As Heroínas Principais estão Tentando me Matar

Capítulo 378

As Heroínas Principais estão Tentando me Matar

"Q-Quem é você?"

"Hmph."

Frey encarava Vener, que havia desmaiado à sua frente, com um olhar vago, chegando até a cutucar e balançar seu rosto com uma expressão preocupada.

Ele inclinou a cabeça ao ver uma garota de sua idade com cabelos cor de rubi aparecer diante dele.

"Saia da frente."

'Eeepp!'

Empurrando Frey para o lado, Ruby, que havia contornado o selo usando seu clone, ficou na frente de Vener.

Embora ainda fosse muito cedo para ela descer em sua verdadeira forma, o enfraquecimento do selo facilitou a descida em forma humana através de seu clone.

"O que você estava planejando fazer com essa criança?"

'...Q-Quem é você?'

- Rumble...!!!

'Hiiiii...'

Depois que Ruby despertou Vener com magia, ela emitiu uma intenção assassina aterradora, direcionada unicamente a Vener, fazendo-a tremer de medo.

"O que você estava tentando fazer?"

"Eu... eu estava tentando mantê-lo como refém... como uma ameaça..."

"Parecia que você estava tentando matá-lo."

"E-É que... só... para assustá-lo e impedi-lo de tentar escapar..."

Suas palavras pareciam um tanto verdadeiras.

De sua percepção, não havia nenhum senso de "intenção assassina" até que suas mãos tremessem descontroladamente.

Além disso, não havia preparativos como cordas ou vendas, considerando que ela havia sequestrado uma criança.

A julgar pelos olhos trêmulos e pelo grupo de busca nas proximidades, parecia mais um ato impulsivo do que algo planejado.

"Patética."

No entanto, isso não a absolvia do crime de sequestrar uma criança e traumatizá-la, ameaçando-a com uma faca.

Ela costumava não acreditar que humanos eram mais perversos do que qualquer demônio, mas vendo uma garota de idade estudantil fazendo tais coisas, parecia que era hora de admitir.

Como esperado, humanos eram...

"Por que, por que você faria uma coisa dessas? Irmã Vener...?"

Assim que seu ódio pelos humanos começou a ferver novamente, Frey se aproximou de Vener hesitante.

O quê?

Esse pirralho não estava tremendo de medo há alguns momentos, quando a sequestradora apontou uma espada para ele?

"V-você é... meu cavaleiro escolta, não é? Você sempre enfatizou a justiça... Por quê...?"

"..."

Frey instintivamente se grudou atrás de Ruby e perguntou hesitante.

"...Um dia, eu acordei e descobri que todos na minha família, exceto eu, haviam sido mortos."

Então, Vener abaixou a cabeça, lágrimas brotando em seus olhos.

"Meu pai, mãe, irmão mais velho, irmã mais velha... Todos foram levados. Eu tentei visitá-los, mas nem isso foi permitido."

"É-É mesmo? Então eu vou fazer uma requisição separada—"

"Alguns dias depois, eles foram todos executados. A família Hylin desapareceu da história da noite para o dia, e eu me tornei a única sobrevivente da família traidora."

Lágrimas começaram a cair dos olhos de Vener enquanto ela falava.

"Eu não conseguia entender. Minha mãe, pai, irmão e irmã eram todos boas pessoas. Eles até me enviaram cartas até o dia em que morreram. Não importa o quanto eu pense sobre isso, era obviamente uma acusação falsa."

"..."

Como Vener disse, não havia nada que ela pudesse provar a inocência de sua família.

Com alguma dificuldade, ela olhou para os registros do julgamento, mas tudo o que viu foi uma lista de crimes inacreditavelmente hediondos.

"Por alguma razão, a informação era escassa. Todos eram evasivos, e ninguém me dizia a verdade. Parecia que todos estavam escondendo alguma coisa."

Enquanto Vener falava, sua expressão começou a congelar friamente.

"Até mesmo as pessoas que me abrigaram e criaram, seus pais, eram os mesmos."

"...O quê?"

"Eu era uma filha de marquês comum, mas tentei dedicar minha vida a seguir aqueles que me acolheram como cavaleira."

Os olhos de Vener começaram a tremer violentamente.

"Foi só no final da investigação secreta que... eu percebi que a família Starlight estava crucialmente envolvida na ruína da família Hylin."

