Minha irmãzinha vampira

Capítulo 166

Minha irmãzinha vampira

As Terras Santas. Os Estados Pontifícios. A Basílica Papal.

Se Jin estivesse presente, ficaria absolutamente atordoado com a quantidade de poder mágico dentro da capela. A energia mágica no ambiente era suficiente para rivalizar com a de um Progenitor e ainda assim mais — e isso não era o fim.

Enquanto os padres permaneciam em oração constante, sua conexão com a Dimensão da Fé nunca poderia ser rompida. Milhares de anos de poder mágico estavam à disposição dos santos homens, e eles estavam aproveitando cada grama dela neste momento.

Por quê?

Baishe, a Serpente dos Céus.

Se alguma coisa, Baishe era um Demônio Externo que parecia parte da Igreja Santa, com suas marcas divinas e o tom prateado hipnotizante.

Porém, as aparências enganavam.

Dos três Senhores Demônios de que a humanidade tinha conhecimento, Baishe era, de longe, o mais perigoso.

Enquanto Eyghon vagava pela Terra sem propósito definido e Cthulhu dominava os oceanos, lutando ativamente contra a Casa de Everwinter, Baishe, sozinho, era responsável pela morte de milhões.

Com sua habilidade de voar e estar onde quisesse, o Senhor Demônio causou terror por países ao redor do mundo. Combinado ao fato de que nada podia desafiar a serpente voadora nos céus e sua tendência à agressividade, Baishe era amplamente considerado o mais perigoso dos três Senhores Demônios conhecidos.

E, como a maior parte de suas vítimas eram assentamentos humanos, esse Demônio era classificado como o maior inimigo da humanidade.

Por isso, os maiores inimigos de Baishe não eram Vampiros ou Lobisomens… Mas os guardiões da própria humanidade.

A Igreja Santa.

"Para onde vai Baishe?"

O Papa pediu a um de seus subordinados para rastrear o Senhor Demônio enquanto o resto da congregação canalizava seu poder sagrado em um só.

"Baishe acabou de destruir Sialuc e está a caminho de Laekyr."

"Não era só Yudônia há pouco tempo?"

"Yudônia caiu, sua santidade…"

"Tão rápido assim?" O homem de oitenta anos quase teve um infarto ao ouvir sobre a queda de mais um país. Mal tinha se passado uma hora desde a aparição de Baishe, e ele já tinha destruído completamente duas nações.

Esse era o perigo de um Senhor Demônio voador. Encontrá-lo em um local só era praticamente impossível. Movendo-se a velocidades que nenhum jato poderia acompanhar, Baishe podia passar de país em país com quase plena impunidade. A melhor forma de os humanos enfrentarem o Demônio era se esconderem no subterrâneo e rezarem para que a ameaça passasse despercebida.

"Yudônia, Sialuc e Laekyr… Ele está mirando os Estados Pontifícios de propósito."

O Papa lamentou o fato de três dos países mais valiosos da Igreja Santa terem caído sob a ira de Baishe. Não só isso…

"Além da trajetória… Baishe está apontando para a Basílica Maior." O velho sábio franziu o cenho e perguntou: "Temos uma previsão de chegada?"

"… Se ignorar Laekyr, quinze minutos."

"Que perigo… Mas Deus é bom. Ele previu essa tragédia e nos preparou para a chegada do Demônio."

O Papa rezou para o céu com um sorriso sincero. Por causa da ameaça representada por Jin, a Igreja Santa tinha reunido as peças necessárias para convocar um Arcanjo a qualquer momento. Embora inicialmente fosse usado para assassinar o novo Progenitor Vampiro, com a aparição de Baishe e sua passagem incessante pelos Estados Pontifícios, a Igreja tinha ainda mais utilidade para o Arcanjo.

E, à medida que o ritual se aproximava do fim, o Papa se virou para o homem magro e musculoso atrás dele e disse:

"Embora não tenhamos planejado usar o Arcanjo dessa forma, não temos escolha. Não se preocupe, Padre Amorth; na próxima vez, pegaremos o Progenitor."

"Tudo faz parte do plano de Deus."

