Sobrevivendo no Jogo como um Bárbaro

Capítulo 128

Sobrevivendo no Jogo como um Bárbaro


『 Tradutor: MrRody 』


No passado, Missha costumava pensar que todas as suas preocupações desapareceriam se ela apenas fizesse um contrato com um Animal Espiritual. Mas a realidade não funcionou assim.

Então, é a Besta do Gelo, Skadia. — A voz fria de seu pai e seu olhar gelado naquele dia ainda eram os mesmos. Era como se ele estivesse falando com um estranho. Só que agora, ele não falava tão bruscamente como antes. — Você contou a alguém sobre isso?

A-Ainda n-não…

Bom. Vamos manter isso entre nós por enquanto. — Era uma ordem, não um pedido.

T-Tudo bem… — Missha não conseguiu dizer mais nada, apenas assentiu. Ela se sentiu envergonhada. Ela não havia feito um contrato com um espírito da maneira usual. Usando um item misterioso chamado Anel do Espírito da Geada, ela havia conseguido enganar com sucesso seu caminho para um acordo. E se seu pai soubesse disso…

“Esse tratamento faz todo sentido.”

É claro, ela não tinha coragem de fazer perguntas. Seu pai era alguém que ela temia mais do que qualquer outra pessoa no mundo. Então, quando ele pediu que ela trouxesse o bárbaro de volta para a mansão, ela apenas disse que o faria. Mas ela também não disse uma palavra sobre o pedido dele para Bjorn.

“Sim, esse é um problema com o qual tenho que lidar sozinha.”

Ele já não tinha feito a ela uma gentileza que era quase impossível de retribuir? Ela não podia sobrecarregá-lo mais. Mas mesmo que ela tentasse racionalizar dessa maneira, lá no fundo, ela sabia a verdade.

“Eu não quero ser descoberta.”

Ela não queria divulgar sua situação. Hikurod, Dwalkie e Rotmiller… Mesmo que todos já soubessem, ela queria que Bjorn pensasse que ela estava se dando muito bem. Então, ela visitava mais frequentemente sua casa.

Tenho que ir agora. Tenho que passar na casa dos meus pais hoje.

Ela fez o seu melhor. Ela enfrentou os olhares dos irmãos que claramente perguntavam por que ela estava visitando tão frequentemente, os olhares de desprezo dos criados e os jantares solitários que a faziam se sentir uma ilha remota.

“Eu não posso mais fugir.”

Ela havia aprendido com Bjorn que você não consegue nada fugindo. Então, um mês, dois meses, três meses passaram assim.

Quando aquele homem vai vir? — Seu pai redobrou seus esforços para fazê-la trazer Bjorn. Ela fingiu que Bjorn estava relutante, mas parecia que seu pai sabia que isso era uma mentira, pois fez a seguinte oferta: — Traga-o aqui dentro do mês. Então eu reconsiderarei seu tratamento. Você entende?

Em termos simples, isso significava que ele finalmente deixaria a família saber que ela havia assinado um contrato com um Animal Espiritual e a trataria como sua verdadeira filha. Ela não conseguia entender por que ele estava indo tão longe para conhecer Bjorn. No entanto, Missha decidiu convidar Bjorn de qualquer maneira, apesar de não gostar do fato de que estava tecnicamente o usando.

“Eu apenas vou trabalhar duro para retribuir.”

Ela pensou que se lidasse bem com isso, poderia ter mais confiança na frente de Bjorn. Além disso, ela imaginou que se assegurasse o apoio da família Karlstein para ele, isso o ajudaria em sua jornada.

— Tudo bem.

— …O quê? S-Sério? Pra valer? Uau! Sem voltar atrás, ok?

Uh huh, a que horas devemos sair amanhã?

Apesar de suas preocupações, Bjorn concordou prontamente. No entanto, sua felicidade foi de curta duração e ela rapidamente começou a se preocupar novamente. Ela não seria mais capaz de esconder quando chegasse à sua casa. O que ela deveria fazer? Se Bjorn causasse tumulto lá, as coisas sairiam do controle.

“…Uau, ego! Esse é um ego super inflado que você tem!”

Missha afastou suas preocupações com um sorriso. Bjorn podia ser um guerreiro de sangue quente, mas às vezes podia ser mais frio do que qualquer outra pessoa. Ele não faria algo assim na casa de uma família de sangue puro, na terra sagrada de outra tribo. Não era como se fossem parentes de sangue, afinal. Não havia como ele escolher fazer inimigos dos Karlsteins quando os custos disso eram altos.

“Mhm, de jeito nenhum. Por que ele faria isso por mim…?”

Missha assim conteve sua imaginação indomada. A realização fez seu coração doer por algum motivo, mas sonhos e realidade eram duas coisas inteiramente diferentes. Ela sabia disso agora.