Ao ouvir essas palavras, Frey fechou a boca silenciosamente. Seu olhar levemente trêmulo sugeria que ele poderia saber alguma coisa.

"Isso foi hoje. Eu exigi a verdade de seus pais por evidências, mas eles mantiveram o silêncio."

"..."

"Foi quando eu fugi da mansão e sequestrei você. E foi assim que eu acabei aqui."

Disse Vener com uma expressão ameaçadora.

"Mesmo que isso prejudique meu senso de justiça, mesmo que isso signifique trair a bondade concedida a mim, eu queria saber a verdade. É por isso que eu te fiz refém."

"É mesmo..."

"Mas eu nunca imaginei que tal ser existisse aqui."

Vener olhou brevemente para Ruby, então fechou os olhos silenciosamente.

"Me mate."

"Hmm."

"Eu arrisquei minha vida de qualquer maneira. Eu não pretendo implorar pela minha vida uma vez que for pega—"

"Você fala demais."

"Geuhhh...!"

Ruby chutou seu estômago ferozmente.

"Sua vadia. Você disse que é a última sobrevivente da família Hylin."

"Cof, cof... S-sim. Isso está correto. Mas..."

"Entendo, foi assim que eles se tornaram."

O chefe do grupo nobre que torturou Ruby e sua irmã Lulu era de fato a família Hylin. De acordo com ela, Vener, que ela estava subjugando atualmente, se tornou o último membro remanescente dessa família.

"Devo te contar o que sua família fez?"

"O-O quê?"

"O fato de que apenas você estava ausente desse lugar sugere que você realmente não sabe de nada, certo?"

Então, Ruby colocou seu dedo na testa de Vener.

"Experimente a dor que eu senti em primeira mão. Humana."

"...!"

Ao mesmo tempo, os olhos de Vener começaram a se arregalar.

Sob a magia de ilusão de Ruby, Vener começou a experimentar as trágicas memórias do que sua família havia feito com Ruby e Lulu.

"Pai? Mãe...?"

"U-Um..."

"Irmão...? Irmã...? Por que vocês estão fazendo essas caras...? Aaahh!?"

"S-será que... você é a Ruby?"

Enquanto Vener arregalava os olhos e gritava, Frey perguntou enquanto os observava.

"Eu te disse que se eu acordasse, eu te mataria."

'Eek!'

"...Só estou brincando."

Ruby respondeu com um leve sorriso adornando seu rosto pela primeira vez em um tempo. Ela alternava entre olhar para Vener de rosto pálido e Frey.

"Hmm."

Depois de um tempo, seus olhos começaram a congelar.


"..."

Várias horas depois...

"Ei, humana."

"..."

"Por que você não está dizendo nada?"

Ruby, com olhos vazios, chutou Vener que estava ajoelhada no chão.

"Isso é tudo... real?"

"Essas memórias vívidas pareceriam falsas para você?"

"Meu pai e mãe... minha família era realmente tão horrível?"

Depois de experimentar a tortura infligida por sua própria família ao se colocar no lugar de Ruby, Vener murmurou com uma expressão vaga.

"Pelo que eu ouvi, parecia que eles acalentavam grandes sonhos de criar uma legião de bruxos para desafiar a família real. Bem, você deve ter ouvido isso diretamente de seus pais também, certo?"

"J-Jovem Mestre. Será que você... você também sabia?"

Olhando para Frey com olhos escurecendo, Vener perguntou, e ele assentiu silenciosamente.

"Um dia, minha mãe voltou gravemente ferida... Ela parecia tão machucada, então eu chorei e perguntei o que aconteceu. Ela... ela disse que estavam suprimindo uma rebelião."

"Oh."

"E foi alguns dias depois disso que a irmã Vener veio..."

"Ahhh..."

Finalmente percebendo a verdade, Vener desabou na frente deles com uma expressão pálida.

"P-Por favor... me mate."

"..."

"E-Eu não mereço olhar para você. Eu, eu era apenas um lixo ingrato."

Enquanto Vener falava, lágrimas começaram a escorrer pelo seu rosto.

"E-Eu não sabia que minha família era uma linhagem tão desprezível. Pensar que eu tentei ferir os filhos daqueles que me abrigaram e criaram..."

Aterrorizada, Vener começou a tremer incontrolavelmente.

