Capítulo 29

Os resultados viraram num instante, como se com um simples movimento de mão. Quatro a um, quatro a dois, quatro a três, quatro a quatro.

Bam!

— O-o resultado final da queda de braço é quatro a cinco, e os caçadores de conceito vencem!

O placar no centro do estúdio piscou. Não só a plateia, mas também os participantes e até a equipe técnica ficaram boquiabertos a ponto de quase encostarem o queixo no chão.

Ao conferir o placar, Eunha se levantou e voltou tranquilamente para o lado dos caçadores de conceito. Os caçadores que esperavam em seus assentos a observaram com os olhos arregalados como coelhos assustados.

— Hã… Senhorita? Você sempre foi forte assim? — O Sr. Palhaço riu, sem graça. Era quase possível sentir o espanto no novo jeito como ele a olhava.

O estúdio ainda permanecia em silêncio. Eunha pegou sua garrafa de água e olhou ao redor. Não havia sinal de que os produtores interromperiam a gravação.

— Senhor… O que fazemos?

— Como assim?

Vozes baixas cochichavam no canto onde a equipe estava reunida. Quando Eunha olhou ao redor, os outros caçadores pareciam não ouvir nada. Sem alterar a expressão, ela concentrou toda a atenção nos ouvidos.

— Continuem com a gravação. Troquem a mesa por uma nova.

— Acha que dá?

O produtor pareceu lançar um olhar em sua direção. Eunha não desviou o olhar.

— Podemos enviar as partes que parecerem interessantes e cortar só o que possa causar problema.

O sinal de retomada da gravação se acendeu, e os funcionários começaram a se movimentar rapidamente pelo estúdio. A redatora mais jovem correu entre os assentos dos caçadores comuns com um kit de primeiros socorros. Embora Eunha tivesse tentado controlar sua força, a mão de Turbinado estava tão inchada quanto uma luva de borracha encharcada, talvez até mais do que a do Sr. Palhaço.

Quando a redatora fechou o kit e se preparava para voltar aos assentos da equipe, Eunha ficou em sua frente.

— Aqui também.

— Ah, tudo bem…! — Ela tentou abrir o kit ali mesmo.

Eunha segurou seu pulso.

— Não para mim. Ali.

Seu olhar se voltou para o Sr. Palhaço. No fim, a redatora se aproximou dele e lhe entregou uma bolsa de gelo.

— E você? Não quer uma? — O Sr. Palhaço não usou o gelo que recebeu e ofereceu primeiro para Eunha.

— Estou bem. — Eunha curvou levemente a cabeça mais uma vez. Era sincera, não por educação. Sua mão estava surpreendentemente intacta, mesmo depois de enfrentar cinco caçadores seguidos.

— Não se esforce demais. Como em outros programas, aqui também tem roteiro. Não precisa exagerar pra vencer. — O Sr. Palhaço ainda sorria com gentileza, como se sua mão direita não doesse. Mesmo depois de Eunha dizer que estava bem, ele enfiou o gelo nas mãos dela. Talvez fosse por isso que seu apelido era ‘palhaço’.

Swish!

— S-Sua velocidade é incrível!

Swish! Whoosh! Whack! Whack!

O próximo evento era o ‘Acerte a Toupeira’. A pessoa que pegasse mais toupeiras em 30 segundos vencia, com pontos diferentes dependendo da cor. As marrons valiam 10, as pretas tiravam 20, e as douradas valiam 30.

— A-a Princesa da Chama Negra! Um total de 4.120 pontos! — A pontuação inacreditável piscou no painel de LED. Até a plateia, que fervilhava de empolgação, silenciou de repente, como se tivessem jogado um balde de água fria neles.

“4.120 pontos… Como isso é possível?”, Turbinado cerrou o maxilar. Em outras palavras, Eunha havia pego 25 toupeiras marrons e 129 douradas em 30 segundos. Turbinado ficou em segundo lugar com 1.990 pontos, e Eunha assumiu o primeiro com uma diferença esmagadora.

