Dragões Sequestrados

Capítulo 417

Dragões Sequestrados

Capítulo 420: Epílogo # Yu Yeorum: Palavras que ainda precisavam ser ditas (2)

Suprimindo o desejo de matá-lo, Yeorum organizou seu mana.

Durante os 300 anos de ausência de sua irmã mais velha, Yeorum continuou treinando sozinha. Treinou incessantemente e até participou da guerra dos dragões verdes para se destacar no conflito.

Quando seus feitos chegaram aos ouvidos da raça vermelha, ela pensou que sua percepção aumentaria um pouco, mas não – ainda havia dúvida dentro da raça.

'Isso é inesperado', 'Isso é surpreendente'. Embora reações como essas ainda a menosprezassem, elas ainda eram aceitáveis. Ao menos eram positivas.

No entanto, a maioria dos dragões vermelhos diziam coisas como: 'Quão fracos são os dragões verdes', 'Não tem como isso ter acontecido, ela deve ter saído por aí oferecendo o corpo' e 'Isso é um exagero'. Mesmo sem se darem ao trabalho de investigar, eles faziam ainda mais barulho.

Mesmo em uma situação como essa, seus pais não ficaram do lado dela. Embora sua unni [1] mais velha estivesse adiando a Cerimônia de Seleção todos os dias, seus pais ainda estavam do lado dela.

Yeorum entendia em sua cabeça. Porque aquela vadia era uma estrela em ascensão e ela era lixo aos olhos deles.

Tudo que ela tinha que fazer era provar seu valor através da Cerimônia de Seleção.

Foi quando ela estava pensando nisso.

"Se mate!"

"Se mate!"

"Se mate!"

Um dragão adulto de 1.200 anos estava sendo muito barulhento. Ele estava gritando enquanto até usava o Terror do Dragão, então os animais que viviam perto de seu ninho ou desmaiaram ou começaram a fugir.

Ela havia se acostumado a suportar insultos graças ao treinamento com Yu Jitae. Não havia ninguém do lado dela, então ela não deveria piorar a situação – ela tinha que esperar primeiro que alguém ficasse do lado dela.

Era assim que ela estava suprimindo suas emoções.

"Vá para um lugar fora de vista e se mate antes que seu pescoço seja quebrado e seus órgãos sujos caiam como o quinto da sua família!"

Yeorum se levantou de seu assento.

Ela se questionou.

Ela estava sendo guiada por suas emoções?

Não. Ela podia se sentar novamente se quisesse.

Ela ouviu um insulto insuportável?

Sim. Porque 'quinto' estava se referindo à unni mais nova que Yeorum mais prezava.

Ela tinha permissão para matá-lo?

Não.

Então?

Não tem problema desde que ele não morra?

Naquele dia, Yeorum deixou seu ninho e espancou o dragão até quase matá-lo. Ela esmagou suas pernas e destruiu suas entranhas. Usando sua cauda, ela cortou seu corpo para que fosse difícil de se recuperar, arrancou seus globos oculares e, por último, destruiu seus órgãos genitais com uma espada e os tornou irrecuperáveis.

"Se cure e, por favor, volte novamente, okay~. Querido~~?"

Encharcada em seu sangue, Yeorum rosnou.

"Porque esse será o seu último dia vivo com certeza."

Ela então o chutou penhasco abaixo.

Embora tivesse sido um evento chocante para outras raças, não era nada demais para os dragões vermelhos.

Além disso, havia razões e circunstâncias válidas, então ela também não foi repreendida pelos adultos. Eles até gostaram de ouvir as notícias.

No entanto, ainda não havia ninguém reconhecendo Yeorum mesmo depois desse evento. 'Quão fraco é aquele cara para ser espancado por uma vadia como essa?', 'Que macho fraco.' Dizendo isso, eles, em vez disso, difamaram o macho que perdeu para Yeorum.

Estava tudo bem.

Yeorum não estava chateada com a realidade.

Sempre que seu coração estivesse dolorido, ela só tinha que se lembrar do conselho de seu professor como sempre.

– Pés no hoje,

– Olhos no amanhã.

Olhando para o futuro, o que Yeorum tinha que fazer não era ficar com raiva daqueles que estavam zombando dela.

Ela simplesmente tinha que treinar como sempre.

*

Depois de mais alguns anos, sua unni mais velha, que havia acordado completamente do longo sono, visitou o ninho de Yeorum com seus pais.

"Olá?"

Com uma voz sempre coquete e lasciva, ela disse enquanto olhava nos olhos de Yeorum.

"Você estava viva. Eu pensei que você tinha morrido durante o sono."

Yeorum respondeu com uma voz afiada, enquanto sua irmã semicerrava os olhos em resposta como se a estivesse achando patética.

"Eu ouvi dizer que você cortou os genitais de Fabio?"

Ela se aproximou. Sendo ligeiramente mais alta que Yeorum, ela olhou para dentro de seus olhos.

"Nn. Eu fiz isso."

