Fui parar dentro de uma história de fantasma... e ainda tenho que trabalhar

Capítulo 64

Fui parar dentro de uma história de fantasma... e ainda tenho que trabalhar

Uau.

Claro que não.

‘Mas eu não posso morrer por dinheiro...’

As lágrimas começaram a brotar nos meus olhos. Isso é loucura.

‘Não, Seolum. Vamos pensar—todo o dinheiro deste mundo é como dinheiro de jogo pra mim... dinheiro de jogo, dinheiro de jogo...!’

É isso!

Meus olhos brilharam com um toque de melancolia e comecei a falar bobagens.

"Acredito que, mais importante do que dinheiro imediato, eu preciso primeiro aprimorar minhas habilidades e meu valor."

Isso era insanidade.

‘O motivo de aprimorarmos habilidades e valor é para ganhar mais dinheiro, então por que estou recusando isso?’

Mas eu continuava tagarelando de um jeito que se encaixava perfeitamente na mentalidade de um gerente corporativo de trinta anos atrás.

"Nossos antepassados diziam que vale até a pena passar por dificuldades quando se é jovem. Embora eu não concorde totalmente, acho que tem motivo para esse ditado existir."

O gerente assistente Jin, do time A, me olhou como se eu tivesse perdido a razão.

Mas parece que a mensagem ressoou com a chefe máxima.

"Hmm."

A líder do time A ficou pensativa. Ela estreitou os olhos para mim, suspirou e assentiu.

"Tudo bem. Se é assim que você realmente sente... acho que não podemos forçar."

Yay!

"Achei que você fosse esperto, Sr. Soleum, mas talvez você seja um pouco mais ingênuo do que imaginei. Como espera sobreviver neste mundo cruel?"

Perfeito.

O tom era meio repreensivo, mas vindo dela, parecia quase um elogio!

...Mesmo que ela não tenha resistido a colocar mais um pouquinho.

"É bom trabalhar duro. Mas ser bonzinho demais não é bom para a vida corporativa."

Sim, sim.

"Se me permite um conselho... lembre-se, você não sobrevive ao trabalho se agarrando às emoções. Especialmente não crie apego por pessoas que não te entendem."

Ela lançou um olhar direto para alguém em particular, com a expressão ficando sombria.

"Não faça isso. Não vale a pena."

"...Entendido."

Ah, ela está falando sobre o ‘psicopata teimoso’ Chefão Lagarto, né? Beleza.

"Ouviu isso, Chefe Lee Jaheon?"

"? Sim."

O lagarto respondeu como se fosse a coisa mais óbvia do mundo.

"Entendi perfeitamente."

"..."

"..."

Por favor, pare com esse olhar de ‘Esse cara é sério?’, líder do time A...

"Enfim."

Respirando fundo, a líder do time A encerrou a conversa.

"Bom trabalho hoje. Podem ir para casa."

"...! Sim, senhora!!"

Doce, doce liberdade.

"Obrigada. Vou indo agora."

Finalmente posso escapar...!

Pressionei o botão do elevador com ansiedade. O gerente assistente Jin logo chegou perto e sussurrou para mim.

"Seu idiota. Você vai se arrepender disso."

"..."

"O chefe do time D ainda nem viu um bilhete de desejo. O nosso chefe já recebeu um."

Está tudo certo. Sei que esse lagarto vai acabar virando líder de equipe.

Claro que não podia dizer isso, então respondi com um elogio.

"Tenho certeza que você também vai conseguir um em breve, gerente assistente."

"O quê?"

"Vou querer ouvir tudo sobre isso quando chegar a hora."

"..."

O gerente assistente Jin pareceu momentaneamente surpreso, depois zombou.

"Você até que tem um pouco de bom senso."

"Você vai contar, né?"

"Sim."

Embora fosse uma promessa verbal, pelo jeito da personalidade dela—rude, sim, mas não de mentir ou voltar atrás no que fala.

"Chefe, gerente assistente, muito obrigado pelo dia de hoje."

"Tá bom, podem ir para casa."

Depois de agradecer, pressionei o botão do elevador e entrei rapidamente antes que me puxassem para qualquer coisa além disso.

Mas, na hora certa, o Chefão Lagarto entrou logo atrás de mim.

Então ele realmente veio aqui só para entregar aquele pedido de desculpas sem alma...

– Descendo...

Enquanto o elevador nos levava em silêncio, o Chefão Lagarto inesperadamente começou a falar.

"Kim Soleum-ssi."

"Sim?"

"Você quer algo no time D?"

Hã.

