
Capítulo 4
Fui parar dentro de uma história de fantasma... e ainda tenho que trabalhar
[Esta parada é Ressentimento, Estação Ressentimento.]
[As portas estão à sua direita...]
Um silêncio sufocante envolve o metrô de histórias de fantasmas.
Eu também contribuo para esse silêncio.
Mesmo já conhecendo essa história de terror, sou do tipo que se assusta só com a miniatura quando aparece um vídeo relacionado no YouTube e logo clico em "Não me interessa".
E agora eu tenho que sobreviver dentro dessa história de fantasma?
“Me mata logo...”
Seria uma misericórdia.
Nem tenho energia para tentar entender o que está acontecendo.
Enterrei o rosto nas mãos, querendo negar tudo.
Foi quando aconteceu.
Piscar.
[1º Lugar: Dark Exploration Records Box Oficial de Merch]
“……?!”
Levantei a cabeça.
Algo parecido com um bloco de anotações voava à minha frente.
Eu conseguia vê-lo com os olhos abertos ou fechados.
Parecia uma folha arrancada de um bloco, dobrada, esvoaçando.
“Isso…”
Espere. Parece que ninguém mais está vendo.
Fechei a boca rapidamente.
Chamar atenção para mim nessa situação seria burrice.
Em vez disso, pressionei discretamente o bloco à minha frente com a mão,
tentando não parecer estranho.
Flap.
Surpreendentemente, o bloco se abriu como se estivesse se desdobrando, cuspindo algo pequeno.
“……!”
Cobri depressa com a mão, como tentando esconder.
Era... um popsocket.
Um popsocket preto simples, sem nada marcante, exceto por um X dourado no centro.
Mas só pelo design eu já sabia do que se tratava.
“É mercadoria oficial.”
Um dos produtos vendidos na loja pop-up
Era um dos itens que comprei hoje.
Com as mãos trêmulas, peguei o popsocket.
Na história, qual era a função mesmo desse item...
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[Popsocket Memorial]
: Item classe C presente em
Quando fixado no smartphone, exibe textos que você lembra em uma página organizada e clara.
Item padrão para funcionários nível nove do Escritório de Gestão de Desastres Sobrenaturais do Ministério do Meio Ambiente.
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“Exibe memórias como texto...”
Então, talvez?
Com as mãos tremendo,
descolei a parte adesiva do popsocket e o fixei imediatamente no meu celular.
No instante em que fiz isso, o texto fragmentado que eu lembrava vagamente de
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Dark Exploration Records / História de Fantasma
[Bem-vindo ao Abyss Transpo]
: História de fantasma apresentada em
: Código de identificação Daydream Inc. – Qterw-D-16
Escuridão estágio inicial classe D, com requisitos de fuga extremamente difíceis. História de terror notoriamente insana. Retrata a equipe de exploração de campo que sofre infinitamente.
Os registros de exploração indicam até 56 entradas no total.
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“……!”
Então isso significa que...
“O merch que comprei funcionou de verdade?”
Pensando bem, a caixa preta de mercadorias que estava no meu colo desapareceu sem deixar rastro.
“Então essa caixa de mercadorias... virou esse bloco e cuspiu o merch que comprei?”
Que situação maluca é essa?
Ainda assim, com certeza é vantajoso para mim.
O universo das histórias de fantasma em que entrei,
Sabe quantos veteranos da internet já criaram conteúdos inspirados nisso?
Literalmente centenas e centenas de histórias de fantasmas.
Claro, é difícil lembrar de todas como se folheasse um livro na mente.
E essas histórias não dizem de forma direta como sobreviver.
Você tem que inferir as respostas certas pelas histórias, o que torna tudo mais difícil em situações novas.
“Mas se eu puder conferir de uma vez só o texto que já li...”
Se isso for possível, a primeira coisa que preciso procurar é...
“Casos anteriores de fuga!”
Eu rolei rapidamente pela página wiki.
Enquanto lia a seção “3.2 Registros de Exploração”, então...
“……”
Cheguei a uma conclusão.
“Entendi.”
