Sobrevivendo no Jogo como um Bárbaro

Capítulo 736

Sobrevivendo no Jogo como um Bárbaro

Quando Leão se juntou à Távola Redonda pela primeira vez, Abed Necrapeto ficou bastante surpreso.

— A pessoa que me recomendou aqui foi sua mãe. Algum problema?

Essas palavras afiadas foram ditas no meio de um evento repleto de jogadores poderosos de todas as variedades.

— Pare, por favor. Mais que isso, estou em risco…

Ele tinha as habilidades para sustentar suas palavras.

Leão dominou a Távola Redonda instantaneamente com sua avassaladora intenção assassina, e ninguém ousou comentar sobre suas opiniões.

Ele era uma existência tirânica. Como o exército mongol que devastou as regiões ocidentais com seu poder esmagador, Leão conquistou a Távola Redonda de imediato.

No entanto, o verdadeiro perigo dele não vinha apenas de sua força.

— Se você pegar um Vamdemon em um grupo de três pessoas, uma essência com certeza será dropada.

— Um novo relicário sagrado apareceu no mundo por meio de um oráculo da deusa das estrelas.

— A Pedra da Ressurreição existe.

Leão sabia de informações que ninguém mais sabia e as compartilhava como se fossem de conhecimento comum.

As pessoas começaram a se perguntar qual seria a escala da organização que ele liderava para ter acesso a informações como aquelas.

Uma figura envolta em mistério.

“Que incrível.”

Abed Necrapeto o admirava. Não, era algo mais próximo de adoração.

Era compreensível, na verdade.

Esmagar quem ele queria esmagar e tratar os outros como se fossem insetos desprezíveis.

Quando ficava entediado, às vezes jogava um pedaço de carne e observava as reações dos outros.

Aos olhos de Necrapeto, ele era mais legal do que qualquer vilão que já havia visto desde a infância.

— Talvez… Só talvez…

— Se eu desistisse de tudo para servi-lo… Você me aceitaria?

Foi por isso que ele disse isso durante a reunião final da Távola Redonda. Embora Orcules fosse uma organização decente, ele sentia que faltava algo em comparação com Leão. Se pudesse apenas trabalhar sob suas ordens, sentia que poderia realmente se tornar alguém especial.

Bem, no final, seu pedido foi recusado.

— Inseto! Pshehe…! Então é assim que todos parecem aos seus olhos, Leão?

Ele não ficou tão desapontado. Apenas significava que ainda não havia captado sua atenção. Só precisava acumular mais infâmia e se tornar um vilão ainda maior. Então talvez Leão o procurasse primeiro. Era o que Necrapeto esperava. Contudo…

“Bjorn Yandel…”

O bárbaro problemático que constantemente atrapalhava seus planos e que lhe dera o estranho apelido de Coletor de Brinquedos…

“…é o Leão?”

A primeira emoção que sentiu foi negação.

Não podia ser. Ele definitivamente estava só dizendo isso depois de ouvir em algum lugar.

Ding!

E ainda assim, uma parte dele aceitou. Era como se a verdade nebulosa que ele tentava ignorar estivesse começando a se tornar mais clara.

— Leão é Bjorn Yandel.

Foi isso que a Rainha disse quando Leão retornou após dois anos e seis meses de ausência. A luz ficou vermelha no final, mas apenas mostrava o quanto ela suspeitava dele.

— Um novo relicário sagrado apareceu no mundo por meio de um oráculo da deusa das estrelas.

O fato de Leão saber sobre o relicário da Igreja de Reatlas antes de qualquer pessoa fazia sentido se ele fosse Bjorn Yandel. Afinal, ele foi quem recebeu o oráculo.

— Palhaço é o Coletor de Cadáveres.

Isso também fazia sentido. Quando lutou abertamente contra Bjorn Yandel pela primeira vez, revelou enquanto usava a máscara que ele era Palhaço.

— Você é…?!

A razão pela qual ele liberou tanta intenção assassina naquele momento não foi apenas um capricho absoluto, mas sim vingança. Vendo aqueles olhos que o encaravam como se fosse inútil, Necrapeto aceitou a verdade.

— Entediante.

O Leão que ele tanto adorava era Bjorn Yandel.


A expressão que ele me deu foi exatamente a que eu esperava.

No início, negou a realidade, depois se sentiu traído pela situação que tinha que suportar e, finalmente, no fim, temeu sua morte iminente.

Quando cancelei a 【Gigantificação】 e pressionei meu peso sobre ele com o pé, ele fez uma careta de dor por um momento antes de começar a rir maniacamente. Provavelmente não era só pelo choque de descobrir que eu era o Leão. Ele só tinha metade da cabeça restante, então não havia como ainda estar são.

