Do Nada a VIP: O Ferreiro das Dimensões

Capítulo 293

Do Nada a VIP: O Ferreiro das Dimensões

-Clang! Clang! Clang!

O som de um martelo acertando metal ecoou pelo ateliê, que não era nem grande nem pequeno demais. Kang Shin-hyuk continuava batendo na espada à sua frente. Sua identidade não era outra senão Abyssus, cuja forma estava amassada sob o peso de seu martelo.

-Clang! Clang! Clang!

O Abyssus era a única obra-prima comparável ao Devorador de Deuses entre as criações da Bigorna até então, embora estivesse retorcida. Quem ousaria derretê-la, e quem poderia fazê-lo, mesmo querendo? Estava casualmente destruindo um item que os super-humanos da Terra nem sonhariam em imaginar.

-Clang! Clang!

Não… Na verdade, quanto maior a dificuldade da tarefa, melhor. Ser dominado por emoções inúteis, que só cansam, e que ninguém tira proveito… já tinha experimentado isso bastante na vida anterior.

"…Próximo."

Kang Shin-hyuk, que transformou Abyssus em um bloco de metal, produziu a espada Excalibur – Desespero. Era a espada mágica suprema criada por Oh Joo-young depois que ele se voltou para Jormungand. Era um objeto difícil de ser quebrado ou derretido.

-Clang! Clang! Clang!

Kang Shin-hyuk pensou em combinar as duas para formar uma nova espada. Elas sozinhas não eram suficientes para alcançar a espada divina de Janus, então se perguntava se juntá-las poderia chegar a isso. Fragarach e Astrafe estavam fora de questão. Ambas eram armas excelentes, mas seus atributos já estavam fixos, tornando impossível refiná-las. Além disso, era pouco provável que combiná-las pudesse superar Janus.

Se Shin Eunah tivesse se acostumado a elas, talvez não fosse diferente, mas ela—

-Clang!

"…Ha."

Kang Shin-hyuk fechou lentamente os olhos e os abriu novamente, como se estivesse em dor por ter tentado juntar as duas espadas. Conseguiu preservar os poderes de ambas e condensá-los em um único monstro, mas sua mente ficou pesada e ele não conseguia mais se concentrar em seu trabalho. Se continuasse assim, nasceria um novo 'Abyssus' que não superaria o Devorador de Deuses.

Convencido disso, seu martelo parou.

—Droga…

-Membro…

Uma mensagem cautelosa apareceu diante dele.

-Há uma solicitação de visita ao seu Quarto.

—Quem será?

-…Sou eu, Tsukuyo.

Saiu uma risada dele. Considerando como ela correu para a Terra por causa da missão dimensional, o administrador não pôde evitar se resignar. Era um pouco engraçado, dado o quão veementemente ele tinha tentado impedir ela antes, mas agora ele tinha uma resposta suave à sua solicitação.

—Vou autorizar.

-Entendido.

Logo, Tsukuyo apareceu diante dele. Vestia-se com roupas tradicionais como sempre, mas sua expressão estava tão tranquila que o clima parecia bem diferente do habitual.

"Bigorna…"

"É uma expressão que aparece mesmo sabendo que só há más notícias."

"Eu só fico feliz por existir, mesmo. Se você se sente aliviado me repreendendo, pode fazê-lo."

Se alguém mais ouvisse, poderia achar que ela estava zombando dele, mas Kang Shin-hyuk sabia que Tsukuyo não tinha intenção de fazer isso. Mas aquilo não ajudaria em nada. Se ele ficasse bravo com ela por uma situação pela qual ela não era responsável, ele seria o tolo. Enquanto Kang Shin-hyuk apagava toda expressão do rosto e ficava silencioso, Tsukuyo olhou nos seus olhos.

"Bigorna, posso me aproximar de você?"

"…"

Após confirmar que ele tinha terminado seu trabalho, os olhos de Tsukuyo se arregalaram por um instante ao perceber o metal na bigorna que emanava uma sensação aterradora de expectativa. Isso passou rapidamente quando sua expressão se acalmou, e ela se aproximou dele. Com cuidado, estendeu a mão, pegou delicadamente o martelo dele e pendurou-o na parede.

Então, como se estivesse pronta para ser rejeitada, ela tremeu enquanto o puxava lentamente para seus braços. Kang Shin-hyuk pensou que, se Claire soubesse, ficaria louca, mas achava que Tsukuyo não iria se aprofundar mais, então decidiu ficar lá. Honestamente, ele não tinha energia para resistir.

