O Ponto de Vista do Vilão

Capítulo 426

O Ponto de Vista do Vilão

Capítulo 426: A Princesa Demônio (2)

"A semente já se fundiu completamente ao corpo dele. Agora... é só uma questão de tempo até a vontade dentro dela despertar. Tudo o que posso fazer é suprimi-la pelo máximo de tempo possível."

Aparentemente, Sansa já tinha se infiltrado onde Danzo descansava.

Usando seus poderes, tudo o que conseguiu foi manter seu lado humano vivo pelo maior tempo que pôde.

Mas, quando chegou a hora, Danzo estava predestinado a se transformar naquele monstro.

N naquele instante, finalmente entendi de onde vinha o limite de um mês.

Era ela.

Sansa olhou para mim com uma tristeza silenciosa.

Danzo tinha sido um amigo raro... até mesmo para ela, alguém que não conversava muito com ele até recentemente.

"Acho que você já sabe... mas quando o tempo acabar, não teremos escolha a não ser—"

"Sei."

Interrompi antes que ela pudesse terminar.

Talvez ela tivesse ido vê-lo com a intenção de acabar com tudo, mas simplesmente não conseguiu se convencer a matá-lo.

Em vez disso, deu a ele o máximo de tempo possível para continuar vivendo como o Danzo que todos conhecíamos.

No piscar de olhos, uma pequena centelha de esperança surgiu... e morreu rapidinho.

Não sabia se ela tinha percebido minha decepção... ou algo mais.

Mas, então, Sansa se levantou, me puxando para um abraço apertado, enterrando meu rosto contra o seu peito.

Seu abraço era forte demais para eu conseguir me soltar, mesmo que tentasse.

Então, me deixei levar pelo momento.

Seu corpo era incrivelmente forte... e ao mesmo tempo, maravillosamente macio.

Uma contradição estranha.

Eu tinha evitado olhar para ela deliberadamente, mas ela continuava me encarando mesmo agora.

Então, o silêncio caiu.

Sansa não tinha mais coração humano, então o único som na sala era meu próprio batimento cardíaco.

Alguns segundos depois, ela quebrou o silêncio novamente.

"Quando me tornei demônio, acho que parte de mim rejeitou isso. Foi por isso que tentei me suicidar no campo de batalha... para acabar com aquilo nojento que tinha me tornado."

Ela lembrava do fim da nossa batalha contra os Ultrass.

Eu me lembrei de como ela havia enfrentado sozinha Beatrice e Gavid Lindman, agindo como se estivesse se divertindo pra valer.

Mas quem diria que esses pensamentos estavam sempre girando dentro dela?

"Eu sabia que um demônio não podia viver entre humanos. Até o Oliver me lançou um olhar de pena no momento em que me viu."

Talvez sua máscara tivesse escondido a expressão, mas Sansa conseguia compreender esses sentimentos apenas pelos olhos dele.

Os mesmos olhos que agora a olhavam como se ela fosse um monstro.

"E, no entanto, você é a única que não me encarou assim... quero saber por quê."

"Por que eu não tratei você como um monstro?"

Risquei um sorriso suave, lembrando de tudo.

Não foi de propósito.

"Nunca poderia tratar você assim, Sansa. Afinal... o verdadeiro monstro aqui sou eu."

Se ela fosse um demônio, então esse corpo meu também era bem distante de ser humano.

Com poderes bizarrros... e a presença ameaçadora de algum ser de outro mundo dentro de mim.

Se é que, na verdade, eu não tinha mais jeito de me encaixar na definição de 'monstro' do que ela.

Isso, sozinho, era o motivo pelo qual nunca mudei a maneira de tratar ela.

Porque simplesmente não tinha o direito.

Não sabia o quanto da minha mente ela conseguia entender pelos meus pensamentos, mas ela não perguntou.

Talvez estivesse esperando eu mesmo lhe contar.

Então, tudo ficou naquela abraço.

Por breves momentos, parecia que algo mais ia acontecer... especialmente quando nossos olhos se encontraram novamente.

Mas nenhum de nós se moveu.

Não com tudo que estava em jogo.

Acho que ela foi considerada, senão faria o que quisesse.

Então, após um instante de silêncio constrangedor, ela finalmente me deixou ir.

Para quebrar o silêncio, falei, percebendo que ela já tinha ficado aqui tempo demais.

"Vou conversar com minha irmã mais tarde. Você pode ficar aqui por enquanto."

