
Capítulo 121
Minha irmãzinha vampira
"I-Isso foi!"
Acordei encharcado de suor. Ofegante, tentei me recompor ao máximo e diminuir o tremor. Contudo, as memórias que voltaram à minha mente ainda me assombravam, e minhas calafrios passaram a ser arrepios de dor intensamente insuportável. E a dor lancinante que ressoava no meu coração… Logo se transformou em sentimentos de remorso.
Aquelas lembranças… Não eram somente minhas.
Elas eram de Rosalyne… Elas eram memórias da Rosa.
Sim… Como pude esquecer? O passado doloroso ao qual a garota foi submetida. A tristeza e solidão que ela sentiu. E… A razão pela qual decidi ficar com ela. Eu queria fazê-la feliz. Queria reconstrui-la por completo.
Eu queria…
Dar-lhe uma alma. Uma nova chance de viver.
No entanto, ao longo desses quinze anos, Rosa esteve me protegendo das sombras. Ela sempre me guardou fielmente, mesmo quando eu tinha completamente me esquecido dela. Mesmo quando Irina fez sua jogada egoísta, Rosa se contentava em assistir de longe, na clandestinidade.
Rosa não ligava para minha atenção, não se importava com meu amor, não se importava se meus olhos se voltavam para ela ou não.
Tudo o que ela queria… era que eu estivesse seguro.
Era seu voto de coração, e ela mantinha essa promessa mesmo quando as outras três garotas monopolizavam todo o meu amor e atenção.
No entanto, ao me ver repetidamente em perigo, Rosa chegou a uma conclusão dramática. Para me proteger de verdade, ela não poderia mais ficar nas sombras. Para garantir que ninguém nunca mais pudesse me ferir, ela teria que me ter sob seu controle. Mesmo que isso significasse me sequestrar e me manter preso.
Enquanto eu estivesse sob seu domínio, na proteção da Árvore do Mundo, ela poderia me proteger.
Foi isso que levou a essa situação comprometedora…
"Jin, você acordou?"
Ainda encadeado pelos pulsos e tornozelos, encontrei-me restrito na cama. Assim como antes, uma energia mágica era constantemente sugada do meu sistema, impossibilitando qualquer tentativa de lançar feitiços para escapar. Meu estado físico não era melhor, uma sensação de fadiga me dominava, e todos os meus esforços eram apenas um latido de filhote.
Olhei para o lado e não vi a beleza transcendental em lugar algum. Nesse horário, ela sempre estava ocupada com alguma outra coisa. No seu lugar, havia uma pequena fada que ficou comigo, ou melhor, vigiando meus movimentos.
"Sora…"
"Você sonhou?"
"… Sora."
Minha voz caiu, e meu olhar atravessou a sprite flutuante. Pode parecer que eu era ingênuo antes, mas agora, ao ver as memórias de Rosa, meus olhos foram realmente abertos.
"Sora… Ou devo chamá-la de Espírito da Árvore do Mundo?"
"Ah…" O sorriso da fada brilhante caiu enquanto sua coroa começava a cintilar. Depois de alguns momentos, Sora deu uma grande respirada e disse:
"Nossa, como você descobriu isso?"
"Rosa… Eu vi suas memórias."
Esse fenômeno só poderia acontecer por causa da troca de almas entre nós. Como Irina disse, precisávamos estar unidos de corpo, alma e mente. Rosa e eu já compartilhávamos um vínculo de alma, e por causa de sua atividade noturna intensa, nossos corpos praticamente se tornaram gêmeos siameses.
O que ainda faltava eram nossas mentes.
Antes, eu não conseguia entender o que estava por trás dos pensamentos de Rosalyn. Por que ela me mantinha preso nesta cama? Por que ela me drogava e me restringia? Por que ela agia de forma tão instável?
Mas, olhando o mundo pelos olhos dela, finalmente, compreendi.
Rosa estava me protegendo. Do jeito dela, tortuoso, ela acreditava que, mantendo-me nesta cama, poderia me proteger para sempre. É distorcido, sim, mas as intenções de Rosa eram puras. Quanto à Árvore do Mundo, por outro lado…
"Árvore do Mundo… O que exatamente você está planejando?"
"Planejar, eu não estou planejando nada," respondeu Sora com o mesmo tom de voz. "Sou uma Espírito, mas não tenho poder verdadeiro. Sou como qualquer outra árvore por aí… Quero apenas continuar vivendo."
"E pra isso, você precisa fazer Rosa sofrer?"
Minha voz ficava cada vez mais exaltada. Os Shadowgardens e os Elfos talvez fossem os responsáveis pela dor de Rosa, mas a principal causa era a Árvore do Mundo. Se não fosse por ela, Rosa não precisaria passar por todas essas restrições. Ela não precisaria ser tratada como ferramenta. Ela poderia ser… Uma garota comum.