Mas então, o que era isso?

— Behelahhh!

Sua cauda se endureceu com o grito feroz, alto o suficiente para fazer seus ouvidos doerem. Isso era a cara dele. O criado estava perguntando o que estava acontecendo, mas tendo estado com Bjorn por um tempo, Missha já sabia.

— Deve haver algo errado com sua cabeça.

Isso significa — Eu vou esmagar sua cabeça!


— V-Você está louco?! P-Pare! Prrr que você está fazendo isso de repente?! — Missha pulou e agarrou meu antebraço, depois virou a cabeça e escaneou nossos arredores para ver se alguém ouviu a confusão. Vendo isso, até eu senti pena dela.

“É como me ver na escola primária.”

Resignado e solitário, apagando meu senso de identidade priorizando os sentimentos dos outros… em algum momento, eu também pensei que isso era tudo normal.

— Por que estou fazendo isso? Eu só queria!

— D-Do que você está falando?!

Eu afastei o braço agitado da Missha e disse — Missha, você tem permissão para fazer o que quiser de vez em quando.

— O-O quê…?

— Por que você está se segurando? Aceitar coisas assim só beneficia a outra pessoa.

— É minha família…

“Família, minha bunda. Neste ponto, eles deveriam ser chamados de seus inimigos.”

— Então sua família é mais importante do que sua vida?

Missha fechou a boca. Eu estava certo de que ela sabia em sua cabeça qual era a fonte de seus esforços para visitar periodicamente sua família, a fonte de seu anseio por um relacionamento harmonioso, de verdade. Era um afeto tolo e persistente que não tinha utilidade alguma… uma emoção não diferente da própria definição de insanidade.

— Me responda. Se sim, eu vou parar por aqui.

Eu pedi sua opinião mais uma vez, mas Missha não disse nada. Isso foi uma resposta suficiente para mim.

— A partir de agora, apenas observe. Você não terá nada com que se preocupar.

— M-Mas se você machucá-lo…

Sim, haveria uma comoção. Uma multa seria o menor dos meus problemas. Eu também teria que enfrentar a ira da família Karlstein, que supostamente valorizava a honra.

— Missha Karlstein, desde quando eu fiz uma promessa que não pude cumprir?

— …Nunca.

— Sim, então confie em mim.

Eu não estava indo para isso sem um plano. Meu modo bárbaro e ignorante, que ligava e desligava enquanto monitorava a situação, acendeu novamente.

Toff.

Deixando Missha para trás, dei um passo à frente. O criado ainda estava agindo de forma arrogante. — O que você disse a ela? Não importa o quão ruins sejam suas maneiras…

Eu agarrei e levantei o homem pelo colarinho. — Você não é o único sendo grosseiro? Um criado da família Karlstein, se comportando tão arrogantemente diante de seu mestre?

— M-Mas é…!

O cara parecia aflito e usava uma expressão de incredulidade. Bem, tenho certeza de que isso deve ter parecido surreal para ele. Isso não era um beco escuro. Como ele poderia imaginar algo assim acontecendo em frente aos portões da mansão à luz do dia?

— M-Me deix… Arg! — Cadê sua originalidade? Até suas palavras eram semelhantes ao que aqueles outros caras com problemas na cabeça tinham dito. — Se você fizer isso…

“O que, algo ruim vai acontecer comigo?”

Hehe.

Qualquer um ciente disso não faria algo assim. Então, se alguém estivesse fazendo mesmo assim, faria sentido assumir que ele tinha um plano. Em pensar que eles não poderiam juntar algo tão simples como isso…

— Deve haver algo errado com sua cabeça. — Eu cerrei meu punho firmemente e apliquei uma força moderada. Se eu o matasse, nem mesmo eu seria capaz de lidar com as consequências. — Não se preocupe. Na maioria das vezes, você pode consertar com uma surra leve.

— M-Mmm!

Eu segurei o cara pelo pescoço enquanto ele tentava dizer algo, o silenciei e acariciei suavemente a área que pretendia atingir. Então, eu puxei um punho como se fosse golpeá-lo, mas o atingi com apenas a força necessária para mexer meu pulso.

Whack!

O bastardo desmaiou com um golpe. Segurando-o pelo pescoço, eu verifiquei a ferida como se estivesse inspecionando um objeto. Sangue escorria do seu nariz quebrado, mas ainda deveria ser o suficiente para servir de exemplo.

— …Qual é o seu plano agora? Se meu pai descobrir sobre isso, ele não vai apenas ficarrr parado — Missha perguntou quais eram os meus próximos passos com uma expressão quase resignada no rosto. Ela não havia interferido porque eu disse para confiar em mim, mas acho que ela ainda estava inquieta.