As disputas acirradas entre os dois times continuaram: corrida de 100 metros, quiz de conhecimento básico, arremesso de basquete e mais. Apesar das expectativas, o time dos caçadores de conceito seguiu de perto a pontuação dos caçadores normais.

Era hora da partida final: esconde-esconde. Isso decidiria o verdadeiro vencedor.

— Acho que isso vai bombar — murmurou o produtor.

— Não deveríamos fazer uma aposta, senhor?

— Hahaha. Isso nem é uma transmissão ao vivo, ainda é cedo pra pensar em audiência.

Eunha encarou a equipe que dançava de um lado para o outro enquanto movia o equipamento. Diziam que era só entretenimento, mas aquele era um mundo cruel e impiedoso demais para isso. Em outras palavras, ela não podia simplesmente se divertir.

Todo o elenco foi para o estúdio ao ar livre para gravar o jogo de esconde-esconde. Quando todos os membros da equipe e o elenco se reuniram, as luzes se acenderam, sinalizando o início. As regras da partida eram simples: se o pegador encontrasse todos os oponentes dentro do tempo limite, o time do pegador venceria. Portanto, o pegador seria peça-chave para a vitória.

— Quem seria adequado?

Hora da reunião operacional. Os caçadores de conceito se reuniram em um canto para decidir quem seria o pegador e todos olharam para a mesma pessoa. Finalmente haviam percebido, no fundo dos ossos, quem era o ás do time.

Quando os olhares de expectativa se voltaram todos para Eunha, o caçador do chapéu levantou a mão. — Espera. Não é bom depender tanto dela. Ela já se esforçou bastante, que tal cuidarmos disso sozinhos no final?

— Concordo com isso — assentiu o Sr. Palhaço. — A habilidade única do caçador da meia-calça é força física, certo?

Um caçador usando uma máscara de dinossauro de pelúcia abriu a boca.

Caçadores tinham habilidades únicas diferentes. Aproveitar essas habilidades conforme o tipo de partida era a chave para a vitória. Os caçadores normais também sabiam disso muito bem. Provavelmente por isso deixaram Turbinado, o de braços mais fortes, ser o primeiro na disputa de queda de braço.

— E-eu na verdade… estou com uma dor de estômago horrível… — Apesar de estar usando uma máscara de meia-calça, seu rosto estava branco a ponto de transparecer. Já o tinham visto sair com frequência durante as gravações. — Estou aguentando como dá, mas acho que não consigo correr. Me desculpem. — Gemeu enquanto segurava o estômago. As meias pareciam encharcadas de suor frio.

— E agora? Eu não sou bom com atividades físicas…

— O Sr. Palhaço está machucado.

Os caçadores de conceito começaram a se agitar.

— Eu vou só… — Assim que o caçador do chapéu abriu a boca, Eunha deu um passo à frente.

— Eu faço isso.

Os caçadores de conceito olharam para ela com olhos preocupados. — Vai ficar tudo bem? Você não precisa se esforçar tanto…

Não era porque desaprovavam. Ela já havia provado sua força o bastante.

— Você já fez muito. Pode descansar agora.

— Não é incômodo. — Eunha deixou as vozes preocupadas para trás. Soltou delicadamente a fita na cintura e usou-a para amarrar o cabelo bem alto. Os fios negros que iam até a cintura desapareceram, dando lugar a uma nuca delicada.

“Essa é a última partida.”

Uma luz intensa iluminou seus olhos negros e sombrios. Aquela era uma oportunidade que nunca mais se repetiria, e ela queria encerrá-la completamente.

Piiiii!

Logo, o apito que sinalizava o início soou. Eles tinham apenas 10 minutos. Eunha ficou imóvel e fechou os olhos em silêncio. Alguns segundos depois, os abriu.

— E-Ela sumiu?! — A voz estupefata do apresentador ecoou pelo estúdio ao ar livre.

Uma pequena sombra negra se esgueirava entre os galhos que formavam enormes teias. Era tão rápida que nem a câmera conseguia capturá-la.

CONTAGEM REGRESSIVA: 9:32