"Sofrer? Muito pelo contrário! Rosa é minha amiga!!!" declarou Sora, inflando o peito. "Eu nunca quis ferir Rosa!"
"Então… Por que manipulou ela no passado?"
"Eu… Eu precisava que ela seguisse a profecia."
"Profecia?"
As palavras de Sora despertaram minha curiosidade. Nunca acreditei em profecias ou destino. Acreditava que o próprio pessoa deve forjar seu caminho. Mas, por outro lado, Sora era o Espírito da Árvore do Mundo, provavelmente a criatura viva mais antiga do nosso planeta.
Se Sora tinha visto alguma profecia, não devia simplesmente rejeitá-la.
"Sim… Nada é eterno, nem mesmo a Árvore do Mundo. Mesmo que ela consiga reencarnar-se, o tempo um dia passará. Como Espírito da Árvore, aceitei isso. Mas…"
As orelhas elf-like de Sora se ergueram enquanto ela olhava fixamente para minha alma.
"Tive um sonho… De uma Árvore do Mundo eterna. Uma que não estivesse sujeita aos caprichos da humanidade e do universo. Uma que pudesse resistir ao tempo e viver como um ser imortal."
Os olhos de Sora brilharam ainda mais intensamente enquanto ela repetia seu sonho para mim.
"E no centro dessa árvore haverá um homem. Não, um Deus. Com uma juventude que nunca muda e o poder de derrotar o tempo, ele protegerá a Árvore do Mundo com sua força invencível."
"E você está dizendo… Que esse homem sou eu?"
"Exatamente!" Sora ergueu o punho com pura exaltação.
"Esse sonho… Essa profecia… Eu a acreditei por muitos milhares de anos. Esperei pacientemente… Pacientemente pelo seu nascimento e sua existência. Tentei descobrir mais, mas só consegui ver o nascimento de seus poderes e, por algum motivo, o fim. Parecia que… havia um poder misterioso bloqueando qualquer visão sobre seu destino."
"…"
Já tinha ouvido isso antes. Quando lutei contra Sirius, ele disse sentir que 'algo' se escondia dentro de mim, e que esse 'algo' era forte o suficiente para fazer o Caçador de Estrelas, a arma mais poderosa da Casa Moonreaver, tremer de medo.
Interessante… Parece que há mais segredos escondidos, até para mim.
Destino, sorte, providência… Deve haver algum truque mágico que ainda escapa da minha compreensão. Infelizmente, por mais que eu estivesse interessado em descobrir, havia um problema mais urgente a resolver.
"Por isso, você obrigou Rosa a fazer o seu capricho? Para que ela te sirva para sempre?"
"Jin… A existência de Rosa nunca foi feita para me servir." Sora balançou a cabeça, um sorriso amargo surgindo nos lábios. "Rosa… A principal razão de ela ter nascido… Foi por sua causa."
"Por minha causa?"
"Sim," declarou Sora com entusiasmo. "Tudo foi predestinado pelo destino, desde o nascimento de Rosa até o seu encontro, o ataque do Demônio Exterior, e por fim, sua ascensão à grandeza. Tudo foi profetizado. Pode não gostar, mas o destino de Rosa foi te encontrar. E o seu destino… Era salvá-la."
"..."
Que nojice.
Durante toda essa tempo, culpei a Casa Shadowgarden, os Elfos, a Árvore do Mundo… Mas, na verdade, não olhei para dentro. Ainda não critiquei a verdadeira razão do sofrimento de Rosa e por que ela continua agindo assim.
Eu mesmo.
"Entendo…"
Respirei fundo, canalizei energia mágica do meu núcleo interior para minha mão direita. Naquele momento, cinco anéis ligados por correntes adornaram meus dedos. O dedo médio reluziu com uma cor azul profundo, parecendo o céu infinito.
O anel do polegar foi iluminado com as cores do arco-íris, mostrando a criatividade e inovação do universo.
O anel do meu indicador brilhou com um tom carmesim, como se asforas infernais estivessem enterradas dentro dele.
E, por fim… A pedra do meu anel mínimo começou a se energizar.
Com um brilho esmeralda que parecia conter todas as florestas luxuriantes do mundo, o anel brilhou intensamente. E com esse poder, comecei a ver luzes brilhantes correndo ao meu redor. As faíscas flutuavam desordenadamente, como moléculas que colidem e se unem. Mas, ao mesmo tempo, eram independentes e únicas, como seres vivos próprios.
Não, elas eram todas formas de vida…
Eram as almas de tudo que me cercava. As árvores, as plantas, a grama… Tudo que tinha uma alma viva… Agora, tudo era visível para mim.
Agora entendo… Este era meu quarto poder… Este era o poder que Rosa me concedeu…
Este era… O poder de controlar a Vida.