"Pai. O que aconteceu com o sorriso gentil que eu costumava ver em você? Mãe, isso... isso era apenas um simples passeio, não era?"

"Você é barulhenta."

"I-Irmão. Quem me disse para me tornar uma pessoa justa... foi ninguém menos que você..."

"Parece que ela está quebrada."

Enquanto Vener começava a balbuciar incoerentemente, Ruby, olhando para ela com olhos sem alma, levantou o dedo, mas parou e franziu a testa.

"Hmm..."

Matar essa garota agora seria satisfatório. Ela não era apenas uma humana que Ruby detestava, mas também a última descendente da família que torturou ela e Lulu.

Matar essa descendente cortaria a linhagem, não seria a vingança perfeita?

"Hmm..."

No entanto, o estado atual de Ruby era mais impulsionado pela curiosidade do que pela vingança.

"I-Irmã..."

Esse era ninguém menos que o garoto, "Frey", que estava ao lado dela.

Ele é realmente um pirralho interessante.

O garoto que a ajudou momentos antes de ela morrer, apesar da aura aterrorizante e sinistra que ela emitia, e sem saber quem ela era.

Desde então, esse "pirralho estranho" consistentemente trouxe comida para ela, ajudou-a a se lavar e ocasionalmente contava histórias interessantes.

No início, ela pensou que poderia ser fingimento ou comportamento calculado.

Mas vendo-o escondê-la hoje e se sacrificar voluntariamente por sua família, ela não pôde deixar de mudar de ideia.

Frey é um humano "bom".

Ela aprendeu que os humanos eram feitos apenas de duas categorias: indivíduos maus e aqueles que escondiam sua maldade. Ele era uma lufada de ar fresco para Ruby, que só havia encontrado humanos nessas categorias.

Pelo menos até ela conhecê-lo.

"Frey, você."

"S-Sim?"

Graças a isso, sua curiosidade e interesse na existência de Frey estavam disparando.

"Eu deixo o destino dessa garota para você."

"....Huh?"

A ponto de suprimir seu ódio e desejo de vingança contra os humanos responsáveis ​​pelo tormento dela e de sua irmã.

"Como você vai lidar com essa vadia? Mostre para mim."

"Uh, bem..."

"Não se preocupe com a minha presença. A família da vadia já foi varrida de qualquer jeito. Matar uma criança não relacionada não vai melhorar nada."

Com isso dito, Ruby, cheia de uma curiosidade que nunca sentira em sua vida, deu um passo para trás e cruzou os braços, observando a situação.

De fato, como Frey, um "humano bom" que ela pensava que não poderia existir, agiria?

Ele buscaria retribuição, já que ela tentou matá-lo? Se um final tão trivial o aguardasse, ela poderia muito bem invadir o mundo humano sem piedade...

"J-Jovem Mestre... E-Eu vou me entregar. Eu vou acompanhá-lo de volta para a mansão imediatamente..."

"Um... Irmã. Você está com fome?"

"H-Huh?"

Ruby, que estava pensando nessas coisas, começou a fazer uma expressão vazia quando Frey silenciosamente acariciou a cabeça de Vener.

"J-Jovem Mestre."

"Espere aqui por um momento! Eu vou trazer comida da mansão!"

"E-Espere, mas eu..."

- Encontrem o Jovem Mestre!!

- Ele deve estar por aqui em algum lugar! Procurem minuciosamente...

Então, depois de ouvir as palavras de Frey, Vener se assustou e estava prestes a se levantar, mas sua expressão ficou pálida quando ouviu gritos vindo de fora.

"...Shh!"

Então, Frey colocou o dedo nos lábios e baixou a voz.

"Você tem que se esconder aqui sem fazer barulho, ok?"

"Eu..."

"Isso é uma ordem, ok? Vener?"

Com uma expressão séria pela primeira vez, Frey disse isso e de repente saiu correndo da caverna.

"Jovem Mestre!!!"

"Uau, você me assustou."

"É-É o Jovem Mestre!! O Jovem Mestre está aqui...!!"

"E-Eu estava brincando de esconde-esconde com um amigo. Não exagerem, Kania."

Enquanto ouviam a voz vindo de fora, a expressão de Vener e Ruby ficou atordoada.

"Jovem Mestre..."

"Será que... Esse pirralho... não é gentil? Mas apenas um banana?"

