Circle of Inevitability

Capítulo 1119

Circle of Inevitability

Depois de deixar a luxuosa vila que costumava ser sua, mas agora abrigava Lumian e seus companheiros, Madame Justiça parou por dois segundos e disse a Susie, que estava ao seu lado: — Vamos para casa.

— Casa? — O tom de Susie de repente ficou um pouco sonhador.

— Sim, de volta a Backlund. — Madame Justiça sorriu. Seus olhos verdes brilhavam intensamente, cheios de expectativa e esperança, como se ela tivesse retornado à infância.

Susie entendeu perfeitamente o que Audrey quis dizer, e uma expressão nostálgica surgiu em seu rosto canino. — Ok.

Ao longo dos anos, ela e Audrey retornaram a Backlund ocasionalmente. Após o pôr do sol da lua carmesim, elas chegaram a ficar lá por longos períodos, protegendo secretamente a família Hall. Mas desta vez, Audrey queria realmente voltar para casa — para estar com seus pais e outros entes queridos.

A figura da Justiça Audrey rapidamente se tornou etérea, carregando Susie, que agora era uma Manipuladora, enquanto atravessavam o mar do subconsciente coletivo.

Sua voz, marcada por uma emoção evidente, permaneceu no local antes de desaparecer gradualmente com o vento: — O prelúdio para a batalha final está prestes a começar. Se eu não for para casa agora, não haverá outra chance. Não quero encarar o verdadeiro apocalipse com arrependimentos…

Reino de Loen, Backlund.

A Justiça Audrey e Susie emergiram do mar do subconsciente coletivo em uma rua perto do Distrito da Imperatriz.

Elas não correram para casa, mas em vez disso caminharam pela rua, saboreando os prazeres mundanos da vida cotidiana. Ninguém as notou, nem percebeu que a filha do Conde Hall estava vagando pela multidão sem uma empregada ou guarda-costas, olhando ao redor com curiosidade.

Naquela época, cavalheiros bem-vestidos com cartolas de seda e damas com sombrinhas entravam e saíam de lojas de departamento, cafeterias sofisticadas e casas de ópera. Carruagens de dois ou quatro lugares passavam apressadas, enquanto um pequeno circo se apresentava perto da fonte, cercado por crianças. Ao longe, um veículo de quatro rodas movido a vapor se afastava ruidosamente, suas vibrações gradualmente desaparecendo na rua.

A Justiça Audrey observou a cena com atenção concentrada, sem fazer nenhum esforço para esconder sua nostalgia. De repente, ela sentiu algo incomum e voltou seu olhar para um homem e uma mulher prestes a embarcar em uma carruagem de quatro lugares. O homem vestia um terno preto, e a mulher usava um vestido amarelo esvoaçante de tecido transparente com um toque de maquiagem.

No momento em que a Justiça Audrey olhou para eles, a dupla congelou abruptamente.

Plantas — algumas amarronzadas, outras esverdeadas — brotavam descontroladamente de seus canais lacrimais, narinas, bocas, canais auditivos e até poros. Havia galhos e trepadeiras. Seus olhos injetados de sangue, agora manchados com um tom carmesim, irradiavam intensa malícia enquanto se viravam para encarar o cocheiro e os pedestres ao redor.

No entanto, eles pareceram “decidir” se conter, esperando até que estivessem em uma situação melhor antes de lançar um ataque. Mas suas transformações não passaram despercebidas. Gritos de terror ecoaram por toda a rua, pacífica e movimentada.

Os pedestres fugiram desesperadamente. Em poucos segundos, a área ao redor do homem e da mulher ficou deserta. A loucura deles explodiu. Com um estrondo alto, pedaços de carne misturados com plantas verdes e o luar carmesim respingaram para fora. Logo, uma equipe de Falcões Noturnos portando o Emblema Sagrado das Trevas chegou.

Eles lidaram rapidamente com a carne nauseante e os restos. Os pedestres em fuga diminuíram o ritmo de repente, alguns retornando às conversas com os companheiros, outros entrando em cafeterias próximas para pedir café com sobremesas, parecendo relaxados e à vontade.

O cocheiro retornou à carruagem, olhando para o horizonte, esperando pelos passageiros. Nenhum deles prestou atenção à limpeza dos Falcões Noturnos ou sequer olhou na direção deles. Era como se tivessem esquecido completamente o que tinha acontecido e retornado às suas vidas cotidianas.

A Justiça Audrey ficou observando por um tempo, suspirou e continuou caminhando em direção ao Distrito da Imperatriz. Em pouco tempo, ela e Susie entraram novamente no mar do subconsciente coletivo, emergindo em um canto do quarto há muito tempo não visitado dela.

Lá dentro, outra Audrey, vestida com um vestido verde e branco, estava sentada à penteadeira, prendendo um par de pequenos brincos de pérola. Ela se virou e olhou para a Justiça Audrey, com a expressão iluminada de alegria. — Você finalmente voltou!

Ela então perguntou em tom de verificação: — Você se tornou um anjo?

A Justiça Audrey sorriu e assentiu. — Sim. Levei muito tempo para me preparar para o ritual, mas o concluí há três meses.

O ritual de avanço para um Sequência 2: DIscernidor no caminho Espectador exigia mergulhar no subconsciente de pelo menos dez mil humanos, descobrindo seus medos mais profundos, seus desejos mais primitivos e a raiz de todos os seus problemas psicológicos, e então deixar uma marca própria.

