Volume 37 - Capítulo 1119

Gravis olhou com horror para o novo mosquito.

Um Monstro do Pecado já era doloroso o suficiente, mas agora havia dois!?

Gravis imediatamente sentiu a dor aterrorizante da nova mordida. E pior, os Monstros do Pecado pareciam morder em um padrão alternado, dobrando a quantidade de instâncias de dor que ele sentia.

Ele preferiria que fizessem isso simultaneamente.

Mortis olhou solenemente para o novo mosquito.

— Não acredito que isso seja normal — ele disse.

— O que você quer dizer? — Gravis perguntou, sua voz tremendo levemente. Sua mente não estava no melhor estado; caso contrário, ele teria percebido o mesmo.

— Está rápido demais — Mortis disse. — Se eles continuarem dobrando, você morrerá em menos de um século. Esse não é um prazo razoável para lidar com sua Aura do Pecado. Se continuarem se multiplicando assim, será uma sentença de morte.

— No entanto, posso imaginar um sendo adicionado a cada semana. Assim, levaria cerca de 10.000 anos para que os Monstros do Pecado o consumissem completamente — Mortis disse.

— Isso ainda é pouco tempo! — Gravis respondeu nervoso.

— Pode haver uma maneira de desacelerá-los — Mortis disse. — Esses Monstros do Pecado existem para pressioná-lo a pagar sua dívida. Acho que, quanto mais você paga, mais devagar eles se multiplicam.

— Como podemos testar isso? — Gravis perguntou nervoso. Normalmente, ele encontraria uma solução por conta própria, mas a dor tornava quase impossível se concentrar.

No momento, Gravis dependia inteiramente da mente de Mortis.

— Precisamos esperar a próxima adição — Mortis disse. — Precisamos verificar se o tempo foi reduzido.

— Reduzido? Como? Por quê? — Gravis perguntou.

— Você alimentou o Monstro do Pecado com 100.000 Pedras Divinas antes. Se isso contar como pagamento da sua dívida, a última multiplicação já deveria ter sido atrasada. Agora, precisamos ver o que acontece se você não der nada a ele — Mortis explicou.

Gravis respirou fundo.

— Certo. Eu não gosto disso, mas precisamos de mais informações.

Gravis e Mortis continuaram planejando, mas alguns minutos depois, Mortis teve um pensamento interessante.

— Os Monstros do Pecado são feitos de pura Morte, certo? — Mortis disse. — Sua natureza também é muito diferente da de bestas ou humanos. Em vez de matá-lo diretamente, eles simplesmente o consomem lentamente e o colocam sob a maior quantidade possível de dor.

— Sim, percebi — Gravis disse. — O que tem isso?

— Poderíamos atribuir esse comportamento ao Céu, mas deveria ser semelhante a outra coisa, de acordo com as informações que ouvimos — Mortis disse.

Gravis não entendeu de imediato o que Mortis queria dizer, mas sua mente logo fez uma conexão.

— O Cosmos do meu pai — Gravis disse.

Mortis assentiu.

— Pelo que ouvimos, o Cosmos do pai é feito de pura brutalidade e de uma guerra entre Morte e Energia. Aparentemente, há uma maneira de aproveitar a brutalidade para criar uma força incrível.

— Olhe para eles — Mortis disse, gesticulando para os Monstros do Pecado. — Eles não usam Leis. Eles não têm sentimentos. Eles apenas possuem corpos poderosos. Mas será que seu corpo é a única coisa que os torna tão incrivelmente poderosos a ponto de até mesmo Deuses Divinos os temerem? Não acho que o poder dos Deuses Divinos seja tão simples assim.

Gravis olhou para os mosquitos. Ele não queria olhar para eles, pois era aterrorizante ver algo devorando seu próprio corpo.

— Acho que isso não é tudo — Mortis acrescentou. — Talvez a dor que ele está infligindo em você esteja aumentando seu poder. Você já pensou nisso?

Gravis não podia testar essa hipótese, mas conseguia imaginar isso.

