Volume 1 - Capítulo 3

— O quê? O que aconteceu? Onde que eu tô!?

A mente de Alex estava absurdamente confusa. Ele sabia que alguma coisa tinha acontecido com ele. Sentiu como se estivesse dormindo, e só agora acordou.

Com a única diferença sendo o fato de não fazer ideia de onde estava.

Alex só sabia que agora estava em pé no meio do salão mais imponente que já viu na vida. Só o tamanho do lugar era de assustar. Alex suspeitava que esse salão tinha mais de um quilômetro de comprimento! E provavelmente tinha mais de 100 metros de altura!

Quem iria construir uma coisa assim?

O lugar parecia ter sido pintado com vermelho e preto, causando uma espécie de sentimento maligno.

Eles contrataram algum adolescente para planejar esse lugar? Quem pintaria um lugar tão grandioso com vermelho e preto? Alex pensou enquanto franzia as sobrancelhas. Além disso, por que é tudo tão vazio? Claro, tem algumas coisas nas paredes, mas não tem nada entre elas, com exceção desse grande tapete escuro.

Alex olhou para o tapete e percebeu que alguma coisa estava bordada nele.

Era a máscara de um bobo da corte. Basicamente uma máscara branca com o rosto de uma pessoa rindo.

Esquisito.

Alex olhou para frente e seus olhos se arregalaram.

Uns 100 metros na frente de Alex estava um grande trono. O trono provavelmente tinha mais de dez metros de largura e ia até o teto desse enorme salão.

Alex também reparou que alguém estava sentado no trono.

Era um homem jovem, provavelmente com pouco mais de 20 anos, igual Alex. Ele tinha um cabelo longo, vermelho e preto, mas Alex não conseguia ter certeza de quão grande era o seu cabelo porque o homem estava de frente para ele, o encarando com um sorriso pretensioso. 

Outro aspecto interessante da aparência do homem eram seus olhos vermelhos, mas Alex não conseguia vê-los dessa distância.

No entanto, também parecia um pouco ridículo, já que era muito pequeno para um trono desse tamanho.

Essa é uma criança gótica? pensou Alex. Espera, até onde eu sei, góticos são mais cinza e preto. Acho que emos são mais vermelho e preto. Foi ele que planejou esse lugar? Provavelmente, considerando a sua roupa.

Alex continuou a encarar o jovem enquanto o último apenas sorria de volta.

Segundos passaram.

Alex estava olhando desconfortavelmente de um lado para o outro. A pessoano trono não estava começando uma conversa e só olhava para ele.

Será que ele devia começar uma conversa?

Bom, ele tinha perguntas suficientes, então por que não?

— Com licença! — Alex gritou, sua voz ecoando no grande salão vazio. O homem estava a uns 100 metros de distância dele, afinal.

Nenhuma reação.

Será que ele não me ouviu? Alex pensou, inserto.

Assim, deu um passo para frente.

Thump!

Alex caiu e mal conseguiu se apoiar com as mãos.

O quê? Onde está minha bengala!? Alex pensou em pânico enquanto procurava pela bengala. Infelizmente, não conseguiu encontrar.

Assim, eu até consigo andar sem a bengala, mas é estranho pra caralho, Alex pensou enquanto se levantava.

Seu equilíbrio era até que bom, o que o surpreendeu. Normalmente seu pé direito balançava desajeitadamente, devido ao dano no seu tornozelo direito. Alex só conseguia usar aquele pé quando equilibrava seu peso por toda a sua perna.

Alex deu um passo para a frente, e então respirou profundamente em choque, percebendo que conseguia mover seu pé direito.

Como!?

Alex se equilibrou com a perna esquerda enquanto movia seu pé direito no ar.

Mobilidade completa!

Sem dificuldade!

Whoooosh!

Alex deu um chute, e sua mente começou a entrar em caos.

Isso era exatamente igual na época que lutava!

Que porra é essa!?

