O Ponto de Vista do Vilão

Capítulo 462

O Ponto de Vista do Vilão

Capítulo 462: Glória ao Império (1)

– Ponto de vista de Frey Starlight –

Enquanto a neve continuava a cair incessantemente sobre a borda oeste do Império...

Winterfell permanecia envolta em branco.

Uma a uma, as embarcações eram preparadas, constantemente batidas pelas ondas congeladas do mar.

A frota do Império prestes a lançar sua investida mais decisiva contra os Ultras.

Entre todos os navios, havia um que se destacava...

Uma embarcação negra ostentando os banners das principais famílias nobres e do poder dominante do lado dos humanos.

Era o navio que liderava a vanguarda.

E eu estava a bordo.

Ao contrário dos demais, que estavam cheios de soldados, este só levava os integrantes da nossa equipe especial...

Exceto pelo capitão da embarcação, que manobrava o leme.

Aquele homem era um velho marinheiro de feições ásperas e um olho faltando, o que lhe dava, aos meus olhos, a aparência de um pirata.

Passava a maior parte do tempo conversando com Bloodmader, os dois falando interminavelmente sobre a vida, guerras passadas e histórias que ambos viviam.

O velho não era exatamente normal.

Poderia até ser considerado insano.

Afinal, só um louco aceitaria embarcar na embarcação destinada a ser a primeira a enfrentar a retaliação dos Ultras.

Mas, ao pensar bem, talvez aquele velho fosse mais sábio do que os demais.

Dada a quantidade imensa de poder concentrado naquela nave, nossas chances de sermos completamente aniquilados eram muito, muito baixas.

De pé na estrela direita, olhei para o vazio...

Em direção ao mar congelado que estaríamos prestes a cruzar.

"Vai levar dois dias inteiros até chegarmos à Baía de Shezclar... o mesmo lugar onde ocorreu a última batalha."

Enquanto fixava meu olhar nas ondas, uma voz se juntou a mim...

Meu amigo e parceiro de crimes: Ghost Umbra.

Ele vestia um traje todo preto, parecido com os assassinos de jogos como Assassin’s Creed, completo com capuz e equipamento leve que facilitava os movimentos.

O que eu vestia não era muito diferente... exceto que o meu era bem mais pesado.

"Então, não falta mais muito."

Comentei de forma indiferente, ficando ao lado dele enquanto ambos olávamos para o mar.

"Pensei que... naquela noite também estivesse nevando forte."

"Sim. Vermelho e branco combinam bem, não acham? Essa neve pura é fácil demais de tingir de vermelho."

Ghost disse com uma calma estranha...

E ambos nos lembramos daquela noite.

A noite em que matamos alguém que um dia chamamos de irmão.

Pensando bem, lembrei de algo que Ghost disse naquela noite...

Algo sobre consequências. Sobre pagar o preço.

Que agora sermos pecadores... e que seríamos punidos por aquilo que fizemos, mais cedo ou mais tarde.

"Talvez o preço seja pago em breve."

"Vai ser."

A resposta de Ghost confirmou que estávamos pensando a mesma coisa.

Ambos sorrimos de forma sombria, apoiando-nos na balaustrada do navio.

"Só quero que a gente mate esses idiotas que causaram tudo isso antes que seja a nossa vez. Vamos fazê-los pagar."

Ele disse o que já era óbvio.

Nem precisava falar.

"Ah, não se preocupe. Vou garantir que eles façam isso."

Confesso que naquele momento mal consegui conter minha intenção de cortar alguém...

As lâminas dentro de mim tremiam.

Os Ultras, Gvardiol, e talvez até a Beatrice, já que ela foi quem arquitetou aquele jogo amaldiçoado...

Todos eles receberão sua justa parte.

"O que vocês dois estão fazendo aí, sozinhos nesse lugar?"

Vestindo sua armadura reluzente, nosso terceiro companheiro se aproximou...

