Capítulo 406

“Piu-piu!”

“É aqui mesmo?”

Abraham olhou ao redor enquanto segurava a coruja agitada.

Seus olhos estavam afiados.

Entrada Proibida

A cidade portuária havia sido declarada fora dos limites devido ao súbito aumento nas atividades de monstros demoníacos nos últimos dias.

A área, já atacada por alguns monstros que vieram para a costa, estava em ruínas, com apenas uma cabana malcuidada intacta.

- Passo, passo…

“Piu! Piu!”

“Que lugar interessante.”

Ele notou que os arredores da cabana haviam sido deliberadamente despojados de qualquer sinal de vida.

Abraham sorriu friamente enquanto se aproximava.

- Shring…!

Ao se aproximar, ele desembainhou sua espada bem forjada da cintura.

A lâmina zumbia ao cortar o ar, sua aura dançando como se estivesse ansiosa para ser desencadeada em sua próxima vítima.

“Hmm.”

Abraham debateu se deveria derrubar a cabana como estava, mas decidiu não fazê-lo.

Ele parou na porta e estendeu a mão.

- Toc, toc, toc…!

Ele bateu na porta e esperou em silêncio.

“Eu sei que vocês estão todos aí dentro.”

Quando não houve resposta, Abraham sorriu e começou a liberar uma aura aterrorizante.

“Vocês vão sair por conta própria? Ou devo entrar?”

Olhando para a cabana agora envolta em sua intenção assassina, ele levantou sua espada e falou.

- Creak…

“Uma escolha sábia, mas tola.”

No momento seguinte, uma aura igualmente aterrorizante emanou de dentro da casa, e a porta se abriu. Os olhos de Abraham se estreitaram enquanto ele apertava o cabo de sua espada. Ṝ𝘈

“A julgar pela sua aura, você deve ser um espadachim habilidoso. Vamos ver o que você tem–”

“Abraham?”

“…O quê?”

A pessoa que abriu a porta fez a expressão de Abraham congelar no lugar.

“Isolet?”

“S-Saudações.”

Isolet Arham Bywalker, sua rival da academia e filha do Duque de Bywalker, que frequentemente cuidava de seu filho quando ele era jovem, estava ali.

Vendo-a emergir do covil daqueles que ousaram enganá-lo, se passando por seu filho, a mente de Abraham ficou em branco por um momento.

“P-Por que você está…?”

“M-Meu Lorde?”

“K-Kania?”

Mas isso não foi o fim.

“M-Meu Lorde, o que o traz aqui…?”

“P-Pai.”

“P-Pai de Frey…?”

“…!?!?”

Kania, a mordomo que trabalhava na mansão Starlight, e a única serva que seguia Frey.

A noiva de Frey desde a infância, Serena.

E a amiga de infância de seu filho e a segunda discípula do Mestre da Torre de Magia, Irina.

“Ah, saudações…”

“Grr?”

E até a Princesa Clana, que por alguma razão estava lá, junto com uma garota agachada sob o sofá como um cachorrinho.

“O que é isso…?”

No covil daqueles que ele pretendia punir, Abraham se viu cercado por rostos familiares, exceto um, e olhou ao redor em perplexidade.

“…Uma ilusão?”

Abraham então mudou sua expressão para fria e entrou na casa.

“Um disfarce muito bom, mas vocês não conseguiram esconder a aura daquela garota.”

“Com licença?”

“A aura demoníaca pertence a você, não é?”

Ele apontou sua espada para Lulu e declarou em uma voz arrepiante.

“Por que vocês falsificaram a carta, até imitando a caligrafia do meu filho?”

“…Carta?”

“E onde vocês conseguiram a mana estelar?”

“…?”

Lulu, olhando para a espada apontada para ela com olhos trêmulos, inclinou a cabeça em confusão.

“Dependendo da sua resposta…”

Ranger os dentes, Abraham começou a infundir sua espada com aura.

“…”

“A-Abraham?”

Ele de repente parou e olhou fixamente para um ponto em particular.

“Essa aura… Poderia ser…?”

Abraham olhou atentamente para a porta fechada dentro.

- Passo, passo…

“O que diabos está acontecendo?”

“Eu não sei. Não podemos lutar contra o pai de Frey. Isso é loucura.”

Deixando as garotas perplexas para trás, ele caminhou resolutamente em direção à porta fechada.

