O Mago Supremo

Volume 12 - Capítulo 1690

O Mago Supremo

"Não se preocupe com o que aconteceu ontem. O importante é que você está aqui agora", disse Jirni.

"Me desculpe por não visitá-la antes, mãe." Quylla fez uma profunda reverência. "Pai me manteve confinada no quartel-general do exército até Phloria me libertar. O lado bom é que, pelo menos agora, eu sei o que está acontecendo."

"Talvez se você puder ajudar o pai com a missão dele, ele..."

"Silêncio, criança!" Jirni colocou a mão na boca de Quylla enquanto a olhava severamente. "Você passa muito tempo no seu laboratório mágico e muito pouco no mundo real. Pense antes de falar."

Phisa ainda estava na sala, exatamente como planejado.

"Me desculpe, Senhora Ernas." A empregada fez uma reverência, sentindo-se à vontade demais. "Vou me retirar agora. Chame-me se precisar de algo."

"Vamos tomar um chá, mas sem doces para não estragar o nosso apetite.", disse Jirni, improvisando e fazendo suas filhas quase se sobressaltarem de surpresa.

"Assim será feito." A empregada fez mais uma reverência e saiu da sala.

"Phisa é uma boa empregada." No momento em que ficaram "sozinhas", Jirni pegou um papel da escrivaninha de seu quarto, brincando com ele com seus dedos ágeis. "Ela é gentil e discreta, mas precisa de um pouco mais de treinamento."

Jirni dobrou o papel rapidamente, transformando-o em um sapo.

"O resto da equipe é melhor, eles vêm quando você os chama e saem assim que terminam." Jirni então transformou o sapo em um cisne, só para desfazer tudo novamente e fazer um cachorro.

De acordo com o roteiro, em caso de emergência, a regra era ignorar tudo o que Jirni dissesse e olhar apenas para suas mãos, mas Quylla percebeu que não era mais o caso. Jirni continuou arrastando a conversa sobre sua acomodação, mantendo as mãos paradas até mencionar a equipe doméstica.

Então, ela começaria a desdobrar a origami, dando-lhe uma nova forma quando terminasse de falar.

'Você tem alguma ideia do que está acontecendo?', perguntou Phloria por meio de uma ligação mental. 'Mãe sempre foi boa com as mãos, mas ela não é do tipo que fica mexendo sem razão. Você sabe o que ela sempre diz.'

'Corpo inquieto é sintoma de mente inquieta. Mamãe nunca ia estragar o próprio plano sem motivo e se ela está em pânico, então eu sou um dragão.'

Quylla ficou feliz que Phloria tivesse pensado em unir seus recursos. Quylla havia entendido tudo, mas não conseguia usar Magia Espiritual sem sua varinha e não tinha como compartilhar suas descobertas.

'Ela não está estragando, ela está salvando. Estamos cercados por metamorfos.', pensou Quylla.

'O quê?' Phloria ficou chocada, mas nada transpareceu em seu rosto.

'Então ela deve estar nos dizendo em quem devemos tomar cuidado. Além disso, capturar o metamorfo que vai colocar as armas de volta no lugar será inútil se os que estão aqui escaparem e matarem o Marquês.'

'Precisamos mudar o plano para que Beilin e Metra sejam presos no momento em que a armadilha for acionada, caso contrário, o mentor terá tempo de resolver as pontas soltas antes de desaparecer.'

"Você consegue fazer de cachorro de novo, mãe? É o meu favorito porque me lembra do Lucky. Deuses, como eu sinto falta daquele bola de pelos." Phloria tocou a origami para que Jirni soubesse que havia recebido a mensagem.

Phisa voltou assim que Jirni terminou com o papel, trazendo um carrinho de chá de prata e saindo assim que terminou de servir os convidados.