"Por que você fez algo inútil? Mesmo que você tivesse cortado seus membros, você deveria ter deixado aquilo ali. Meu brinquedo precioso ficou feio por sua causa."

Embora suas palavras soassem como uma brincadeira, embutida nelas estava uma clara intenção de matar. Ela estava esperando estripar Yeorum até a morte.

Yeorum olhou diretamente em seus olhos. Ao contrário de como ela tinha que ofegar para respirar simplesmente encontrando seu olhar no passado, olhar diretamente para seu rosto não era mais nada difícil.

"Unni. Eu sinto muito mesmooooo..."

Foi por isso que Yeorum respondeu com uma voz coquete.

"A pequena Yeowum não sabia, okayy...?"

Desta vez, sua unni mais velha franziu a testa.

"O quê?"

"Como eu poderia esperar que minha incrível unni, fizesse Angg? Anngg? com um macho fracote como aqueleee? Eu pensei que era só um rumorr..."

"...O que você está tentando dizer?"

"Não tem mais pênis bonito, mas eu vou te dar outra coisa em troca. Uuunn... Que tal isso?"

"..."

Yeorum mostrou a ela seu braço cerrado.

"Em vez disso, que tal você enfiar o braço dessa gracinha da Yeorum aí dentro?"

'Opa', Yeorum arregalou os olhos.

"Ou é pequeno demais para o seu buraco de baixo? Ah, certo. Eu esqueci; eu estava prestes a construir meu ninho lá no ano passado! Era muito largo e espaçoso..."

Sua unni mais velha contraiu os olhos e resmungou, 'Essa garota...' Em vez de ficar chateada com as palavras grosseiras de Yeorum, ela parecia estupefata com a forma como alguém tão vastamente inferior a ela estava agindo assim com ela.

Depois de caminhar para o lado dela, ela colocou a mão em sua cabeça.

"Você está bem convencida agora, não está?"

A malícia desapareceu dos olhos de Yeorum. Suas memórias inesquecíveis ainda se lembravam das palavras que essa vadia havia balbuciado enquanto segurava o queixo de seu pequeno corpo.

– ...Sortuda, não é?

Com o mesmo rosto e a mesma voz de antes, ela abriu a boca.

"...Você era tão pequena naquela época."

Abaixando a cabeça, ela levou sua boca ao punho estendido de Yeorum e lentamente, ela tirou a língua para lambê-lo.

"Obrigada por um novo brinquedo. Depois eu vou cortá-lo e usá-lo para mim."

No instante seguinte, Yeorum desembainhou sua espada. Sua unni puxou ligeiramente seu corpo para trás, mas a espada não estava direcionada a ela.

Yeorum levou a espada para sua mão que foi lambida e lentamente cortou a pele para que ela visse. Viajando para baixo, a [Devoradora de Sonhos] cortou a pele nas costas de sua mão como sashimi.

O sangue começou a fluir como loucura.

"Vá embora, unni. A menos que você queira morrer antes da cerimônia."

Sua unni deu um passo para trás com um sorriso fraco.

"Você vai se arrepender de balbuciar assim."

Deixando essas palavras para trás, ela se virou.

Seus pais que vieram com sua irmã ainda estavam ali, então Yeorum voltou seu olhar para eles.

"Vocês dois não vão embora?"

"..."

A quantidade de tempo que ela havia confrontado seus pais era provavelmente menor que 10 minutos durante o período de 300 anos desde seu retorno. Para Yeorum, era muito desconfortável falar com seus pais.

"Filha."

"Sim."

"Você acha que pode vencer sua irmã?"

Inesperadamente, sua voz não era tão afiada. Yeorum estava cética. Por causa da total falta de comunicação, ela nem sabia o que seus pais estavam pensando sobre ela.

"Por que eu não seria capaz."

"O que te faz pensar assim?"

"Porque eu tenho me preparado."

"Se preparando?"

"Desde meu primeiro Divertimento até hoje, vocês dois não sabem como eu tenho treinado e pelo que eu tenho passado."

Seu pai indiferentemente deu um aceno de cabeça, reconhecendo que não tinha ideia.

"Eu sabia que não era talentosa e tentei muito. Para ser sincera, eu até quase morri algumas vezes."

"E daí?"

"Deixe-me pedir desculpas a vocês dois de antemão. Desculpe se vocês se apegaram àquela vadia, mas ela vai morrer pelas minhas mãos."

"Está tudo bem. Quem ganha e quem morre não importa. Apenas os fortes importam para nós."

Yeorum duvidou de seus ouvidos. As palavras de seu pai ainda eram relativamente gentis.

Quanto tempo havia passado desde a última vez que ela falou com seus pais assim? De fato, isso sequer aconteceu alguma vez em sua vida?

Essa pode ser a razão pela qual estava desnecessariamente dando a Yeorum uma pequena sensação de paz. Era porque ela estava muito sozinha nos últimos 300 anos desde seu retorno a Askalifa.

"Mas infelizmente,"

No entanto, a expectativa que nasceu dentro dela de algumas frases,

"Nós não achamos que você vai vencê-la."

