My Iyashikei Game

Capítulo 906

My Iyashikei Game

Na noite de sangue vermelho, a criança mais gentil matou todos os demais. Dentro da casa, onde os adultos não podiam ver, o demônio estava preso dentro de uma caixa. Às vezes, o que estava vivo tinha que sofrer mais. Pense bem. Entre a vida e a morte, qual delas exigiria mais coragem?

Assumindo toda a dor e o mal-entendido, o menino mais gentil virou a pessoa mais doida. Ele continuava rindo, mas até as crianças que ele matou sabiam que ele não tinha sido realmente feliz desde aquela noite.

Número 2 colocou a última peça do quebra-cabeça e completou uma imagem que se assemelhava a Han Fei. Contudo, a pessoa não era Han Fei, pois o homem tinha um sorriso autêntico e gentil.

“Deixe de lado emoções inúteis como pena. Estamos aqui para manchar este mundo de vermelho.” Diferente dos outros garotos, o Número 2 manteve seu instinto. Conseguiu se tornar uma entidade viva, um Ser Indizível. Enquanto os demais hesitavam, suas mãos já alcançavam o rio do destino. “Número 3, venha comigo para a cidade.”

Um garoto discreto saiu das sombras. Do tipo que desapareceria na multidão. Quando o Número 4 viu, deu um passo atrás. O Número 3 pegou o Número 2. Empurrou a porta e seguiu pelas ruas de Cidade Esperança. A multidão vibrava, e luzes de néon brilhavam em cada rosto. As lojas ao longo da rua exibiam comerciais. Era como Xin Lu na vida real, aquele lugar onde a tragédia não havia acontecido. Mas, por baixo da superfície agitada e vibrante, havia um outro lado que ninguém conhecia.

No final da felicidade e alegria, havia uma outra zona. O Número 3 levou o Número 2 além da rua principal e entrou em um beco. Era a zona intermediária de Cidade Esperança. Diferente da outra, aqui não havia medo de ataques de fantasmas. Contudo, os sobreviventes também não tinham privilégios especiais, como aqueles na zona interior. As casas ao redor começaram a mudar. As paredes ficaram sujas. Mais lixo encheu as ruas. O cheiro de decomposição pairava no ar. Existiam duas zonas distintas na mesma cidade. Talvez isso fosse uma característica da humanidade.

Uma porta de madeira se abriu, e um ancião magro foi jogado para fora, com força. Após cair, ignorou a lama e o ferimento sangrando enquanto se arrastava como um cachorro para agarrar a perna de outro homem. “Por favor, não me mande embora! Vou arrumar o dinheiro! Me deixe ficar mais uma noite! Se eu voltar para a zona externa, vou morrer!” O ancião chorava, seu rosto retorcido de horror.

“Sai daqui!” Um sapato de couro o chutou para longe, e a porta de madeira se fechou. O idoso bateu na porta e ficou chorando. Seu corpo estava fraco, com buracos de agulha nos braços. Uma bandagem escurecida envolvia seu estômago. Quando se mexia, sangue escapava. Partes de seus órgãos tinham sido arrancadas. Ele não viveria muito tempo. “Você não pode fazer isso comigo! Já dei tudo a vocês! Preciso que me salve!”

O Número 3 e o Número 2 passaram ao lado do idoso, ignorando-o, como se não o víssem. Quanto mais eles avançavam pelo beco, mais escura ficava a situação. Todos viviam nesta cidade chamada Esperança, mas o que mais experimentavam era a escuridão.

O Número 3 e o Número 2 afastaram as moscas e pararam diante de uma loja na esquina. A luz vermelha desbotada iluminava a rua. Ela acendia a placa da loja. “Farmácia Esperança…”

Era uma farmácia, mas não havia médicos ou medicamentos à venda. Os produtos que ofereciam não eram remédios comuns. O Número 3 apertou o sino no balcão. Depois de cerca de 10 segundos, a cortina preta se abriu parcialmente. Uma face oleosa espiou por trás. Era um homem de meia-idade com um tapa-olho. Seu corpo estava desalinhado. Seu ombro esquerdo ficava mais alto que o direito. Seu estômago também apresentava assimetria, com partes salientes e outras afundadas. Seus órgãos internos tinham sido deslocados. Quando o homem viu os dois garotos, seus olhos se iluminaram. Ao perceber que o Número 2 não tinha pernas, sua expressão ficou ainda mais excitada. “Sejam bem-vindos.” O homem olhou para o Número 2 e o Número 3 mais como mercadoria do que como clientes.

