My Iyashikei Game

Capítulo 994

My Iyashikei Game

Capítulo 994: Flor no Mar

A voz no mar era calma. Ele havia refletido por muito tempo sobre aquela coisa que não podia contar a ninguém. Por isso, quando tomou aquela decisão, estava mais tranquilo do que qualquer outro. A partida pelo mar pareceu repentina, mas havia uma preparação sem fim por trás dela. Cada gota d'água chamava, mas as pessoas só viam aquilo como um mar normal.

"Deve estar sendo difícil para você lidar com isso até agora..."

Han Fei tentou mergulhar para baixo, mas tudo o que tinha ficou congelado no lugar. A tatuagem de fantasma em seu corpo desapareceu. Só ele podia alcançar as profundezas do mar. Sua memória dos vizinhos foi despedaçada. Han Fei virou-se para olhar. Não havia mais ninguém. Nenhum os impediu. Apenas estendiam as mãos. Se Han Fei quisesse voltar, o puxariam de volta. A fadiga tomou conta de todo o seu corpo. Era difícil distinguir a noite do dia. Han Fei tentou se comunicar com a voz do mar, mas a única resposta que obteve foi silêncio. O brilho na superfície do mar desapareceu.

"Eu não queria partir, mas foi tão doloroso. Não sabia o que fazer. Não queria que ninguém ficasse triste, mas não consegui segurar mais."

"Parece que um dente podre está crescendo dentro do meu coração. Isso causa uma dor enorme, meu corpo treme, mas não consigo encontrar nenhuma maneira de curá-lo. Então, depois de muita hesitação, decidi arrancá-lo."

"Você pode me chamar de egoísta."

A sombra no mar foi ficando para trás. Apenas Han Fei nadava em direção a ela. A tatuagem de fantasma foi lavada pela água do mar. Tudo o que Han Fei experimentou no mundo enigmático virou bolhas coloridas. Ele estava perdendo tudo, mas continuava mergulhando mais fundo no oceano. “Vou acompanhar você.”

"Você fez bem. Você trabalhou duro. Obrigado por me contar. Pode esperar um pouquinho mais? Deixe eu nadar até você."

O fundo do mar era solitário e escuro, como minha vida.

"Estar tão teimoso, tão gentil, tão bondoso, faz com que eles não consigam entender por que alguém como eu existe."

"Sim. Sou fraco e inútil. Falar isso me faz chorar. Não consigo controlar. Também quero ir ver a pipa, manter um gato e passear com meu cachorro. Tenho tantas coisas que quero fazer, mas nunca imaginei que partir fosse tão doloroso."

"Sei que essas coisas não posso dizer, mas isso não significa que elas não existam."

"Nunca senti desespero. É verdade. Nunca estive em desespero. Para mim, nenhuma escolha leva à desesperança. São minhas escolhas, e meu desespero é você."

"Sorria com orgulho, abra a cortina, fique sob o sol e abrace-se."

A voz no mar entrou em seu coração. Han Fei finalmente tocou o corpo gigante sob o mar. Tocou a ilha e a abraçou.

"Já chegamos tão longe."

"Passamos por tanta coisa."

"Não deixe esse mar te inundar. Quando você acordar, o sol nascerá."

A tatuagem de fantasma do Riso Louco foi levada embora pelo mar. Han Fei não tinha mais nada. Seus braços que abraçaram a ilha foram cortados. Tudo que aconteceu na voz também estava acontecendo com ele. O cérebro de Han Fei ficou entorpecido, ele não conseguiu respirar.

"Não sei quem você é, mas sei que deve se sentir tão impotente. Quando tomou aquela decisão, deve ter tentado outros caminhos. Você fez tão bem. Esforçou-se demais."

Duas flores de sangue surgiram no mar e lentamente se fundiram formando uma flor nova.

"Somos do mesmo tipo de gente. Mesmo neste momento, ainda penso em desistir."

"Fecho-me numa sala. Rejeito todas as informações. No final, nem lembro quando comecei a mudar."

"Acho que foi quando vi aquela menina. Ela planejava plantar uma flor em um lugar onde o sol nem chegava. Sei que a flor dela nunca irá florescer, mas, vendo o quão séria ela era, vi a mim mesmo de um tempo atrás."

"Não quero que a menina seja como eu, por isso preciso fazer algo. Serei o sol deles."