"Desculpe por te encher o saco com minhas divagações, mas não podia arriscar a Phisa ouvindo nossa conversa na volta dela e depois bisbilhotando o resto. Posso estar fora de forma, mas ainda sou uma Conestável.", disse Jirni.

"Não se preocupe, mãe." Phloria cantou os feitiços necessários para descobrir dispositivos de vigilância, mostrando a cautela adequada que qualquer um esperaria de um oficial antes de falar sobre assuntos delicados.

Ela até verificou do lado de fora da porta, não encontrando ninguém.

"O que você estava dizendo, querida?" Jirni voltou ao roteiro combinado depois que Phloria deu o sinal verde.

"Que a missão do pai acabou sendo mais complicada do que isso." Quylla disse, seguindo sua linha de raciocínio. "Parece que alguém está desviando fundos e, para piorar as coisas, há vestígios de atividades da corte Noturna."

'O quê?' O Marquês Belin vinha acompanhando a conversa desde o início. 'Como algo assim pode acontecer bem debaixo do meu nariz sem eu perceber? A Coroa me achará incompetente e me removerá.'

'Ainda assim, é melhor do que ser descoberto. Enquanto eu levar o plano até o fim, minha recompensa fará com que a posição de um Lorde da Cidade não seja melhor do que uma casinha de cachorro.'

"Faz sentido.", disse Jirni. "Após o desaparecimento de Aurora e Crepúsculo, a guerra tomou um rumo ruim para os mortos-vivos. Eles precisam de dinheiro para reconstruir seu exército e comprar novas armas para compensar as que perderam no campo de batalha."

"Mas por que Manohar ainda está aqui e por que chamar Orion também?"

"Manohar já terminou sua missão, ele só está demorando experimentando os prisioneiros." Phloria disse. "A história das ameaças de morte é apenas um pretexto para o pai vir aqui e fazer um trabalho mais refinado."

"O que você quer dizer?" Jirni tirou as palavras da mente de Beilin.

"Veja bem, depois do que aconteceu na região de Nestrar e agora em Ruham, a Corte Real decidiu realizar uma inspeção surpresa em todas as Prefeituras para garantir que nada mais desapareça sem ser notado." Quylla disse.

"Pai está aqui para inventariar as armas reais armazenadas no arsenal da cidade e instalar rastreadores nelas."

"Acho que ele já começou agora.", disse Jirni com um suspiro enquanto a ilusão de segurança de Beilin se desfazia. "Além disso, não vejo como posso ajudá-lo. Eu não sou maga."

"Não, pai ainda não começou o inventário porque essa é apenas uma missão secundária. A Coroa o incumbiu de verificar o trabalho de Manohar. Não seria a primeira vez que ele faz um trabalho pela metade só para voltar para seu laboratório."

"É assim que você pode ajudar o pai. Você é a melhor para manter Manohar sob controle e a melhor Conestável do Reino. Você pode fazê-lo revelar todos os detalhes do caso e usar esse conhecimento para se aproximar do pai novamente."

"Além disso, se o inventário provar que algo está faltando, ele precisará de sua experiência e será forçado a trabalhar com você. Pai é ótimo em perícia forense, mas ele não é detetive. Esse é o seu trabalho.", disse Phloria.

"Quanto tempo eu tenho?" Jirni perguntou.

"É um caso grande, mas o pai está trabalhando nele incansavelmente desde ontem. Mesmo que Manohar tenha bagunçado alguma coisa, não vai demorar mais de dois dias.", disse Phloria.

"Dois dias? Mas hoje já está quase acabando, o que me deixa apenas um dia e uma noite para me atualizar e encontrar algo útil. Vou trocar de roupa e depois você tem que me levar até Manohar, não há um segundo a perder!"

O Marquês Beilin agradeceu aos deuses pela oportunidade que caíra em seu colo. A situação era grave, mas longe de desesperadora.

'Aposto que a Comandante Ernas já reforçou a segurança da Prefeitura durante a noite, mas isso não é problema.'

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