
Capítulo 113
Minha irmãzinha vampira
[Obrigado a todos por esperarem! Voltei!]
Quinze anos antes do despertar de Jin como Vampiro…
Na Sociedade dos Vampiros Nobres, havia várias casas nobres. Cada uma delas foi fundada pelos respectivos Lordes Vampiros, muitos dos quais tinham milhares de anos de idade. Diz-se que uma casa nobre equivale a uma empresa avaliada em bilhões de dólares, considerando o quanto elas operam dentro da economia mundial.
Muitos não discutiriam isso, ou simplesmente nem estavam cientes, mas mesmo que os Vampiros parecessem escusos, estavam profundamente envolvidos na parte obscura da sociedade. Desde o tráfico humano até lavagem de dinheiro, ou simplesmente possuíam propriedades herdadas há gerações.
Ao longo de milhares de anos, seria estranho que esses Vampiros não fossem as pessoas mais ricas e influentes do planeta.
Porém, entre as muitas casas nobres que os Vampiros ostentavam, poucas se destacavam de verdade. Em comparação com a casa nobre média, essas casas estavam praticamente em um nível completamente diferente. Se uma casa nobre comum tinha um patrimônio de um bilhão de dólares, essas casas tinham dinheiro para comprar um país inteiro.
Não, algumas dessas casas possuíam vastos territórios maiores que países pequenos do mundo.
Eles eram o escudo que protegia os Vampiros. As espadas que perfuravam os inimigos da raça vampírica. Os ouvidos que escutavam as ameaças capazes de ocasionar a queda de todos os Vampiros.
Elas eram as mais antigas e influentes casas...
As Dez Casas Guardiãs.
Everwinter, Moonreaver, Blackburn, Shadowgarden, Gravemind, Terrabound, Lakefall, Skywing, Arcanasong e, por fim… A Casa Vampiro Original… Casa Bloodborne.
A Casa Everwinter. Um monólito que existe desde o início da raça vampírica. Liderada pela Matriarca Inocência, a vampira mais famosa viva, a Casa Everwinter é a soberana indiscutível do Norte. De fato, até mesmo a Igreja Sagrada não nega seu poder supremo sobre a terra ao norte que governam.
A Casa Moonreaver. A mais rica e diplomática de todas as casas. Eles mantêm os Portais de Distorção essenciais que todos os Vampiros usam e foram os únicos criadores dos Reinos do Pesadelo. Sem eles, a raça vampírica nunca teria se tornado tão elitista e provavelmente ainda estaria sendo caçada pela Igreja.
A Casa Blackburn. A casa vampírica com o maior exército e força de combate. A única que enfrenta abertamente os Demônios Externos regularmente, às vezes até aliados de seus inimigos históricos, na luta contra a ameaça desses invasores estrangeiros.
A Casa Shadowgarden. A agência de inteligência da raça vampírica. Eles protegem a raça através de uma vasta rede de coleta de informações e, muitas vezes, atuam como agentes de espionagem para defender os interesses da raça vampírica.
A Casa Gravemind. Uma casa vampírica única, com o poder de dominar mentes e usar habilidades psíquicas. Eles governam seu próprio território e utilizam sua magia natural para controlar organismos vivos e Demônios Externos.
As casas Terrabound, Lakefall e Skywing eram bem semelhantes. A Terrabound especializava-se em magia relacionada a rochas e lama. A Lakefall nasceu com talento natural para controlar a água. Quanto à Skywing, dominava os céus com magia do vento e do voo.
A Casa Arcanasong. A única casa vampírica que não dependia da linhagem sanguínea. Desde que um vampiro estivesse disposto a se dedicar à casa, não importava sua origem social. Eles eram os estudiosos, os guardiões dos registros da raça vampírica. Mantinham registros de todos os Vampiros vivos, seus poderes, idades, e praticamente registravam toda a vida deles.
Eram também pesquisadores que experimentavam formas de melhorar a vida e o poder de um Vampiro.