Sangue de fantasma misturado com sangue fresco. O corpo de Han Fei afundou lentamente na ilha. Sua alma se fundiu lentamente ao corpo gigante. Han Fei olhou para cima, e seus vizinhos ainda estavam lá de pé.

"A noite é longa, mas o sol vai nascer."

A última consciência entrou na carcaça gigante. Han Fei não sentiu dor. Ao invés disso, parecia que havia voltado para casa. Já tinha experimentado algo parecido na torre do parque temático, mas a experiência foi mais suave. Sua consciência se espalhou por todas as partes do corpo morto.

Quando abriu os olhos novamente, já tinha se tornado aquele corpo gigante. Ao redor dele, havia o mar. Mesmo sendo duas, três vezes maior, o mar ainda era infinito. A dor e o desespero o puxaram ainda mais para baixo. A voz no mar tinha desaparecido. Han Fei apertou as mãos. Ele parou de olhar para o fundo escuro do oceano. Ele e o corpo solitário que flutuava ergueram as cabeças. Estavam longe da superfície, não conseguiam ver nenhuma luz. As coisas não podiam voltar ao normal, mas Han Fei ainda controlava o corpo para erguer as mãos.

A água gelada tocou sua ferida. A dor era intensa. Estava cansado de lidar apenas com suas emoções. Queria nadar para cima, mas não conseguia. Era tão difícil.

Coisas que eram feitas facilmente na costa eram impossíveis no mar. Mesmo para alguém como Han Fei, tudo o que podia fazer era levantar e abaixar as mãos. Seus dedos tentaram alcançar o alto. A tatuagem de fantasma avermelhada enrolada em seu pulso parecia uma corda. Han Fei viu a outra ponta da corda submersa. Os fantasmas seguraram a memória entre eles.

"Não afunde, e não desista!"

A enorme carcaça foi sendo puxada para cima lentamente. As memórias fragmentadas emitiram um poder imenso. Eram mínimas, mas ousaram lutar contra o mar. As bolhas negras estouraram. A carcaça no mar lentamente abriu os olhos. Os olhos, cheios de dor e lágrimas, apresentavam alguma anomalia. As emoções eram de Han Fei. Os braços pesados se moveram devagar. A emoção de Han Fei tomou conta daquele corpo solitário. O crosta na pele lentamente se quebrou. Han Fei parecia lutar para se libertar de um casulo gigante invisível.

A carcaça olhou para o céu. Agarrando a corda avermelhada, aquela que se dispôs a mergulhar no mar para salvá-lo, o corpo tenso sentiu a água fria tocar suas feridas antigas. Levantou o outro braço. Nadou até a superfície do mar.

Seguindo a luz tênue das memórias e ouvindo as palavras familiares em seus ouvidos, a dor e a tristeza se derreteram no mar. Ele nunca elogiaria a dor. Seguiria adiante, mesmo na dor. Sabia o quão difícil era. Sabia o quão corajoso havia sido. Devia se orgulhar. Tinha vencido algo mais assustador que a morte!

Sonhos sem fim o acompanhavam. Abaixo dele, o mar sem fronteiras. No mundo em que estava sozinho, seus olhos podiam enxergar o céu.

"Não vou afundar no mar nem no pântano. recuso-me a continuar apodrecendo. Cantarei para o destino até que me respondam!"

A carcaça se aproximou da superfície. O céu estava escuro. O pesadelo criou uma tempestade, mas não conseguiu pará-lo. A carcaça feita de emoções negativas emergiu das profundezas do mar!

Quando o nariz detectou o ar fresco, a tempestade e as ondas gigantes se acalmaram. A sensação de sufoco desapareceu. Ele olhou para o céu. As nuvens brancas puras permitiam que o sol brilhasse em seu rosto.

Ele abriu os braços e respirou fundo. As cicatrizes foram arrastadas pela água. A casca pesada caiu. As algemas se romperam.

As regras que formaram o corpo e as emoções sedimentadas dentro dele encolheram e correram para o coração pulsante. A brisa do mar varreu as marcas do passado. O corpo gigante dispersou-se ao sol. Só Han Fei permaneceu.

Ele ajoelhou-se silenciosamente no mar, abraçando uma caixa em preto e branco. Seus olhos lentamente se abriram. Parecia que Han Fei tinha tido um sonho muito longo.