Isso não era apenas tedioso, mas também perigoso. Todo ser humano possuía a divindade e estava sujeito à erosão e à influência do mar do subconsciente coletivo, herdando as cognições e impressões mais profundas da humanidade ancestral. Caos, loucura e instintos primitivos espreitavam nas profundezas de seu subconsciente. Explorar essas profundezas trazia o risco de corrupção, instabilidade mental ou até mesmo desordem.

Neste ritual, o requisito quantitativo poderia ser reduzido alvejando Beyonders de nível mais alto, mas isso acarretava riscos maiores. Por exemplo, mergulhar no subconsciente da Madame Mágica poderia significar encontrar as impressões mentais ou sombras passadas do Celestial Digno do Céu e da Terra. Escolher Lumian como alvo seria suficiente para o ritual, mas envolveria enfrentar a mente mais primitiva e frenética, até mesmo vislumbres do Criador Original ou do Deus Primordial Todo-Poderoso.

— Não era perigoso? — perguntou Audrey, agora usando seus brincos de pérola, com curiosidade.

Embora tivesse mais de vinte anos, comportamento e temperamento maduros, um traço de inocência feminina persistia em seu tom.

A Justiça Audrey sorriu. — Foi realmente perigoso. Durante a preparação, testemunhei o pior da natureza humana, os desejos mais selvagens, as percepções mais caóticas, e também as virtudes mais nobres, as emoções mais belas e os ideais mais elevados. Às vezes, esses elementos contraditórios existiam simultaneamente no subconsciente de uma única pessoa.

— A natureza humana é complexa, — Audrey concordou com um aceno de cabeça.

Depois de observar a Justiça Audrey por alguns segundos, ela suspirou e perguntou nostalgicamente: — Você já esteve em muitos lugares ao longo dos anos, não é?

A Justiça Audrey sorriu gentilmente. — Morei em Distrito Leste por um ano, depois ao sul do Quartier du Jardin Botanique, em Trier, por mais um ano. Passei um ano no Continente Sul e quase dois anos nas cidades costeiras do Sul. Essas são terras de aço e vapor. Sua arquitetura lembra imponentes árvores de ferro, próximas umas das outras, com seus ‘galhos’ interconectados. Cada ‘casca’ e ‘folha’ é um cômodo que abriga uma família de trabalhadores. Apenas algumas ‘folhas’ e ‘casca’ recebem luz solar…

Audrey ouviu atentamente, como se ela também tivesse viajado para aqueles lugares e testemunhado aquelas paisagens. Depois de uma longa pausa, ela perguntou com expectativa: — Você tem uma resposta agora?

— Não há uma resposta única para todas as perguntas. — A Justiça Audrey deu um sorriso autodepreciativo. — Só entendo uma coisa agora: a humanidade precisa se unir e demonstrar força coletiva às divindades para conquistar um status mais elevado, assim como trabalhadores, fazendeiros, pastores e funcionários públicos precisam superar o medo e se unir para exigir melhor tratamento e maior segurança daqueles que estão no poder.

— É por isso que não podemos ficar do lado de seres nascidos como deuses. Eles não precisam de âncoras; a humanidade não tem sentido para Eles. Se Eles alcançarem a vitória final, nossa existência, alegrias e tristezas dependerão exclusivamente de seus caprichos e intenções caóticas, deixando-nos completamente impotentes.

Audrey percebeu a melancolia e a preocupação no tom de Justiça e, brincando, a confortou: — Podemos não precisar daqueles que nasceram deuses, mas nascemos nobres.

— Não. — A Justiça Audrey balançou a cabeça e disse com um leve sorriso: — Nobreza não tem a ver com linhagem, status ou posição; tem a ver com o coração e o caráter de cada um.

Ela estendeu a mão direita em direção a Audrey, que estava vestida com o vestido verde e branco.

— Bem-vinda ao lar~, — disse Audrey com um sorriso, batendo levemente a mão na da Justiça Audrey.

Com um estalo firme, as duas figuras de repente se fundiram em uma só, inseparáveis ​​novamente. Audrey vestiu o vestido verde e branco, colocou os brincos de pérola e aplicou uma maquiagem simples. Saindo do quarto, desceu as escadas, passou pelo corredor e chegou ao segundo andar do salão de baile, acompanhada por uma dama de companhia e Susie.

Lustres de cristal pendiam no alto, uma orquestra tocava e homens e mulheres em trajes formais se misturavam elegantemente, conversando em pequenos grupos com bebidas nas mãos ou dançando graciosamente em pares no salão de baile.

Audrey pegou uma taça de champanhe dourado-claro de uma bandeja que passava e parou junto à grade, olhando para baixo com um sorriso gentil. Observou seu pai, Conde Hall, sua mãe, Lady Caitlyn, e os nobres conhecidos conversando, bem como seus irmãos mais velhos valsando com seus parceiros. Ela não se juntou a eles, contentando-se em assistir com um sorriso.

Mais tarde naquela noite, toda a população de Backlund compartilhou o mesmo sonho.

No sonho, uma voz parecia dizer: — Sr. Médici, Lumian Lee quer vê-lo. O senhor pode escolher a hora e o local.

Normalmente, essa voz ecoaria apenas nos sonhos ou mentes dos moradores de Backlund, espalhando-se lentamente para outras cidades e nações através do mar do subconsciente coletivo. Desta vez, porém, alcançou seres de fora de Backlund quase instantaneamente, com quase nenhum atraso.

— Sr. Médici, Lumian Lee quer vê-lo. O senhor pode escolher a hora e o local.

O Anjo Vermelho Médici, com os pés apoiados sobre uma mesa, coçou a orelha e zombou.

— Só agora ele criou coragem para tomar essa decisão? Estou esperando há quase um ano.