
Capítulo 181
Minha irmãzinha vampira
Thanatos, Mestre da Morte.
O demônio de terceira hierarquia no Reino Demoníaco, atrás apenas do Soberano dos Demônios e da Deusa do Destino. Mas, diferentemente de seus outros parentes, Thanatos não era um Demônio comum.
Thanatos era uma existência que existia há milhares, talvez milhões de anos. Nem mesmo o próprio Demônio poderia dizer há quanto tempo estava vivo. Pode chamá-lo de espectro, fantasma ou ser astral; Thanatos era uma presença especial.
Ele não foi criado por métodos convencionais. Não era uma pulsação de energia que se transformou em Grandes Senhores Demônio como Baishe ou Cthulhu. Tampouco era uma máquina sem cérebro como Eyghon. Thanatos era apenas uma alma que vagava sem parar pelo Reino Demoníaco, de forma insensata e contínua, eternamente amaldiçoada a nunca sentir calor e a sofrer em completa solidão.
Tudo o que tocava morria instantaneamente. Tudo o que se aproximava dele murchava como cinza quebradiça. Tudo o que ousava amar… se dissipava no nada.
Anos, séculos, milênios passavam num piscar de olhos. Sem propósito, o espectro insensato continuava sua existência sem qualquer sentido. Ninguém se importava com a pobre alma; ninguém sequer pensava em se aproximar. Ao longo de seus anos, o fantasma nunca sentiu nada além de vazio completo e melancolia.
Porém, um dia…
Um raio de luz iluminou sua escuridão.
Uma alma bela o encontrou. Uma mulher de pureza e resplendor imaculados. Ela não teve medo do pobre fantasma. Não fugiu diante de sua repulsa, e… Ela não morreu ao tocá-lo.
Ela o acolheu em seus braços e cuidou dele. Ensinou-o a controlar seu poder, a administrar sua existência para se tornar a melhor versão de si mesmo. A ela, concedeu poderes além de sua própria imaginação, transformando-o de um espectro solitário em um Demônio com senso de pertencimento.
A mulher era tudo para ele.
Porém, um dia, a mulher começou a ter sonhos. Pesadelos que a traumatizavam, causando noites sem dormir e paranoias intermináveis. Ela ficou obcecada. Obcecada com o destino que lhe caberia e de toda a raça Demoníaca. Desde então, a mulher mal dormia. Torturava a si mesma sem parar, elaborando planos e criando Portais para que os Demônios Externos invadissem.
A mulher não hesitava em sacrificar sua própria saúde se isso significasse evitar o terrível destino que via em seus sonhos.
No final, não importava quanto se preparasse ou tentasse, os pesadelos não sumiam. A ameaça que pairava sobre ela ainda a atormentava noite após noite. Thanatos não podia assistir enquanto ela se destruía, sabendo que tudo era pelo bem maior.
O Demônio tentou várias vezes ajudar a mulher, mas ela sempre recusava. Aprofundou-se na autossacrifício a cada tentativa frustrada, empregando grande parte de sua energia e essência na elaboração de estratégias de defesa.
A mulher sempre dizia que Thanatos era a chave para libertá-la de sua miséria, o Demônio capaz de acabar com os pesadelos e libertar toda a raça Demoníaca.
Mas Thanatos sempre se sentiu tão inútil. A mulher que amava sofria e ele não conseguia fazer nada para ajudá-la. A mulher que salvou ele não podia ser salva. Então, sem outro lugar para canalizar suas emoções, Thanatos direcionou sua fúria contra o inimigo invisível da mulher.
Thanatos passou a odiar o homem responsável pelos pesadelos da Deusa do Destino. Sua raiva acumulava-se a cada campanha fracassada, a cada vez que via Uriel com uma expressão triste e desolada. Ele passou a resentir aquele que fez Uriel cair em desgraça e virar uma maniaca que buscava apenas uma coisa.
Finalmente, a raiva de Thanatos em relação ao homem superou todas as outras emoções. Não importava sua racionalidade ou seu amor. Ele nem sequer quis ouvir Uriel ordenando que matasse o homem imediatamente. O que ele queria… era vingança pelos anos de tormento que Uriel tinha sofrido.
E quando Thanatos finalmente encontrou o homem pela primeira vez…
"Jin… Valter…"
"... Você me conhece?"
Jin ficou surpreendido com a compreensão do Demônio e sua capacidade de articular seu nome. Mas não demorou para que sua surpresa fosse substituída por cautela. Diante de suas preciosas esposas, Jin abriu a palma da mão e canalizou energia mágica pelos dedos. Quase instantaneamente, diversos meteoros começaram a cair das estrelas, alinhando-se rumo ao Demônio desprevenido.
"Não importa," Jin cuspiu. "Você não devia ter vindo no meu dia de casamento, monstro."
'Monstro?'
Thanatos riu para si mesmo.
Quem era realmente o monstro aqui?
Thanatos sentiu um sentimento de euforia subir por todo seu corpo efêmero. Quanto tempo ele esperou por esse dia? Quantos milênios passaram desde que viu o rosto sorridente de Uriel?
Hoje tudo termina.
Balanceando sua foice, Thanatos transformou as rochas que caíam em cinza pura. Jin rangeu os dentes e tentou causar ainda mais destruição, na esperança de deter o espectro da morte. Mas, toda vez que um meteoro se aproximava, tudo o que Thanatos precisava fazer era balançar sua foice uma vez, e todo o ataque desmoronava como se nunca tivesse existido.