“Ugh… Isso é nojento.”

Ainda assim, como controlei minha força no último ataque, ele não morreu instantaneamente. Considerei deixá-lo ir com um golpe limpo, mas…

“Sim, não importa quão urgente seja, ainda preciso saquear ele.”

Não ganharia muito se simplesmente o matasse. No máximo, seria aquele Cajado do Submundo que ele segurava na mão.

“É por isso que aventureiros de alto nível são um incômodo de lidar.”

Nos andares inferiores do labirinto, eu podia simplesmente matar aventureiros, vasculhar suas bolsas e pegar seus equipamentos. No entanto, a maioria dos aventureiros de alto nível tinha subespaços, e o subespaço desse cara devia ser muito maior, considerando que ele era um necromante.

— Ei, está me ouvindo? Hein? Consegue me ouvir?

Embora eu perguntasse várias vezes, ele apenas ria para o ar.

— Tsc.

No fim, tirei uma poção do meu subespaço e a derramei sobre sua cabeça.

Ssssss!

Mas o quê, será que esse cara perdeu a capacidade de sentir dor?

Mesmo com a poção fervendo e soltando vapor, ele não mostrava reação e apenas olhava para o vazio. Só começou a gritar quando sua cabeça profundamente afundada estava quase curada.

— Pshe! Pshehe! Pshe, pshe, pshehe!

Ele convulsionava, saltando para cima e para baixo enquanto soltava uma risada histérica.

“Mas que diabos é isso?”

Fiquei arrepiado com a cena repentina de terror, mas era só a consequência de ele estar voltando à sanidade.

— Ugh, argh! Bahaha, ahhh!

Em algum momento, como se para provar que seu cérebro só estava funcionando mal, seus gritos voltaram ao normal.

“Pronto, isso já deve bastar.”

Bati de leve em sua bochecha com meu martelo.

— Agora consegue me ouvir?

— Ugh, ha, ugh.

Hmm, então seu cérebro ainda não havia se recuperado o suficiente para deixá-lo falar.

— Pisque se puder me ouvir.

Pisca.

— Por que está piscando só com um olho? Isso está me irritando.

Pisca, pisca.

— Não foi intencional? Hmm… Certo.

Bem, isso não era o mais importante.

— Tudo bem, então você vai desfazer o selo de posse do seu subespaço. Agora.

Fui direto ao ponto com o cara que parecia desesperadamente precisar descansar, mas ele, infelizmente, recusou com os olhos.

Pisca, pisca, pisca, pisca.

Seu olho esquerdo piscava rapidamente.

— Então prefere morrer a entregá-lo para mim?

— Ugh, agh… Eurgh…!

— Não consigo entender o que está dizendo, então fale com os olhos — reclamei, abertamente irritado.

Seus olhos só piscavam ainda mais rápido. Parecia que ele não queria simplesmente morrer assim.

— Então o quê? Tem algo a dizer?

Pisca.

— Certo. Vou derramar um pouco mais da poção em você. Quando conseguir falar, vai abrir o subespaço como pagamento pela minha poção. Entendido? Responda.

Pisca.

Tive a sensação de que ele piscou um pouco mais tarde do que poderia, como se quisesse dizer que não gostava da minha sugestão, mas provavelmente era só impressão minha.

Se um mudo fosse oferecido a chance de falar, abriria mão de todo o dinheiro do mundo para isso.

Sim, minha sugestão era justa e lógica.

Crunch!

Como ele podia tentar fugir de novo após seu cérebro se curar, quebrei suas pernas com meu martelo mais uma vez.

Ssssss!

Quando derramei uma poção de alto nível sobre sua cabeça para cumprir minha parte do acordo, seus gritos ficaram cada vez mais altos. Ainda assim, parecia que sua cabeça destroçada estava começando a se reformar.

— Aaaaack! Ugh… Aaack!

O Coletor de Cadáveres começou a gritar de forma mais normal do que antes.

Ssssss!

Depois de mais dez minutos, ele finalmente se acalmou o suficiente para que pudéssemos conversar.

— Um…

— Subespaço. Você precisa cumprir sua promessa. Tire seu subespaço antes de começarmos a conversar.

— N-Não, como você pode fazer isso…?

— Estou perdendo meu tempo — disse friamente, enquanto levantava meu martelo lentamente.

Ele rapidamente balançou ambas as mãos e gritou — E-Eu vou te entregar!

Pois é, devia ter feito isso desde o começo.

— M-Mas você precisa cumprir a promessa de conversarmos um pouco…

— Não se preocupe com isso.

Eu era generoso o suficiente para deixá-lo, ao menos, fazer um testamento, se ele realmente entregasse o subespaço de boa vontade.

— J-Já está feito.

