
Capítulo 964
Terramar: O Mar Encoberto
Luvlyn congelou ao ouvir a chocante resposta de Anna. Ela estava tendo dificuldades para assimilar a informação que Anna acabara de revelar.
Aproveitando o estado de choque de Luvlyn, Anna colocou a mão direita atrás das costas.
"Eh, preciso confirmar de novo. Você não está mentindo quando disse que seu relacionamento com aquela coisa vai além da amizade?" perguntou Luvlyn, descrente. Ela tinha visto um desenho daquele monstro em um dos arquivos enviados.
Que tipo de pessoa gostaria de algo assim? Um lunático?
"Será que é tão difícil de entender? Sabe, há uma tradição entre os marinheiros do Sul do Mar Subterrâneo. Antes de partirem para o mar, eles trazem uma ovelha e a mantêm na masmorra do navio.
"A ovelha não é só comida de emergência; ela também serve para atender às necessidades fisiológicas da tripulação. Que diferença há entre bestas, monstros e humanos? Isso realmente importa? Quando as luzes estão apagadas, é só um buraco com duas placas de carne."
Luvlyn colocou a mão no peito. Seu rosto não tinha traços, mas sua linguagem corporal indicava o extremo choque. "Ugh! Meu Deus, que coisa tão nojenta. Aquela é uma espécie de pesadelo."
"Nojento? Na verdade, não é tão ruim assim. Espera até eu te contar sobre as tradições na Ilha do Vulcão. Eles trazem focas para o navio e—"
"Pare, pare, pare!" interrompeu Luvlyn rapidamente, parecendo um pouco envergonhada. "Senhora Anna, nosso tempo é precioso, por favor, não o desperdice falando dessas coisas."
"Claro." Anna acenou com a cabeça. "Vamos conversar sobre o que você mencionou antes. E que tal discutirmos cara a cara? Eu saio primeiro, e depois vou te visitar quando estiver acordada."A atmosfera na sala de repente ficou tensa.Claramente, as mentiras e o nonsense de Anna eram tudo para este momento. Anna não confiava na IMF em absoluto, ela tinha apenas um objetivo — escapar desse cenário de pesadelo.
"Tenho outra ideia. Que tal você nos informar onde estão seus companheiros e deixarmos eles voltarem para o Sítio 66? Assim, sua sinceridade ficará evidente."
Luvlyn acenou com a mão, e os arredores de Anna ficaram nebulosos.
Anna sentiu como se estivesse no estado de transição entre vigília e sono.
"Pode falar agora. Seus amigos podem ouvir você."
"Tudo bem, podemos fazer isso," disse Anna, sorrindo e acenando com a cabeça. Respirou fundo e gritou: "Máscara, choque meu hipotálamo e me acorde! Estou presa em um sonho!"
Assim que Anna concluiu, a sensação de névoa desapareceu. Claramente, Luvlyn tinha cortado sua conexão com a máscara.
O ambiente acolhedor também se desfez, e a figura de Luvlyn escureceu. "Senhora Anna, você está dificultando muito as coisas para mim. Mas queremos muito trabalhar com você."
"Trabalhar comigo?" Anna sorriu com sarcasmo. "Os dois lados só podem trabalhar juntos se forem iguais. Além disso, não sinto sinceridade da sua parte."
De repente, Anna sentiu seu cérebro inflar e encolher. Sua figura estava se desestabilizando. Parece que a máscara finalmente tinha tomado uma atitude.
No entanto, Luvlyn não ia deixar Anna sair tão facilmente. Ela levantou as mãos, e nuvens suaves desceram do teto, envolvendo Anna para estabilizar sua forma. A figura de Anna que estava se desintegrando começou a se recompor.
Anna percebeu imediatamente que essa era sua última chance de escapar e precisava aproveitar a oportunidade. Ela abriu a mão que tinha atrás das costas, e o relicário que Charles usava frequentemente apareceu em sua mão.