— Você vai ver.

Levantei o homem inconsciente com uma mão e segui em direção à entrada da mansão. Ao passar pelo jardim, vi criados trabalhando, cortando a grama ou carregando bagagens.

— Eek! Rápido, chamem o Mestre Karlstein!

Todos os olhares se voltaram para mim. Alguns dos criados correram para dentro da mansão. Eu os segui pela porta aberta.

— Pare, bárbaro.

Fui cercado por uma dúzia de terians, um grupamento completamente armado que parecia estar em posse de espíritos ferozes.

Assim que parei, o líder do grupo (que parecia ser o capitão) abriu a boca e falou em um tom autoritário. — Senhorita Karlstein, você pode explicar o que está acontecendo aqui? Quem é esse bárbaro, e por que Brante, que deveria estar guardando o portão da frente, está nesse estado?

Então o nome desse cara era Brante.

— Nyaah… é-é…

— Missha, não há necessidade de explicar. —  Eu joguei o inútil Brante na direção deles. No momento em que o pegaram, ainda surpresos, gritei tão alto que minha voz ecoou pela mansão: — O que diabos vocês estão fazendo?!

Os terians ficaram atordoados, como se não entendessem o que estava acontecendo.

— Vim aqui a convite do chefe de sua família. Mas esse cara me insultou, me chamando de bárbaro sem cérebro!

Missha inclinou a cabeça para o lado com a minha declaração subsequente, depois sussurrou baixo para que apenas eu pudesse ouvir: — Uh, ele realmente disse isso?

Ela tinha uma tendência a se concentrar em coisas triviais. Felizmente, eu poderia simplesmente fingir que ele perdeu a memória pelo soco.

— Não minta! Não há como Brante fazer algo assim. — A perplexidade deles foi de curta duração. O capitão careca rejeitou minha afirmação como se fosse absurda. Do meu ponto de vista, ele estava cavando sua própria cova. Bárbaros sem cérebro eram imunes à lógica.

— Uma mentira? Você também está me insultando?

Quando dei um passo ameaçador para frente, o Careca recuou um passo. Não achei que fosse porque ele estava com medo de uma briga, no entanto. Talvez fosse porque eu era um convidado da casa.

— O que significa isso!? — Enquanto os guardas estavam perdidos sobre o que fazer, um homem saltou sobre a escada central, pulando do segundo andar. Seu rosto era um que eu reconhecia. — Você é… Bjorn Yandel?

Era o irmão mais velho da Missha, que eu havia conhecido no terceiro andar. Seu nome era… Eu não me lembrava. Espera, eu cheguei a pegar o nome dele daquela vez? Decidi não me preocupar com os detalhes e, em vez disso, me concentrei no momento.

— Não pode ser, você é o convidado do meu pai?

— Há quanto tempo.

— Pule as formalidades. O que está acontecendo aqui? — O irmão mais velho estreitou os olhos para mim. — Se você não puder oferecer uma boa explicação para isso, nem mesmo você sairá daqui ileso.

Caramba, que olhar severo.

“Eu te salvei há um tempo atrás, lembra? De qualquer forma, não gosto desse bastardo.”

Repeti a mesma explicação… que fui insultado por Brante, o porteiro… e então acrescentei à história. — Se fosse só eu, eu teria resolvido. Mas qual é o problema com esse lunático? Como ele se atreve a insultar a Missha enquanto serve à família? — Eu gritei, apontando para o Brante inconsciente.

Rugas claras apareceram na testa do irmão. — Eu disse para todos se absterem quando houver visitantes.

Essa foi uma resposta completamente ridícula.

“Eu inventei essa história, mas você vai deixar passar o que eu disse? Droga, é ainda pior aqui do que eu pensava.”

Isso deve ser algo que acontece todos os dias. Eu falei, não escondendo meu crescente nojo. — Então todos vocês sabiam disso, mas ignoraram?

— Este é um assunto de família. Não tenho motivo para explicá-lo a você. E todos vocês, voltem às suas posições.

— Sim, senhor.

Logo o irmão da Missha dispensou os guardas e virou-se novamente para me encarar. — Bjorn Yandel, isso foi claramente um erro de nossa parte, então não vamos fazer disso um problema.

— E?

— …E se for verdade que este homem o insultou, ele será punido adequadamente. Isso deve ser o suficiente para satisfazê-lo.

— Satisfazer, huh…? — Deixei minha fala morrer e sorri de canto. Educar um bastardo mimado, e além disso deixar claro para um bando de pessoas que eu não era alguém para se mexer… esse tinha sido meu plano original.

“Acho que terei que ir para o Plano B.”

Sorri e me aproximei do irmão. — Você também tem algo errado com a cabeça?

Planos podem sempre mudar.