"...Está querendo dizer, com essa pergunta, que acha que fiquei no time D apesar de ter chance no time A porque quero algo específico?"

"Sim."

Credo.

Depois de passar a mão na nuca, suspirei e respondi.

"Não é nada disso, chefe."

"?"

"Não escolhi ficar por vantagem nenhuma."

Fiquei porque quero continuar vivo!

O Chefão Lagarto estreitou as pupilas em fenda com um olhar desconfiado.

"Ficar num time comum em vez de um de elite faz você perder pontos. Vai demorar mais pra receber um bilhete de desejo."

"Pode ser verdade."

Encolhi os ombros.

"Mas mesmo querendo o bilhete, quero estar vivo tempo o suficiente para usá-lo."

"..."

"Até lá, prefiro estar num lugar onde posso trabalhar com um pouco mais de tranquilidade."

Prefiro não viver com medo constante de ser exposto como um covarde, sabe...

"Entendo."

O Chefão Lagarto ficou em silêncio.

Finalmente, silêncio enquanto descíamos—

"Qual é o seu desejo, Kim Soleum-ssi?"

Mais perguntas do que de costume hoje.

"...Está perguntando o que eu pediria se tivesse o bilhete?"

"Sim."

"Então, gostaria de saber o seu primeiro, chefe."

Foi minha forma educada de dizer ‘Por que me faz essa pergunta só de um lado só?’

Mas o lagarto só piscou as pupilas verticais e ficou encarando o vazio, como se pensasse. Depois de um instante, respondeu.

"Não é meu desejo."

"Como assim?"

"Trabalho aqui porque me designaram, não por escolha própria."

Algo que eu nunca esperava.

Me virei, reflexivamente, para olhar para ele. A luz refletia nas escamas da cabeça distintamente não humana dele...

"...Posso perguntar de quem é a vontade?"

"Você não pode."

Ah. Certo.

Não me magoou o fato de conhecer bem esse lagarto.

‘Deve ter uma história por trás disso.’

Já que ele respondeu, parecia que eu devia dizer algo também. Depois de pensar um pouco, escolhi as palavras.

"Eu... só quero ir pra casa."

Na verdade, o chefe Lee poderia ter feito uma tonelada de perguntas: Onde é ‘casa’? Por que esse é seu desejo? É um lugar ou uma metáfora?

Mas em vez disso, ele simplesmente disse,

"Entendo."

E foi isso.

No silêncio, o elevador continuou sua descida tranquila.

"... "

Tenho que admitir que, de certa forma, o Chefão Lagarto é um parceiro de conversa até fácil.

Estranhamente.

* * *

De volta à minha unidade no alojamento—

Cuidado com serial killers—

Depois de mandar outra mensagem amigável avisando o Baek Saheon sobre desastre iminente, deitei para descansar.

‘Mais um dia cheio de altos e baixos...’

Sério, sinto que esse trabalho vai cortar minha expectativa de vida pela metade. Meu coração mal aguenta. Ainda assim, não nego que hoje teve bons ganhos.

Pontos extras, networking com superiores do time de elite.

E um bônus gordo.

"...Cinco milhões de won, hein." (Aproximadamente 3.500 dólares)

Fico me perguntando quando vai cair na minha conta.

Já disse que é só ‘dinheiro de jogo’, mas pra ser justo, isso só faz tudo ser mais útil.

Vou precisar disso pra aumentar meus status.

‘Poxa, poderia usar mais grana pra comprar na Loja Alienígena.’

Com tantas emergências inesperadas, senti necessidade de mais equipamentos de defesa—especialmente algo pra proteção mental.

‘E a Loja Alienígena tem itens VIP exclusivos se você chegar nesse nível...’

Ainda pensando nos ganhos de hoje, fiquei sem palavras.

Cinco milhões de won.

"...Hoh."

De verdade, esse é o bônus que colocam na conta de um funcionário corporativo.

É dinheiro suficiente para mexer com sua noção de valor monetário.

E mesmo assim, ainda não parece o bastante pra comprar tudo que preciso.

"Será que tem outro jeito de conseguir uma grana..."

Bzzzt!

Meu celular vibrou, mostrando um novo popup na tela.

‘Baek Saheon?’

Não, dessa vez não.

Inesperadamente, eu tinha sido convidado para uma nova sala de chat aberta.

"...?! "

[K.LEE]

O perfil mostrava uma praia havaiana ensolarada e um nome em inglês.

Isso me parece suspeito...

– K.LEE: Oh, olá, Sr. Funcionário lolol

– K.LEE: Quer um dinheirinho extra?

"...??"

Quem?