Um cenário de sonho era uma tela tridimensional na qual se podia pintar o que quisesse, e aquilo ganhava vida.
O relicário na mão de Anna ativou-se, e sua figura foi rapidamente levada embora, aparecendo do lado de fora da sala que estava desaparecendo. Acontece que ela não tinha se movido nada; ainda estava no nível mais baixo do Sítio 66.
No entanto, Anna não hesitou mais e foi diretamente em direção ao teto. Assim que colidiu com ele, o teto amoleceu e envolveu Anna.
Luvlyn reagiu rapidamente à tentativa de fuga de Anna.
No entanto, uma luz branca irrompeu da figura de Anna, e ela reapareceu numa parede próxima.
"Acorde!" Anna rugiu e acertou a cabeça na parede. Sangue vermelho escorreu pelos cabelos longos de Anna, e ela sentiu uma dor excruciante irradiando da cabeça.
Os olhos de Anna se arregalaram de incredulidade. Como ela conseguiu bater a cabeça na parede e ainda estar acordada? Aparentemente, sua suposição estava errada. Não era tão fácil sair desse cenário de sonho!
"Senhora Anna, você realmente achou que poderia escapar de mim tão facilmente? Parece que me subestimou. Sou uma mestre quando o assunto é manipular sonhos," disse Luvlyn, chegando por trás de Anna.
Sua figura aumentou lentamente, e sua figura sem rosto, mas bizarra, tornou-se ainda mais profunda.
Era como se fosse a personificação do abismo.
Porém, Anna não estava disposta a desistir assim tão facilmente. Ela ativou novamente o relicário na mão e foi teleportada para uma cela atrás dela.
Para evitar ser capturada, Anna teleportou-se continuamente. Os ocupantes de cada cela ficaram surpresos ao ver Anna aparecer do nada na frente deles.
O que está acontecendo? O palhaço claramente me assustou e ainda consegui bater forte na cabeça até acordar, então por que ainda estou aqui? Anna, em fuga, não acreditava.
Anna era uma especialista em manipular sonhos, então ela conhecia bem os detalhes do cenário de sonho. É claro que ela também sabia como escapar de seu próprio sonho.
Quem controla seus sonhos sempre domina o próprio mundo onírico, portanto, Anna ficou realmente surpresa com o desenvolvimento. Ela pensou intensamente, mas só conseguiu uma resposta — Luvlyn, quando ainda era semi-deusa, tinha um domínio sobre sonhos maior que o de Anna.
O uso consecutivo do relicário em tão curto período criou uma grande onda de efeitos colaterais. Um deles era uma dor lancinante no estômago, que Anna sentia com nitidez.
Anna descansou por um momento numa cela, até que o teto se abriu, revelando o rosto sem traços de Luvlyn. "Achei você. É inútil tentar escapar."
A figura de Anna desapareceu mais uma vez, e várias ideias diferentes surgiram em sua mente enquanto seus pensamentos aceleravam na tentativa de resolver sua situação.
Se ela fosse realmente mais poderosa do que quando ainda era semi-deusa, então não teria chance contra ela! Nesse instante, Anna percebeu algo.
Pera aí, tem algo errado aqui.
IMF e uma semi-deusa? O mundo lá fora realmente tem uma existência tão poderosa assim? Anna travou os freios e parou de repente. Ela finalmente encontrou a contradição!
Se Luvlyn fosse realmente uma semi-deusa, por que ela teria impedido Anna de bater naquele muro antes? Como bater a cabeça contra a parede não conseguiu libertá-la do sonho, devia haver algum outro motivo por trás das ações de Luvlyn.
Bater a cabeça contra a parede só trouxe dor…
Justo nesse momento, o rosto gigante e sem traços apareceu do teto mais uma vez.
Anna ficou alternando o olhar entre o rosto e o relicário de teletransporte na mão. Então, ela percebeu algo — Luvlyn não tinha impedido Anna porque temia que ela acordasse.
Era tudo por medo de Anna perceber que ela não estava sonhando!