Era Snow.

"Ao contrário de vocês e sua presença brilhante, preferimos a sombra."

Falei sério.

Parecíamos insossos comparados a ele.

Snow suspirou frustrado, claramente se sentindo de fora mais uma vez.

"Não foi escolha minha estar no centro das atenções."

"Sei disso.

Mas isso não muda o fato de que você é o destaque da noite, né?"

"Sem comentários."

Snow coçou a cabeça, visivelmente irritado com a responsabilidade de repente lhe ter sido imposta.

Como o herói coroado e portador de Vermithor, tinha sido escolhido para fazer o discurso antes do início da investida.

Suas palavras seriam ouvidas por toda a frota de dez mil homens,

Assim como por toda a força estacionada no porto militar de Winterfell.

Achei toda aquela situação divertida...

Porque, com a minha cara, eu nunca seria escolhido para essa tarefa mesmo.

"Qual é o seu olhar? Só precisa subir lá e dizer umas palavras bonitas. É isso."

"Mais fácil falar do que fazer."

Snow continuou reclamando, apoiado na proteção do parapeito ao nosso lado.

Parecia mais nervoso com o discurso do que com a própria guerra.

"Deixa eu te dar uma dica. Pode ajudar a deixar seu momento mais marcante."

"Ah? Tô ouvindo."

Assim que demonstrou interesse, dei minha sugestão.

"É mais simples do que parece.

Humanos são fáceis de liderar.

Basta algo chamativo...

Como uma explosão impressionante ou fogos de artifício assim que você terminar de falar."

Eu dizia sério.

Mas Snow parecia não acreditar.

"E eu pensei que você fosse me dar um conselho de verdade."

"Tô falando sério, pra você ver."

"Isso só piora as coisas."

Até Ghost concordou.

"Não acho que algo assim vá funcionar."

Para ele, soava igualmente ridículo.

"Vocês dois não entendem de arte de apresentação."

Não tinha muito o que dizer se eles se recusassem a acreditar em mim.

Ficamos conversando mais um pouco, compartilhando momentos que pareciam ecoar do passado...

Até que o silêncio finalmente se instalou entre nós.

"É a nossa primeira vez desde Londor, não é?"

Snow falou — nossa antiga aventura.

A época em que viajamos para outro planeta buscando o desconhecido.

Desta vez, não era um mundo diferente...

Mas um continente diferente.

"Sim. Desta vez, vai ser ainda mais difícil."

Afinal, era guerra.

"Vamos dar tudo de nós...

Pelaqueles que ainda estão vivos lá na frente...

E pelos que deixamos para trás."

Snow apertou o punho, olhos dourados brilhando com determinação.

Quanto a Ghost e a mim, nossas expressões escureceram.

Ambos ficamos em silêncio.

Snow provavelmente estava pensando nele.

Danzo.

Um sentimento de culpa me atingiu.

Ele era o único que nos restava na escuridão...

O único que não sabia o que realmente tinha acontecido.

Snow era a própria definição de herói—

Algo demasiado brilhante se comparado a alguém como eu... ou um assassino como Ghost.

Ele nunca teria participado do que fizemos.

Jamais teria matado Danzo...

Nem na última hora.

Talvez ele tivesse deixado que ele se tornasse completamente um demônio primeiro, para depois enfrentá-lo.

Porque... esse era o tipo de pessoa que ele era.

Por isso, tivemos que mantê-lo afastado.

Ambos carregávamos o peso daquela escolha—

E nenhum de nós ousou imaginar como ele reagiria... Se descobrisse que fui eu quem matou Danzo.

E mais ninguém.

Muitas vezes me perguntava como ele iria levar isso.

Talvez me resentisse.

Talvez me odiasse.

Eu não sabia.

O que eu tinha certeza... era que minha amizade com o herói brilhante do Império começava a fraquejar sob o peso dos segredos.

E eu não sabia o que o futuro nos reservava.