Quando ele desfez o selo de posse, uma luz brilhante emanou de seu coração enquanto uma esfera translúcida saía.

Parecia comum à primeira vista, mas ao olhar de perto, dezenas de pequenos círculos mágicos estavam sobrepostos na superfície da esfera.

Uau, um subespaço que nem era um bracelete, mas que ficava dentro do corpo, era algo bem caro pelo que eu sabia.

— Você carregava algo bem valioso.

— T-Tive sorte em encontrá-lo.

Acho que o ditado de que os bandidos vivem melhor do que deveriam é mesmo verdade.

— S-Se quiser abrir o subespaço, vai precisar de um mago para reimplantá-lo depois…

— Eu sei. Não precisa explicar. Certo, vou te dar dez minutos.

Mesmo dando a ele um prazo rígido, fiquei curioso.

O que ele diria nesses dez minutos? Agiria como se estivesse arrependido e imploraria pela vida? Ou talvez oferecesse algo em troca?

A resposta que obtive foi completamente diferente.

Antes mesmo de abrir a boca, ele parecia extremamente focado, como um apresentador esperando para começar a transmissão.

— Pshehe…

E então, ele riu, como fazia quando usava a máscara de Palhaço.

“Ele está rindo?”

Ele continuou, como se tivesse ouvido meus pensamentos:

— Por quê? Achou que eu iria tremer, implorar e suplicar para poupar minha vida?

Hum… Seria mentira dizer ‘não’, mas admitir isso me irritava.

Como permaneci em silêncio, ele riu novamente.

— Pshehe… Fiquei realmente surpreso! Bjorn Yandel, além de ser um jogador, você ainda era o Leão!

— O que está tentando fazer?

Não consegui segurar minha frustração diante de seu monólogo dramático, e ele riu mais uma vez com minha pergunta.

— O quê? Sei que vou morrer em breve, então estou aproveitando para ter minha última conversa.

Uau… Esse cara estava completamente no personagem. Para ser honesto, achei que ele estivesse apenas interpretando um insano, mas agora percebia que era genuíno.

Fiquei sem palavras diante da verdadeira extensão de sua depravação.

— Você não tem vontade de viver? — perguntei.

— Claro que tenho! Mas não é como se você fosse me deixar viver só porque eu imploro, certo?

Isso também era verdade. Mas normalmente as pessoas pelo menos tentavam, não?

— Pshehe, sou diferente dessas pessoas comuns.

— O que há de tão diferente em você?

— A lei da selva é a lei do mundo. Não tenho nem uma sombra de reclamação sobre isso.

— Então? Por que pediu tempo para conversar?

— Quero dizer, não é mais divertido assim?

“Ah, entendi…”

Parecia que o cérebro dele ainda não tinha se curado totalmente. É, era por isso que estava dizendo essas besteiras dez minutos antes de morrer…

— Pshehehe…

Nesse momento, pude sentir uma emoção familiar vindo dos olhos sorridentes do Palhaço.

“Hã?”

Medo, desespero, arrependimento, decepção… Emoções escuras que inevitavelmente surgem quando uma criatura viva está prestes a encontrar seu fim.

— Por quê? Está desapontado? Porque eu não chorei, fiz birra e implorei para você?

Ao olhar mais de perto, percebi que seu corpo estava tremendo de forma muito sutil.

Percebi então.

— Você só está fingindo que está bem.

Ele pausou.

— O que quer dizer? Eu realmente estou bem. Eu era fraco, e você era forte. É por isso que você tem o direito de desfrutar os privilégios do vencedor.

— Não seria melhor ser honesto em seus momentos finais?

Embora ele merecesse morrer mais do que a maioria, meu conselho foi genuíno.

Todos usam máscaras, e não é errado que o façam. No entanto, talvez fosse melhor tirá-las em seus momentos finais. Esse era meu pensamento, e era a única misericórdia que eu podia lhe mostrar naquele instante.

— Pshe…

Mesmo com meu conselho, ele continuou mantendo aquele sorriso falso no rosto. Ainda assim, parecia que minhas palavras o haviam alcançado de alguma forma.

— Para ser honesto… Este é um mundo bem difícil de viver. Ah! Claro, isso não se aplica a alguém tão forte quanto você. Pshe!

Lei da selva, lei da natureza, nenhuma intenção de resistir. Essa última frase parecia mais genuína do que qualquer outra coisa que ele havia dito.

“Hah, isso está me enlouquecendo…”

Eu devia ter matado ele antes.

Mesmo assim, acabei perguntando — Ei… Qual é seu verdadeiro nome?

O Coletor de Cadáveres, Abed Necrapeto.

— Pshehe, de repente está interessado em mim?

— Sim.

Acabei ficando curioso sobre ele.