A Vilã é uma Marionete

Volume 1 - Capítulo 1

A Vilã é uma Marionete

Cena 1: A marionete com as cordas quebradas

A mulher mais bonita do mundo dançou no centro do Grande Salão. Quando a música terminou, ela levantou a mão em saudação. As pessoas ao seu redor aplaudiram e derramaram vinho dos seus copos.

— Por favor, dance comigo também, Alteza! 

— É a minha vez agora, Alteza! — O nome da mulher era Cayena Hill, e ela era a primeira princesa do Império Eldaim. Ela também era a irmã mais velha de Sua Majestade, o Imperador Rezef.

— É a vez do imperador agora.

Rezef, que estava assistindo o salão com o queixo na mão, logo se dirigiu a Cayena. Ele substituiu sua expressão fria por um sorriso e colocou os lábios nas costas da mão dela.

— Feliz aniversário, irmã. Hoje, amanhã e para sempre, por favor, continue sendo você mesma.

Cayena riu das palavras de Rezef. 

— É como se você colocasse mel nos lábios! — Tal elogio era um dos seus favoritos.

Rezef zombou internamente de sua irmã, que buscou validação por meio desses elogios sem sentido.

— Você precisa permanecer bonita para que sua utilidade não diminua.

Os únicos méritos de Cayena eram sua legitimidade na linhagem imperial, seu símbolo como a mulher mais bonita do Império e seu status como a única princesa.

— Minha linda boneca tola.

— Oh, Rezef, — disse Cayena.

Ela o agarrou e endireitou o colarinho com as mãos compridas — Você ainda é uma criança.

Na realidade, sua atitude não era nada menos que tola. No entanto, Cayena nem percebeu que era um problema.

Ela viu seu irmão mais novo como alguém abaixo dela, alguém que ela tinha que cuidar. Essa foi uma percepção errônea que fez Rezef se encorajar lentamente.

— Você gosta de seus presentes? — Rezef perguntou.

— Muito! Eu gosto especialmente desse vestido.

— Como você ama rosas, eu queria lhe dar um vestido que lembrasse você.

Ele enfiou uma mecha do cabelo dela atrás da orelha e Cayena aceitou casualmente o toque dele.

Ela estava acostumada a esse tipo de bondade porque tinha sido amada por muitos.

— Agora, você me daria a honra de dançar comigo?

— De bom grado.

— Rezef! — Cayena correu para o quarto do imperador.

— Como você pode simplesmente…

Os assistentes do tribunal ficaram surpresos com sua coragem. Embora ela fosse a princesa, ainda havia regras que Cayena tinha que seguir. Mesmo Cayena, por mais ignorante que fosse, não podia chamar o imperador pelo nome ou correr para seu quarto sem sua permissão. Seu comportamento precipitado só piorou com o tempo, e isso finalmente a levaria à ruína.

Os cavaleiros tentaram detê-la, mas Rezef ergueu a mão para fazê-los recuar.

Cayena, com os olhos marejados, correu para os braços do irmão mais novo.

— Rezef, isso tem que ser uma conspiração. É uma trama! Mate aquela vadia insolente agora! — Mas Rezef apenas olhou para sua meia-irmã com olhos indiferentes.

Sem notar seu olhar frio, Cayena continuou maldosamente a ridicularizar a outra mulher.

— Como aquela vadia rude e suja ousa tentar atrair o duque Kedrey? É tudo culpa dela. Ele não seria tão frio comigo se ela…

— Cayena.

Rezef a empurrou para longe dele.

Rezef havia derrubado vários aristocratas, homens burros usando Cayena como boneca Ele também usou a personalidade venenosa dela para manter as aristocratas do sexo feminino na linha. Até agora, ela havia feito um excelente trabalho, mas gradualmente se tornou um incômodo para ele.

— Você ainda não entendeu? Eu sabia que você era uma idiota, mas não sabia que você era tão burra que não conseguia ler uma situação.

Suas palavras frias chegaram a Cayena, e seu instinto lhe disse que algo estava terrivelmente errado. Sem saber, ela deu um passo para trás. Rezef a agarrou para impedi-la de correr.

— Você nem pode matar Olivia corretamente. Você vem correndo para mim com o rabo entre as pernas e espera que eu a ajude?

— Rezef…! 

— Não tenho escolha a não ser cuidar de você pessoalmente? Que desperdício…

Ele roçou a bochecha trêmula de Cayena com uma mão gentil.

— Como você pode… como você pode fazer…! 

— É uma pena que você não tenha conseguido seduzir o duque Kedrey, mas seu vassalo, visconde Gillian, quer você, para que eu possa pelo menos jogá-la nele. Então podemos negociar.

Ela olhou para ele, incrédula.

— Rezef, eu sou sua irmã. Como você pode fazer isso comigo?

Rezef suspirou para a irmã, que ainda não entendia a situação.

— Você precisa perceber que todo o seu poder foi emprestado por mim. Bem, é tarde demais para você fazer algo a respeito, de qualquer maneira.

— Eu recuso! Como se atreve a me insultar! — Cayena parecia que estava prestes a enlouquecer.

Parecia que o mundo e tudo em que ela acreditava estava desmoronando ao seu redor de uma só vez.

— Você não pode fazer isso comigo! Fui eu quem te fez o imperador! — Rezef riu de seus gritos angustiados. 

— Você ainda não percebeu por que estava acostumada? Minha pobre e lamentável boneca.

