
Volume 37 - Capítulo 1109
Lightning Is the Only Way
Mortis já esperava algo assim, mas ainda ficou nervoso ao ouvir as palavras.
Terminar com Joyce.
Soava como a decisão certa, mas, por algum motivo, Mortis não queria.
Ele tinha visto as Leis Emocionais de Joyce.
Ele sabia que ela poderia se recuperar.
Ele sabia que havia um núcleo bom dentro dela.
Só precisava encontrar uma maneira de fazer esse núcleo ressurgir.
— Vocês viram as Leis Emocionais dela — Mortis disse para Gravis e Arc. — Vocês sabem que há um bom núcleo dentro dela. Vocês sabem que ela, na verdade, é uma boa pessoa. O jeito que ela age… isso não é quem ela realmente é.
Arc e Gravis assentiram.
— Você está certo — Gravis disse. — Existe um núcleo genuinamente bom dentro dela, mas ele está soterrado sob uma avalanche de caos sombrio.
— Sim, então devemos procurar um método para ajudá-la a voltar ao seu verdadeiro eu — Mortis disse.
Gravis suspirou.
— Mortis — ele disse lentamente. — Não importa se ela tem um bom núcleo ou não. Neste momento, ela não tem a capacidade de manter um relacionamento normal.
— Elabore — Mortis disse distraidamente. Ele queria absorver as palavras de Gravis enquanto refletia sobre as informações.
— Você poderia dizer que Joyce tem um bom coração, mas usa uma máscara — Arc disse. — Você poderia dizer que todos têm uma personalidade real e uma máscara. Todos usam essa máscara quando estão com os outros. Afinal, se mostrássemos nossas emoções sem filtros, estaríamos constantemente explodindo com qualquer um que nos irritasse.
Mortis assentiu.
— Mas, no fim, é apenas isso, uma máscara. Não é nossa verdadeira personalidade — Arc continuou. — O caso de Joyce é um pouco especial. Normalmente, as pessoas colocam uma máscara para parecerem mais simpáticas e amigáveis do que realmente são, mas no caso dela, é o contrário. Ela tenta parecer o mais fria e agressiva possível.
— Outro problema é o fato de que Joyce nunca tirou sua máscara em toda a sua vida. Desde que alcançou o Reino Unidade, ela tentou se tornar impiedosa e fria. Deve ter sido muito difícil para ela provar para si mesma que conseguia ser cruel.
— Provavelmente, já aconteceu várias vezes de ela cometer um ato de crueldade apenas para provar para si mesma que conseguia. Tenho certeza de que, durante todos esses momentos, Joyce sentiu uma dor imensa por dentro. Suas emoções ficaram descontroladas com culpa, autodesprezo, piedade e vários outros sentimentos empáticos.
— No entanto, se uma pessoa tenta mudar para se tornar alguém diferente por tempo suficiente, ela conseguirá forçar a mudança. A personalidade que Joyce deseja é incompatível com sua verdadeira personalidade, mas, depois de centenas de milhares de anos, ela basicamente soldou sua máscara ao rosto.
— Joyce não vê seu verdadeiro rosto há muitos, muitos anos e, a essa altura, provavelmente acredita que a máscara que vê todos os dias é seu verdadeiro eu.
Arc respirou fundo.
— Então, de certa forma, a personalidade atual de Joyce é sua verdadeira personalidade. O antigo núcleo ainda existe, mas é impossível despertá-lo. Já faz tempo demais.
A expressão de Mortis ficou cada vez mais sombria conforme ouvia Arc.
A comparação fazia muito sentido, e Mortis conseguia ver exatamente o que ele queria dizer.
De certa forma, podia-se dizer que Joyce havia mudado tremendamente.
Definitivamente não era uma mudança saudável, e essa transformação tornaria muito difícil para ela encontrar felicidade, mas aconteceu.
A única coisa que poderia despertar o antigo núcleo de Joyce era Samsara.
No entanto, era impossível que ela sobrevivesse a Samsara.
Gravis viu que Mortis ainda refletia sobre o assunto e respirou fundo.
— Mortis — Gravis disse lentamente.
Mortis olhou para ele.
— A felicidade dela não é sua responsabilidade — Gravis disse.
Mortis desviou o olhar, desconfortável.