Já que ela provavelmente estava sendo caçada pelo Sir Alon agora, parecia certo esconder ela na Mansão Estrela do Norte por enquanto.

"Tem certeza disso? Pode acabar levando a ira do meu avô se ele me encontrar aqui."

Ela riu novamente, recuperando aquele tom brincalhão, mas eu não estava particularmente preocupado com Sir Alon.

Quando o próprio Rei Demônio já me ameaçava, que diferença fazia acrescentar mais uma?

"Vou me preocupar com isso quando acontecer."

"Entendo. Então acho que devo te agradecer."

"Por quê? Tudo que estou fazendo é te dar um quarto nesta casa."

No momento em que disse isso, Sansa estreitou os olhos de forma maliciosa.

"Hmm... um quarto separado, hein?"

"Sim, um quarto separado," afirmei com firmeza.

Percebendo o que ela tentava fazer, rapidamente me afastei.

Afinal, se eu permanecesse com ela no mesmo quarto por mais tempo, nem eu conseguiria me controlar, e as coisas poderiam sair de um limite de simples abraço...

Ambos queríamos isso... isso era claro. Mas não era o momento certo. Não com tudo que estou enfrentando agora. Não podia me permitir pensar direito na Sansa. Ainda não, pelo menos.

Até lá... era melhor manter a linha.

"Certo, então."

Com um sorriso amplo, ela se levantou, a escuridão ao seu redor engrossando até engolir ela inteira.

"Mas lembre-se, Frey... paredes não significam muita coisa para mim ~"

E assim, ela desapareceu completamente nas sombras.

Colocando a mão sobre o rosto, suspirei em silêncio.

"Ela realmente aprendeu uma habilidade irritante..."

Deitado na minha cama, grande demais para uma pessoa só, percebi o quanto havia passado da hora após passar horas com a princesa demônio.

Então, fechei os olhos, tentando dormir, ciente do que me aguardava nos próximos dias.

Naquela noite, pela primeira vez em muito tempo, consegui mergulhar em um sono profundo... algo que vinha me escapando recentemente.

Por mais estranho que pareça, a presença dela tinha sido confortante.

E assim, mais um dia longo chegava ao fim.

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Prazo final: restam 27 dias.

...

...

...

Os dias passaram rapidamente depois disso.

Continuava visitando Danzo sempre que podia.

Mas por mais vezes que olhasse para ele...

Ele não era mais a mesma pessoa.

O homem energético, explosivo que eu conhecia virou uma figura silenciosa e frágil... acamado, sem forças.

Por mais que fosse doloroso para Danzo, também era doloroso para mim ver aquilo.

Mesmo assim, tentei esconder esses sentimentos dele, enquanto me preparava para o plano final que minha mente podia bolar.

Esperei até recuperar completamente o corpo, e, num piscar de olhos, mais cinco dias se passaram.

Mas agora, de volta ao meu auge, era hora de dar o próximo passo.

Com equipamento completo e armado com um anel dimensional carregado com tudo que podia levar, fiquei sozinho no topo das montanhas ao leste de Oaklas, observando as Terras do Pesadelo à frente.

Depois de esgotar todas as opções que tinha neste planeta, cheguei a uma amarga conclusão.

A resposta que buscava não existia entre os humanos.

Para salvar Danzo, eu precisava de um poder muito acima de tudo que existia aqui.

Um poder que vinha de outro mundo completamente diferente.

Olhando para a interface do sistema, confirmei o que ia fazer.

"Você não vai me dizer como salvar o Danzo... mas vai me mostrar o caminho para deixar este planeta."

Gastei todos os meus pontos de conquista, me preparando para uma jornada pelo desconhecido, uma missão que poderia levar à salvação de Danzo.

O tempo aqui na Terra passava muito mais devagar do que em outros planetas... isso eu já tinha aprendido durante nossa viagem para Londor.

Então, não me preocupava tanto com a contagem regressiva.

Encontrei uma maneira de dobrar as regras do sistema a meu favor.

Com isso, me aventurei sozinho nas Florestas do Pesadelo, rumo à Seita das Sombras... o ponto de partida da minha jornada.

Qualquer que fosse a resposta que procurava...

eu tinha certeza que encontraria lá.

E, de todo o coração, rezei para que o futuro que me aguardava fosse um pouco menos sombrio do que a sina que a sorte havia escrito para mim.