"Bigorna, afinal de contas, é Bigorna."

"Hã?"

Tsukuyo continuou olhando para a peça de metal na bigorna.

"Não, ao ver isso, lembrei de algumas armas que você forjou na época em que entrou no universo dos heróis pela primeira vez. Rústicas, sem refinamento, violentas… Parece com as armas que você criou naquela época."

"…"

Mesmo em suas memórias da vida anterior, havia cenas de Tsukuyo reagindo exageradamente a qualquer arma que carregasse os pensamentos profundos de Bigorna. Naquela época, Bigorna ainda tinha uma timidez em relação a Tsukuyo e ficava um pouco inseguro. Kang Shin-hyuk, de repente, ficou contente por não ter terminado mais nenhum trabalho naquele dia, enquanto Tsukuyo parecia um pouco triste.

"Na verdade, eram essas obras pelas quais eu admirava você, mas você logo conseguiu controlar suas emoções. Claro que o que você criou desde então também é excelente, mas não consigo esquecê-las…"

"Não sei o que você pensou ao olhar para elas, mas… armas carregadas com esses sentimentos acabam causando coisas ruins."

Kang Shin-hyuk respondeu calmamente. Era algo que tinha visto após resolver várias missões dimensionais.

"Entendo… Armas carregadas de pensamentos intensos despertam o mal só por existirem, às vezes oprimem os vivos e até destroem civilizações."

Os olhos de Kang Shin-hyuk se arregalaram ao ouvir isso. Tsukuyo o abraçou um pouco mais forte, como se soubesse o que ele queria dizer.

"Mas, Bigorna, isso é natural, não é algo ruim, como você disse."

"O quê?"

"Pense bem. Você também fez uma missão dimensional, então sabe quantos mundos existem."

Kang Shin-hyuk assentiu. Sua experiência era um pouco apagada comparada à de Tsukuyo, mas já era suficiente para perceber a imensidão do universo.

"Então imagine que todos esses mundos não irão perecer, mas se desenvolverão infinitamente… O que você acha que vai acontecer?"

"O que vai acontecer? Eles só vão melhorar cada vez mais."

"Bigorna, você não deve evitar o que já sabe. Um mundo que se desenvolveu bastante vai acabar se expandindo em outras direções. Sim, para outro mundo…"

"Então…?"

Kang Shin-hyuk sentiu algo captar sua mente naquele momento. Por que ele estava se preocupando com as palavras dela agora? Ah, é isso.

"É isso que Jormungand faz."

"E se não houvesse Jormungand? Não aconteceria?"

"…"

"A resposta certa é não."

Tsukuyo falou com tristeza, como se tivesse visto isso acontecer ela mesma.

"A habilidade de movimentação dimensional de Jormungand é realmente ótima, mas você não pode dizer que é só para eles, certo? No momento, no universo dos heróis… Bigorna, você também."

Kang Shin-hyuk estremeceu. Sua habilidade de coordenação espacial evoluiu para dominação espacial na luta contra Janus. Era impossível ir além das dimensões, mas a habilidade certamente tinha esse potencial. Não, se seus atributos evoluíssem continuamente, algum dia, sua força isoladamente certamente permitiria isso… Reconhecer esse talento significava que Tsukuyo própria poderia viajar pelas dimensões sozinha.

"Não teria havido algo assim no passado? Não havia pessoas querendo invadir outros mundos?"

"Não, mas isso… É totalmente coisa do Jormungand!"

Tsukuyo respondeu calma, apesar de sua exclamação.

"Sim, se a aparência mudar de acordo com a civilização… Não faria sentido diferenciá-los de Jormungand, certo? Se todos esses mundos parassem no tempo, este universo seria um caos."

Tsukuyo olhou para Kang Shin-hyuk. Depois de dizer isso, ela não tinha certeza se ele tinha entendido tudo. Ele tinha. Sentiu-se sujo.

"Então, o quê? As armas que eu crio se espalham pelo espaço e afetam negativamente muitos mundos… Bonne job?"

"Se você colocar na mão de alguém de bom coração, até uma arma com pensamentos sombrios não vai descontrolar. Sua arma só surgirá quando o mundo merecer ser destruído."

Tsukuyo apertou-o ainda mais, percebendo que suas emoções estavam à flor da pele.