- Corte…!!!

Assim que alcançou a porta, ela foi cortada em forma de cruz e se desfez.

“…Ah!”

Uma voz assustada veio de dentro.

“Ah…”

Abraham, tremendo ao ver a cena, deixou cair sua espada e caiu de joelhos.

“Meu filho…?”

“Pai?”

“…Oh.”

Frey e Ruby, enrolados em cobertores, olharam para ele em surpresa.

.

.

.

.

.

“M-Meu filho…”

“…Pai.”

Um tempo depois.

“Você perdeu muito peso. Você não está acordado há muito tempo, deveria comer adequadamente.”

“Sniff, soluço…”

Abraham se agarrou às calças de Frey, lágrimas escorrendo pelo rosto.

Mesmo quando Frey e Ruby saíram para a sala de estar, Abraham ainda se agarrava firmemente a Frey.

“Você está vivo… Eu… estou tão feliz…”

“…Haha.”

Coçando a cabeça sem jeito, Frey ajudou seu pai a se sentar em uma cadeira e começou a falar.

“Sinto muito. Tivemos que enganar todos para explorar as fraquezas do Exército do Rei Demônio no próximo cerco à academia.”

“E-Eu vejo… Eu entendo”

Ele assentiu com a resposta de Frey.

Mas então, Abraham pareceu confuso e perguntou.

“Mas por que eu acordei? E ouvi rumores de que sua alma estava estilhaçada?”

“Ah…

Frey pigarreou e começou a responder às perguntas de seu pai.

“O maldito sistema… está estilhaçado?”

“Sim. Estou livre agora.”

“Então, você não precisa mais fazer coisas ruins?”

“Parece que não.”

“…Haha! Hahahaha!!”

Abraham caiu na gargalhada, embora a explicação de Frey estivesse cheia de omissões, mas ele entendeu a profecia bem o suficiente.

“Obrigado! Graças à sua ajuda, Frey chegou tão longe!”

Então, de repente, Abraham gritou com as garotas que estavam paradas desajeitadamente ao redor de Frey.

“Vocês cresceram tanto! Vocês têm cuidado bem do nosso Frey como antes?”

“Ah… sim, sim.”

“E Kania, parece que você não se esqueceu de seus deveres como mordomo?”

“…”

“Serena, eu sabia que você estaria aqui!”

“O-Obrigada…”

As garotas, suando e olhando para Frey, pareciam inquietas com o elogio repentino de Abraham.

“Irina, você está aqui também! Como esperado de sua discípula!”

“S-Sim…”

“Princesa Clana? É surpreendente vê-la aqui também!”

“P-Por que só eu… oh, não. O-Obrigada…”

Abraham, com sua voz calorosa característica, agradeceu a todos à sua maneira.

“E você…”

Ele então olhou para Lulu, ainda deitada no sofá e olhando ao redor nervosamente.

“…quem é você?”

Enquanto Lulu gaguejava, insegura do que dizer, Ruby, sentada ao lado de Frey, respondeu com confiança.

“Eu sou a pe–”

“Ela é minha irmã.”

“E uma demônio de sangue puro, eu vejo.”

“…”

“Acredito que vi seu rosto entre os registros naquelas janelas no céu nos últimos dias…”

Enquanto o olhar de Abraham se tornava mais nítido, as heroínas começaram a suar, e ele fixou seus olhos em Ruby.

“Quem é você, realmente?”

“O Rei Demônio.”

“…O quê?”

“Ruby, espere…”

“Eu sou o Rei Demônio.”

Abraham congelou com a declaração chocante de Ruby.

Então ele se levantou, irradiando uma intenção assassina aterrorizante.

“Então, você… machucou meu filho…”

“Não, quero dizer… eu era o Rei Demônio.”

“…O que você quer dizer?”

As heroínas estavam perdidas sobre o que fazer e foram incapazes de falar. E Ruby cobriu a boca de Frey quando ele tentou explicar a situação.

Por causa disso, apenas as vozes de Abraham e Ruby ecoaram pela sala.

“Eu fui derrotada pelo seu filho, o Herói.”

“O que você quer dizer?”

“Eu fui derrotada… Tanto como o Rei Demônio quanto como uma mulher.”

“…?”

Abraham, que parecia pronto para atacar Ruby a qualquer momento, foi pego de surpresa por suas palavras.

“Olhe para isto.”