"É inútil," Thanatos bufou debochado. "Todos os seus ataques são inúteis contra meu poder."
'Foi assim que fui criado.'
Pensou o Demônio consigo mesmo.
Por todos esses anos, a Deusa do Destino havia distorcido Thanatos para que se tornasse a arma definitiva contra Jin. O mel de Cthulhu era apenas um prelúdio para a capacidade aperfeiçoada de Thanatos. Sua névoa negra tinha o poder de causar a 'morte' de qualquer coisa. Seja uma árvore de mil anos ou uma simples pedra flutuando pelo espaço sem rumo.
Thanatos podia causar suas 'mortes' com um toque só.
Existências mais fracas, incapazes de resistir ao poder avassalador do Demônio, enlouqueceriam ao simplesmente olharem para ele. Suas almas seriam colhidas e seus corpos se decomporiam. Sua aura por si só era capaz de destruir civilizações inteiras, e no momento em que balançasse sua foice mortal… Não havia nada no mundo que pudesse resistir ao seu poder.
A única razão de a Deusa do Destino nunca ter enviado Thanatos para a Terra era a energia sem fundo necessária para abrir um Portal grande o suficiente para ele passar. Para enviar Thanatos através das dimensões, Uriel precisaria sacrificar mais da metade de sua esperança de vida. Sem falar que ela não conseguiria abrir Portais após gastar tanta energia.
Por isso, mandar Thanatos era sua última esperança. Uma jogada forçada, feita somente quando Baishe e Cthulhu morressem às mãos de Jin.
"Eu nunca desperdiçaria meu tempo matando presas, mas você…"
A irritação de Thanatos transparecia na voz crescente e agitada.
"Vou levar meu tempo pra acabar com você. O monstro que fez Uriel sofrer."
É engraçado.
Jin via Thanatos, o Demônio que invadiu a Terra e invadiu seu casamento, como um monstro que precisava derrotar. Os Demônios Externos, por gerações, tinham assassinado a humanidade e todos os habitantes da Terra a sangue frio. Forçaram a humanidade a ficar parada, e o mundo tinha que estar alerta toda vez que um Demônio Externo invadia. Na verdade, Jin foi vítima de um desses ataques.
Por outro lado, Thanatos via Jin como o pesadelo que atormentava Uriel e, por consequência, toda a raça Demoníaca. Um monstro que nunca podia desaparecer, não importa o que os Demônios fizessem.
Ambos estavam certos em suas opiniões.
E, ainda assim, ambos jamais conseguiam concordar.
Por isso, só lhes restava lutar… até a morte.
"Vai se ferrar!!!"
Jin gritou, cada vez mais nervoso, enquanto lançava seus feitiços rapidamente. Se os meteoros não funcionassem, usaria fogo. Se o fogo não funcionasse, trabalharia com Espíritos. Se os Espíritos não servissem, atacaria com feixes de destruição.
Tudo o que tinha à disposição era disparado numa cadência rápida. Como Progenitor, ele possuía energia mágica quase ilimitada. E sua variedade de feitiços aumentou desde que ascendeu a uma existência superior.
Não exagero dizer que Jin podia conjurar qualquer feitiço concebível. Mas, infelizmente, não importava o que tentasse, tudo que Thanatos precisava fazer era balançar sua foice uma vez, e tudo era neutralizado.
A morte era uma inevitabilidade para toda existência.
Seja uma formiga que vive algumas semanas, ou uma baleia que passa centenas de anos. O fogo eventualmente se apaga. As rochas se decompõem. As vidas efêmeras humanas… Sempre irão cintilar e desaparecer no momento certo.
Até estrelas, galáxias e o universo… Não estão imunes à morte.
E toda magia de Jin não era exceção.
Thanatos contornou todos seus feitiços, e, por fim, o Demônio cansou-se de defender. Com um golpe definitivo de sua foice mortal…
"ARGHHHH!!!"
"JIN!!!!"
"IRMÃO!!!"
Thanatos cortou o braço direito de Jin, e uma névoa negra começou a corroer seu corpo. Mordendo os lábios com tanta força que começaram a sangrar, Jin transferiu seu Armamento da Alma do braço direito amputado para o esquerdo e tentou desesperadamente retardar a névoa mortal.
Felizmente, com sua imortalidade e a energia de vida infinita, Jin conseguiu, de alguma forma, impedir que a névoa negra se espalhasse, mantendo-a restrita ao braço esquerdo. Mas, infelizmente, o dano já estava feito.
A partir daquele momento, Jin soube que estava superado.
Suas esposas correram ao seu lado, e até figuras despreocupadas como a Matriarca Inocência e Sirius Moonreaver tentaram salvá-lo, seu novo Progenitor.
Mas, infelizmente…
"Não interfira…"
Thanatos balançou sua foice com um golpe brutal, criando um círculo de névoa negra que os cercou. Quem ousasse atravessar o limiar seria decomposto em átomos, deixando suas cinzas para trás. E, sozinhos, Thanatos soltou um grito de exaltação.
"Sim… Você ainda não pode morrer."
Thanatos voou direto na vampiresa gemendo, e, com uma última risada, falou: "Resista, monstro. Aguente a dor até eu fazer minha vingança. E quando meu desejo de justiça for concretizado…"
Thanatos perfurou seu braço direto no peito de Jin. Gritos de Irina e Rosa podiam ser ouvidos ao fundo, enquanto Jin caía, às cegas, e suspiros de choque ressoavam pelo campo morto.
"Então, te concederei uma morte sem misericórdia."