O Ponto de Vista do Vilão

Capítulo 474

O Ponto de Vista do Vilão

Capítulo 474: Diante da Crueldade da Guerra

O que é o horror da guerra?

O que torna a guerra tão assustadora para tantos?

Dizem que a morte nunca está mais perto de um ser humano do que no exato momento em que seus pés pisam no campo de batalha.

Em qualquer segundo, você sequer perceberia quando sua cabeça saiu de seus ombros.

Existem muitas perspectivas ao tentar descrever os horrores da guerra. Mas a verdade está nas reflexões que se veem nos olhos dos próprios soldados.

Os soldados comuns... aqueles que não possuíam grande poder, que não eram especiais de nenhuma forma significativa.

Esses combatentes desafortunados tornam-se a lente perfeita para estudar as verdadeiras tragédias da guerra.

Entre os soldados do Império...

Depois que sua nave foi destruída pelo inimigo, uma menina saiu debaixo dos destroços, tentando sobreviver antes que as ruínas de sua embarcação doomed fosse engolida por completo.

Seu cabelo azul-claro estava bagunçado, e sua pele pálida manchada de sangue.

Ela sentia uma dor insuportável... esmagada pelos destroços que caíram impiedosamente sobre ela, ameaçando enterrá-la viva.

Ela era uma Controladora de Ondas. Isso significava que seu corpo não tinha força física suficiente para suportar uma colapsar como aquela sem sair ilesa.

Ao puxar a metade superior do corpo, a dor ardente era como nada que ela já tivesse sentido antes.

Quando olhou para baixo para identificar a fonte da agonia, encontrou suas pernas horrivelmente mutiladas sob os destroços do navio destruído.

Ver a metade inferior do corpo completamente achatada... acompanhada pelo poça constante de sangue saindo debaixo dela... fez seu coração afundar ainda mais no peito.

Ela começou a perceber, com um medo crescente, que talvez tivesse ficado inválida para o resto da vida.

Naquele momento, ela não conseguiu evitar a crise de ansiedade que a dominou. Gritou no auge de sua força...

mas seus gritos foram silenciados pelo rugido ensurdecedor da guerra ao redor, tornando seu sofrimento invisível para o mundo.

Ela gritou por um longo tempo, tentando mover os destroços pesados de suas pernas.

Mas, à medida que o pânico e a perda de sangue tomavam conta, sua visão do massacre ao redor se turvou. O mundo que conhecia parecia desmoronar ao seu redor.

Algum tempo atrás, ela brilhara entre as primeiras colocadas do templo.

Mas agora, de alguma forma, uma garota quase de dezessete anos tinha acabado no meio de um campo de batalha.

O destino foi cruel... forçando-a a uma situação de vida ou morte como aquela.

Minutos se passaram... cada um parecendo uma hora.

Eventualmente, ela começou a recuperar a compostura.

"...Dor..."

Ela sussurrou suavemente... sua voz leve na paisagem infernal de fogo ao seu redor.

"Ainda consigo sentir a dor..."

Mesmo após tanto tempo, ela ainda sentia suas pernas.

A dor era excruciante... como nada que ela já tivesse imaginado. Mas trazia consigo uma pequena centelha de esperança.

"Enquanto eu ainda conseguir senti-las... quer dizer que ainda não as perdi."

A habilidade de sentir dor era prova suficiente de que ela não estava paralisada.

Era a única notícia boa que tinha.

Porém, ela tinha perdido sangue demais, e sua condição piorava a cada segundo.

Respirando fundo, ela concentrou suas últimas forças, conjurando órbitas celestiais que se transformaram em espirais violentas de vento.

Canalizando o último de seu poder como Controladora de Ondas, ela lançou as tempestades contra os destroços que a esmagavam.

Seus ventos tiveram sucesso... destruíram os escombros e finalmente revelaram a metade inferior de seu corpo.

Mas o que viu fez ela apertar os dentes de dor.

Os ossos de sua perna direita haviam sido completamente esmagados—curvados de forma anormal.

A esquerda havia sido perfurada por uma barra de ferro grossa.

O sangue jorrava sem parar, e ela estava quase perdendo a consciência.

Explosões sacudiam a área ao redor dela. Ela sabia que precisava se mover de algum jeito ou morreria ali mesmo.

A nave em que estava poderia afundar a qualquer momento.

Mas suas pernas já não suportavam seu peso. Ela não tinha escolha a não ser rastejar.

Rastejar pelo deck ensanguentado, sobre os corpos de seus camaradas mortos...