Cada uma dessas Casas Guardiãs tinha seus próprios territórios e interesses. Mas todas estavam unidas por um objetivo comum: a proteção e o futuro da raça vampírica.
E, para liderar a futura geração de Vampiros rumo a um amanhã melhor, as quatro maiores casas criaram uma aliança que superava as Dez Casas Guardiãs.
A Casa Everwinter, Moonreaver, Blackburn e Shadowgarden decidiram fortalecer seus laços além de meros compatriotas, transformando-se em verdadeiros aliados que dominariam toda a raça vampírica. E o primeiro passo dessa união foi fazer com que as futuras líderes de seus clãs criassem um vínculo.
Quatro jovens garotas estavam reunidas numa vila isolada, um lugar tranquilo e afastado da civilização. A vila tinha tudo que uma jovem garota poderia precisar. Uma televisão, brinquedos para brincar, serviçais para atender a cada desejo… Era um refúgio perfeito para quem buscava descanso.
No entanto, as quatro garotas estavam sentadas juntas no sofá, cada uma se movendo nervosamente. A mais nova delas tinha cabelo branco. De longe, parecia mais uma boneca do que uma pessoa de verdade. Com os braços cruzados, a garota de cabelo branco parecia ligeiramente aflita com sua situação atual.
Com os lábios franzidos e os olhos descorados, ela nunca olhou diretamente para ninguém na sala.
As outras três também estavam agindo de maneiras desconfortáveis.
A garota loira, um pouco maior e mais velha que a de cabelo branco, fez careta ao observar o comportamento mimado da mais jovem. Ela estava inquieta, a perna tremendo, enquanto o pé de trás ficava dobrado sob o joelho. Sem saber o que fazer, ela pegou um livro grosso, de couro, na bolsa e começou a ignorar as outras.
A mais alta, uma garota de cabelo preto, observava as ações das duas conhecidas com olhares ansiosos. A tensão na sala era palpável; parecia que tinham entrado numa zona de guerra. Arranhando as unhas, a garota de cabelo preto virou-se para a única outra pessoa na sala, procurando alguma ajuda.
Mas, infelizmente…
A quarta garota, a mais velha, parecia atordoada. Seus cabelos verdes, lisos e longos até a cintura, caíam soltos, mostrando seu desinteresse por tudo que acontecia. Como líder do grupo, ela era responsável por conduzir a conversa e, no mínimo, manter a harmonia do ambiente. Mas ela simplesmente não ligava, mantendo uma expressão neutra, sem dar pistas do que poderia estar pensando.
Sem aguentar mais, a garota de cabelo preto começou a gaguejar:
"E-Então, os adultos disseram para a gente brincar juntas… Não seria certo ficarmos só uma, né?"
"..."
"..."
"..."
Nem uma das garotas respondeu à pergunta de Ysabelle. Irina soltou um bufinho silencioso e virou o queixo para o lado. Lilith fez como se as palavras da garota fossem apenas ar e continuou lendo seu livro. Enquanto Rosalyn nunca quebrou seu semblante calmo.
"E-Então, vou começar! Eu sou Ysabelle, tenho nove anos, e…"
"A gente sabe disso, Ysabelle." Lilith fechou o livro com um estrondo e fixou seus olhos vazios na nervosa Ysabelle. "Todas nós estávamos presentes quando os adultos nos apresentaram. Já sei seu nome, idade e detalhes pessoais."
"A-Ah, é mesmo…"
"Tch, por que eles insistem tanto em nos juntar? Não dá para virar amiga de uma noite para o outro só obrigando a gente a ficar numa vila por uma temporada." Irritada com a situação, Lilith deu uma vociferada, virou-se para as outras garotas novamente.
"Vocês leem algum jornal?"
"J-jornal? Ah, tipo romance?"
"Não, livros, boboca. Quero dizer, artigos de pesquisa." Lilith revirou os olhos e bufou. "Ou vocês seguem alguma pesquisa de magia?"