O Chefe Exorcista da Igreja, responsável por reunir as peças para o Arcanjo inicialmente, assentiu em concordância. Depois de sua derrota devastadora para Jin, o Chefe Exorcista voltou à Igreja Santa envergonhado. No entanto, sua falha não diminuiu a fé do Papa na sua mão direita mais confiável.

Na verdade, ela foi reforçada pelo fato de que o Chefe Exorcista tinha enfrentado o Progenitor e voltado ileso.

"Padre Amorth, enquanto eu comando o Arcanjo, deixarei a defesa da Basílica nas suas mãos."

"Deixe comigo, sua santidade." O Padre Amorth ajoelhou-se e aceitou a ordem. "Que o Senhor esteja com você."

"Amém."

O Papa sorriu e caminhou até o centro do círculo mágico. Poder sagrado desceu do céu como chuva sagrada e se concentrou na enorme cruz no centro da Basílica. As dimensões tremeram enquanto o solo das Terras Santas estremeceu em resposta ao que estava por vir.

A energia foi extraída da Dimensão da Fé, rompendo as finas camadas das paredes dimensionais. Orações sonoras ecoaram por toda a capela enquanto os clérigos continavam a derramar seus corações e almas no ritual considerado mais sagrado.

Até que, finalmente…

Um pilar de luz contínua irrompeu do círculo mágico e se elevou ao céu. Ele atravessou as nuvens, criando uma enorme fenda no céu onde as fronteiras entre a Fé e as dimensões materiais ficaram borradas. E, dentro do pilar sagrado, uma certa forma começou a se formar.

Um grande ovo.

Essa era a primeira impressão do ser conjurado. Contudo, com o tempo, a magia sagrada continuou a descer, obrigando o ser etéreo a assumir uma forma diferente. Dezoito asas de pureza explodiram do ovo, cada uma com traços únicos muito além de qualquer coisa que um humano pudesse criar.

A lista continuava.

Mas as asas eram apenas a metade dos poderes do Arcanjo.

Abençoado com olhos divinos, o Arcanjo podia ver através de toda a Criação e identificar todas as fraquezas do adversário. Envolvido em vestes sagradas, possuía defesas além da maioria das fortalezas e não podia ser destruído apenas por magia ou dano físico. Imune ao calor, frio, veneno e a todas as doenças do planeta, um Arcanjo era a existência perfeita além de qualquer coisa que a humanidade pudesse oferecer.

E, finalmente, o halo dourado que repousava na sua cabeça.

Simplesmente por existir, o Arcanjo poderia criar um santuário que enfraquecia seus inimigos e fortalecia todos os seus atributos. Usando seu halo como catalisador, ele podia extrair infinitamente o poder mágico da Dimensão da Fé, incrementando continuamente seus ataques até o fim dos tempos.

Podia conjurar fogo justo e relâmpagos divinos para destruir seus inimigos, aproveitando os elementos em batalha.

Contrariando a crença popular, um Arcanjo não era uma criatura que ficava à direita de Deus, concedendo misericórdia a todos que buscavam perdão. Não, um Arcanjo era uma criatura muito mais sinistra. Um ser conjurado que vivia por uma única razão…

Para exterminar todos os inimigos da Igreja Santa.

"Meus irmãos em Deus," a voz do Papa ressoou na cabeça dos novecentos e noventa e nove clérigos do ritual. "Que Deus nos conceda força infinita para derrotar a ameaça à humanidade."

"Amém!"

"Que suas almas sejam abençoadas com felicidade eterna por seu sacrifício desta noite!"

"Amém!"

"E, finalmente… Que Deus nos conduza pelo túnel do céu e nos traga luz antes do amanhecer!"

"Amém!"


Aff… Que vergonha.

"Avisem-me se algo acontecer. Vou acompanhar a luta entre o grandioso Arcanjo e o Senhor Demônio."

"Sim, meu senhor."

Leal somente a mim, o Padre Amorth ajoelhou-se em reverência. Assistindo a cena, não pude deixar de me sentir orgulhoso. Meu Deus Todo-Poderoso, só isso mesmo, você nem consegue manter seu mais forte padre leal à Igreja Santa.

"Agora, Anjo versus Demônio… Quem vencerá essa batalha?"