Enquanto lágrimas começavam a escorrer pelas bochechas de Vener, Ruby murmurou em confusão.


"Vener! Estou atrasado, hein? Desculpe. Fui punido pela Mamãe, hehe."

"Ah..."

"Você está com fome? Aqui está um pouco de comida!"

No dia seguinte ao incidente, Frey realmente retornou à caverna com comida.

"Já que eles ainda não acreditaram nas minhas palavras e estão procurando pelo culpado, você poderia ficar escondida um pouco mais até as coisas se acalmarem? Eu vou esconder seu paradeiro..."

"...?"

Frey disse para Vener, que estava sentada no chão frio com o cabelo desgrenhado. Fiel à sua palavra, ele a visitou por dias, fornecendo comida para ela.

"Eu... O que eu fiz com uma criança tão gentil..."

"Yawnn."

"...Eu acho que minha linhagem é realmente imunda."

- Sriingg...!

Talvez por causa de sua consciência, Vener começou a tentar se matar.

- Crackle...!

"Parece que os humanos tentam suicídio afinal. É uma coisa real, hein?"

Claro, Ruby frustrou essas tentativas enviando faíscas para nocauteá-la.

"Heubb...!"

Vener até se deixou passar tanta fome que Ruby teve que enfiar à força em sua boca o pão de centeio que foi dado por Frey.

Não era que ela estivesse sentindo pena dela; ela simplesmente queria ver o fim de por que Frey estava se comportando assim.

"..."

Depois de várias tentativas fracassadas de suicídio, Vener passou seus dias sentada imóvel na caverna.

"Vener! Você pode voltar para a mansão agora!"

"...Huh?"

Até que um dia, quando Frey veio para a caverna e segurou sua mão.

"Eu disse para a Mamãe e o Papai que você voltou depois de acalmar sua mente por um tempo!"

"Jovem Mestre..."

"Seja minha cavaleira novamente, irmã!"

Embora Frey tentasse levantá-la, Vener permaneceu imóvel.

"Eu... Eu não posso ir."

"Huh?"

"E-Eu não posso encarar... você e a Srta. Ruby, a vítima."

Disse Vener desesperadamente, ajoelhando-se diante de Frey com uma voz vaga.

"Eu sou quem deveria morrer. Por favor, me mate. Se você não quiser, eu vou me entregar. Eu vou passar minha vida na prisão, me arrependendo pelos pecados da minha família. Então, por favor, não piore mais do que já está..."

"Por quê? O que há de errado?"

Enquanto Frey falava brilhantemente, Vener fechou os olhos e chorou amargamente.

"Eu sou de sangue traiçoeiro, e eu sequestrei e tentei ferir o filho do meu benfeitor. Tal escória se torna um cavaleiro escolta. É ridículo..."

"Você não sabia, sabia? A irmã teria feito isso se você soubesse? Por que você seria culpada por algo que você não sabia? Só porque sua família fez isso, não significa que você deveria ser punida por isso."

"Naquele momento, eu estava enlouquecida! Eu poderia realmente ter matado você, Jovem Mestre..."

"Está tudo bem porque eu não morri. Por que você está se culpando por algo que nunca aconteceu?"

Então, ele abraçou Vener e a confortou.

"Eu te perdoo, ok?"

"Mesmo que você me perdoe... Srta. Ruby..."

"...Eu não confiei sua punição ao pirralho?"

Ruby, ainda curiosa, conseguiu resistir ao seu desejo de matar.

Vener, com lágrimas escorrendo pelo rosto, enterrou a cabeça nos braços de Frey.

"Por favor, pare... Jovem Mestre. Por favor, me puna..."

"Tudo bem, então eu vou dar o veredito."

Frey olhou para Vener, suspirou e estendeu a mão para os lábios dela.

"Vener, jure sua lealdade a mim com um juramento de cavaleiro."

"...Huh?"

"De acordo com a irmã Isolet, o juramento de cavaleiro é extremamente importante. Uma vez feito, ele nunca pode ser quebrado, e por toda a vida... um... algo assim..."

Depois de coçar a cabeça por um momento, Frey sorriu brilhantemente e concluiu.

"De qualquer forma, vamos fazer isso como sua punição! Sirva-me pelo resto da sua vida!"

"Snif... Soluço..."

Assistindo ao sorriso de Frey, Vener chorou incessantemente.