Alex testou sua perna direita um pouco mais enquanto pulava e chutava algumas vezes.

Entretanto, depois de alguns segundos, soltou um suspiro desanimado. Não tem jeito do meu pé ter realmente sido curado. E mesmo que tenha sido, ainda devem existir alguns problemas pequenos com meu movimento, e alguns músculos no meu pé devem ter atrofiado.

Isso obviamente é um sonho.

BOOOOM!

O som de uma explosão ecoou pelo salão, vindo da frente de Alex! O som foi tão alto que seus ouvidos começaram a zumbir enquanto era jogado para trás pela onda de choque.

Felizmente, a onda de choque não o machucou.

— Toda maldita vez! — uma voz raivosa gritou.

Alex balançou a cabeça tentando se acalmar.

— Toda maldita vez! — a voz repetiu, obviamente ficando furioso. — Toda vez que eu consigo uma alma do seu mundo, toda vez eles pensam que é um sonho!

Era o jovem falando?

Era difícil de ver dessa distância.

Espera, então como eu consigo ouvi-lo? Soa como se ele estivesse bem do meu lado.

— Isso está ficando chato! — a voz falou irritada. — Que tal, uma vez, algum de vocês só andar para frente? Que tal, uma vez, algum de vocês só andar até mim?

Alex olhou ao redor enquanto tentava encontrar a origem da voz, mas não tinha ninguém ao seu redor. Além disso, a voz estava vindo da frente.

Era realmente aquele jovem?

— Toda maldita vez, eu assisto vocês, e toda maldita vez, vocês fazem a mesma coisa! — o homem gritou.

Alex viu que o corpo do homem estava se movendo levemente de um lado para o outro, mas era difícil de julgar de uma distância tão grande.

— Oh, o que é esse salão? Oh, o que aconteceu com meu corpo? — o homem gritou em tom sarcástico.

Acho que ele levantou o braço para imitar alguém falando, Alex pensou enquanto ele se concentrava no trono.

BANG!

Outra explosão, mas, dessa vez, Alex conseguiu, com dificuldade, se manter de pé.

No entanto, essa explosão fora ainda mais chocante que a primeira.

Por quê?

Porque Alex viu o que causou a explosão.

O homem tinha levantado o braço e batido.

E então algo chocante aconteceu.

O apoio de braço do trono afundou e parou logo abaixo do punho do jovem.

Um trono com dez metros de largura diminuiu para pouco mais de cinco metros.

E a explosão? 

Isso era só o punho dele!

Só o mero ato de bater o punho no apoio de braço do trono a 100 metros de distância tinha jogado Alex no chão.

Isso era insano!

Tudo que aconteceu levou um bom tempo para descrever, mas, na prática, quase nenhum tempo passou. O jovem ainda estava reclamando.

— E então. E então! E então vocês sempre falam as mesmas malditas palavras! Vocês sempre falam “com licença”! Não dá pra mudar um pouco!? Nenhum de vocês consegue dizer “olá”, ou “bom dia”, ou “foda-se”, ou LITERALMENTE QUALQUER OUTRA COISA!?

Alex ainda não conseguia aceitar a situação.

Beleza, isso é impossível. Isso com certeza é um sonho! ele pensou.

Whoooop!

Subitamente a distância entre Alex e o homem diminui. Em menos de um segundo, Alex estava a pouco mais de meio metro a frente do homem.

— O que você acabou de pensar!? — o homem rosnou com olhos cerrados. — Atreva-se! Pense nisso mais uma vez! Veja o que acontece!

Por algum motivo, Alex se sentiu aterrorizado.

Normalmente ele não teria medo de um jovem sentado em um trono, mas por algum motivo sentiu que precisava ser muito cuidadoso agora. Se não, poderia cometer um erro do qual se arrependeria muito!

Alex olhou nervosamente para os olhos do homem enquanto era encarado de volta.

— Então, que tal eu falar dessa vez? — Alex perguntou.