— Por quê? Por que você está fazendo isso? Fiz algo de errado? Você está bravo comigo? Sinceramente, não sei. Você não tem motivos para fazer isso comigo. — Cayena conseguiu engolir sua raiva e tentou convencê-lo da maneira mais lamentável possível. Suas lágrimas nunca haviam falhado com ela antes.

— Pobre Cayena. Você deveria ter matado Olivia, então.

Balançando a cabeça, Rezef foi se sentar no sofá.

— É muito triste. Não acredito que minha irmã mais velha é uma pessoa tão horrível.

— O que…? O duque Kedrey perguntou se ele poderia investigar o incidente, certo? Bem, eu vou permitir.

— Rezef! — Ele se inclinou no sofá e olhou para Cayena, com olhos gelados.

— Tranque aquela mulher má no quarto dela.

Os cavaleiros a agarraram bruscamente. Cayena, que nunca havia sido tratado assim, gritou.

— Solte! Me deixe ir! Isso é loucura. Como você se atreve? Quem você acha que eu sou?

Ela tentou afastar as mãos dos cavaleiros, mas seu corpo era muito frágil, tendo sido protegido por toda a vida.

— Rezef.

Cayena chamou Rezef como se estivesse prestes a cuspir sangue. Mas logo ela foi arrastada pelos cavaleiros, e a porta do quarto se fechou firmemente atrás dela.

A mulher desligou a tela do celular.

Era um romance que ela leu várias vezes para verificar a queda da vilã. Foi comovente ler como ela foi vendida ao visconde Gillian para levar uma vida miserável.

Era exatamente como o que ela havia experimentado.

— Gerente, você não tem uma reunião? — perguntou um subordinado para a mulher.

A mulher assentiu. 

— Sim, eu tenho.

Mesmo durante o trabalho, a mulher não parava de pensar no romance. Ela continuava tendo uma estranha sensação de déjà vu. A mulher e a vilã eram parecidas. Ambos eram bonecos que haviam sido completamente usados por alguém.

— Você já está saindo do trabalho?

A mulher raramente sala cedo, mas seu subordinado havia perguntado porque ela já havia guardado suas coisas. Sem uma palavra, a mulher assentiu e saiu para o elevador.

— Espere um momento.

Era o diretor-executivo Kim.

— Vamos descer juntos.

A porta do elevador se fechou.

— Você está saindo cedo hoje, — disse ele.

— Vi que seu desempenho no trabalho na revisão do meio do ano foi bom. Você com certeza é competente.

Ele colocou a mão no ombro da mulher. Parecia que insetos estavam rastejando por todo o corpo.

— Vou sair primeiro, — disse a mulher.

Ela saiu correndo assim que a porta do elevador se abriu. Atrás dela, o diretor perguntou: — Você ainda está chateada?

A mulher parou de andar.

— Graças a mim, você se tornou a gerente de equipe mais jovem e em breve se tornará a vice-gerente.

“Você precisa perceber que todo o seu poder é emprestado de mim. Bem, é tarde demais para você fazer algo a respeito, de qualquer maneira.”

A mulher riu ao se lembrar das falas de Rezef no romance. Ela olhou para trás.

— Você está dizendo isso porque precisa de mim novamente, não é?

O diretor Kim sorriu e estalou os dedos para ela. 

— Sabe, só tenho um gerente de equipe no momento.

A mulher riu e se virou. Ela estava cansada de viver como a boneca de alguém.

Foi quando aconteceu.

— … quem é você? — Alguém estava de pé no lado do motorista do carro. Ele usava um suéter preto e um chapéu que cobria seu rosto. Parecia ameaçador.

O homem virou-se para ela lentamente. 

— É tudo culpa sua.

A mulher deu um passo atrás. 

— É por sua causa que acabei assim! — Ele correu para a mulher e esfaqueou seu estômago com uma faca.

O diretor Kim, que estava atrás dela, encontrou a mulher desabada entre dois carros. O homem pegou sua faca e o atacou também.

— Eu vou te matar também!

A mulher, segurando o ferimento, viu o diretor Kim ser atacado.

“Acho que as vilãs terminam da mesma maneira.”

Sua visão escureceu.

— Não é tão ruim morrer assim.

Essa foi a última lembrança da mulher.

— Ugh.

— Ha… ha…

Ela abriu os olhos. A voz de alguém estava se aproximando.

— Sua Alteza despertou! Rapidamente, chame o médico! — Segurando a cabeça latejante, a mulher olhou em volta.

O que aconteceu? Ela foi definitivamente esfaqueada.

— Sua Alteza! Você pode nos entender??

Ela podia sentir a energia nervosa das pessoas correndo ao seu redor. Ela apertou os olhos em foco.

Uma mulher à moda antiga, uma estrangeira a olhava ansiosa. Estranhamente, a mulher sentiu como se a tivesse visto antes.

Então, a porta se abriu e alguém entrou.

— Anunciando Sua Alteza Imperial, o Príncipe.

— Irmã.

Era um jovem de cabelos dourados. Ele estreitou a distância entre eles em um instante.

— Cayena, você está bem?

— Cayena?

O homem segurou a mão da mulher. Então, a mulher abriu os olhos em choque.

— Como pode isso?

— Rezef…

A realização a atingiu como um raio.

— Sim, irmã. Estou aqui.

O homem beijou a mão dela com cuidado e olhou para ela com uma expressão preocupada.

— Estou de volta, — disse ela.

Então, ela desmaiou.