O Ponto de Vista do Vilão

Capítulo 391

O Ponto de Vista do Vilão

Capítulo 391: Luz Estelar de Frey vs Mergo (1)

A vida nunca foi justa.

Por mais que você tente, por mais que sacrifique para alcançar algo...

No final, você se depara com a dolorosa verdade: seu fracasso.

Mesmo após derrotar um exército de mais de mil Ultras, com o ogro Lawrence à frente deles, Frey agora se via diante de um monstrinho muito mais assustador…

Mergo, o Senhor dos Ultras, considerado o mais forte entre eles.

Aqui, no topo de um campo de batalha sangrento, rodeado por cadáveres dispersos...

Corpos que se tornaram apenas banquete para os corvos...

Os dois estavam cara a cara sobre uma poça carmesim, tingida de preto.

Frey Luz Estelar versus Mergo.

O Senhor dos Ultras tinha acabado de lhe fazer uma pergunta...

"Quem é você?"

Quem é esse jovem que destruiu tamanha quantidade de inimigos sozinho?

Qual é o segredo do herói da Victoriad, aquele que saiu do fundo do poço para alcançar o que ninguém mais conseguiu?

Essas perguntas assombravam Mergo enquanto tentava avaliar o garoto diante dele.

Mas Frey não respondeu.

Ele não conseguiu.

Seus pés, afundados na poça de sangue, faziam parecer que ele caminhava por um pântano—

Até mesmo andar parecia como arrastar uma montanha.

Sua armadura tinha sido deixada para trás há muito tempo, deixando seu torso nu, encharcado de sangue. Não sobrava parte dele ilesa.

Só de ficar de pé já era uma batalha.

Seus olhos, impregnados de sangue, mal conseguiam enxergar agora.

Suas espadas… que antes eram uma extensão de seu corpo… agora pareciam pesadas demais.

Cada passo drenava a pouca força que lhe restava.

E agora, ele enfrentava um dos mais fortes Senhores dos Ultras.

O cheiro de sangue.

O cansaço.

Os mortos.

Frey sentia tudo isso.

Ele queria apenas deitar e fechar aqueles olhos pesados.

Mas não podia.

Não quando esses cenas continuavam a passar em sua cabeça.

Viu Danzo—seu amigo—sangrando tanto, talvez até mais, em algum lugar distante.

Viu Gvardiol rasgando o corpo do seu amigo, rindo loucamente.

Aquele riso horripilante ecoava na mente de Frey como uma maldição.

"Preciso ir..."

Ele sussurrou, forçando-se a avançar.

"Ir para onde?'

"Até eles... preciso alcançá-los."

"Ah, entendi. Você está falando dos seus companheiros", respondeu Mergo.

Ele coçou a cabeça, fixando o olhar em Frey desde o começo, tentando entender a natureza do jovem que causara uma carnificina tão grande.

Com um sorriso meio de lado, Mergo disse algo que causou mais medo em Frey do que qualquer outra coisa.

"Desculpe, mas você não vai a lugar nenhum."

Mergo começou a caminhar em direção a ele, pisando sobre o mar de cadáveres.

"Você é perigoso demais, garoto. Só de pensar em deixar um monstro como você escapar, deixando-o ficar mais forte… me dá calafrios."

Ele riu, desembainhando sua Ushigatana.

"Sou velho demais para sustos. Meu corpo já não aguenta mais."

E assim, o Senhor dos Ultras deixou claro—ele não permitiria que Frey passasse.

Mas antes que pudesse sequer piscar… Frey avançou contra ele, envolto por uma aura roxa ardente.

Suas espadas queimavam de fúria.

Como ele ainda conseguia se mover assim? Mesmo nesse estado?

Mergo se perguntou por um instante.

As lâminas de Frey estavam diretamente apontadas para o pescoço de Mergo.

Mas o velho Senhor ainda mantinha aquele sorriso calmo.

"Bem... não importa."

Num piscar de olhos—

Uma onda estranha de aura explodiu, espalhando-se em todas as direções.

Frey quase cortou o pescoço de Mergo… Mas, no instante seguinte, o velho já estava atrás dele.

"Mesmo que estivesse em perfeitas condições... o resultado não teria mudado."

Naquele instante—

SANGUE explodiu do braço de Frey.

Sua mão direita, junto com a Irmã das Trevas, havia sido cortada.

Mergo foi rápido demais.

Tão rápido que Frey nem viu nem sentiu o golpe até sua mão desaparecer.

O velho Senhor pretendia acabar logo com aquilo.

Mas o que ele não esperava—

Era Frey agarrando sua mão severada antes que ela tocasse o chão, forçando-a de volta ao lugar.

Em menos de um segundo, uma cena impossível se desenrolou… Carne fundida com carne, e uma luz violeta surgiu da ferida, reconectando o membro como se nunca tivesse sido perdido.

E, assim que foi restaurada…

Chamas negras começaram a queimar a partir das espadas de Frey.

Uma tempestade de aura surgiu de suas lâminas, avançando em direção a Mergo.

Este a bloqueou facilmente… Mas sua expressão se tornou séria.

Aquela monstruosidade sangrenta tinha atacado novamente, implacável.

Sua mão severada tinha voltado.

Como se nada tivesse acontecido.

"Interessante," murmurou Mergo.

Suas lâminas colidiram—espadas gêmeas de Frey contra a Ushigatana.