“…!”

Ruby entregou algo para Abraham.

“Isto… de jeito nenhum…”

“Eu confirmei isso há alguns dias.”

O pergaminho de confirmação de gravidez tinha ficado vermelho.

“Você vai me matar? Mesmo que seu neto esteja dentro de mim?”

- Gulp…

Ruby sorriu confiantemente, acariciando sua barriga.

Abraham apenas ficou ali sem palavras e atordoado com a garota diante dele.

“Me dê seu filho.”

“O-O quê…?”

Com as palavras decisivas de Ruby, Abraham sentou-se pesadamente.

“Eu posso te dar um neto antes que Serena possa.”

“O que você disse?”

Tentando esfriar sua cabeça quente, Abraham rapidamente virou seu olhar para a voz alegre de Ruby.

“Oh…”

“V-Você…?”

Naquele momento, Serena, que estava silenciosamente sentindo enjoos matinais no canto, encontrou os olhos de Abraham.

“…Eu

“Eu

Enquanto Serena, segurando sua barriga ligeiramente inchada, parecia desamparada, Abraham virou seu olhar para Frey.

“Filho…?”

“Pai.”

Frey se ajoelhou diante de seu pai, seu rosto pálido e encharcado de suor frio.

“Eu tenho algo para te dizer.”

“…O que é?”

Um sentimento de pressentimento o invadiu, mas Abraham manteve uma expressão calma.

Não pode ser, certo?

Ele acreditava em seu filho.

Seu amado filho, o filho mais bondoso do mundo.

Quando foi a última vez que seu filho se ajoelhou diante dele por fazer algo errado?

Foi a primeira e última vez quando, aos quatro anos de idade, ele acidentalmente derramou seu café. Naquela época, Frey realmente pensou que o mundo iria acabar e chorou diante dele e de sua esposa.

Foi tão adorável.

“A-A coisa é…”

Desde então, ele nunca causou nenhum problema. Ele sempre se mantém com bondade.

“Bem…”

“Fale claramente.”

Certamente, desta vez, era apenas outro assunto trivial que ele pensava ser grande coisa.

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“Então, você quer dizer que todos aqui… estão grávidas do seu filho?”

“Sim, sim. Mas a razão é… para salvar o mundo, não tivemos escolha. Então…”

Frey explicou, seu corpo inteiro estava encharcado de suor frio.

“Kania, você também?”

Abraham se virou para Kania, que estava olhando silenciosamente para baixo.

- Aceno…

Enquanto Kania assentia silenciosamente, Abraham perguntou a Irina, que estava ao lado dela.

“Irina?”

“Bem, eu desenvolvi a magia, então eu sei bem… ainda estamos nos estágios iniciais da gravidez, tecnicamente falando…”

“Princesa Clana?”

“S-Sim… sogro…”

“Até você, Isolet?”

“…”

Enquanto ele perguntava a cada uma das garotas, o número de noras crescia, deixando Abraham em transe. Finalmente, ele se virou para Lulu, que estava se aconchegando contra Frey.

“Você até engravidou a irmã do Rei Demônio?”

“E-Eu sou apenas o animal de estimação do Mestre!”

“…Huh.”

Abraham sentiu tonturas com a declaração de Lulu de ser um animal de estimação de seu filho puro e de boa índole.

“Que tipo de bagunça é essa…?”

Enquanto ele se levantava, segurando a cabeça e cambaleando, Frey e as heroínas correram até ele.

“Você está bem?”

“Vocês são todas… minhas noras…?”

- Creak…

Naquele momento,

Uma garotinha, na altura da cintura de Frey, abriu a porta e passou por ele.

“Eu

“G-Glare, essa não é a hora…”

“V-Você vai me abraçar hoje também…?”

Ela subiu nos braços de Frey, chutando as pernas e olhando para cima com uma expressão esperançosa.

- Crepitar… Crepitar…

“P-Pai, isso é um mal-entendido.”

O rosto de Abraham ficou pálido ao ver a cena.

A espada que ele levantou começou a emitir uma aura aterrorizante.

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Enquanto isso.

- Snoop, snoop…

Uma garota com um capuz branco, segurando uma corda e um saco, espiou pela janela do lado de fora da cabana.

Ela lambeu os lábios sedutoramente.

“…Obrigada pela refeição.”

Ela não era ninguém menos que Ferloche, a própria Santa.