Capítulo 11

Capítulo 11: 11

“Claro que não! Minha mãe nunca machucaria ninguém!” Meng Changshou respondeu com confiança. “O legista também concluiu que minha mãe não poderia ter sido a assassina. Além disso, no mesmo dia, minha mãe e meu filho, Meng Chen, desaparecem.”

“A velhinha não foi a assassina, mas deve ter conhecido quem realmente cometeu o crime para ajudar a manter o segredo por uma semana inteira. Ela só faria isso por alguém que fosse extremamente próximo a ela.” Li Xue focou no ponto principal. “Pelo que você me contou, parecia que a vovó era uma pessoa de bom coração. Para alguém assim virar as costas para seus princípios, o assassino provavelmente era alguém da família mais próxima. Nesse caso, o assassino é provavelmente um de vocês, irmãos.”

“Se a vovó já colaborou ajudando o assassino a esconder o corpo, por que ela seria atacada no final?” Han Fei sinalizou para Li Xue não tirar conclusões precipitadas. “Acredito que seja mais provável que a vovó estivesse dando uma chance ao assassino de se entregar às autoridades. Ela deu uma semana para isso, mas subestimou bastante a profundidade do pecado que existia nele.”

“Na época, a polícia considerou todas essas possibilidades, mas não encontrou nenhuma pista. Porém, pouco tempo após a morte da minha mãe, Changxi também desapareceu. Ninguém soube para onde foi. Não houve notícias dele nem achado do corpo. Os vizinhos especularam que ele havia fugido por culpa.” O homem de meia-idade balançou a cabeça, com uma expressão de dor. “Changxi era introvertido e não gostava de conviver com as pessoas, mas eu sei que ele nunca faria algo assim. Na verdade, duvido que qualquer um de nós três tenha cometido algo tão grave. Fomos nós quem perdeu a família, mas também fomos os principais suspeitos!” O homem, visivelmente agitado, começou a tossir. Ele se abaixou para pegar um pacote de remédios debaixo da mesa de centro.

“Como você disse, Meng Changxi desapareceu sem dar explicações. Se conseguirmos encontrar o corpo dele, poderemos restringir o escopo de suspeitos, mas se não encontrarmos, ele estará sempre na lista.” Vendo que o homem de meia-idade estava prestes a tomar seus remédios, Li Xue lhe entregou um copo de água. “De qualquer forma, pessoalmente, não acho que Meng Changxi seja o assassino. O que você acha?”

“Não sei.” Han Fei guardou para si a segunda metade da resposta, ‘Mas eu mesmo irei perguntar à velhinha mais tarde esta noite.’

Analisando a foto em preto e branco na mesa, Han Fei só conseguiu pensar no jogo. Por mais que tentasse, não conseguia categorizar Meng Si como uma pessoa totalmente boa ou má. Naquele momento, ele realmente compreendeu a complexidade da natureza humana. Meng Changshou tossia várias vezes, fazendo com que Han Fei e Li Xue saíssem para dar a ele uma chance de descansar.

Esse caso tinha sido grande há dez anos, mas agora, além dos familiares da vítima e dos policiais envolvidos, poucas pessoas ainda se lembravam dele. Han Fei começou a descer os degraus quando percebeu que Li Xue permanecia parada no patamar, sem o acompanhar.

“Você tem mais alguma coisa a fazer aqui?”

“Quando examinei o banco de dados pra você esta manhã, notei algo estranho. Meng Si morava no mesmo prédio de uma vítima de outro caso. Coincidentemente, ambos os casos aconteceram cerca de 10 anos atrás.” Li Xue falou enquanto subia as escadas. Meng Si ficava no terceiro andar, e Li Xue levou Han Fei até o quarto. “Você já ouviu falar do caso do quebra-cabeça humano?”

“Não pode ser?!” Han Fei imediatamente lembrou do que o Diretor Jiang tinha dito. A equipe queria usar a cena do crime real como cenário, mas não conseguiu encontrar o proprietário. Eles acabaram optando pelo Condomínio 15.