- Chuu...

Então, com olhos trêmulos, ela beijou o anel de Frey e se prostrou no chão aos seus pés.

"Eu, Vener Rene... não, eu... Vener juro minha eterna lealdade a você, Jovem Mestre."

"Claro, claro."

"Não importa o que aconteça, eu vou sacrificar minha vida para proteger o Jovem Mestre e aqueles ao seu redor. Se não, eu vou tirar minha própria vida imediatamente."

"V-Você não precisa fazer isso..."

"Eu vou viver minha vida como sua ferramenta. Eu, Vener, sou agora para sempre sua espada."

Depois de fazer o juramento, Vener beijou os pés de Frey.

"Eu vou retribuir a misericórdia que você mostrou a uma escória como eu com a minha vida."

"Você não precisa usar sua vida para is—"

O que é isso?

Ruby, que estava observando todas essas cenas de longe, murmurou para si mesma com uma expressão chocada.

O que eu acabei de testemunhar?

Frey não era um banana.

Um banana se refere a alguém que desinteressadamente deu tudo e não recebeu nada em troca.

Mas agora…

"Mas ainda assim, eu devo me redimir. Eu devo confessar a verdade para os pais do Jovem Mestre..."

"Eles descobriram há alguns dias!"

"...O quê?"

Ele estava resgatando a garota que tinha visto o abismo na frente dela, e ainda assim, ele havia adquirido um cavaleiro leal disposto a jogar sua vida fora para ajudá-lo.

Ninguém o chamaria de banana.

Esse pirralho...

Este era o plano dele o tempo todo?

Se sim, então Frey era notável.

Mas se ele não planejou isso?

Se era apenas pura bondade que estava vindo de seu bom coração que levou a este resultado?

Então ele era aterrorizante.

De jeito nenhum...

Então ela percebeu que também estava um pouco na mesma situação que Vener.

Ele é quem salva. Um bem absoluto.

Um ser que negou completamente tudo o que ela aprendeu e sentiu sobre os humanos.

Enquanto ela listava as coisas que havia sentido ao olhar para Frey até agora, ela pareceu entender por que tinha um interesse inexplicável nele.

Um herói?

Essa palavra surgiu na mente de Ruby por um momento.

Seus pais Reis Demônios sempre a advertiram que se uma existência como o Rei Demônio existisse, então o oposto dessa existência também existiria.

As qualidades de um herói, que incorporava o bem absoluto, resgatava aqueles em desespero e naturalmente reunia camaradas para crescer, foram encontradas no garoto que estava atualmente acariciando a cabeça de Vener.

Como a Rainha Demônio, ele deveria ser sua antítese.

Não, é muito cedo para tirar conclusões.

Ruby, que olhou para eles com uma expressão fria, reuniu energia demoníaca em sua mão. Mas eventualmente, ela balançou a cabeça.

O salto na lógica foi muito extremo. Se esse fosse o caso, então qualquer um poderia se tornar um herói.

Tinha que haver pelo menos mais uma pessoa como ele no mundo. Certamente, este garoto não era o único assim.

Não havia como o garoto, que a ajudou momentos antes de seu selo ser quebrado, ser um herói.

Quais eram as chances de isso acontecer?

"Hmm."

De repente, os ensinamentos de seus pais sobre como o Rei Demônio e o Herói estavam ligados pelo destino vieram à mente de Ruby, mas ela rapidamente balançou a cabeça.

Bem, se ele é o verdadeiro Herói, então eu vou apenas matá-lo.

De qualquer forma, seus planos não mudariam significativamente.

Se este garoto era o verdadeiro Herói, então matá-lo acabaria com isso. Se ele não era o Herói, então ela o usaria como um trampolim para reunir poder e invadir o mundo.

Este incidente foi meramente por curiosidade.

E de agora em diante, ela não seria influenciada pela curiosidade como essa novamente.

"R-Ruby... Você quer vir para a nossa mansão...?"

"Está tudo bem. Eu gosto daqui."

Ruby recusou firmemente a oferta de Frey. Ela então voltou para a caverna, deixando Frey, que estava prestes a partir com a soluçante Vener.

A razão pela qual ela recusou sua oferta foi que seu verdadeiro corpo ainda estava dentro da caverna. Além disso, ela havia se aproximado demais dele agora; ela sentiu que se ela se aproximasse mais, o caos poderia se seguir.