"Eu… Aprendi a usar minha Habilidade de Vampiro recentemente…"
"Não era isso que eu quis dizer…"
Lilith suspirou, lamentando mais uma vez sua situação lamentável. Como alguém relativamente avançada para sua idade, ela não gostava de interagir com os da mesma faixa etária. A maioria deles mal conseguia ler o título dos artigos que ela costumava ler, quanto mais entender o tema de seu maior interesse.
Ao invés de perder tempo brincando, Lilith preferia estudar ou, pelo menos, treinar sua magia.
"Mas, pelo menos, temos algo em comum. Todas vocês despertaram sua Habilidade de Vampiro, certo? A minha é a Melodia Elysiana. Em termos simples, consigo distorcer dimensões e gerar eletricidade. E a sua, Ysabelle?"
"A-Ah! A Fênix Obsidiana!" Empolgada que a conversa finalmente tinha avançado e que poderia cumprir o pedido do pai de se unir às outras garotas, Ysabelle exclamou animada. "Com ela, posso criar a chama assinatura da Casa Blackburn!"
"Ah… Isso é impressionante."
Os olhos de Lilith brilharam com um pouco mais de interesse ao ouvir aquilo. Como esperado, a maçã não caíra longe da árvore. Mesmo que Ysabelle parecesse uma criança irresponsável no momento, ela ainda era uma Blackburn e uma das quatro meninas escolhidas para criar laços nesta vila.
"E você, Irina Everwinter? Ouvi dizer que conseguiu a Habilidade do Soberano do Inverno. Deve estar orgulhosa, herdando a mesma Habilidade que a Matriarca Inocência."
"... Não ligo para isso."
A expressão de Irina virou amarga e sombria pela primeira vez desde que chegou. Parecia que o elogio de Lilith tinha tocado uma ferida na garota, fazendo sua expressão piorar.
"Como assim, você não se importa? O Soberano do Inverno é uma das Habilidades mais poderosas! Você vai poder dominar a Casa Everwinter e o Norte no futuro!"
Ysabelle, sendo uma Blackburn, soltou seus pensamentos mais íntimos. A Habilidade do Soberano do Inverno era lendária. Tão poderosa que até o próprio Progenitor dos Vampiros temia seu poder de zero absoluto, e o fato de a Matriarca Inocência ser quase invencível nas batalhas nos gelados Winterlands do Norte.
Em comparação com a Habilidade de Ysabelle ou Lilith, a do Soberano do Inverno estava em outro nível.
Isso provocou a reação genuína de Ysabelle ao ouvir que Irina não ficara impressionada de verdade.
"Eu disse que não me importo com isso!"
Irina explodiu, gritando incomum com a garota de cabelo preto. Ysabelle não sabia — ou melhor, ela não poderia saber — das enormes mudanças que aquele poder tinha causado na vida de Irina.
Antes de despertar o Soberano do Inverno, a garota era tratada como alguém insignificante na Casa Everwinter. Seus pais estavam em hibernação, seu irmão biológico não se importava com ela, e ela passava o tempo basicamente sozinha, numa casa vazia.
Mas, em menos de um ano, a menina de oito anos havia se transformado de uma criança invisível na família grande na principal atenção de todos. Irina ainda foi forçada a vir para esta estúpida viagem de retiro com três desconhecidas, garotas que ela nem conhecia ou se importava.
Para uma menina de apenas oito anos… Era demais para suportar.
"Com licença!"
Bateu palmas na mesa, Irina se levantou e, com uma rápida rajada de vento, saiu do cômodo, correndo em direção à natureza além da vila. Surpresas com sua atitude, Ysabelle só pôde ficar boquiaberta, enquanto Lilith acompanhava os passos de Irina, perplexa com a mudança repentina.
E, no calor do momento, nem Lilith nem Ysabelle perceberam a expressão de Rosalyn, que permanecia impassível. Um sorriso irônico surgiu em seus lábios rosados enquanto ela murmurava bem baixinho, quase inaudível:
"Ele está vindo…"