Mergo lutava sem dificuldades, bloqueando cada ataque, trocando golpes rápidos.

Lâminas lendárias rangiam, aço contra aço, num ritmo violento… entre Frey, que atacava como um louco,

e Mergo, que defendia tudo com uma facilidade assustadora.

"Por que luta com tanta ferocidade, garoto?"

BUM!

Ambos se moveram com velocidade estonteante.

Mergo recuava, enquanto Frey o perseguia com fúria implacável, tentando acertar um golpe… Mas, por mais que tentasse, não conseguia tocá-lo.

"Quer salvar seus amigos, é isso?"

BUM!!

As espadas se cruzaram novamente e de novo, o campo de batalha ecoava com o som do metal.

Frey ofegava pesadamente, sua respiração difícil… sua mente cada vez mais difícil de focar.

Contra Mergo…

Aquele velho estranho, que falava com tanta naturalidade mesmo com a batalha brutal que acontecia entre eles.

"Parece ter uma ambição nobre," disse Mergo calmamente. "Que força de vontade leva um homem a ficar sozinho contra mil, só pelo bem dos outros?"

FAAAASCH!

faíscas de fogo saíram do aço rangente—Dark Sister e Balerion, impulsionados pelo poder de Frey.

Mas sempre que possível, a Ushigatana estava lá para enfrentá-los.

Suas mãos se tornaram armas de destruição em massa, cortando o ar, deixando rastros de aura colidindo atrás delas.

BIIIIIM!

De novo e de novo, eles colidiram—

tentando superar um ao outro.

De frente.

Um velho sorridente...

e um jovem coberto de sangue, que mais parecia um monstro do que um homem.

"Você quer passar por cima, não importa o preço, não é?" disse Mergo.

"Acredita que, se entregar tudo—absolutamente tudo—pode virar o jogo."

Continuando a sorrir, Mergo lentamente abriu seus olhos escuros, revelando um brilho aterrador por baixo.

"Que ingênuo você é, Frey Luz Estelar."

SLAASH!!

De repente, Mergo libertou dezenas de golpes, rasgando a pele de Frey e explodindo sangue para todas as direções.

Mas ele não parou.

Continuou a onça selvagem sem misericórdia.

"Você se acha algum tipo de herói, Frey Luz Estelar?"

Com um golpe poderoso, Mergo lançou Frey pelos ares… Depois virou-se num instante e rasgou-o novamente.

"Você está enganado, garoto.

Você não passa de um monstro."

SLAASH!!

"Um monstro como eu..."

SLAASH!!!

Entusiasmado com seu próprio sangue, Frey foi completamente dominado.

"Me diga—como um monstro que matou mil pessoas tão facilmente...?

Como pode pensar em salvar outros?"

Os cadáveres ainda espalhados ao redor… apodrecendo, profanados, devorados por corvos e putrefação.

"Você acha que somos apenas animais, não é? Criaturas esperando serem degoladas pela sua espada, Frey Luz Estelar?"

Com velocidade brutal, Mergo derrubou Frey ao chão e pisou no peito dele com força esmagadora.

Deitado sob a bota, o corpo de Frey foi despedaçado, feridas profundas esculpidas dele da cabeça aos pés.

Ele olhava para cima com olhos inchados de sangue—

Enquanto Mergo se inclinava, pressionando ainda mais.

"Assim como você tem algo pelo qual lutar... cada um deles tinha também."

Os cadáveres espalhados pelo campo não eram Ultras selvagens.

Eles eram soldados do Sangue Alto—homens que viveram com honra e bondade.

"Você acha que tem o direito de julgá-los? Para matá-los só para salvar seus amigos?"

Que absurdo.

Mergo pressionou ainda mais seu calcanhar contra o peito de Frey.

"Olhe para eles, Frey Luz Estelar!!

Você os matou!

Você os matou todos!!"

Sua voz ecoou com raiva enquanto pressionava.

"Cada um deles tinha uma história pronta para ser contada… E você cortou os fios antes mesmo de começarem."

"Sejam abençoados ou amaldiçoados…

Eles morreram com sonhos ainda presos aos ossos."

"Quantas crianças crescerão sem seus pais por sua culpa?"

"Quantos homens que lutaram por um sonho tiveram essa esperança arrancada deles?"

"Alguns se banhavam no calor da família…

E você acabou com tudo.

Outros estavam aprendendo a abraçar a solidão…

E você apagou a existência deles."

"Você os matou com suas próprias mãos, Frey Luz Estelar.

Então que tipo de arrogância egoísta faz você pensar que é digno… de sequer tentar salvar alguém?"

Mergo segurou a empunhadura de sua Ushigatana—

e a cravou no peito de Frey.

"Você e eu... somos monstros."

Ele a puxou… e cravou novamente.

"Monstros feitos para matar. Vivemos para slaughter e derramar sangue."

Continuou a golpeá-lo—

Sua expressão, distorcida e aterrorizante, olhava para o sangue coagulado que era Frey.

"Nosso único propósito neste mundo é a destruição. Até o dia em que morrermos e recebamos nossa punição."

Esse é o sentido da nossa existência.

Não há diferença real entre nós."

Após despedaçar Frey, com seu sangue inundando o chão—

Mergo finalmente recuou, com um olhar afiado nos olhos.

"Isto... isto é o mundo em que vivemos, Frey Luz Estelar."