"Ter lealdade não significa tudo."

Assim, murmurando para si mesma enquanto se dirigia para seu verdadeiro corpo, Ruby continuou.

"O importante é o poder de manipular as pessoas."

Essa vadia pode ser uma cavaleira por título, mas ela nem era proficiente em esgrima. Ele pode realmente lidar com aquele cavaleiro saudado de um sangue traiçoeiro?

Se ela não acabar desapontada e partir por conta própria, seria uma sorte. Era tão difícil manter alguém leal a você uma vez que você os tem ao seu lado.

"Não há como ele fazer iss—"

"U-Um, Ruby."

"...?"

Se Vener ainda mantivesse essa lealdade depois de alguns meses, Ruby pensou que deveria considerar seriamente se Frey poderia realmente ser o herói ou não.

"Eu tenho um favor a pedir..."

"O que é?"

Naquele momento, Frey, com uma expressão profundamente ansiosa, correu em direção a ela, fazendo com que ela inclinasse a cabeça em confusão.

"Você pode... adiar me matar por um tempo?"

"O quê?"

"Q-Quando você acordar... você disse que ia m-me matar..."

Frey, que estava tão assustado que começou a gaguejar, implorou enquanto segurava as mãos de Ruby.

"Minha irmã e eu ainda não terminamos de brincar de bonecas... E eu nem mesmo venci a Mamãe em pega-pega... Ou tomei uma bebida com o Papai? Eu também não tentei isso. V-você não poderia apenas esperar até lá?"

"Hmm..."

Olhando fixamente para Frey, que começou a gaguejar de medo, Ruby logo percebeu uma coisa.

"Pirralho estranho."

Se o garoto na frente dela era o herói ou apenas um tolo por ser tão gentil, ela não conseguia dizer.

"Vaza."

"O-Obrigado!!"

De qualquer forma, ele era um garoto muito fofo.


Alguns meses depois...

"Hmm?"

Ruby estava sentada na caverna como de costume, mastigando pão de centeio.

De repente, ela estreitou os olhos e olhou em direção à entrada.

"O que..."

Um forte cheiro de sangue pairava no ar, um cheiro que ela não sentia desde que deixou o Castelo do Rei Demônio.

"Huh?"

Ruby silenciosamente envolveu suas mãos em energia demoníaca e se preparou para defender seu verdadeiro corpo.

Então, ela logo abriu seus olhos arregalados com uma expressão perplexa em seu rosto.

"Você...?"

"Ugh..."

A garota de alguns meses atrás, Vener, rastejou para dentro da caverna, coberta de sangue.

"O que está acontecendo?"

"Ajuda, por favor ajude..."

Assustada com a situação repentina, Ruby franziu a testa e perguntou.

Sua condição parecia terrível, com ferimentos penetrando seu corpo e mana negra profundamente arraigada em seus ossos. Se sua condição não melhorasse, ela logo morreria.

O fato de ela ainda conseguir se mover, embora mal, era um milagre em si.

"Eu não me importo se você é um demônio ou um diabo, mas... eu estou disposta a oferecer minha alma, por favor..."

"Chega. Eu não quero me envolver em assuntos desnecessários."

No entanto, Ruby, que ainda abrigava seu ódio pelos humanos, tentou afastá-la.

"O Jovem Mestre Frey... e sua mãe estão em perigo..."

"...O quê?"

"Eu estava protegendo-os quando eles estavam brincando de pega-pega... dois bruxos de repente atacaram..."

Ouvindo as palavras de Vener, ela não pôde deixar de se interessar.

"Aqueles bastardos são tão poderosos... Eu só posso ganhar um pouco de tempo..."

"F-Frey? Aquele pirralho está em perigo?"

"Por favor... Eu vou sacrificar minha alma, qualquer coisa... Por favor ajude..."

Mas antes que Vener pudesse terminar, ela perdeu a consciência.

"Uh... hmm..."

Observando-a, os olhos de Ruby tremeram com emoção.

"E-Ele pode despertar como um herói... Eu deveria ir verificar."

Não era porque ela estava preocupada com ele ou tinha algum afeto por ele.

"Além disso, não é muito longe também. Sim, sim..."

Realmente não era.

"...Mas o que eu devo fazer com aquele pirralho irritante?"

Verdadeiramente, essa não era a razão dela.