— Talvez quanto mais dor e terror essa criatura inflige nos outros, mais poderosa ela se torna. Ela está até mesmo absorvendo sua Aura de Vontade. Eventualmente, quando sua Aura de Vontade estiver esgotada, você não terá mais vontade própria. Nesse ponto, você seria como alguém que morreu para Samsara.

— A criatura teria extraído até a última gota de angústia e dor de você. Essa seria a conclusão lógica, e também explicaria como um alvo mais poderoso seria mais útil. Ser mais poderoso significa ter uma vontade mais forte, o que significa que mais vontade e sofrimento podem ser extraídos da vítima.

— O Monstro do Pecado provavelmente ficaria feliz se você passasse por outra forma de refinamento. Isso apenas significaria que teria ainda mais para consumir — Mortis explicou.

A mente de Gravis começou a ir para um lugar escuro.

Gravis começou a imaginar o Cosmos do seu pai.

Como ele seria?

Gravis imaginou um mundo cheio de monstros com aparências indescritíveis. Alguns poderiam ser apenas uma boca ambulante. Outros poderiam ser tentáculos cheios de olhos. Alguns poderiam ser feitos de vários corpos humanos fundidos em uma criatura maior.

Além disso, Gravis imaginou parasitas como os Monstros do Pecado infestando esses monstros. Essas criaturas poderiam ser estúpidas demais para perceber que os parasitas estavam em seus corpos.

No entanto, os monstros ainda sentiriam a dor irreal, o que os tornaria ainda mais agressivos. Eles atacariam absolutamente tudo e poderiam até mesmo devorar seus próprios corpos em ódio e dor.

O número de mortes em um mundo assim seria insano, o que exigiria um método de reprodução igualmente rápido.

Talvez algum monstro feito de bocas simplesmente cuspisse uma versão menor de si mesmo, que correria para devorar outros jovens?

Talvez o chão do mundo fosse coberto por uma massa de pequenos monstros que lutavam continuamente, consumindo tudo ao redor.

No entanto, isso provavelmente cobriria apenas o lado da Morte do Cosmos.

Por outro lado, Gravis podia imaginar humanos e bestas vivendo juntos.

Humanos e bestas provavelmente nem lutariam entre si, pois precisariam de todo o seu poder para resistir à parte da Morte do Cosmos.

O poder do Opositor vinha do equilíbrio entre Morte e Energia em seu mundo.

Se a Morte fosse erradicada e apenas a Energia sobrevivesse, o poder do Opositor cairia significativamente, o que resultaria na morte dele pelas mãos de Orthar.

Se a Energia fosse erradicada e apenas a Morte sobrevivesse, o Opositor morreria. O Opositor era um ser feito de Energia, e se apenas a Morte o preenchesse, ele não poderia existir.

Isso significava que a guerra teria que continuar indefinidamente.

Além disso, as diferentes forças no Cosmos do Opositor provavelmente também precisariam ser equilibradas. Se uma grande área fosse feita inteiramente de Morte, sua influência poderia consumir todas as pequenas áreas de Energia próximas, fazendo-a crescer exponencialmente.

Isso significava que as áreas de Morte e Energia teriam que ser distribuídas em várias pequenas regiões.

“Isso seria um inferno!” Gravis pensou. “Mas isso seria completamente plausível.”

“Felizmente, eu não nasci no Cosmos do meu pai. É irônico que eu prefira um lugar criado por Orthar a um criado por meu próprio pai.”

Depois que esses pensamentos passaram, Gravis voltou a se concentrar em lidar com a dor.

Era muito difícil para ele suportar, mas precisava perseverar. Infelizmente, ele não conseguia se acostumar com isso, não importava o que fizesse. Cada mordida era tão ruim quanto a primeira. Era como se sua habilidade de se dissociar da dor não funcionasse contra os Monstros do Pecado.

Felizmente, ou infelizmente, Gravis não teve que esperar muito.

Um dia depois, um terceiro mosquito apareceu.

Gravis rangeu os dentes, enquanto os olhos de Mortis brilharam.