O Ponto de Vista do Vilão

Capítulo 423

O Ponto de Vista do Vilão

Capítulo 423: Um Destino Sombrio (1)

- Ponto de vista de Frey Starlight -

Mal tinham passado dois dias desde que escapamos daquela terra amaldiçoada dos Ultras, e eu já me encontrava sem saída quando se tratava de salvar Danzo.

Sentado em um dos bancos do templo, olhando para o pequeno lago interno à minha frente, meus pensamentos vagavam longe.

Aparentemente, minha expressão pensativa incomodava Uriel, que estava ao meu lado. Ela acabou rompendo o silêncio.

"Frey, me perdoe a pergunta, mas como você tem tanta certeza de que seu amigo tem um poder demoníaco dentro dele?"

Ao ouvir isso, encarei ela por vários segundos longos antes de suspirar profundamente e desviar o olhar novamente.

Não havia como eu explicar o sistema para ela.. nem mesmo para a própria Uriel, que havia me ajudado várias vezes sem nunca pedir nada em troca.

"Vamos fazer assim... tenho meus métodos..."

Dei uma resposta vaga. Uriel não pareceu muito satisfeita, mas optou por não insistir.

Ela sempre foi gentil assim.

"Devemos tentar de novo mais tarde? Talvez meu poder sagrado funcione na próxima."

Balancei a cabeça em sinal de negativa.

"Não precisa. Você já fez o suficiente, Uriel."

Se alguém tão pura quanto ela não conseguiu detectar a semente, então ninguém mais na igreja conseguiria também. Isso por si só descartava toda a facção sagrada.

"Então, o que você pretende fazer agora?"

"Não sei."

Estava completamente no escuro desta vez, incapaz de encontrar uma saída, por mais que tentasse.

Uriel queria ajudar. Eu apreciava isso.

Ela era uma das principais heroínas do meu velho romance. Eu sabia bem que tudo o que ela fazia vinha de sua bondade. Se ela visse alguém precisando, ela nunca hesitaria em ajudar. Até suas palavras anteriores de que eu lhe devia algo... eram só uma forma de fazer eu me sentir menos culpado por aceitar a ajuda dela. Ela sempre foi assim, atenciosa.

Sem perceber, um sorriso suave surgiu no meu rosto.

A santa, Uriel...

A princesa fria da família Moonlight, Seris...

A bruxa misteriosa, Selina...

A empírea Maria...

E por fim, o milagre... Audrey.

Cada uma das cinco heroinas principais tinha algo único que as distinguiu das demais. Suas habilidades as destinavam a se tornarem grandes forças no futuro.

Especialmente a última.

"...Audrey."

Pensando nela, me perguntava se ela estivesse aqui, teria encontrado uma maneira de salvar Danzo com seus poderes especiais?

Mas ela não apareceria tão cedo. Eu não tinha como alcançá-la. Afinal, ela nem mesmo estava neste planeta.

Saber disso só aumentava meu desespero.

Percebendo a escuridão ao meu redor como uma aura sufocante, Uriel tentou mudar de assunto.

"E agora, o que vai fazer?"

Ela se referia à guerra que ainda travávamos contra os Ultras, lembrando-me de forma sutil do futuro que nos aguardava.

"Ouvi dizer que o atual imperador está trabalhando incansavelmente para resgatar os soldados desaparecidos da baía. Assim que conseguir... espera-se que a guerra volte a explodir, mais feroz do que nunca."

Sir Alon Valerion.

Guerreiro veterano, extremamente forte, com vasta experiência e habilidades que o colocam no mesmo nível de Dragoth.

Uriel me perguntava indiretamente se eu planejava participar do conflito.

Minha resposta foi simples.

"Não sei."

Não me importaria de voltar àquele continente e lutar até o meu corpo não aguentar mais. Talvez encontrasse algum tipo de alívio nisso. Talvez encontrasse aquele babaca que fez isso com o Danzo.

Mas neste momento, não tinha desejo algum de fazer isso. Tudo o que eu queria era salvar meu amigo, que jazia na enfermaria da Guilda Dragão de Prata.

Sem perceber, tremia cada vez que esse pensamento cruzava minha mente.

'E se os trinta dias se esgotarem... e eu ainda não conseguir salvá-lo?'

Então, eu teria que matá-lo... com minhas próprias mãos.

Olhando para essas mãos, não aceitava esse desfecho de jeito nenhum, por mais que tentasse.

O sistema me empurrava para aquele momento... para a coisa que eu desesperadamente tentava evitar.

E assim, passei a maior parte do tempo perdido naquele espaço mental sombrio, sentado em silêncio ao lado de Uriel, incapaz de proferir uma única palavra.

Mas tudo mudou alguns minutos depois.

Quando recebi uma mensagem inesperada de Ghost.

No instante em que a li, levantei precipitadamente da cadeira.

"O que aconteceu?" perguntou Uriel, surpresa.

"Danzo... ele acordou."

Foi uma reviravolta irônica.

Estivemos ao lado dele menos de uma hora antes.

Olhando para ele naquele estado, inconsciente e destruído, achei que ficaria assim por bastante tempo.

Mas ele quebrou essa expectativa imediatamente, acordando no segundo dia.

Fiquei surpreso, mas Uriel parecia que já esperava isso há tempos.

"Consegui curar a maior parte de suas feridas internas com meu poder sagrado. Assim que estabilizou, não foi surpresa ele ter acordado mais cedo do que o esperado."

Ainda assim, ela não conseguiu curar sua paralisia nem restaurar sua capacidade de usar aura.

Mesmo assim, era grato a ela.

E assim, sem demora, voltei correndo para a Guilda Dragão de Prata.

Quando chegamos, encontrei várias caras familiares esperando.

"Frey... finalmente chegou."

Era Snow.

Ao lado dele estavam Ghost e Dawn.

Essa foi a primeira vez que vi-os desde nossa despedida na porta de teletransporte.

"Por que ainda não entraram?" perguntei, um pouco apressado, vendo todos reunidos na entrada.

"Bem... parece que o mestre da guilda está causando um escândalo agora mesmo," disse Snow com um sorriso leve.

Parecia que Adam Smasher não tinha conseguido se controlar depois que seu único filho voltou a consciência.

Os outros também pareciam aliviados, achando que Danzo já tinha superado o pior.

Eu fui o último a chegar, junto com Uriel, que veio por vontade própria, querendo verificar como estava Danzo uma última vez.

Mas não precisou esperar muito. Assim que Adam Smasher soube que estávamos lá, saiu pessoalmente para nos receber.

Quando aquele homem enorme apareceu, segurando minha mão com sua força descomunal, lágrimas surgiram nos cantos de seus olhos afiados enquanto ele me agradecia.

"Obrigado... obrigado mesmo... obrigado."

Sua gratidão era dirigida tanto a mim quanto a Uriel, que estava ao meu lado.

Para ele, éramos os responsáveis por salvar seu filho.

Mas diante de sua gratidão, só pude oferecer um aceno vazio.

Adam não se demorou nisso e rapidamente nos deixou entrar para ver Danzo.

E então, finalmente, chegou o momento tão esperado.

Assim que entramos em seu quarto, aquele cheiro forte de remédio invadiu meu nariz mais uma vez.

Mas, fosse eu ou os outros, todos ficamos parados na porta, olhando para a figura deitado na cama... deixando um silêncio constrangedor entre nós.