“Aqui tenho três tipos de remédio. O primeiro traz segurança, o segundo ajuda a ganhar pontos de contribuição, e o último é uma medicação especial que traz esperança.” O homem olhou com desprezo para os dois garotos. “O que vocês precisam?”

“Vocês têm algum remédio que faça a pessoa não ser mais intimidada?” O Número 2 olhou para a cortina preta. Ele não estava lá para comprar remédio, mas sim para procurar alguém.

“Sim! É mais caro.” O homem de meia-idade recuou pela cortina. E acenou para que os dois o seguissem. Após entrarem na parte interna, ele silenciosamente fechou a porta da loja e colocou uma placa indicando que estava fechado. O interior da farmácia era sujo. O Número 2 e o Número 3 seguiram o homem pela porta dos fundos e entraram em uma sala sem janelas. Nessa sala, muitas velas feitas com cera especial estavam dispostas. Uma figura de barro coberta por um pano preto ficava no centro do cômodo.

“Quando a tragédia chegou, muitas doenças surgiram neste mundo. Todos estaban em paz de espírito. A sorte é que agora vocês estão na Cidade Esperança, onde as pessoas do núcleo central produziram um remédio que pode curar todo tipo de doença.” O homem ficou atrás das velas. “Mas, aqui, o remédio não é barato. Vocês precisam trocá-lo.” Ele tirou várias cartas sujas de debaixo dos pés da figura. “Se você sacrificar sua alma ao Deus desconhecido, poderá obter proteção temporária; se entregar seus órgãos internos aos grandes da cidade, conseguirá dinheiro; se se vender, ganhará poder para não ser mais intimidado. Esses são os remédios que vendo aqui.” Cada carta representava uma medicação e uma escolha.

“Então, vamos sacrificar nossas almas.” O Número 2 levantou o pano preto, revelando uma figura de barro sem rosto.

“Essa é absolutamente a melhor escolha. Eu já vou preparar tudo agora.” O homem olhou para o Número 2. Ele não suspeitava de nada, pois presumiu que o Número 2 já tinha feito trocas antes.

Ele sacudiu uma campainha, e a porta escondida se abriu. Um cheiro horrível invadiu o ambiente, e a corrente rangerou. Logo, uma criança que tinha sido modificada diversas vezes saiu do esconderijo. Ele segurava uma bandeja. Seus olhos haviam sido arrancados. Correntes amarravam suas pernas. Seu corpo havia sido alterado tantas vezes que virou um monstro.

“Vá logo!” O homem de meia-idade foi rude com a criança. Provavelmente, costumava bater nele com frequência. O menino tremeu de medo. Colocou a bandeja na mesa. Quando tentou correr de volta para o quarto secreto, o Número 3 pisou nas correntes que prendiam as pernas dele. O Número 3 olhou para o rosto da criança. Então, tirou um caderno do bolso. Ele tinha nomes de mais de cem crianças. Mais de setenta nomes tinham sido apagados.

“Encontrei.” O Número 3 guardou a anotação e sorriu para o Número 2.

“Se tiver interesse na criança, pode levá-la com você após fazer o sacrifício.” O homem sorriu maldosamente. “Está bem, comece o sacrifício agora. Estenda a mão e siga minhas instruções.” O homem tirou uma faca com sangue seco de trás da figura. A criança caiu ao chão, tremendo de medo.

“O passado do Falso Deus é vergonhoso. Por mais tristezas que ele colecione, não adianta nada para ajudá-lo.” O Número 2 olhou para o homem. Parecia que ele havia sido dominado por alguma força. Sua expressão escureceu, e então ele se golpeou no peito!

Ele se autoflagelou várias vezes. Era muito estranho.

“Quem diria que a alma de Deus estaria escondida dentro de uma criança indefesa?” O Número 3 ajoelhou ao lado da criança. “Qual é o seu nome? Quando foi que seus olhos foram arrancados? Onde está sua família? Qual foi o maior arrependimento da sua vida?”

Quando o Número 3 fez as perguntas, o menino mergulhou em um medo ainda maior.