“O assassino desse caso também nunca foi descoberto. As duas primeiras vítimas desse caso foram encontradas no quarto andar deste prédio, há 10 anos. A vítima era um casal apaixonado.” Li Xue parou diante de uma porta. “Há 10 anos, a polícia chegou a suspeitar que os dois casos eram relacionados, que poderiam até ter sido cometidos pela mesma pessoa, mas o modo de operação de ambos era muito diferente. Se o assassino do caso do refrigerador for mentalmente distorcido, então o do quebra-cabeça é o próprio diabo em pessoa.”

Ela bateu na porta e, cerca de 10 segundos depois, ela se abriu apenas uma fresta. Um senhor magro apareceu atrás da porta. Ele franziu a testa para Li Xue e Han Fei. “Quem vocês procuram?”

“Somos policiais.” Li Xue exibiu sua placa. Sua credencial de patrulha na verdade não lhe concedia direito de entrar em residências particulares, mas claramente o senhor não tinha entendido isso, pois abriu a porta, embora relutante. Tudo estava organizado de forma arrumada em um cômodo de 70 metros quadrados. Provavelmente, o senhor o limpava todos os dias. Ao entrar, notaram diversas fotos decorando a parede da sala de estar. Nas fotos, o velho parecia tão saudável e sempre sorrindo. Dava até a impressão de que aquela pessoa era totalmente diferente do homem carrancudo que estavam diante deles. Além do idoso, a maioria das fotos também mostrava um casal jovem. O homem parecia honesto e gentil, a mulher, delicada e suave. Estava claro que eram profundamente apaixonados.

Havia um armário ao lado da parede de fotos, cheio de brinquedos de lego.

“Eu costumo ir à delegacia todo ano, já perdi a conta de quantas vezes estive lá. Vocês finalmente prenderam o assassino?” A tristeza marcou a voz do velho. Ele acariciou a foto na mesa como se ainda não pudesse aceitar a dura verdade até hoje.

“Na verdade, o motivo de estarmos aqui é porque temos algumas perguntas para fazer.” Li Xue pegou o telefone, abriu alguns aplicativos de investigação e começou a fazer perguntas com destreza. Enquanto conduzido o interrogatório, ela tentou não causar sofrimento demais ao velho. Sua abordagem e estratégia de questionamento eram muito mais maduras do que as de Zhang Xiaotian e Zhao Ming.

Enquanto Li Xue fazia suas perguntas, Han Fei sentou-se num canto, quieto. Aproveitou o tempo para olhar as fotos na parede. O homem na foto era Wei Youfu, o ator que ele estava prestes a interpretar no filme. Dentro do jogo, Meng Si morava no terceiro andar, enquanto Han Fei ficava no quarto. Na vida real, a velhinha também morava no terceiro, e Wei Youfu com a esposa moravam no quarto. Apesar de os prédios em realidade e no jogo serem bem diferentes, essa coincidência chamou a atenção de Han Fei. Agora ele suspeitava que o fantasma que viu ontem à noite pudesse ser a esposa de Wei Youfu, a mulher brutalmente assassinada no banheiro.

Os detalhes aparentemente desconexos tinham seus pontos de cruzamento, e o ponto de interseção era Han Fei. Por meio das perguntas de Li Xue, ele conseguiu entender um pouco mais sobre a família de Wei Youfu. Basicamente, eram pessoas boas. Se a tragédia não tivesse acontecido, continuariam vivendo felizes juntos.

‘Eles não eram pessoas malévolas em vida,’ pensou Han Fei, com coragem. ‘Para sobreviver naquele jogo infernal cheio de monstros e fantasmas, preciso encontrar um refúgio seguro. Se conseguir a aprovação de Wei Youfu e de sua esposa, poderei ficar com eles! Assim, ao menos, teria um lugar para me recuperar sem preocupações!’

Os mortos, sejam humanos ou fantasmas, apareceram no jogo, e Han Fei decidiu que a melhor forma de sobreviver era unir-se a eles. Com essa ideia na cabeça, ele se levantou e se aproximou do velhinho. Enquanto o velho e Li Xue observavam com expressão de dúvida, Han Fei perguntou ao velho: “Senhor, na verdade, eu tinha uma boa relação com o irmão Youfu. Pode me dizer se ele tinha algum desejo não realizado na vida?”