Foi esmagada em uma frase.

Yeorum piscou os olhos.

Ela precisava de algum tempo para assimilar aquelas palavras.

"Co... como?"

"Nós viemos com sua irmã porque havia algo para te dizer."

"..."

"Mesmo uma criança imatura como você deve saber o quão sublime a Cerimônia de Seleção é para nossa raça, sim? Nós ainda nos lembramos da desgraça que você mostrou após a última cerimônia."

Um amontoado de palavras espinhosas veio causando estragos em seu coração.

"Com seu queixo agarrado por sua irmã, você se mijou."

"..."

"Nascendo tarde na mesma geração e até se mijando na frente de uma oponente que você deveria matar."

As velhas memórias de Yeorum que ela estava escondendo porque não havia razão para falar sobre elas, estavam sendo pisoteadas.

"Você sabe o quanto nossa família teve que sofrer o desprezo dos outros naquela época?"

A intenção de matar podia ser sentida na voz de seu pai. Para um dragão vermelho que enfatizava o poder e a honra, essa era uma desgraça inesquecível.

"Se você vai fazer o mesmo desta vez, que tal desistir da Cerimônia de Seleção. Eu vou tentar não te matar então. Eu vou destruir seu coração e fazer com que você seja descartada em um lugar distante para você."

Yeorum sentiu seu mundo ficar tonto. Uma sensação inimaginável de traição estava apunhalando sua cabeça.

"Eu estou dizendo que eu vou vencer", ela disse.

"Pare de balbuciar bobagens."

"Você não me viu detonar com aquele Fabio, aquele bastardo?"

"Quem diria que ele era tão fraco. Ele tinha uma personalidade tranquila com pouco atrito, e essa deve ter sido uma máscara o tempo todo. Sua família está sendo incrivelmente ridicularizada agora de qualquer maneira."

"Eu te perguntei isso?"

Yeorum bateu o pé no chão enquanto o mana reverberava com um baque alto.

"Eu, vou, vencer."

Yeorum gritou enquanto enfatizava cada palavra.

"Eu vou vencer. Por que você me menospreza tanto sem nem mesmo verificar?"

"..."

"Eu pedi amor? Ou eu pedi alguma coisa? Eu reclamei de você não dizer nada para mim depois que eu voltei do meu Divertimento? Eu não sou sua filha? Eu ainda sou sua descendente."

"O que você está tentando dizer."

"Eu ainda sou sua filha. Você não pode nem confiar em mim uma vez?"

As próximas palavras de sua mãe esmagaram seus últimos fragmentos de expectativa em pedaços.

"Infelizmente, filha, nós não nos importamos com você nem um pouco desde que você nasceu tarde."

Sua boca lentamente se fechou.

Yeorum tinha um olhar estupefato em seu rosto.

"Eu vou definir a data da Cerimônia de Seleção, mas ninguém estará esperando nada de você."

"Claro."

"Você pode se mijar se quiser me desonrar. Mas seu futuro—"

"Vão embora. Eu não quero ouvir isso."

Seus pais deixaram seu ninho sem dizer nada em troca.

*

Sozinha, Yeorum checou as barreiras de seu coração, se elas ainda estavam firmemente fechadas ou não. Se aquelas paredes desmoronassem nem que fosse uma vez, Yeorum sentia que cairia em uma profundidade insuportável.

"..."

Certo.

Essa era a vida dela.

Uma vida que não recebia expectativa e nem confiança. Uma entidade excepcionalmente sortuda que estava vivendo sua vida como um bônus, mesmo que ela já devesse estar morta.

Essa era a vida dela.

"..."

Yeorum pegou um cigarro com sua mão manchada de sangue.

Mesmo que ela intencionalmente tentasse não pensar em nada negativo, as poucas palavras de seus pais eram ainda mais afiadas para seu coração do que as palavras provocativas de sua irmã.

Eles não podiam simplesmente deixar algumas palavras de expectativa para a Cerimônia de Seleção? Embora fôssemos uma raça que adorava os fortes, eu ainda não sou sua filha de sangue?

Em um dia como este, ela não podia deixar de pensar em alguém.

A pessoa que nunca duvidou dela nem uma vez,

Que sempre confiou nela,

A encorajou a dizer que ela conseguiria,

E esperava muitas coisas dela;

O rosto de seu professor apareceu em sua mente.

Era isso que Yu Jitae sempre dizia para ela.

– Você consegue.

– Não pense que você não consegue. Pense positivo e sua atitude continuará a demonstrar isso.

– E eu também acho que você consegue.

Yeorum pensou enquanto tragava uma fumaça profunda.

Vingança. Sobrevivência.

Esses dois elementos costumavam ser o objetivo de sua vida,

Mas agora, havia mais um.

"..."

Yeorum tinha que provar isso nesta Cerimônia de Seleção,

Que Yu Jitae não estava errado em confiar nela.


[1] - "Unni" é um termo coreano usado por mulheres para se referir a uma irmã mais velha ou uma amiga próxima mais velha.