Capítulo 52

É agora.

"……"

Em condições normais, eu teria pensado melhor e preparado medidas de segurança antes de tentar.

‘Convidar alguém do Outro Mundo’ — a descrição perfeita para o início de uma creepypasta.

Mas não tenho tempo nem oportunidade para isso agora.

‘Vamos tentar.’

Porque eu realmente preciso do aconselhamento de alguém que entenda o funcionamento das creepypastas.

Peguei meu smartphone, equipado com a empunhadura memorial, e abri a aba ‘Bom Amigo’ no app <Registros de Exploração Sombria>.

Os itens necessários são os seguintes.

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· Materiais para o Convite

– Fósforos (ou isqueiro)

– 100mL de água

– Uma colher de sopa de sal

– Uma moeda (limpa)

– Um item relacionado a um amigo

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E um lugar tranquilo.

‘Esse vestiário é perfeito.’

Do lado de fora está barulhento, com sons de água e música, então esse é o melhor lugar.

De algum jeito, consigo arrumar um isqueiro, água e sal dentro do parque temático — seja pegando emprestado ou pedindo em alguma barraca.

O problema são os dois últimos itens.

Uma moeda (limpa)

Um item relacionado a um amigo

Não tenho mais moedas. Usei todas.

E o item relacionado a um amigo... Na verdade, ele foi incluído para aumentar a diversão da creepypasta. Se você coloca um livro de contos de fadas, aparecerá um monstro inspirado nessa história.

‘O que fazer para deixar isso o mais seguro possível?’

Não, eu hesitava em usar algo deste parque temático como item relacionado a um amigo.

Não é este lugar já uma creepypasta em si?

"……"

No fim, depois de muito pensar, escolhi dois itens.

Na esperança de que essa substituição funcionasse.

E depois de um tempo.

"Huu."

Coloquei a tocha e o sal que havia conseguido no chão, em um canto do vestiário.

‘Que coisa assustadora.’

Consegui tudo em uma carrinha de lanches. Vi que vendiam ‘Marshmallows Assados’ e achei que talvez tivesse o que eu precisava, e tinham ambos.

‘…Me deram de graça quando viram minha carteirinha.’

Em vez de me deixar feliz, isso só me deixou com um pressentimento ruim.

Enxuguei a boca e abri meu smartphone novamente.

Precisava começar rápido.

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· Ritual de Convite

1- Em um chão liso, molhe o dedo na água e desenhe um hexagrama usando o modelo incluso.

2- Coloque o ‘Bom Amigo’ no exato centro do hexagrama.

3- Coloque a moeda na barriga do ‘Bom Amigo’. Neste momento, seus dedos não devem ter mais água.

4- Segure uma colher de sopa de sal na boca e queime o item relacionado a um amigo usando fogo.

5- Quando o ‘Bom Amigo’ começar a falar, engula o sal e devolva a saudação gentilmente!

Se a moeda desaparecer, o ritual foi bem-sucedido! Você fez um amigo confiável. Sempre mantenha-o por perto e o valorize!

※ Se não conseguir engolir o sal, se tiver gosto estranho,

virar cinzas, ou se sair sangue,

fuja.

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"Huu."

Primeiro, desenhei um hexagrama no chão de mármore do vestiário, exatamente como na imagem. Era um pouco complexo, mas não muito difícil.

‘…Está brilhando de um jeito estranho.’

Porém, o hexagrama pronto ficou excessivamente liso, sua superfície reluzente, sem nenhum borrão.

Depois de secar bem a umidade dos meus dedos na barra da roupa, peguei o chaveiro ‘Bom Amigo’ com as mãos trêmulas e o coloquei exatamente no centro do hexagrama.

‘De todos os tipos, ainda é uma coelhinha.’

Fiquei desconfortável, mas lembrando que comprei achando fofo na loja temporária, me senti um pouco melhor.

E para a moeda…

‘Essa aqui.’

Coloquei o item que tinha — a Moeda da Serpente de Prata — em cima.

‘Tecnicamente é uma moeda... certo?’

Pensei que, ao invés de usar uma moeda dessa história mal-assombrada, seria mais seguro usar um item da Loja Alienígena do plano da ‘realidade’. Considerando o preço, parecia ser um item bastante valioso, e eu tentava me convencer de que talvez até tivesse um efeito melhor.

Então, depois de colocar o sal na boca, finalmente.

‘Um item relacionado a um amigo.’

Isso também precisava ser algo que não pertencesse a essa história mal-assombrada.

Ou seja... a mim mesmo.

"……"

Afrouxei minha gravata.

‘Se é meu próprio item, certamente não pertence a este lugar.’

Um amigo relacionado a uma gravata? Não sei quem poderia ser, mas é melhor do que algo como uma faca de cozinha.

Acendi a tocha.

E levei a chama até a ponta da gravata.

Whoosh.

Como mágica, a chama cresceu forte, jogando uma sombra sobre o boneco de pelúcia no hexagrama.

A sombra tremia.

Tremia mais.

E mais.

De repente, o ambiente escureceu.

Tudo que eu conseguia ver era a chama consumindo minha gravata, o hexagrama refletindo aquela luz e o boneco de pelúcia no centro.

Flicker.

Flicker…

Minha mente confusa não se dissipava.

Em vez disso, o sal na minha boca foi se dissolvendo, com seu gosto salgado, anestesiando minha língua.

No meio disso tudo.

Flicker.

Flicker…

A boca do ‘Bom Amigo’ que segurava a moeda se abriu.

– OLHE!

– SOU O DONO DE MIL MÁSCARAS, O SENHOR DO CAOS, O PINÁCULO DA LOUCURA, O SONHO DE PRAZER E BRINCADEIRA, O INSTIGADOR DA GUERRA, O PAI DA CIÊNCIA, A FERA QUADRÚPEDE DE BAIXO NÍVEL—

……!!

É muito... alto.

É como se minha cabeça estivesse sendo sacudida violentamente.

Queria tapar os ouvidos, mas não tenho mãos livres. Estou segurando a gravata e a tocha!

O que é isso?

– O DESEJO DOS RASTEJANTES, O SENHOR DAS ESTRELAS, O ABISMO DA ILUSÃO, A BOCA DA SABEDORIA, O RUGIDO DO IMPULSO, O LADO ESCURO DA LUA…

O boneco de pelúcia no centro do hexagrama convulsionava.

No meio dele, um objeto redondo prateado estava queimando.

‘A Moeda da Serpente de Prata.’

Usei a moeda errada?

– EU SOU…

Minha cabeça dói tanto, tanto...

– Amigo.

– Está doendo, amigo?

Levantei a cabeça.

– Isso não está certo…

Uma voz suave e meiga surgiu do ‘Bom Amigo’.

– Você não deve sentir dor...

"……"

O tremor diminuiu.

Enquanto a gravata queimava, o fogo se apagou.

A moeda que esteve em cima do coelhinho convulsionando desapareceu em algum momento.

Assim como a umidade usada para desenhar o hexagrama.

"……"

Silêncio.

Engoli o sal, olhando para o ‘Bom Amigo’ imóvel.

Mas nenhum som saiu.

‘Não me diga...’

"Falhou...?"

– Sr. Cervo?

"……!!"

Uma voz alegre e agradável ecoou.

Mas...

– Sr. Cervo?

Era uma voz familiar.

Sem perceber, eu respondi.

"Sr. Apresentador?"

"Ah, então é você, Sr. Cervo!"

Quiz Show de Terça-feira.

A voz do apresentador com cabeça de TV que conduziu a transmissão ao vivo naquela creepypasta vinha do boneco.

– Prazer em conhecê-lo, meu amigo!