeste de Alacrya, com um fluxo constante de soldados entrando e saindo da cidade, mas seu povo também se preparava para o Victoriad. Foi exatamente por isso que escolhi este local: não achei que seria difícil para Nico e Cecilia inventarem uma desculpa para estarem aqui neste dia específico.

Tecnicamente, não podia ter certeza de que eles chegariam, mas após meu aviso sobre os asuras se provar verdadeiro, era difícil imaginar que não o fariam.

Como eu não emitia nenhuma assinatura de mana, era fácil circular por Alacrya sem ser notado. Do alto de uma torre de sino central — um antigo sistema de alarme substituído há muito tempo por artefatos mágicos mais eficientes —, eu poderia sentir suas poderosas assinaturas de mana no momento em que chegassem.

O início da manhã transcorreu sem incidentes, e eu desfrutei de um café da manhã com frutas frescas. Quando estava cuspindo a semente da última, Regis flutuou pelo chão da torre em sua forma de fogo fátuo.

— O pessoal do Alaric confirmou que não houve nenhum burburinho entre os soldados locais. Eles parecem ter se mantido em silêncio sobre essa reunião, quer pretendam estar aqui ou não.

Apenas assenti e joguei um pedaço de carne seca de wogart, que ele pegou no ar. Em silêncio, retomamos nossa vigília.

Não se passaram mais que vinte minutos antes que o ar mudasse, com duas novas e poderosas assinaturas aparecendo na cidade. Elas deixaram as plataformas de tempus warp e se moveram com determinação. Eu esperei. Mudaram de direção, e então novamente, e eu relaxei.

— Vá buscá-los.

Regis desapareceu novamente, descendo pela torre e correndo em uma rota de interceptação para as duas potentes assinaturas.

Não precisei esperar muito para que retornassem.

Em vez de navegar pelas ruas e escadas, Nico e Cecilia voaram sobre os telhados. Fiquei na beira do campanário, esperando. Eles pararam a uns quinze metros de distância, pairando no ar aberto. Suas expressões eram difíceis de ler, mas imediatamente pareceram distantes e cautelosas.

Regis voltou logo atrás deles, solidificando-se ao meu lado. Seu pelo estava eriçado.

— Fico feliz que tenham sobrevivido ao ataque de Aldir e Windsom — falei, cruzando os braços sobre o peito e dando-lhes um olhar estoico.

Foi Nico quem respondeu:

— O que você disse acabou se mostrando verdadeiro. Tanto sobre os asura quanto sobre… a Terra. Então a pergunta real agora é, o que você quer, Grey?

Eu tinha pensado sobre este momento repetidas vezes durante este um mês. Não vi nenhuma vantagem em prolongar a conversa ou em ficar dançando em torno do assunto.

— Como posso convencê-los a deixar Agrona?

Eles trocaram um olhar sutil.

— É realmente por isso que se esforçou tanto para nos encontrar, não uma, mas duas vezes?

— Não, esta não é minha única pergunta, não. — Os pelos na parte de trás do meu pescoço estavam arrepiados, mas não sabia o porquê. — Como funcionou a reencarnação de Cecilia? Agrona sabe como pode ser desfeito sem matar nenhum dos espíritos alojados no corpo? Qual é o verdadeiro propósito de Agrona para a Legado?

Eu ainda não sabia realmente que tipo de poder o Destino me daria quando escapasse da pedra-chave, mas precisava descobrir como lidar com Cecilia e Nico sem matar Tessia no processo.

Quando eles não responderam, direcionei meu foco para Cecilia. Ela não estava neste mundo há tanto tempo quanto Nico, e havia menos tempo para Agrona corrompê-la.

— Não posso prometer que poderei realizar todos os seus desejos, mas posso prometer a vocês dois que Agrona nunca cumprirá sua parte em qualquer acordo. Enquanto tiverem valor para ele, ele os manterá, e uma vez que não tenham mais, os descartará.

Fiquei frustrado enquanto o par continuava me olhando sem responder. Era quase impossível vê-los como Elijah e Tessia agora. Mesmo usando os mesmos rostos, eram claramente Cecilia e Nico.

Foi então que tudo se encaixou.

Fechei os olhos e baixei minha cabeça.

— Uma armadilha.

De repente, a torre estava caindo no chão, como uma espada em carne macia. Meus pés saíram do chão e me choquei contra o teto. Ao meu lado, Regis gritou e se tornou incorpóreo antes de voar para o meu peito. Ativei God Step, mas uma parede de ruídos horríveis me pressionou, batendo-me contra o piso ainda em movimento com força suficiente para quebrá-lo. O guincho miserável e estridente me roubou todos os sentidos.

Distantemente, percebi que estava caindo no centro do campanário, depois uma parada repentina e muitas toneladas de pedra e terra desabando ao meu redor, esmagando-me. O guincho permaneceu, como cacos de vidro se esfregando uns contra os outros dentro do meu cérebro. Meu corpo lutou para se recuperar, mas grande parte dele foi esmagado e muitas barras de aço me perfuravam. Eu deveria ter sufocado, mas não consegui escapar da agonia de respirar nada além de sujeira.

Felizmente, permaneci praticamente insensível, e o pior da dor foi abafado pelo feitiço que, ao mesmo tempo, estava afogando minha capacidade de pensar com clareza. Demorou um pouco, mas minha mente consciente começou a se mover em meio ao barulho. Eu sabia disso porque a dor ficava mais forte à medida que eu ficava mais consciente.

O peso em cima de mim se deslocou, e voltei a mim bem a tempo de ver metade do telhado do campanário ser levantado, flutuando no ar.

Agrona flutuou no espaço que se abriu, tornado visível por uma estrela brilhante que orbitava Cecília. Ele parecia estranhamente deslocado com seus trajes finos em meio aos destroços da torre nas profundezas da Cidade Vitoriosa.

Ele estava balançando a cabeça.

— Ousado, Arthur. Muito ousado. Um triste fim para o nosso jogo. — Ele olhou para Nico e Cecilia. — Eles são meus. Você realmente esperava conquistá-los tão facilmente? — Com um gesto de sua mão os destroços e o que sobrou do meu corpo flutuaram da cratera. A dor atingia cada tendão, articulação, membro e órgão. — Bem, sua história ainda não terminou. Ainda há muito que podemos aprender com seu corpo.

Fechei os olhos e soltei uma risada genuinamente divertida. O som foi interrompido quando comecei a tossir sangue.

— De fato. Estou… interessado em ver o que mais podemos aprender. Juntos.

Comentários