— Pense no tempo que passaram juntos — Gravis continuou. — O que você queria fazer quando via Joyce?
Mortis não disse nada.
— Você queria fazê-la feliz — Gravis continuou. — Você se sente muito atraído por ela. Então, é natural que queira fazê-la feliz. Talvez dar-lhe um presente. Talvez fazer amor com ela. Talvez abraçá-la. Talvez deitar-se ao lado dela.
— Em resumo, você se importa com o que ela sente. Você não quer que ela fique miserável, porque isso também faria você se sentir miserável. Você quer que ela se sinta bem! Quando ela se sente bem, você se sente bem!
— É assim que o amor funciona, Mortis — Gravis disse. — Eu quero que Stella tenha a melhor vida possível, e faria qualquer coisa por ela. E eu sei, com absoluta certeza, que Stella sente o mesmo por mim. Nós dois faríamos tudo um pelo outro.
— Sempre que sinto a convicção de Stella em me fazer o mais feliz possível, meu amor por ela só cresce, e eu sei que ela sente o mesmo quando percebe minha convicção. Muitas vezes conversamos sobre como é inacreditável que o outro sinta algo tão intenso.
— Isso é amor, Mortis — Gravis disse. — Mortis, você quer fazer Joyce feliz da mesma forma que eu quero fazer Stella feliz. Isso é ótimo!
— Mas Joyce quer te fazer feliz?
Silêncio.
Mortis pensou no tempo que passou com Joyce.
Joyce não queria nada além de ser dominada por alguém mais poderoso do que ela.
Ela queria se sentir completamente impotente diante da outra pessoa. Sua necessidade de sentir isso era tão forte que até a forçou a atacar Mortis com intenção de matá-lo.
Isso era algo extremamente importante para ela.
E o que ela pensava de Mortis?
Mortis era incrível!
Ele era incrivelmente poderoso e capaz de fazê-la sentir coisas que nunca havia sentido antes.
Mas e se Mortis dissesse que não queria mais fazer essas coisas com ela?
O que Joyce pensaria?
Ela pensaria que Mortis era um fraco. Em sua mente, ele nem sequer contaria como um homem.
Ele seria apenas alguém com uma personalidade fraca.
“Tudo se resume a como ela se sente”, Mortis pensou.
Joyce não se importava com o que Mortis sentia.
Ela só se importava com o que ele a fazia sentir.
Se ele não pudesse fazê-la sentir nada, ele seria inútil.
— Ela está procurando alguém cuja máscara seja sua verdadeira personalidade — Mortis disse.
Gravis e Arc permaneceram em silêncio.
— Ela quer alguém sem remorso. Alguém que simplesmente pegue o que deseja, sem se importar com o que os outros pensam ou se é certo ou errado.
— Mas, ao mesmo tempo, tenho certeza de que ela também quer que essa pessoa se importe com ela.
— Infelizmente, essas duas coisas são impossíveis de coexistirem na mesma pessoa.
— Ela quer Apatia e Empatia ao mesmo tempo.
— Mortis — Gravis disse solenemente. — Joyce não se importa com você. Ela não te ama. Seus longos anos tentando erradicar toda forma de empatia de sua mente a tornaram incapaz de sentir empatia. Assim que o menor vestígio de empatia surge, ele é soterrado sob uma montanha de raiva, ódio, desprezo e fúria.
— Sempre que sente empatia, ela explode em ira.
— Se alguém não consegue sentir empatia, é impossível amar.
Gravis olhou profundamente para Mortis.
— É impossível para Joyce amar alguém.
Mortis fechou os olhos e respirou fundo várias vezes.
Um mortal precisaria de tempo para refletir sobre isso, mas Mortis agora era um Deus Estelar.
Se ele quisesse fazer algo, ele faria!
— Eu entendo — Mortis disse, abrindo os olhos com convicção.
— A partir de agora, Joyce e eu não teremos mais nada a ver um com o outro.
— Vou falar com ela quando ela voltar e resolver tudo de uma vez.
Gravis e Arc sorriram em apoio.
Mortis olhou profundamente para os dois.
— Obrigado pela ajuda. Eu realmente precisava disso — Mortis disse.
Os sorrisos de Gravis e Arc se alargaram.
— Sem problemas — eles responderam.