Arrastando-se pelo chão, deixou para trás duas longas trilhas escarlates. A única coisa que a manteria consciente era seu instinto primal de sobreviver.

Os monstros do Mar dos Pesadelos eram verdadeiras catástrofes... criaturas colossais que já ceifaram inúmeras vidas e afundaram muitas embarcações do Império.

Após rastejar por uma distância surpreendente sem desmaiar, a menina se agarrou à borda da nave, puxando-se para cima só o suficiente para ter uma visão melhor do campo de batalha... esperando encontrar uma maneira de sobreviver.

Mas a cena diante dela apenas aumentou seu desespero.

Naves estavam sendo arrastadas até o fundo por criaturas tentaculares gigantes... aberrações que pareciam saídas do inferno.

Chamas ardiam em cima de outras, resultado de bombardeios incessantes dos Ultras.

Os incêndios eram tão intensos que soldados se lançavam ao mar amaldiçoado, desesperados para apagar as chamas que consumiam seus corpos.

Mas mergulhar no oceano agora era suicídio. As criaturas do Pesadelo devoravam tudo o que tocava aquelas águas.

Quem escapava das chamas não ficava muito melhor... muitos morriam com ferimentos fatais, enquanto outros, como ela, sobreviviam apenas com ferimentos devastadores e rostos distorcidos de dor.

Membros amputados, intestinos derramados e órgãos humanos dispersos pelo chão...

Gritos intermináveis e o terrível rugido do bombardeio que não parava...

A garota, que até então tinha levado uma vida pacífica, não pôde deixar de perguntar a si mesma...

"Isso... é guerra?"

Era isso que eles tinham vindo fazer? Essa era realmente a primeira rodada?

A primeira de uma guerra destinada a durar tempo demais?

Se essa fosse a resposta... então em que tipo de inferno ela havia se enfiado?

Por um momento... ela perdeu toda esperança.

Então, no próximo instante, surgiu um terceiro som—não de morte nem de bombardeio.

Uma voz de garoto. Chamando um único nome.

"Selene!!"

Ele parecia ter a mesma idade dela, com cabelo preto curto, rosto bonito e olhos vermelhos impressionantes.

O garoto parecia verdadeiramente desesperado, agarrando sua espada enquanto pulava de navio em navio, claramente procurando por alguém.

A visão dele reacendeu uma tênue esperança no peito da menina... aquela cujo nome ele não parava de gritar.

"Max!"

Com toda a força que ela tinha, ela chamou pelo nome dele.

Naquele momento, o garoto se tornou sua última centelha de esperança no abismo daquele inferno.

E parecia que sua voz havia alcançado ele... pois seus olhos se arregalaram ao vê-la viva.

Quando Max viu Selene com vida, sua expressão finalmente quebrou, revelando um alívio imenso... como se um peso esmagador tivesse sido retirado de seu coração.

Eles se conheciam há muito tempo. Max sempre esteve perto dela, apaixonado de forma desesperada.

Mesmo que ela não correspondesse aos seus sentimentos, isso não mudava o fato de que ele sempre estivera perto o suficiente para ser seu último farol de luz.

"Agüente firme! Eu estou vindo!"

Envuelto por uma aura de luz radiante, Max correu na direção dela em alta velocidade.

Ele também era um estudante do primeiro ano do templo... forte o bastante para conquistar uma vaga na classe de elite.

Ele era, sem dúvida, um lutador capaz, com um futuro brilhante pela frente.

Selene suspirou aliviada, agradecida por ter sido Max quem veio salvá-la neste círculo de inferno...

Mas essa sensação de alívio... e o sorriso suave que a acompanhava... se transformaram em horror absoluto no instante em que um relâmpago caiu do céu.

Não...não foi um relâmpago.

Era uma escama mágica... disparada de um dos canhões dos Ultras.

Uma explosão aleatória. Ela nem sabia quem tinha atirado. Mas aquele tiro caiu sem misericórdia... bem em Max, que nem teve tempo de entender o que o atingiu.

O impacto o obliterou completamente, jogando seu corpo outrora radiante bem fundo no oceano.

"MAX!!!"

Selene gritou, tentando invocar seus ventos para salvá-lo...

Mas já era tarde. Assim que seu corpo tocou as águas demoníacas, criaturas do pesadelo se lançaram sobre ele, dilacerando-o.

A última expressão em seu rosto... foi um sorriso.

Um sorriso que mostrava o quão feliz tinha ficado ao vê-la ainda viva.