"Dizer que armas criadas por mãos humanas podem controlar e destruir mundos… Bigorna, você é a única que pode equilibrar o universo."

"Você."

Kang Shin-hyuk empurrou-a para longe e apontou para ela.

"Não foi você quem deixou as armas que comprou em outros mundos?"

"Não fui só eu, Bigorna… Eu não comprei todas as suas armas, certo?"

Kang Shin-hyuk riu. Não confiava absolutamente nesta comunidade em que estava. Mesmo assim, se perguntassem se era errado, ele não poderia argumentar com confiança. Nas palavras de Tsukuyo, havia um karma profundo que um humano inexperiente nunca poderia compreender.

"Espere… Então, e o Jormungand?"

De repente, ele pensou nisso.

"O Jormungand funciona do mesmo jeito que as armas que eu fiz? É por isso que Janus foi até eles?"

"Prefiro que você não coloque coisas tão pequenas no mesmo nível do seu poder. As obras elegantes e discretas de Bigorna comparadas àquelas coisas aleatórias."

Embora Tsukuyo demonstrasse forte antipatia pela comparação, ela não a negou completamente.

"Terra… Será que a Terra é muito avançada? Então desta vez…"

"Na Terra, eles têm você."

A voz de Tsukuyo ficou um pouco mais baixa.

"Imagine se você continuasse criando armas poderosas assim, para que um dia milhões de super-humanos estivessem armados por sua causa."

"Claro que não faria isso. Mas e se alguém, alguém com desejos excessivos, pudesse abrir portas para outros mundos? Mais recursos, riquezas, força de trabalho… E se quisesse atacar tudo isso e invadir?"

Kang Shin-hyuk não acreditava muito na bondade humana. Era verdade que as armas que ele vendia por meio de Lee Manwoo tinham sido entregues aos super-humanos na linha de frente, aumentando imensamente seu poder. As palavras de Tsukuyo eram um avanço, mas… eram tão evidentes que seu coração doía como uma estaca.

…Então.

Kang Shin-hyuk de repente ficou cansado e se sentou. Sentia-se um idiota por ter batido metal por horas para se acalmar.

—Por minha culpa, o ataque do Jormungand ficou mais intenso. Por minha causa, Eunah…

"Bigorna e Eunah estão bem. Sério. Janus vai voltar, mais cedo ou mais tarde…"

Kang Shin-hyuk não respondeu. Talvez o administrador tivesse trazido Tsukuyo para explicar o que ele não podia. Mas Kang Shin-hyuk não queria saber dessa verdade. Se os humanos se tornaram mais fortes, os ataques do Jormungand piorariam? Então, por mais forte que ficarem, seria impossível evitar? Só lutar e morrer, girando a roda… Desde o momento em que o mana começou a florescer na Terra, seu destino já estava decidido.

"Se."

Kang Shin-hyuk olhou para Tsukuyo, que permanecia em silêncio.

"E se realmente conseguirmos acabar com o Jormungand?"

"Eles são nosso espelho. Se ficarmos mais fortes, uma nova sombra nascerá."

Ele já tinha ouvido aquilo antes, mas…

"Estou perguntando apesar disso. Em algum lugar, deve haver um ponto de partida e uma fonte do Jormungand. E se eu o destruir?"

"Fonte."

Tsukuyo provavelmente já sabia da existência dela. Ele assentiu com uma expressão um pouco mais brilhante, como se finalmente tivesse entendido o que tinha dito.

"Se você… talvez consiga encontrá-la. Se realmente conseguirmos eliminá-la, pode ser possível destruir o Jormungand."

"Certo."

Ele tinha recebido alguns indícios antes, mas agora estava claro. O Jormungand era um sistema diferente do sistema Gaia, mas com uma função semelhante. Assim, destruir o núcleo daquele sistema cessaria sua operação. Era suficiente saber disso.

"Trabalhem juntos. Eunah e Jormungand."

"Se você quiser."

"Muito bem. Então volte… Tenho muito o que fazer lá fora."

"Sim, Bigorna. Antes disso."

"Hã? Ah…"

Tsukuyo respondeu educadamente, parecendo ter se tornado sua subordinada, mas deixou uma marca em suas bochechas e lábios antes de desaparecer. Kang Shin-hyuk suspirou, abriu a porta do seu Quarto.

Apesar de seus sentimentos, era hora de voltar à realidade.