Encontrei a resposta para a estação onde preciso descer.
Mas tem um problema.
“……”
Olhei para os outros passageiros no vagão comigo.
Éramos oito jovens recém-contratados no total, incluindo eu.
As pessoas que entraram em pânico após testemunhar dois desmembramentos ao vivo começavam a se recompor e a conversar.
“Essa parada, Ressentimento... parece que tem a ver com aquele ressentimento que a gente sente quando está bravo, né?”
“Sim...”
“Ah, sem sinal de celular, sem internet... sério, o que está acontecendo?”
“……”
É.
Como vou convencer essas pessoas desconhecidas e desconfiadas a descer no lugar certo comigo?
“De algum jeito, preciso fazer o máximo de gente possível descer comigo.”
Fechei o punho.
Será que de repente criei um senso nobre de dever, achando que esses coadjuvantes destinados a morrer nessa história de fantasma são pessoas reais que preciso salvar?
Bem, até posso pensar assim como ser humano, mas não é minha prioridade principal.
A real razão da minha urgência é...
“Não posso descer sozinho...!”
Exato.
Muita dessas estações são doidas de doer.
Andar sozinho por
(a) uma estação cheia de globos oculares,
(b) uma estação envolta na Escuridão, ou
(c) uma estação de cabeça para baixo?
Só de imaginar já me deixa suando frio—e provavelmente eu acabaria rastejando no chão de terror.
“Chance de eu desmaiar antes de chegar à segurança? Mais de 90%...!”
Não pode. Por favor, me salve.
“Eu tenho que convencê-los, de qualquer jeito!”
Abri a boca para falar, mas rapidamente a fechei.
“Ainda assim, sair falando bobagem tipo 'fenômeno sobrenatural' ou 'escuridão' seria um tiro no pé.”
Quem ia querer acreditar que está preso numa situação que parece história de fantasma?
Ou negariam e me ridicularizariam, ou acreditariam e entrariam em pânico ainda mais.
“Devagar... preciso criar confiança primeiro.”
Pelo menos com uma pessoa.
Se eu conseguir convencer uma ou duas pessoas, o efeito manada ajuda os outros a seguirem também.
“Vamos ver... alguém que pareça precisar de ajuda, ou algum gancho para criar uma conexão...”
“Ha... isso é igual àquelas histórias de fantasma do YouTube.”
Achado!
“Você falou que é história de fantasma?”
“Ah.”
Uma mulher de cabelo curto e jeito calmo assentiu levemente, parecendo um pouco constrangida.
“Sim. Eu, hum, às vezes assisto histórias de fantasmas no YouTube e isso me lembrou uma delas.”
“Pode contar mais? Isso não parece uma situação normal, então é melhor compartilharmos o que sabemos.”
“Não é bem uma informação... só dá a sensação que está saindo de uma história de terror. O auditório virou metrô de repente, e as pessoas... morreram daquele jeito.”
O rosto dela ficou um pouco pálido, provavelmente lembrando do desmembramento insano que ocorreu pouco antes.
Eu entendo. Também quero vomitar.
Vamos tentar esquecer isso rápido.
“Ah, desculpa. Não quis acabar falando assim do nada—”
“Não, é a mesma coisa comigo. Está difícil pensar direito com tudo isso acontecendo.”
A mulher soltou uma risada fraca.
“Você parece estar lidando com isso de forma mais racional que os outros aqui.”
Isso só porque você ainda não me viu desmaiar de pânico.
“O quê?”
E, para minha surpresa, alguém se aproximou de mim nesse momento.
Por um bom motivo.
“Hum, você estava sentado do meu lado antes, né?”
Era um homem de cabelo cacheado, com cara de inocente.
“Agora que lembro, ele estava do meu lado no auditório mais cedo.”
Parecia que esse novo contratado não estava participando de nenhum dos outros grupos conversando ao nosso redor. Ele coçou a nuca, olhou entre a mulher com quem eu conversava e eu, e estendeu a mão como querendo um aperto.
“Meu nome é Baek Saheon.”
“……!”