O homem piscou algumas vezes surpreso.

— Oh, essa é nova, — ele disse, toda a sua raiva desaparecendo. — Vá em frente. Quero ver como isso se desenrola.

Alex engoliu em seco.

— Isso é obviamente um sonho — Alex expressou.

— O que te faz achar isso? — indagou o homem enquanto ele se recostava. As costas do trono se moveram para a frente sozinhas.

— Isso — disse Alex apontando para as costas do trono. — Tronos não fazem isso.

— O meu faz — respondeu o homem com um sorriso pretensioso.

— Como? — perguntou Alex. Ele queria saber como que o cara conseguia racionalizar uma coisa dessas.

— Assim.

Whoop! Whoop! Whoop!

Subitamente todo o salão ficou ondulado. Paredes voaram em direção a Alex e então foram para longe. O trono estava até balançando como um desses bonecos infláveis que se vê na rua.

Surpreendentemente, Alex continuou calmo.

— Viu? — Alex disse calmamente. — Obviamente um sonho.

O salão parou, e o homem contraiu o nariz.

— Tudo bem, isso está ficando chato.

SHING!

O pé direito de Alex foi cortado na altura do calcanhar, simples assim.

O homem nem se moveu.

Alex caiu no chão surpreso e olhou para a perna sangrando. Seu rosto se encheu de pavor, só que depois de dois segundos, surpreendentemente voltou para uma expressão calma.

— Viu? Eu não estou sentindo dor — Alex proferiu. — Logo, isso é um sonho.

O jovem riu.

— Você está sob choque. Espere alguns segundos — O homem falou com um sorriso convencido.

Alex olhou com ceticismo para o homem e depois para o seu pé direito. Ele moveu sua perna com uma curiosidade mórbida.

Alguns segundos passaram.

Alex fez uma pequena careta. — Beleza, talvez esteja doendo um pouco.

— Espere mais um pouco — expressou o homem.

Alex começou a suar e sua respiração acelerou.

— Beleza, talvez esteja doendo bastante.

— Espere mais um pouco — repetiu o homem com o mesmo sorriso.

— Talvez… talvez… argh!

A voz de Alex parou e suas mão foram direto para sua perna direita. Todo o seu corpo tensionou enquanto ficava cada vez mais difícil de respirar.

E então, Alex perdeu o controle.

No entanto, não podia ser culpado por sua reação ruim. Pegue uma pessoa normal nas ruas e corte sua perna. Veja como ela reage.

— Lá vamos nós — disse o jovem sorrindo. — Agora, voc-

— Aaaargh!

O jovem franziu as sobrancelhas. — Beleza, agor-

— Aaaargh!

— Calado!

Whooop!

Subitamente, toda a dor desapareceu.

A mente de Alex estava em choque.

Espera, o quê?

Alex olhou para baixo e viu que seu pé direito estava de volta.

O quê?

— Pronto!? — perguntou o jovem com um tom irritado. — Conseguiu pôr pra fora, ou quer gritar um pouco mais?

Alex não conseguiu entender a situação e tentou encontrar sentido nisso.

— Tudo bem, isso está levando tempo demais! — o jovem falou ao se levantar.

BANG!

Outro chute.

Alex tossiu várias vezes. Esses chutes não era brincadeira!

O homem continuou andando em direção a Alex. — Você estava a caminho do além e foi nesse momento que peguei sua alma

Alex começou a se levantar, contudo, antes que conseguisse ficar de pé, levou outro chute, que o arremessou longe.

— Eu te transportei para o meu Domínio — continuou o jovem enquanto suas mãos apontavam para o salão ao redor. — Esse é o meu palácio pessoal.

Alex rapidamente se levantou enquanto o jovem se aproximava novamente.

Whoosh!

O chute do jovem errou por pouco, pois Alex mexeu seu torso para o lado.

BANG!

Então, Alex socou o jovem bem no meio do rosto!